Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada


As Traseiras de Porto Santo
Enseada profunda da costa norte de Porto Santo.
Um Farto Fetal
Caminhante prestes a deixar um fetal da vereda Pico Branco e Terra Chã para trás.
O Pico Juliana
Estrada Regional 111 serpenteia abaixo do Pico Juliana.
A Rocha Quebrada
Carolina Freitas contempla a falésia sulcada da Rocha Quebrada.
Ciprestes e o Fundo
Ciprestes despontam do cimo da vertente do Pjco Branco.
Direcções & Distâncias
Tabuleta tripla indica os sentidos e distâncias mais importantes da vereda.
A Vista do Cimo
Sara Wong e Carolina Freitas no cimo do Pico Branco.
Luz radiosa
Luz resplandece no relevo abaixo e a sul do Pico Branco.
A Vista do Pico Branco
O relevo acidentado abaixo e para sul do Pico Branco, o segundo ponto mais elevado de Porto Santo.
Nicho santuário
Santuário fúnebre com imagem da Virgem Maria.
Um V de Mar
Um recorte da vertente do Pico Branco emoldura o Atlântico azulão.
Cenário de Ouro
Carolina Freitas desce a escadaria que conduz ao cimo do Pico Branco.
Mar Verde-Azul
Folhagem de ciprestes recorta a vastidão do oceano Atlântico.
As Traseiras de Porto Santo
Enseada profunda da costa norte de Porto Santo.
Um Farto Fetal
Caminhante prestes a deixar um fetal da vereda Pico Branco e Terra Chã para trás.
O Pico Juliana
Estrada Regional 111 serpenteia abaixo do Pico Juliana.
A Rocha Quebrada
Carolina Freitas contempla a falésia sulcada da Rocha Quebrada.
No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.

Os moinhos da Portela ficam para trás, no seu girar imaginário ao vento do cimo da Portela.

Carolina Freitas aponta o jipe às curvas, altos e baixos da Estrada Regional 111. Cruzamos a Serra de Fora do Porto Santo, a mais próxima do sul da Vila Baleira e da faixa urbanizada da ilha. Curva atrás de curva, entramos na outra Serra, a de Dentro. Em tempos, as encostas e o vale desta serrania interior abrigavam abundantes agrícolas.

O solo chegou a ser fértil ao ponto de justificar o trabalho de erguer conjuntos de socalcos. preparados para reter a chuva e a humidade que agraciassem as vertentes oeste da ilha, bem mais irrigadas que as a oriente.

De tal maneira que subsistem na sua base, dois grandes reservatórios que a rara pluviosidade abastece. Quase só essas vertentes do oeste eram plantadas com cevada e outros cereais de sequeiro.

O Cenário Mais Inóspito do Centro e Norte de Porto Santo

Com o tempo, a ilha do Porto Santo tornou-se mais árida.

Em simultâneo, a preponderância do turismo reforçada sobretudo pela grande praia da costa sul de que nos continuávamos a distanciar, retirou sentido à agricultura trabalhosa da ilha.

A ER 111 serpenteia um pouco mais e flecte para oeste. Sem que o esperássemos, deixamos de a acompanhar.

Carolina entra para um desvio de terra batida, ascendemos umas dezenas de metros. A guia detém o jipe.

Porto Santo, ER111 e Pico Juliana

Estrada Regional 111 serpenteia abaixo do Pico Juliana.

Da Estrada à Vereda

“Cá estamos. Vamos a isto? desafia-nos, com a sua energia contagiante de sempre. Estamos a meio da tarde. Faz um calor abafado por nuvens de um cinzento-claro que só de quando em quando concedem ao sol uma espreitadela.

Acima e pela frente temos uma longa vertente sulcada e listada por incontáveis colunas de rocha que a erosão desgastou ou, a espaços, fez sumir.

Pouco a pouco, o caminho sobe na vertente. Em tempos, deixava os caminhantes expostos a precipícios consideráveis, razão porque foi dotado de uma vedação de madeira, do mesmo tom que a superfície da encosta, de tal maneira camuflada que a distância a faz desaparecer.

Afiançam registos e a memória dos ilhéus que, noutra era, este mesmo trilho terá sido escavado na ladeira pedregosa para permitir que os burros da ilha carregassem a cevada entre a Terra Chã em que era cultivada e o norte da ilha. Hoje, no fundo do vale, a própria estrada ER 111 emula os meandros elevados da vereda.

A sucessão interminável das colunas prismáticas da Rocha Quebrada, mesmo se intrigante e deslumbrante, acaba por tornar o cenário por diante repetitivo.

A reacção natural é virarmos a atenção para as vistas pelas costas e para as do lado de lá do vale.

Atrás de nós, destacado acima de um vislumbre do mar do norte, destacava-se o Pico Juliana (316m), pontiagudo, sulcado por socalcos que se estendiam até ao seu cume rochoso. E repleto de arvoredo juvenil, supomos que pequenos pinheiros-de-Alepo.

Carolina fala-nos também do mais baixo Pico da Gandaia que – dizem as más-línguas da ilha – recebeu tal baptismo por ser um dos eleitos pelos casais de Porto Santo para namoricos e afins.

Os Inevitáveis e Incontáveis Coelhos

Não obstante a sua dureza inóspita de quase rocha, sempre que o declive da vertente se suaviza um pouco, do nada, surgem os prolíficos coelhos do Porto Santo, descendentes do casal que se diz introduzido por Bartolomeu Perestrelo, futuro capitão donatário do Porto Santo.

Sabe-se que, apesar de terem assegurado uma fonte fácil de carne, como se esperava, os coelhos reproduziram-se de forma exponencial.

Porto Santo, Rocha Quebrada, Terra Chã e Pico Branco

Carolina Freitas contempla a falésia sulcada da Rocha Quebrada.

Se o Porto Santo já não era propriamente luxuriante, menos vegetação passou a ter quando centenas, milhares de espécimes passaram a sobreviver da pouca que existia, da nativa da ilha e da dos cultivos que foram introduzidos, casos da vinha, da cana-de-açúcar e das mais diversas experiências hortícolas.

Desde então bem alimentados, os coelhos contemplavam-nos, por breves momentos, de orelhas bem levantadas. Logo, saíam disparados encosta abaixo para uma qualquer toca do seu contentamento.

Continuamos a ascender. Tínhamos começado em redor dos 200 m acima do nível do mar.

Sabíamos que o mais alto a que o percurso chegava eram os 450 m do Pico Branco, a segunda maior elevação da ilha. Em termos de esforço físico, a conquista deste quase monte estava longe nos intimidar.

Porto Santo, Visto do cimo do Pico Branco

Ciprestes despontam do cimo da vertente do Pjco Branco.

O  Cimo Panorâmico do Cabeço do Caranguejo

Prosseguimos com a caminhada e à conversa, sempre que os pulmões bombeavam oxigênio suficiente para as duas actividades. Interrompemos a tagarelice no assalto final, bem mais íngreme que até então, ao Cabeço do Caranguejo, uma orla pedregosa que nos desvendou as primeiras vistas para o lado nordeste da arriba.

Contornamo-lo. Inauguramos a descida para esse lado. Uma bifurcação do trilho estabelecia os caminhos para o Pico Branco e para a Terra Chã, esta, uns 400 metros para baixo e para o interior.

Como previsto, tomamos o do Pico Branco, que continua pelo meio de uma inesperada floresta de ciprestes-da-Califórnia enormes e viçosos, empoleirados na encosta, a comporem um inesperado Porto Santo frondoso e verdejante.

Aqui e ali, complementado por escadarias, o trilho ziguezagueia ajustado ao cimo do monte. Revela-nos perspectivas vertiginosas das falésias e enseadas acima da Ponta do Miguel, batidas por um Atlântico que um qualquer truque da luz exibia num azul resplandecente.

Porto Santo, vista para sul do Pico Branco

Sol filtrado por nuvens incide no relevo abaixo e a sul do Pico Branco.

Víamo-lo salpicado do branco da espuma marinha que envolvia os grandes rochedos e até ilhéus que colonizavam o oceano, um domínio ermo esvoaçado por espécies marinhas felizardas: cagarras, andorinhas-do-mar, almas-negras, roques-de-castro, rolinhas-da-praia.

E outras, no grupo das rapinas, as mantas e os francelhos, toda uma avifauna em parte endémica que contribuiu para a recente candidatura de Porto Santo a Reserva da Biosfera da UNESCO, feita em Setembro de 2019, e sob apreciação da organização.

A Conquista do Pico Branco e a Ameaça Pirata

Vencido um derradeiro meandro, conquistamos o Pico Branco.

Aos 450 metros do cume, confirmamos a pedra esbranquiçada que o forma, em certas secções mais expostas à humidade, coberta de urzela, o líquen que lhe inspirou o baptismo, em ambos os casos contrastantes com a terra e rocha vermelha e vulcânica abundante no caminho para o cume.

Do cimo achatado e murado do Pico Branco, deslumbramo-nos com a vista sobre o sul. A Terra Chã e a Ponta dos Ferreiros, o vislumbre do Ilhéu de Cima, no prolongamento da Ponta do Passo.

Porto Santo, cume do Pico Branco

Sara Wong e Carolina Freitas no cimo do Pico Branco.

E, para o interior da ilha, mais distante, o Pico do Facho (516 m). Este que é o cume supremo de Porto Santo ficou assim para a historia por ter servido para avistar a aproximação de navios piratas do Porto Santo e para alertar os habitantes para a sua aproximação.

O aviso fazia-se com recurso ao fogo de grandes fachos, visíveis a qualquer hora do dia, não fossem os piratas magrebinos apanhá-los desprevenidos.

As matamorras como a que resiste na Casa da Serra que avistamos do Miradouro da Terra Chã, permitiam aos portosantenses esconderem os mantimentos e outros bens essenciais à subsistência na ilha. Não eram garantia de segurança, longe disso.

Sabe-se que um dos lugares preferidos para refúgio dos bárbaros chegados de África era o Pico do Castelo (437m), em que subsistem ruínas de uma fortaleza erguida durante o século XVI, já a ameaça dos piratas atormentava há muito a vida e o sono dos colonos.

Mesmo com o Porto Santo já dotado do pequeno castelo no cimo do morro, numa determinada incursão e pilhagem pirata de 1617, quase todos os portosantenses foram levados como escravos para terras africanas infiéis que, dali, continuam a distar pouco menos de 500km.

Porto Santo, Fetal da vereda Terra Chã e Pico Branco

Tabuleta tripla indica os sentidos e distâncias mais importantes da vereda.

O Esconderijo dos Homiziados e os Frades Naufragados

Abaixo da Terra Chã, existe uma furna que se popularizou como dos Homiziados. Terá servido de esconderijo dos piratas mas também, como o nome indica, de abrigo para os fora-da-lei da ilha. E, não bastassem as tragédias trazidas pelos piratas, conta uma lenda que, em tempos, o tecto dessa tal gruta se abateu sobre alguns infelizes abrigados.

São raros, no Porto Santo, os nomes de lugares dados à toa. Em cada baptismo, a ilha faz questão de eternizar o seu passado.

Nas imediações da Terra Chã, fica outro desses exemplos, o Porto de Frades. A quem hoje o encontra, parece apenas e só uma enseada com beira-mar de calhau, água cristalina e um visual ocre-amarelado com o seu quê de misticismo. E, no entanto, o nome que ostenta deixa uma pista para outro dos episódios ainda hoje debatidos da história do Porto Santo.

Segundo narram registos de então, durante a sua segunda visita à ilha, Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira encontraram naquela mesma calheta dois frades portugueses.

Os monges tinham zarpado de Portugal com o rumo das ilhas Canárias, com a missão de contribuir para a conversão dos indígenas Guanches, nativos daquele arquipélago e que então continuavam a resistir à ocupação dos colonos espanhóis e franceses.

Pois, segundo esclareceram, a embarcação em que seguiam teria naufragado. Ainda assim, conseguiram alcançar o Porto Santo.

Socorridos pelos homens de Zarco e Tristão, os frades acederam a acompanhar a expedição portuguesa e a se fixarem na ilha da Madeira em vez de nas nas Canárias.

Porto Santo, santuário com Virgem Maria

Santuário fúnebre com imagem da Virgem Maria.

A sua presença na Madeira suscitou que outros frades para lá se mudassem do continente. Mais tarde, a congregação que integraram veio a fundar o Convento de São Bernardino, na região de Câmara de Lobos.

Em Porto Santo, um legado religioso comparável é o da Capela de Nª Srª da Graça cujas fundações se estimam anteriores a 1533. Estava, todavia, escondida para oeste da Serra de Fora que, dali, não conseguíamos avistar.

Tínhamos deixado o jipe abaixo do Pico Juliana.

Vimo-nos, assim, obrigados a um regresso de 2km e pouco pelo caminho que ali nos levara.

Porto Santo, Fetal da vereda Terra Chã e Pico Branco

Caminhante prestes a deixar um fetal da vereda Pico Branco e Terra Chã para trás.

Cumprimo-lo no mesmo modo da ida: deslumbrados pelas obras de arte geológicas impressionantes de Porto Santo.

De olho nos coelhos que nos mantinham sob vigia.

 

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A Jangada de Basalto de José Saramago

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Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Joshua Tree Parque Nacional, Califórnia, Estados Unidos,
Parques Naturais
PN Joshua Tree, Califórnia, Estados Unidos

Os Braços Virados ao Céu do PN Joshua Tree

Chegados ao extremo sul da Califórnia, espantamo-nos com as incontáveis árvores de Josué que despontam dos desertos de Mojave e Colorado. Tal como os colonos mórmons que as terão baptizado, cruzamos e louvamos estes cenários inóspitos do Faroeste norte-americano.
Picos florestados, Huang Shan, China, Anhui, Montanha Amarela dos Picos Flutuantes
Património Mundial UNESCO
Huang Shan, China

Huang Shan: as Montanhas Amarelas dos Picos Flutuantes

Os picos graníticos das montanhas amarelas e flutuantes de Huang Shan, de que brotam pinheiros acrobatas, surgem em ilustrações artísticas da China sem conta. O cenário real, além de remoto, permanece mais de 200 dias escondido acima das nuvens.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Sesimbra, Vila, Portugal, Vista do alto
Praias
Sesimbra, Portugal

Uma Vila Tocada por Midas

Não são só a Praia da Califórnia e a do Ouro que a encerram a sul. Abrigada das fúrias do ocidente atlântico, prendada com outras enseadas imaculadas e dotada de fortificações seculares, Sesimbra é, hoje, um porto de abrigo piscatório e balnear precioso.
Promessa?
Religião
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Sociedade
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Vida Selvagem
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.