Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique


Ao fim da tarde
Pescadores a bordo dos seus dhows ao largo da costa norte da Cidade de Pedra.
Na meia-sombra
Miúdos brincam em frente à fachada da igreja da Misericórdia.
Fé em fila
Crentes prostrados no interior da mesquita da rua da Solidariedade, a maior da Ilha de Moçambique.
Dados lançados
Amigos jogam um jogo de tabuleiro decorado com os logotipos de Benfica, Barcelona, Sporting e a imagem de Cristiano Ronaldo.
Islão gizado
Fiel muçulmano reza em frente a um quadro com directivas religiosas e comportamentais.
Tempo de navegação
Pescadores em pequenas canoas de pesca em frente à fortaleza de São Sebastião.
Acima da história
Transeuntes em redor da estátua de Vasco da Gama, em frente ao Museu Marítimo da ilha.
Uma boa compra
Mulheres exibem um polvo acabado de comprar a pescadores, nas imediações do Fortim de Santo António.
Só porque sim
Adolescentes beijam-se junto a uma ambulância estacionada em frente à mesquita da rua da Solidariedade.
Um avenida em pastel
Transeuntes na avenida Amilcar Cabral, uma das principais artérias da Cidade de Pedra.
Passo a passo
Mulheres muçulmanas passam em frente ao velho hospital da Ilha de Moçambique, em tempos, o mais antigo da África Austral.
Embarque-Desembarque
Donos de dhows tratam das suas embarcações enquanto a maré desce.
M Siro
Moradora da Ilha de Moçambique retoca a sua máscara mussiro antes danificada pelo suor inevitável nestas latitudes tropicais.
Entre coqueiros
Morador fala ao telemóvel, instalado em frente à igreja do Fortim de Santo António.
À sombra do tempo
Casal conversa protegido do sol forte e com vista para a fortaleza de São Sebastião.
Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.

Ao nosso lado, durante as mais de três horas de aperto no chapa que ligava Nampula à Ilha de Moçambique, uma jovem mãe moçambicana com óbvia genética indiana conversa com a pequena filha e atura-lhe as birras.

Fala-lhe sempre de forma altiva, bem audível aos restantes passageiros e com um delicioso sotaque pós-colonial  que nos é mais perceptível que o de muitos portugas. Quando chegamos ao fim dos 4km da ponte estreita que liga o continente à Ilha de Moçambique e da viagem extensa e desgastante a partir da Gorongosa, essa passageira exuberante explica ao motorista onde fica o Terraço das Quitandas.

Sr. António, o anfitrião desta casa de hóspedes deslumbrante e repleta de história dá-nos as boas-vindas.

Tomamos duches recompensadores e dormimos até mais não. Voltamos a vê-lo no primeiro pequeno-almoço com a sua companhia, um repasto revigorante em que conversamos sobretudo da epopeia rodoviária por que tínhamos passado.

Moçambicano de origem portuguesa, de bem antes da guerra colonial e da independência, António fala-nos das suas experiências de vida em Lichinga, a capital da província do Niassa e das viagens que mais o marcaram a ele. Conversamos até que o magnetismo da Ilha de Moçambique nos atrai sem apelo e nos remete para as suas ruas seculares.

Do Terraço das Quitandas ao Forte Massivo de São Sebastião

Seduz-nos o imaginário do grande forte, o maior da África sub-saariana, construído entre 1558 e 1620, com pedras que chegaram à ilha enquanto balastros de embarcações portuguesas. Já munidos de um pequeno mapa, damos com ele nuns poucos minutos. Adílio e Hélio, dois putos da ilha aspirantes a guias, metem conversa com modos brandos.

Seguem-nos a tagarelarem entre si e com vizinhos que encontravam pelo caminho. Usam o dialecto macua. Connosco, um curioso português juvenil.

Acabam por nos oferecer inúmeras informações importantes e uma companhia afável que se prolongaria até ao anoitecer. Nos dias seguintes, substitui-os Omar, um vendedor ambulante de chamuças dos seus 14 ou 15 anos.

Fortaleza de São Sebastião, Ilha de Moçambique

Casal conversa protegido do sol forte e com vista para a fortaleza de São Sebastião

Contemplamos a fortaleza de São Sebastião pela primeira vez da ponta de um pequeno areal branco, cercado pela orla cristalina do oceano Índico.

Por essa altura, três pescadores lançam canoas à água. Não tardam a contornar a aresta mais anfíbia da fortaleza e a desaparecer por detrás.

Deixamos aquele recanto balnear. Passamos em frente a uma tal de loja de moda “Uso Africano. Ali diante, um grupo de amigos joga num tabuleiro decorado com símbolos do Benfica, Barcelona, Sporting e uma pintura icónica de CR7, em cada canto do quadrado.

Jogo tradicional da ilha de Moçambique

Amigos jogam um jogo de tabuleiro decorado com os logotipos de Benfica, Barcelona, Sporting e a imagem de Cristiano Ronaldo.

Hélio e Adílio sabem que o forte está fora da sua área de influência e ficam a acompanhar o passatempo. Em vez deles, guia-nos um vendedor de moedas antigas feito com o guarda do monumento para nos acompanhar sem ter que pagar a entrada.

O barão de armas da Coroa Portuguesa insinua-se-nos no topo do velho portal que atravessamos. À medida que percorremos os adarves amplos, rendemo-nos à reminiscência dos feitos lusos de outros tempos.

A Ancoragem Marcante de Vasco da Gama

Vasco da Gama chegou à ilha em 1498, quando almejava completar o caminho marítimo para a Índia das especiarias. Após meses de navegação ao longo da costa selvagem de África, surpreendeu-se ao constatar o quão civilizado era o lugar, diz-se que um importante polo comercial e espécie de estaleiro naval então povoado por habitantes suaíli e negros, governado por um emir vassalo do sultão da vizinha Zanzibar.

O emir respondia a Ali Mussa bin Bique, com variações deste nome ao longo dos tempos: Musa ibn Bique, Ali Musa Biki, Ali Mussa bin Bique e outros. Fosse qual fosse a sua graça, os portugueses não tardaram a regressar e a removê-lo do seu posto.

Até 1507, estabeleceram um porto e uma espécie de base naval abençoada pela Capela de Nossa Senhora de Baluarte. É, há muito, considerada o edifício colonial decano do Hemisfério Sul. Mais para a frente no século XVI, a “Cidade de Pedra” dos novos colonos tornou-se a capital do território português da África Oriental.

Pescadores na praia junto ao forte de São Sebastião, Ilha de Moçambique

Pescadores em pequenas canoas de pesca em frente à fortaleza de São Sebastião.

O forte que contornávamos protegeu de ataques dos rivais holandeses uma intensa actividade missionária e o comércio de escravos, de especiarias e de ouro. Daí em diante, as infraestruturas não pararam de aumentar e enriqueceram a colónia. Incluíram aquele que foi considerado por muitos anos o maior hospital da África sub-Sahariana.

A Herança Portuguesa em Contraste com as Etnias Moçambicanas

Com o tempo, a Ilha de Moçambique dividiu-se entre uma área nuclear que concentrou os edifícios históricos imponentes: a tal Cidade de Pedra e, outra adjacente, residencial, repleta de casas de pescadores térreas e humildes: Makuti, o termo quimoane que define a cobertura feita de folhas de coco achatadas.

Regressarmos do forte pela Av. dos Continuadores. Internamo-nos na Cidade de Pedra, pela frente do Palácio e capela de São Paulo, agora coloridos com um vermelho predominante de frisos brancos que, apesar de gastos pelo sol tropical e pela maresia, contrastam com o céu azulão.

Estátua de Vasco da Gama, e Museu Marítimo, Ilha de Moçambique

Transeuntes em redor da estátua de Vasco da Gama, em frente ao Museu Marítimo da ilha.

Erguido em 1610 enquanto colégio jesuíta, o palácio acolheu, mais tarde, o governador. Hoje, é o Museu Marítimo da Ilha de Moçambique. A condizer, uma estátua soberba a Vasco da Gama em frente da sua fachada principal perscruta a Baía de Mossuril. Tal como aconteceria no tempo do navegador, dhows coloridos estão ancorados no litoral manso abaixo.

O Palácio de São Paulo dá para uma outra praça delimitada pela igreja da Misericórdia e por casarões coloniais impressionantes. Destes, o Terraço das Quitandas é um dos mais impressionantes.

Este templo de esquina, em particular, abriga um crucifixo esculpido ao estilo da arte maconde. Continua a acolher missas e a fé dos habitantes cristãos, uma minoria nesta Ilha de Moçambique, há muito do Islão.

Igreja da Misericórdia, Ilha de Moçambique

Miúdos brincam em frente à fachada da igreja da Misericórdia.

Cortamos para a avenida Amílcar Cabral. Caminhamos arrastados por uma maré de estudantes de uniforme azul e branco que, de regresso da escola, conversam com estrilho. Uma parte deles segue à sombra das arcadas da rua. Outros, preferem o meio da via que é limitada pelo casario em redor, por velhas mansões que se sucedem com distintos tons de pastel.

As Aventuras e Desventuras de Luís de Camões na Ilha de Moçambique

Na rua paralela e marginal dos Combatentes, a casa em que viveu Luís de Camões preserva um reboco similar. Por restaurar, degrada-se a olhos vistos.

Camões habitou na Ilha de Moçambique entre 1567 e 1569. Vinha de Goa e instalou-se por algum tempo na expectativa que o amigo Diogo do Couto o lá encontrasse e ajudasse a reunir dinheiro para a passagem para Lisboa. Na ilha, terá ultimado “Os Lusíadas” antes de mandar editar a obra na capital do Império.

É ainda possível que Bárbara “aquela cativa que me tem cativo” fosse uma escrava negra que lá conheceu. Seria muito provavelmente moçambicana e dela se terá despedido com profundo desgosto.

Deixamos a casa do poeta entregue à erosão. Prosseguimos Rua dos Combatentes abaixo rumo ao sudoeste da ilha. Ao longo desta outra via marginal, o Índico ciano encontra o seu limite num velho muro colonial. A apenas uns metros, o muro dá lugar à enseada e à praia gentil que servem de recreio ao bairro makutiano do Areal.

Pescadores negoceiam peixes, polvos e chocos com algumas jovens donas de casa. Duas delas, embrulhadas em hijabs e capulanas exuberantes ficam com os moluscos. Exibem-nos o triunfo do regateio e apontam aos seus afazeres vespertinos.

Moradores exibem pescado, ilha de Moçambique

Mulheres exibem um polvo acabado de comprar a pescadores, nas imediações do Fortim de Santo António.

Os miúdos do bairro aproveitam essa curta interacção e cercam-nos. “Akunha! akunha!” (Brancos! Brancos!) gritam determinados a reclamar a atenção fotográfica do seu contentamento.

Negociamos o resto da caminhada pela Ilha de Moçambique com a paciência possível. Até às imediações do Fortim de Santo António e da colónia de coqueiros frondosos e hirtos que o acompanham.

Mussiro, a Máscara Solar e da Beleza Moçambicana

Nas imediações, um grupo de mulheres descasca feijão em amena cavaqueira. Uma delas, mais velha, resguarda-se do sol com uma exuberante máscara mussiro. O mussiro é o ecrã solar natural destas paragens, feito à base de uma substância vegetal há séculos usada pelas “muthiana orera”, as meninas bonitas da região de Nampula.

Orgulhosa, a senhora dá-nos autorização para a fotografarmos mas é alertada pelas outras que uma parte da máscara se havia dissipado. “Venham comigo” incita-nos. “Vamos já tratar disto!”

Seguimo-la pelo meio do casario de pedra, barro e cana do Bairro do Areal. Acompanham-nos dezenas de vizinhos entusiasmados pela inesperada expedição. Chegados a sua casa, ela entra. Regressa pouco depois com um estojo de beleza casual, senta-se e reconstitui a máscara o melhor que sabe.

Moradora da ilha de Moçambique compõe máscara de mussiro, Moçambique

Moradora da Ilha de Moçambique retoca a sua máscara mussiro antes danificada pelo suor inevitável nestas latitudes tropicais.

Nós, apreciamos e registamos aquela fascinante arte facial. Até que a senhora nos exibe o trabalho perfeito, lhe agradecemos e voltamos todos ao ponto de partida.

A algumas centenas de metros, com a extremidade sul da ilha na iminência, damos com a longa ponte que a une ao continente. Uma funcionária de uniforme controla a cancela que determina a passagem do tráfego para lá ou para cá. Nos intervalos, conversa à sombra da sua cabine.

Ilha de Moçambique: Legado do Islão e da Escravatura

Invertemos caminho, agora pela rua da Solidariedade que percorre a orla oeste do casario de Makuti. Passamos à porta da sede local da RENAMO. Depois, por um porto de pescadores de alto-mar entregues à faina. Logo, pela maior mesquita da ilha, verde e branca, como sugerem os preceitos muçulmanos.

O chamamento do muezzin local não tarda a apelar a nova comunhão dos homens muçulmanos com Alá.

Crentes muçulmanos na ilha de Moçambique

Crentes prostrados no interior da mesquita da rua da Solidariedade, a maior da Ilha de Moçambique

Algures por ali, a Rua da Solidariedade converte-se em rua dos Trabalhadores. No mercado de peixe, como é usual, fornecedores e vendedoras alimentam discussões dramáticas e ruidosas que divertem os transeuntes mais espirituosos.

Escutamo-las quase até à entrada do Jardim da Memória, onde, ao invés, o tema abordado só pode ser levado a sério.

Desde o fim do século XVI ao virar do século XX e, em boa parte desse tempo, à revelia da Coroa Portuguesa, a Ilha de Moçambique manteve-se um entreposto esclavagista que processou o tráfico de nativos do leste de África sobretudo para as Ilhas do Índico ao largo de Moçambique ou para norte (Maurícia, Reunião, Madagáscar, Seychelles) mas também para o Brasil.

O Tráfico Esclavagista Português, na Senda do Zanzibariano

O tráfico já era levado a cabo por negreiros árabes radicados em Zanzibar que operavam no norte de Moçambique. Ali, com a conivência de chefes muçulmanos macuas e de outras etnias, capturavam grandes contingentes de indígenas em redor do lago Niassa e desciam o litoral para os vender.

Ao se apoderarem da ilha, os portugueses forçaram a sua participação nesse tráfico, mantendo os captivos e enviando-os de lá para os seus destinos finais. Situado mesmo à beira do Índico, o Jardim da Memória foi erguido para recuperar a realidade atroz dessa era colonial.

Quando o visitamos, cruzamos a história desde os tempos de Ali Musa Bique rumo à independência da Moçambique. A ilha, desvendámo-la até não podermos mais. Em seguida, viajámos até uma irmã histórica incontornável: Ibo, no arquipélago das Quirimbas.

Mais sobre a Ilha de Moçambique na página respectiva da UNESCO.

Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Pemba, Moçambique

De Porto Amélia ao Porto de Abrigo de Moçambique

Em Julho de 2017, visitámos Pemba. Dois meses depois, deu-se o primeiro ataque a Mocímboa da Praia. Nem então nos atrevemos a imaginar que a capital tropical e solarenga de Cabo Delgado se tornaria a salvação de milhares de moçambicanos em fuga de um jihadismo aterrorizador.
Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe

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O Coração Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Elmina, Gana

O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Ilha de Goa, Ilha de Moçambique, Moçambique

A Ilha que Ilumina a de Moçambique

A pequena ilha de Goa sustenta um farol já secular à entrada da Baía de Mossuril. A sua torre listada sinaliza a primeira escala de um périplo de dhow deslumbrante em redor da velha Ilha de Moçambique.

Machangulo, Moçambique

A Península Dourada de Machangulo

A determinada altura, um braço de mar divide a longa faixa arenosa e repleta de dunas hiperbólicas que delimita a Baía de Maputo. Machangulo, assim se denomina a secção inferior, abriga um dos litorais mais grandiosos de Moçambique.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
A pequena-grande Senglea II
Arquitectura & Design
Senglea, Malta

A Cidade Maltesa com Mais Malta

No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Cerimónias e Festividades
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
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Tequila, JaliscoMéxico

Tequila: a Destilação do Oeste Mexicano que Anima o Mundo

Desiludidos com a falta de vinho e de aguardente, os Conquistadores do México aprimoraram a aptidão indígena milenar de produzir álcool. No século XVII, os espanhóis estavam satisfeitos com a sua pinga e começaram a exportá-la. A partir de Tequila, o pueblo, hoje, centro de região demarcada. E nome por que se tornou famosa.
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Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
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