Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué


Acima de tudo e de todos
Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.
Fila obrigatória
Transeuntes carregados percorrem uma rua movimentada de Harare, dominada por uma grande loja de visual ainda semi-colonial.
Harare de longe
O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.
Ao Insurgente Desconhecido
Figuras douradas - dois homens e uma mulher - do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia ;
Extensão de negócio
"Cabeleireiro" de rua ajusta extensões a uma senhora. As extensões são adereços prolíficos no Zimbabué, como em vários países vizinhos.
Auto-locomoção
À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.
Mugabe vs Jesus
"Mugabe é um Anjo" versa a capa do jornal Newsday Weekender
Mercado Negro
Cambistas com cadeiras trazidas de casa seguram grandes molhos de notas bafientas. Negócios com dólares americanos, euros, rands sustentam estas empresárias oportunistas.
Velho betão africano
Rua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.
Hipermercado de rua
Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.
Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.

Aterramos de um voo de hora e meia do extremo norte do Zimbabué. A avioneta detém-se. Gellys escolta-nos até à zona em que as malas seriam entregues.

Não falámos durante o voo. Limitámo-nos a aproveitar o privilégio de contemplarmos de pouca altitude a incrível paisagem do Zimbabué. Gellys, manteve-se ocupado com os  comandos e botões da aeronave.

Ali detido pela demora da bagagem, o piloto revelou uma agradável cortesia britânica e com uma informalidade que só muitos anos naquelas partes de África moldam nos súbditos de Sua Majestade ou descendentes. Aproveitamos a sua predisposição.

O Drama Particular das Vidas Brancas do Zimbabué

“Então e isto de ser piloto começou como?” perguntamos-lhe. “Bom, como um passatempo e enquanto mantivemos a quinta, manteve-se só isso. Depois…levaram-nos tudo. Agora, é o que me permite sobreviver por cá.” Por mais dramáticas que parecessem, as suas palavras não nos surpreenderam.

Estávamos a par dos acontecimentos. “Mas e, no vosso caso, houve violência?” acrescentamos. “Violência física não, mas era uma pressão a que não podíamos resistir. Aparecia uma turba com armas e dizia que tínhamos que sair até tal dia. Depois, voltavam mais a sério.

Não vimos alternativa. Deixámos a casa e a propriedade. A maior parte dos zimbabueanos brancos perdeu tudo. Nós, os que ficámos por cá noutras condições, continuamos a sujeitar-nos à loucura do Mugabe e a muita discriminação.”

As malas chegam. Gellys tinha o regresso a Mana Pools a cumprir. Despedimo-nos com o desejo de um melhor futuro para ele e para o Zimbabué. Por essa altura, tanto nós como Gellys estávamos conscientes que, para começar, tudo dependia da resiliência de Robert Mugabe.

A Guerra de Independência e a Ascensão Fulminante de Robert Mugabe

Mugabe foi o mais proeminente líder da guerra de Libertação travada contra a minoria branca da República da Rodésia, auto-proclamada independente do Reino Unido, em 1965. Durante toda a sua vida, Robert Mugabe abominou a supremacia da minoria branca em que cresceu. Este ódio viria, aliás, a condicionar a sua futura governação do Zimbabué.

Entre penas de prisão e encontros com líderes marxistas, Mugabe liderou forças militantes e de guerrilha que, mal Moçambique obteve a independência de Portugal, operaram a partir da extensa zona fronteiriça com o actual Zimbabué.

Em 1979-80, excepção feita à África do Sul do Apartheid, sua óbvia aliada, o regime supremacista e, em boa parte, racista da Rodésia estava isolado. Do outro lado, Mugabe via-se pressionado por Samora Machel e outros líderes para pôr termo ao conflito. Muito contrariado, acedeu.

Na sequência, resistiu a várias tentativas de assassinato das facções ZAPU e ZANLA, que passaram a disputar o poder com o seu ZANU. O partido ZANU venceu as eleições. Em Abril de 1980, Mugabe prestou juramento enquanto Primeiro-Ministro já não da Rodésia mas de um Zimbabué reconhecido pela maior parte do mundo.

Os seus anos iniciais de governação indiciaram estabilidade mas Mugabe veio a revelar-se um déspota ressentido, com vistas curtas, vulnerável a vaipes e a paranoias.

Dólares, bonds e a Inflação há muito Surreal

Não saíramos sequer do aeroporto. Os danos provocados pelas suas quase quatro décadas no poder sucediam-se. Por excessiva descontração, tínhamos chegado apenas com euros. As caixas ATM não tinham nem dólares americanos nem os bonds zimbabueanos criados quando o dólar nacional se desvalorizou tanto que nem meia linha de um caderno chegava para anotar quantos valiam 1 USD ou 1 Euro.

Ao fim de alguma investigação, conseguimos um misto da moeda americana e de bonds como troco da compra de um protector solar, na farmácia das Chegadas. Aprendida a solução, continuámos a obtê-los, um pouco por todo o país, nos supermercados das maiores cadeias. Às tantas, mesmo sabendo que fora do Zimbabué, os bonds valeriam zero já nem refilávamos para garantirmos troco em dólares americanos.

Um motorista do turismo local recebe-nos e conduz-nos ao hotel. Descansamos uma mera hora. Voltamos a sair com ele, guiados ainda por uma cicerone do governo, Salome, que cumpre instruções e nos leva ao National Heroes Acre, a 7km do centro. Entregue aos chats do seu telemóvel, Salome pouco nos liga ou dirige palavra.

O motorista dirige, como é suposto, mas quase só fala com Salome. O monumento nacional não tarda. No cimo de uma escadaria curta, inicial e central, estão o túmulo e estátua de bronze de homenagem aos insurgentes desconhecidos que perderam a vida na guerra de libertação.

O Heroes Acre e a “Chama Eterna” do Zimbabué

Compõem a estátua três guerrilheiros armados e em poses altivas: uma mulher e dois homens. As duas extremidades do monumento são delimitadas por murais que narram a história do Zimbabué.

No cimo da colina, sobre uma torre com 40 metros assim elevada para ser vista de Harare, destaca-se a “Chama Eterna”. Foi acesa aquando das celebrações da Independência do Zimbabué de 1982.

Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe

Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.

Fiel às suas inclinações marxistas, Mugabe, adjudicou a construção do Heroes Acre a uma empresa norte-coreana. Não nos espantou, portanto, apurar que o mausoléu imitava o Cemitério dos Mártires Revolucionários de Taesong-guyok, nos arredores de Pyongyang.

O Heroes Acre serve de última morada cerimonial dos insurgentes zimbabueanos. Nessa mesma tarde, um forte contingente de militares e trabalhadores civis prepara, ali, o funeral de um desses heróis, o Comandante Naison Ndlovu, que falecera dias antes, com 86 anos.

Ndlovu era estimado não só pelo seu papel na independência do Zimbabué como pela integridade que manteve durante toda a sua vida contra o regionalismo e o tribalismo. Isto, num país que ainda hoje padece da polarização por vezes irracional entre as suas etnias predominantes, a xona, de Robert Mugabe e a Ndebele, ambas do ramo Bantu.

Em certas fases da sua longa ditadura, Mugabe levou esta oposição xona vs Ndebele a extremos sanguinários.

Harare: a Capital de Todos os Equívocos

Regressamos ao centro. Harare mantém-se tranquila dentro do que o seu caos controlado de incontáveis pedestres e vendedores e compradores de rua concede, claro está.

Com o próprio Mugabe a admitir que o desemprego se cifrava entre os 60 e os 90%, só as incontáveis iniciativas privadas de tudo um pouco sustentam as famílias – por norma, numerosas – e mantém ligada à máquina a moribunda economia local.

Vendedores de rua de Harare, Zimbabwe

Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.

Enquanto caminhamos, passamos por sucessivas bancas improvisadas à porta de lojas que, não raras vezes, se veem forçadas a admitir a concorrência.

Ao ponto a que as coisas chegaram, Mugabe até se pode queixar na imprensa que Harare nunca voltará a ter turismo enquanto estiver cheia de lixo (em grande parte o deixado pelos vendedores de rua ao fim do dia). Mas também sabe que forçar a remoção dos vendedores poderia representar o princípio do seu fim.

Ruas de Harare, capital do Zimbabwe

ua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.

Como tal, no meio de uma fascinante floresta urbana de prédios em que a arquitectura soviética dos anos 70 se mescla com influências africanas e outras coloniais britânicas, a sina pesada de Harare prossegue à sombra e ao sol de melhores e piores dias. Uma senhora compõe extensões capilares vistosas a outra.

Sentadas em cadeiras trazidas de casa, cambistas seguram enormes molhos bafientos de notas. À falta de besta de carga, um vendedor de fruta empurra a sua própria carroça cheia de laranjas. São meros exemplos de uma miríade de modos de sobrevivência.

Vendedor de laranjas em Harare, Zimbabwe

À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.

Harare e o Zimbabué há muito Entregues aos seus Destinos

Nem zimbabueanos brancos nem turistas. Não vemos um único branco na cidade. Começamos, aliás, a sentir que por aquelas alturas, éramos os únicos. Mas as estatísticas garantem que ainda lá se mantêm vários milhares deles, de cultura anglófona e – não podiam faltar – muitas centenas de portugueses, mais de mil no Zimbabué, donos de restaurantes, de empresas rurais, de turismo e do que mais lhes tenha calhado na vida.

Mas, voltemos à decadência do Zimbabué. Até 1987, Mugabe manteve-se ocupado com um combate sanguinário e tresloucado contra as facções que se haviam dedicado a uma oposição de banditismo nas províncias mais remotas do país.

Para as controlar, Mugabe não olhou a meios e terá causado a morte a cerca de 20.000 civis. Nos 37 anos do seu jugo, mataria rivais e súbditos com relativa frequência, às vezes, pelas razões mais estapafúrdias.

Capa de jornais em Harare, Zimbabwe

“Mugabe é um Anjo” versa a capa do jornal Newsday Weekender

Em 1987, Mugabe conseguiu não só a fusão entre os dois principais partidos rivais como a mudança da constituição. Declarou-se presidente executivo. Plenipotenciário, apressou-se a abolir os vinte assentos lugares parlamentares reservados a brancos. A expulsão não se ficou pela assembleia.

As Expropriações, outros Caprichos e Loucuras de Mugabe

A população negra não parava de aumentar. Para alegadamente os alojar, Mugabe decretou que iria expropriar, sem apelo, vastas propriedades agrícolas, algumas exploradas por famílias brancas desde o início dos tempos coloniais. Muita desta terra foi, todavia, entregue a ministros e a oficiais superiores, vários, antigos combatentes da Guerra de Libertação.

Ao inteirar-se disto, o Reino Unido suspendeu o seu programa de apoio (até então, atribuíra 44 milhões de libras) à compensação dos brancos expropriados.

Como se não bastasse, em 1997, os antigos combatentes da Guerra Revolucionária intensificaram os pedidos de pensões pelos seus serviços militares. Mugabe não tinha como rejeitar. Ignorou todo e qualquer bom-senso económico-financeiro e limitou-se a imprimir centenas de milhões de dólares zimbabueanos.

Este influxo gratuito de notas contribuiu para os valores anedóticos da inflação que se seguiram: 100.000% em 2008 quando uma fatia de pão custava um terço de um salário mensal. A cotação da moeda nacional, essa, já não tinha adjectivo que a qualificasse.

Panorâmica de Harare, Zimbabwe

O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.

Mugabe colocava as culpas da catástrofe na minoria branca resistente que dizia continuar a controlar a agricultura, as minas e a produção industrial. Diabolizou os brancos e os seus próprios oponentes negros.

Aproveitou ainda para desviar a atenção do dano das suas políticas com a preocupação crescente da homossexualidade que explicou como uma importação da Europa, sendo os gays “piores que cães e porcos… culpados de comportamentos sub-humanos.”

Do Zimbabué Celeiro da África sub-Sahariana à Fome Generalizada

De 2000 em diante, as ocupações de terras agravaram-se, levadas a cabo por gangs armados que não se furtaram a violações e a assassínios. Tudo se revelou orquestrado por Mugabe que assim vingou o papel que os brancos teriam alegadamente tido nos seus maus resultados das eleições desse ano.

Fossem quem fossem, faltavam aos novos beneficiários o conhecimento ou meios técnicos e até financeiros para manterem as terras produtivas.

Até então, conhecido como o celeiro da África sub-Sahariana e um forte exportador, à medida que mais brancos e empresas abandonavam o país, a economia do Zimbabué agravou-se ao ponto de 75% da população depender de ajuda externa para se alimentar.

Nada disto parecia incomodar o velho ditador. Mugabe continuou pelos anos 2000 fora a acicatar o estado de semi-guerra em que o país vivia com o único propósito de eternizar a sua tirania.

Num outro dia de Junho de 2017, visitamos as pinturas rupestres de Domboshava, a uns 30 km de Harare. À ida, passamos pelo quarteirão da mansão presidencial. Meio alertada, Salome proíbe-nos de ali fotografarmos. Dez quilómetros depois, de forma brusca, batedores motorizados mandam-nos encostar à berma.

Os Tempos de Mudança Iminente do Zimbabué

Uma interminável caravana de veículos híper-luxuosos e militares em que seguia Mugabe dirigia-se ao funeral do Comandante Naison Ndlovu, no Heroes Acre. E Mugabe não brincava em serviço. Além de um batalhão de soldados e forças especiais noutros carros e vans, protegia-o um veículo com metralhadoras de estilo antiaérea.

Mas, com 93 anos, os anticorpos no seu organismo enfraqueciam. Os da política do Zimbabué, esses, sentiam como nunca a urgência de o extraírem de vez do país.

Mais ou menos um mês depois, o Exército Nacional percebeu que Mugabe se livrara do antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa para, mesmo contra a vontade expressa do povo, impor a sua mulher Grace – Gucci Grace, como lhe chamam nas ruas – à sua sucessão.

Já sem nada a temer, os generais entraram por fim em cena e colocaram Mugabe em prisão domiciliária. Sentindo o apoio dos militares, no passado dia 19, em clima de grande festa, os delegados demitiram-no da presidência do partido ZANU-PF e apontaram Emmerson Mnangagwa como novo líder.

Horas depois, Mugabe discursou na TV, na presença algo preocupante de membros das forças armadas, de outros oficiais e de um padre.

Ao Insurgente Desconhecido

Figuras douradas – dois homens e uma mulher – do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia

Fez tábua rasa de tudo o que se havia passado. Declarou que, dentro de semanas, presidiria ao congresso do partido. Não considerou a sua saída do ZANU-PF, quanto mais da presidência do país. Um dia depois Robert Gabriel Mugabe, o decano dos tiranos de África demitiu-se finalmente da presidência do país.

Encerrou, assim, as quase quatro décadas de prepotência, loucura, uso e abuso do Zimbabué. Segue-se o seu vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Após 37 anos de frustração, as expectativas do povo não podiam ser mais elevadas.

Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.  
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
PN Thingvellir, Islândia

Nas Origens da Remota Democracia Viking

As fundações do governo popular que nos vêm à mente são as helénicas. Mas aquele que se crê ter sido o primeiro parlamento do mundo foi inaugurado em pleno século X, no interior enregelado da Islândia.
Inari, Finlândia

O Parlamento Babel da Nação Sami

A Nação sami integra quatro países, que ingerem nas vidas dos seus povos. No parlamento de Inari, em vários dialectos, os sami governam-se como podem.
Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
DMZ, Dora - Coreia do Sul

A Linha Sem Retorno

Uma nação e milhares de famílias foram divididas pelo armistício na Guerra da Coreia. Hoje, enquanto turistas curiosos visitam a DMZ, várias das fugas dos oprimidos norte-coreanos terminam em tragédia
Victoria Falls, Zimbabwe

O Presente Trovejante de Livingstone

O explorador procurava uma rota para o Índico quando nativos o conduziram a um salto do rio Zambeze. As cataratas que encontrou eram tão majestosas que decidiu baptizá-las em honra da sua rainha
Pequim, China

O Coração do Grande Dragão

É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
hipopotamos, parque nacional chobe, botswana
Safari
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Aventura
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
A Crucificação em Helsínquia
Cerimónias e Festividades
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
Ponta Delgada, São Miguel, Açores, Portas da Cidade
Cidades
Ponta Delgada, São Miguel, Açores

A Grande Urbe Açoriana

Durante os séculos XIX e XX, Ponta Delgada tornou-se a cidade mais populosa e a capital económico-administrativa dos Açores. Lá encontramos a história e o modernismo do arquipélago de mãos-dadas.
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Comida
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Cultura
Cemitérios

A Última Morada

Dos sepulcros grandiosos de Novodevichy, em Moscovo, às ossadas maias encaixotadas de Pomuch, na província mexicana de Campeche, cada povo ostenta a sua forma de vida. Até na morte.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Em Viagem
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Navala, Viti Levu, Fiji
Étnico
Navala, Fiji

O Urbanismo Tribal de Fiji

Fiji adaptou-se à invasão dos viajantes com hotéis e resorts ocidentalizados. Mas, nas terras altas de Viti Levu, Navala conserva as suas palhotas criteriosamente alinhadas.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Banhistas em pleno Fim do Mundo-Cenote de Cuzamá, Mérida, México
História
Iucatão, México

O Fim do Fim do Mundo

O dia anunciado passou mas o Fim do Mundo teimou em não chegar. Na América Central, os Maias da actualidade observaram e aturaram, incrédulos, toda a histeria em redor do seu calendário.
Magníficos Dias Atlânticos
Ilhas
Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Oulu Finlândia, Passagem do Tempo
Inverno Branco
Oulu, Finlândia

Oulu: uma Ode ao Inverno

Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
Literatura
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Porto Santo, vista para sul do Pico Branco
Natureza
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Serra Dourada, Cerrado, Goiás, Brasil
Parques Naturais
Serra Dourada, Goiás, Brasil

Onde o Cerrado Ondula Dourado

Um dos tipos de savana da América do Sul, o Cerrado estende-se por mais de um quinto do território brasileiro que abastece de boa parte da água doce. Situado no âmago do Planalto Central e do estado de Goiás, o do Parque Estadual Serra Dourada resplandece a dobrar.
PN Timanfaya, Montanhas de Fogo, Lanzarote, Caldera del Corazoncillo
Património Mundial UNESCO
PN Timanfaya, Lanzarote, Canárias

PN Timanfaya e as Montanhas de Fogo de Lanzarote

Entre 1730 e 1736, do nada, dezenas de vulcões de Lanzarote entraram em sucessivas erupções. A quantidade massiva de lava que libertaram soterrou várias povoações e forçou quase metade dos habitantes a emigrar. O legado deste cataclismo é o cenário marciano actual do exuberante PN Timanfaya.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Praias
Gizo, Ilhas Salomão

Gala dos Pequenos Cantores de Saeraghi

Em Gizo, ainda são bem visíveis os estragos provocados pelo tsunami que assolou as ilhas Salomão. No litoral de Saeraghi, a felicidade balnear das crianças contrasta com a sua herança de desolação.
Via Conflituosa
Religião
Jerusalém, Israel

Pelas Ruas Beliciosas da Via Dolorosa

Em Jerusalém, enquanto percorrem a Via Dolorosa, os crentes mais sensíveis apercebem-se de como a paz do Senhor é difícil de alcançar nas ruelas mais disputadas à face da Terra.
Sobre Carris
Sobre Carris

Viagens de Comboio: O Melhor do Mundo Sobre Carris

Nenhuma forma de viajar é tão repetitiva e enriquecedora como seguir sobre carris. Suba a bordo destas carruagens e composições díspares e aprecie os melhores cenários do Mundo sobre Carris.
imperador akihito acena, imperador sem imperio, toquio, japao
Sociedade
Tóquio, Japão

O Imperador sem Império

Após a capitulação na 2ª Guerra Mundial, o Japão submeteu-se a uma constituição que encerrou um dos mais longos impérios da História. O imperador japonês é, hoje, o único monarca a reinar sem império.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Vida Quotidiana
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Vida Selvagem
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.