Campeche, México

Campeche Sobre Can Pech


Pastéis nos ares
Detalhes da arquitectura religiosa-colonial de Campeche, erguida pelos conquistadores espanhóis sobre a cidade maia por eles destruída de Cam Pech
Encontro de gerações
Criança passa por um ancião num dos muitos passeios elevados das ruas da cidade.
Torres Gémeas de Campeche
As torres gémeas e imponentes da Catedral de Nuestra Sra de la Purísima Concepción, a maior das igrejas de Campeche, elevada bem acima do seu casario.
Com a luz de frente
Pedestre caminha pela sombra garantida pelas arcadas do Parque Principal de Campeche.
Natureza & história
Sombras tropicais num recanto de um antigo edifício colonial da cidade.
A solidez do catolicismo
Pedestres de dimensão insignificante contra a base da fachada da Catedral de Nuestra Sra de la Purísima Concepción.
Sombra vs Sol
Esquina de uma calle tradicional e colorida nas imediações do âmago histórico de Campeche
Duo Tradicional
Nativas de Campeche vestidas a rigor.
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Pormenor do mural "Once Campeches"
Esquina a cores
Moradores concentram-se numa esquina profunda de um velho bairro de Campeche.
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Mural "Once Campeches" que retrata os visuais de onze nativos da cidade.
Fé arejada
Fiéis numa pequena igreja colonial aberta para a rua.
Conversa de arcada
Moradores partilham o espaço sombrio e secular de uma arcada do Parque Principal de Campeche.
À Puerta
Momento nocturno do espectáculo de luz e som realizado na Puerta de Tierra da cidade.
Como aconteceu por todo o México, os conquistadores chegaram, viram e venceram. Can Pech, a povoação maia, contava com quase 40 mil habitantes, palácios, pirâmides e uma arquitetura urbana exuberante, mas, em 1540, subsistiam menos de 6 mil nativos. Sobre as ruínas, os espanhóis ergueram Campeche, uma das mais imponentes cidades coloniais das Américas.

Luís Villanueva e Wilberth Alejandro Sala Pech transaccionam-nos como a uma mercadoria numa estação de serviço da via rápida que liga Mérida a Campeche.

A estrada seguia paralela ao velho Caminho Real Maia entre as duas cidades.  Passava junto a aldeolas que, como Wilberth, preservavam óbvias raízes indígenas. Pedimos para pararmos numa ou outra, algo que o jovem cicerone nos concede com satisfação.

Detemo-nos em Becal. Wilberth revela-nos uma pequena fábrica familiar e artesanal de chapéus panamá. Apesar do nome, os “jipijapas” – assim lhes chamam os mexicanos – foram inventados no Equador.

Campeche, México, Península de Iucatão, Can Pech, Once Campeches

Pormenor do mural “Once Campeches”

Admiramos como os artesãos os tecem um atrás do outro, a partir da fibra da folha de uma palmeira, por forma a satisfazer a procura dos muitos gringos que visitam o México.

Sepulturas Maias e Chapéus do Panamá

De Becal, apontamos a Pomush, povoação em que subsiste um dos raros cemitérios maias do mundo. Ali, em vez de em convencionais campas, as ossadas dos mortos são depositadas para a eternidade em pequenos caixas de madeira, forradas por toalhas com flores bordadas.

Nelas, caveiras e ossos ficam expostos ao ar e ao olhar. “Os meus avós estão por aqui algures”, revela-nos Wilberth, seguro da impressão adicional que nos causaria.

Antes que nos indicasse o lugar exacto, atrapalhamo-lo com questões sobre como os padres católicos lidavam com aquela prática. Wilberth assegura-nos que, com os séculos, se estabeleceu uma saudável convivência.

O nosso tempo começava a escassear. Apressámo-nos a regressar ao caminho.

Quando damos entrada no hotel de Campeche, o sol poente dourava o âmago histórico da cidade.

A viagem tinha-nos deixado exaustos mas um espectáculo nocturno de luz e som a ter lugar entre as muralhas do seu enorme forte justificava que recorrêssemos às derradeiras energias.

A exibição, junto a uma tal de Puerta de Tierra, reencenou o passado atribulado da cidade, da era indígena à invasão dos conquistadores espanhóis e dai em diante.

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Momento nocturno do espectáculo de luz e som realizado na Puerta de Tierra da cidade.

Tínhamos acabado de chegar e Campeche já nos irradiava a riqueza da sua história.

Despertar com Céu Azul e Entre Fachadas Pastel

Sete horas depois, rejuvenescidos, apreciámo-la sob a luz tropical da manhã. Paragens mais coloniais que estas não abundam.

Da Plaza Campeche, para qualquer que fosse a direcção, a cidade desdobra-se numa sucessão geometrizada de calles numeradas e largos que se encontram em curiosas esquinas: a del Cometa, a del Toro, a del Perro.

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Esquina de uma calle tradicional e colorida nas imediações do âmago histórico de Campeche

No sudoeste imediato, essa grelha é ainda mais rigorosa, submissa às velhas muralhas e aos baluartes que antes protegiam a medula urbana das sucessivas tentativas de conquista ou saque.

A umas centenas de metros do Barrio de Guadalupe que nos acolhera, a Calle 10 conduz-nos ao longo de uma das fachadas laterais da Catedral de Nuestra Sra de la Purísima Concepción.

Logo, ao Parque Principal, este, centrado em redor de uma espécie de coreto sob esteróides.

Como é suposto acontecer em urbes de tal calibre católico, as torres gémeas da catedral sobrepõem-se ao parque, ao seu arvoredo e ao casario campechano em geral.

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As torres gémeas e imponentes da Catedral de Nuestra Sra de la Purísima Concepción, a maior das igrejas de Campeche, elevada bem acima do seu casario.

O dia começara há apenas três horas mas os moradores já percorriam preferencialmente as arcadas dos palacetes nobres e garridos, a salvo do braseiro que se intensificava.

Para o interior, Campeche rende-se a uma profusão de quarteirões de um pastel multicolor.

As suas casas e passeios surgem elevados face ao plano das ruas, assim protegidos das raras chuvadas fulminantes.

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Moradores concentram-se numa esquina profunda de um velho bairro de Campeche.

Deslocada do frenesim intenso do cientro, a vida flui ali mais lenta e desafogada, afectada de quando em quando, pelos roncos característicos de um outro fusca.

A repetição padronizada dessas calles mantêm-nos num modo semi-alienado de exploração, de tal forma absortos do todo que nos esquecemos de que o mar só distava umas centenas de metros.

Com excepção para as tropelias de um qualquer furação ou tempestade tropical, o fundo do Golfo do México embate no Malecon marginal da cidade, com uma preguiça adequada ao lugar.

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Criança passa por um ancião num dos muitos passeios elevados das ruas da cidade.

A Submissão Maia e o Longo Período Colonial

Desde a viragem para o século XVI a cirandarem pelo Mar das Caraíbas, em 1517, os descobridores e conquistadores espanhóis acabaram por ali desembarcar.

Segundo narrou Bernal Diaz Castillo – o principal escriba da Conquista do México – abasteceram-se de água com a complacência dos chefes locais que lhes mostraram ainda os seus palácios e pirâmides.

A sede por riqueza e poder dos forasteiros viria a ditar um desfecho trágico da civilização maia local.

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Nativas de Campeche vestidas a rigor.

A povoação denominava-se, então, Ah-Kin-Pech, simplificado como Can Pech. De forma rude, o nome traduzia-se como lugar da cobra e da carraça.

Se a primeira incursão se provou pacífica, a passagem dos homens de Francisco Hernández de Córdoba e Antón de Alaminos para a zona vizinha de Champoton, despoletou uma saga de violência que veio a gerar muitas baixas e só terminaria mais de vinte anos volvidos, sob comando de Francisco de Montejos.

Quando os espanhóis a encontraram, Can Pech abrigava cerca de 40 mil maias.

Alguns anos depois, muito graças às epidemias de varíola e de outras maleitas desconhecidas no Novo Mundo, o número era já inferior a 6 mil. Com os Maias destroçados, os conquistadores ergueram uma nova cidade sobre a povoação antes majestosa dos nativos.

Como seria de esperar, San Francisco de Campeche desenvolveu-se sob os fortes padrões hispânicos da época. Rivalizou com outras cidades grandiosas e influentes do império, Havana e Cartagena de Índias.

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Pedestres de dimensão insignificante contra a base da fachada da Catedral de Nuestra Sra de la Purísima Concepción.

Concentrou o ouro, outros metais preciosos e comodidades subtraídos um pouco por todo o México que de lá eram despachados para Espanha.

Bartolomeu Português entre um Enxame de Piratas

À medida que enriqueceu, Campeche recebeu mais e mais mansões coloniais, palacetes e igrejas. Como Havana e Cartagena, os piratas que esquadrinhavam os mares ao largo não lhe conseguiram resistir: John Hawkins, Francis Drake e tantos outros visaram-na.

Também um tal de Bartolomeu Português, famoso bucaneiro luso que viveu e operou durante o século XVII e cuja vida dava para um filme.

Crê-se ter sido o autor de um código de conduta que, espantemo-nos, os piratas adoptaram e seguiram durante o século XVIII.

Pelo menos entre 1666 e 1669, Campeche manteve-se o seu alvo preferencial. Português navegava num barco que roubara, dotado com quatro canhões, assistido por uma tripulação de trinta homens.

Após capturar uma embarcação espanhola e encher o seu navio com 70 mil Reales de a Ocho (moedas de prata) e toneladas de grãos de cacau enfrentou mau tempo.

Como se não bastasse, viu-se detido por uma pequena frota de navios espanhóis de guerra. Foi forçado a voltar a Campeche onde as autoridades o aprisionaram num outro barco. Mas, Bartolomeu Português conseguiu matar a sentinela e escapar.

Terá atravessado 150 km de selva até ao leste da Península de Iucatão de onde regressou a Campeche com vinte novos auxiliares.

Em Campeche, capturou o barco onde havia estado preso. Durante a fuga, a tripulação fez o barco encalhar e perdeu uma vez mais a carga armazenada a bordo.

Bartolomeu Português passou o resto da sua vida a atacar navios e povoações espanholas sem grande proveito. Em “Buccaneers of America”, o flibusteiro, historiador da pirataria e autor Alexandre Exquemelin afirma ter testemunhado, na Jamaica, os seus derradeiros dias, passados na miséria.

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Detalhes da arquitectura religiosa-colonial de Campeche, erguida pelos espanhóis sobre a cidade maia por eles destruída de Can Pech

Os ataques dos piratas, bucaneiros e corsários a Campeche tornaram-se tantos e tão frequentes que os espanhóis investiram boa parte dos seus proveitos em muralhas e baluartes, os mesmos que continuam a encerrar o fulcro histórico oval da cidade.

A Deslumbrante Mestiçagem de Campeche

Hoje, os Maias e os descendentes dos colonos hispânicos cruzam-se nas calles como se cruzam no eterno processo mexicano de mestiçagem.

Entre o Parque Principal e o Malecón, encontramos uma obra que ilustra na perfeição a riqueza genética e a diversidade das gentes da cidade. Um enorme mural decora a fachada lateral de um banco.

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Mural “Once Campeches” que retrata os visuais de onze nativos da cidade.

Denominado “Once Campeches” ilustra os traços, os trajes e os modos de vida do mesmo número de nativos campechanos, da criancice à velhice.

Mais para o fim da tarde, com uma quase frescura a instalar-se, o Parque Principal e outras plazas acolhem o ansiado modo pós-laboral e pós-escolar dos moradores.

Caminhamos calle 12 fora até darmos com os Portales de la Plazuela de San Francisco, lugar de restaurantes-esplanada, vários, animados por música ao vivo. Éramos, há muito, fãs da orchata mexicana.

Quando o recepcionista nos informa que não a serviam no hotel mas que encontraríamos, nos Portales, a melhor à face da Terra, sentimo-nos um pouco como Francis Drake, Hawkins e Bartolomeu Português: sem nos podermos poupar à incursão.

A orchata não desiludiu. De tal maneira que, em vez de comermos uma refeição convencional, as fomos repetindo.

Bingo a Feijões no Parque Principal

No regresso, constatamos como, em simultâneo com a vida prazerosa da rua, Campeche se entregava a uma outra, a dos incontáveis lares térreos que os moradores mantêm de portas e janelas abertas, com entradas, pátios e varandas que usam como extensões das calles.

Campeche, México, Península de Iucatão, Can Pech, Conversa de arcada

Moradores partilham o espaço sombrio e secular de uma arcada do Parque Principal de Campeche.

Regressamos ao Parque Principal com a noite instalada. O grande coreto acolhia um ritual barulhento e profano que escapava à supervisão austera da catedral ao lado.

Do lado de lá da sua circunferência, um bar passa reggaeton caribenho – por certo porto-riquenho – a altos berros.

Aquém, mais próximo do templo, tinha início nova sessão do bingo de rua da cidade. Grupos de mulheres instaladas em distintas mesas acompanhavam a extração dos números e símbolos pictóricos.

O bingo era “cantado” por Rosa Puga que há nove anos ditava a sorte pelo puro prazer do convívio, já que o valor das apostas permitido se mantém tão simbólico como as próprias figurinhas extraídas.

Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico

Rosa Puga, a senhora que canta os símbolos que vão saindo.

Sem melhores planos, sentamo-nos na companhia das senhoras. Lá ficamos a assistir à sua excitação na iminência de preencherem os cartões com os gatos, mulas, cometas, rosas, cavalos e navalhas saídos da tômbola adesivada.

Lá apreciamos a harmonia com que Campeche encerrava mais um dos seus serões abafados e se rendia ao silêncio da noite caribenha.

Mais informações sobre Campeche no site Visit Mexico.

Izamal, México

A Cidade Mexicana, Santa, Bela e Amarela

Até à chegada dos conquistadores espanhóis, Izamal era um polo de adoração do deus Maia supremo Itzamná e Kinich Kakmó, o do sol. Aos poucos, os invasores arrasaram as várias pirâmides dos nativos. No seu lugar, ergueram um grande convento franciscano e um prolífico casario colonial, com o mesmo tom solar em que a cidade hoje católica resplandece.
Tulum, México

A Mais Caribenha das Ruínas Maias

Erguida à beira-mar como entreposto excepcional decisivo para a prosperidade da nação Maia, Tulum foi uma das suas últimas cidades a sucumbir à ocupação hispânica. No final do século XVI, os seus habitantes abandonaram-na ao tempo e a um litoral irrepreensível da península do Iucatão.
Mérida, México

A Mais Exuberante das Méridas

Em 25 a.C, os romanos fundaram Emerita Augusta, capital da Lusitânia. A expansão espanhola gerou três outras Méridas no mundo. Das quatro, a capital do Iucatão é a mais colorida e animada, resplandecente de herança colonial hispânica e vida multiétnica.
Mérida, México

A Mais Exuberante das Méridas

Em 25 a.C, os romanos fundaram Emerita Augusta, capital da Lusitânia. A expansão espanhola gerou três outras Méridas no mundo. Das quatro, a capital do Iucatão é a mais colorida e animada, resplandecente de herança colonial hispânica e vida multiétnica.
Cobá a Pac Chen, México

Das Ruínas aos Lares Maias

Na Península de Iucatão, a história do segundo maior povo indígena mexicano confunde-se com o seu dia-a-dia e funde-se com a modernidade. Em Cobá, passámos do cimo de uma das suas pirâmides milenares para o coração de uma povoação dos nossos tempos.
Campeche, México

Um Bingo tão lúdico que se joga com bonecos

Nas noites de sextas um grupo de senhoras ocupam mesas do Parque Independencia e apostam ninharias. Os prémios ínfimos saem-lhes em combinações de gatos, corações, cometas, maracas e outros ícones.
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Cartagena de Índias, Colômbia

A Cidade Apetecida

Muitos tesouros passaram por Cartagena antes da entrega à Coroa espanhola - mais que os piratas que os tentaram saquear. Hoje, as muralhas protegem uma cidade majestosa sempre pronta a "rumbear".
San Cristobal de las Casas a Campeche, México

Uma Estafeta de Fé

Equivalente católica da Nª Sra. de Fátima, a Nossa Senhora de Guadalupe move e comove o México. Os seus fiéis cruzam-se nas estradas do país, determinados em levar a prova da sua fé à patrona das Américas.
Campeche, México

Há 200 Anos a Brincar com a Sorte

No fim do século XVIII, os campechanos renderam-se a um jogo introduzido para esfriar a febre das cartas a dinheiro. Hoje, jogada quase só por abuelitas, a loteria local pouco passa de uma diversão.
Iucatão, México

O Fim do Fim do Mundo

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San Cristóbal de Las Casas, México

O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.

Cidade do México, México

Alma Mexicana

Com mais de 20 milhões de habitantes numa vasta área metropolitana, esta megalópole marca, a partir do seu cerne de zócalo, o pulsar espiritual de uma nação desde sempre vulnerável e dramática.

Iucatão, México

A Lei de Murphy Sideral que Condenou os Dinossauros

Cientistas que estudam a cratera provocada pelo impacto de um meteorito há 66 milhões de anos chegaram a uma conclusão arrebatadora: deu-se exatamente sobre uma secção dos 13% da superfície terrestre suscetíveis a tal devastação. Trata-se de uma zona limiar da península mexicana de Iucatão que um capricho da evolução das espécies nos permitiu visitar.
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O México Profundo das Barrancas del Cobre

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Creel a Los Mochis, México

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O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Chihuahua, México

¡ Ay Chihuahua !

Os mexicanos adaptaram a expressão como uma das suas preferidas manifestações de surpresa. À descoberta da capital do estado homónimo do Noroeste, exclamamo-la amiúde.
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À Beira do Cenote, no Âmago da Civilização Maia

Entre os séculos IX a XIII d.C., Chichen Itza destacou-se como a cidade mais importante da Península do Iucatão e do vasto Império Maia. Se a Conquista Espanhola veio precipitar o seu declínio e abandono, a história moderna consagrou as suas ruínas Património da Humanidade e Maravilha do Mundo.
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Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
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À descoberta do arquipélago de Visayas Ocidental, dedicamos um dia para viajar de Iloilo, ao longo do Noroeste de Guimaras. O périplo balnear por um dos incontáveis litorais imaculados das Filipinas, termina numa deslumbrante ilha Ave Maria.
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O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
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Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
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Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
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Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Cerimónias e Festividades
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Casal durante uma manifestação chavista
Cidades
Caracas, Venezuela

A Metrópole Difícil que Comanda a Utopia Venezuelana

Quase meio milénio após a sua fundação, Caracas trilha um rumo erróneo. A Revolução Bolivariana liderada por Hugo Chávez e a solidificação de uma ideologia pseudo-comunista isolou a Venezuela do “mundo ocidental”. Vítima duma óbvia degradação socioeconómica, mesmo com cenários paradisíacos do Mar das Caraíbas à vista, tornou-se uma das capitais mais perigosas e rejeitadas à face da Terra.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Djerbahood, Erriadh, Djerba, Espelho
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Uma Aldeia Feita Galeria de Arte Fugaz

Em 2014, uma povoação djerbiana milenar acolheu 250 pinturas murais realizadas por 150 artistas de 34 países. As paredes de cal, o sol intenso e os ventos carregados de areia do Saara erodem as obras de arte. A metamorfose de Erriadh em Djerbahood renova-se e continua a deslumbrar.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
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Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
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Ainda com Moçâmedes como ponto de partida, viajamos em busca das areias do Namibe e do Parque Nacional Iona. A meteorologia do cacimbo impede a continuação entre o Atlântico e as dunas para o sul deslumbrante da Baía dos Tigres. Será só uma questão de tempo.
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Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
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Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
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Maui: o Havai Divino que Sucumbiu ao Fogo

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Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
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Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
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Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
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Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
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Península de Samaná, PN Los Haitises, República Dominicana

Da Península de Samaná aos Haitises Dominicanos

No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Trem do Serra do Mar, Paraná, vista arejada
Sobre Carris
Curitiba a Morretes, Paraná, Brasil

Paraná Abaixo, a Bordo do Trem Serra do Mar

Durante mais de dois séculos, só uma estrada sinuosa e estreita ligava Curitiba ao litoral. Até que, em 1885, uma empresa francesa inaugurou um caminho-de-ferro com 110 km. Percorremo-lo, até Morretes, a estação, hoje, final para passageiros. A 40km do término original e costeiro de Paranaguá.
religiosos militares, muro das lamentacoes, juramento bandeira IDF, Jerusalem, Israel
Sociedade
Jerusalém, Israel

Em Festa no Muro das Lamentações

Nem só a preces e orações atende o lugar mais sagrado do judaísmo. As suas pedras milenares testemunham, há décadas, o juramento dos novos recrutas das IDF e ecoam os gritos eufóricos que se seguem.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Elefante caminha acima da praia e lagoa na orla do PN Loango
Vida Selvagem

PN Loango, Gabão

Numa Orla Edénica da África Equatorial

Quase 80% do território gabonês é composto por floresta tropical densa. O PN Loango fica na confluência exuberante dessa floresta com o litoral Atlântico. É feito de lagoas, de rios largos e escuros, de uma savana assente em areia repleta de bolsas de selva misteriosa. Percorrem-no elefantes, búfalos, gorilas, chimpanzés, sitatungas, javalis. Espécies sem fim de um domínio terrestre protegido e prodigioso.

Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.