À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo


Floresta Cerrada
Enormes fetos dominam a vegetação verdejante do PN Franklin-Gordon.
Calçado Arejado
Estendal de calçado velho aumentado por locais e viajantes num vedação na estrada a caminho do PN Frecynet.
Correio 26, correio 18
Caixas de correio tradicionais da velha vila de Ross, no coração das Midlands.
Pedra Quente
Luz ténue sob um manto de nuvens de tempestade ilumina a ponte de Ross.
Passagem de Equidnas
Sinal de trânsito alerta para a presença de equidnas, um de vários mamíferos austrais da Tasmânia.
Vida Marsupial
Canguru juvenil numa praia selvagem do PN Frecynet.
Mar Antárctico
Litoral selvagem do PN Frecynet, na costa leste da Tasmânia.
Maré de Arte
Listas de água e areia numa praia a sul de Hobart.
Ponte para outro dia
Sol põe-se sobre Ross, uma das povoações seculares das Midlands.
Natação de Águas Frias
Leão-marinho eleva-se do Mar da Tasmânia, nas imediações da ilha Brunet.
Ponte mais antiga
A velha ponte de Richmond, a mais antiga em uso na Austrália.
Florestas de Fetos
Fetos exuberante do PN Franklin-Gordon no interior leste chuvoso da Tasmânia.
Dali à Capital
Indicador histórico de distância para Hobart, destacado na ponte de Richmond.
Iluminação Providencial
Torre da Igreja anglicana de St. John, em Richmond.
Jardins British nos Antipodas
Gazebo elegante no Cataract Gorge Park de Launceston, a segunda cidade da Tasmânia.
Curiosidade Comunal
Colónia de Leões-marinhos ao largo da ilha Brunet na costa sudeste da Tasmânia.
Wineglass Bay
A baía quase perfeita de WineGlass, a mais visitada do Parque Nacional Frecynet.
Prados Sem Chuva
Terras secas das Midlands em pleno Verão austral da Tasmânia.
Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.

Ao fim de vários dias passados nos fundos da Tasmânia, saímos, por fim, apontados a norte.

Em jeito de despedida da cidade, decidimos subir aos 1271 metros do monte Wellington, o cume da cordilheira homónima que barra a expansão do casario da capital e a separa da vastidão insular acima no mapa.

Monte Wellington Acima

Vinte minutos de curvas e contracurvas num cenário meio silvestre, meio rochoso atingimos o cimo, bem identificado por um miradouro com arquitectura destemida. Deixamos o carro.

Subimos a um varandim de madeira sobranceiro. Dali, apreciamos a profusão de calhaus magmáticos rosados que se estende encosta abaixo.

Encosta do Monte Wellington, Hobart, Tasmânia

Laivos de nuvens surgem de mais abaixo da base da encosta do Monte Wellington, a sul norte de Hobart.

Vemos laivos de nuvens ascenderem, de mais abaixo na vertente, sub-reptícios, como que a quererem surpreender os intrusos da sua montanha. Mais que os novelos gasosos, é a meteorologia do monte que nos apanha desprevenidos. Percebemos, sem lugar para dúvidas, como era fulcral para Hobart o abrigo orográfico da cordilheira.

Sem ela, sobretudo durante o Inverno austral, Hobart ficaria exposta aos caprichos dos ventos de sul e sudoeste, provenientes do oceano Antárctico.

Mesmo se os ventos prevalentes sopram de norte, vindos do sempre amornado continente australiano, sempre que as excepções se dessem, os moradores da cidade enregelariam.

Era o que nos estava a acontecer aos poucos, a razão porque nos rendemos às evidências e aos tremeliques cada vez mais intensos. Recolhemos ao interior do edifício envidraçado.

Edifício do miradouro do Monte Wellington

Edifício envidraçado do miradouro do monte Wellington protege os visitantes do vento furioso que varre o cume.

Protegidos das rajadas frígidas e furiosas, apreciamos o panorama por algum tempo mais: o recorte do longo estuário do rio Derwent e, para diante, as terras mais lisas da Península de Tasman que tínhamos explorado por aqueles dias.

Miradouro do Monte Wellington, Hobart, Tasmânia, Austrália

Visitantes sobre o varandim do miradouro do Monte Wellington, bem acima de Hobart.

Das Alturas às Planuras das Midlands

Corremos de volta ao estacionamento. Enfiamo-nos no carro. Dali, descemos rumo às planícies de Midlands.

Tal como o nome deixava antever, identificamo-las na iminência do meio da ilha, dominadas pelos tons de verde e amarelo das plantações de cereais, compartimentadas por sucessivas sebes.

As Midlands tornaram-se rurais logo nos primeiros anos da colonização. Essa realidade e a opulência conseguida pelas famílias de colonos agricultores salta à vista no número de vilas e vilarejos de pedra e de antigas povoações guarnição e correio que ainda abundam.

Oatlands, por exemplo, abriga a maior colecção de arquitectura georgiana da Austrália, com 87 edifícios históricos só na rua principal. Algumas dezenas de quilómetros para norte, Ross irradia charme colonial.

E uma tranquilidade só quebrada pelo grasnar dos corvos e pelo soar do sino da igreja. Nem sempre assim foi.

Caixas de correio em Ross, Tasmânia, Austrália

Caixas de correio antigas de Ross, Midlands da Tasmânia.

A Guarnição Secular de Ross

Ross foi estabelecida por volta de 1812 para proteger dos aborígenes os viajantes que percorriam a ilha de alto a baixo. Nessa altura, a relação com os nativos mantinha-se mais conflituosa que nunca. A guarnição acolhia as carruagens durante a noite. Mantinha os passageiros em segurança.

Ross ainda abriga uma das pontes mais fotografadas da ilha da Tasmânia. À imagem de tantas outras estruturas da ilha, construíram-na os condenados. Até o supervisor dos pedreiros era um deles.

O Desterro e a Obra de Daniel Herbert

Ainda na Grã-Bretanha, Daniel Herbert tinha um pai militar e um emprego. Nem assim resistiu a um dos tachos bem mais lucrativos que lhe eram propostos. Durante um assalto numa estrada, acabou capturado. Reincidente em roubos violentos, foi condenado à morte. Viu a pena ser mudada para degredo para a vida.

Alguns anos de desterro tasmaniano depois, as autoridades decidiram recompensar o seu trabalho exaustivo nos 186 painéis que decoram os arcos da ponte de Ross. Concederam-lhe o perdão.

Mesmo se toda a vila nos parece pitoresca, animada por lojinhas de artesanato e casas de chá aconchegantes, a ponte com a arte de Daniel Herbert preserva-se o monumento dos monumentos.

Ocaso para lá da ponte de Ross, Tasmânia, Austrália

Sol doura a ponte mais emblemática de Ross, uma povoação histórica das Midlands da Tasmânia.

Ainda em Ross, deparamo-nos com um cruzamento com quatro possíveis sentidos para a vida: a Tentação, representada pelo hotel-pub Man O’Ross; a Salvação, oferecida pela igreja católica; a Recreação, proporcionada pelo edifício cultural da câmara local e, por fim, a Condenação da velha cadeia.

Na manhã seguinte, com o tempo para Taz a escoar-se, esquivamo-nos às quatro hipóteses.

Retomamos a estrada 1. Percorridos uns poucos quilómetros, desviamos para leste, apontados à costa oriental da Tasmânia, conhecida como Sun Coast graças ao seu clima suave.

Às Curvas, pela World Road Kill Capital

A estrada, estreita e sinuosa, ondula acima e abaixo de sucessivas colinas. Mas, mais que o seu traçado excêntrico de montanha-russa, é a quantidade de cadáveres animais sobre o asfalto que nos comove.

Árvores secas das Midlands, Tasmânia, Austrália

Árvores ressequidas numa encosta árida das Midlands da Tasmânia.

A proliferação de espécimes com hábitos nocturnos – com predomínio para os marsupiais – e a falta de protecções que barrem as suas travessias sobre o alcatrão, fez da ilha da Tasmânia a World Roadkill Capital, título atribuído e reconhecido entre os povos anglófonos.

As vítimas dos veículos tasmanianos podem, inclusive, ser divididas entre espécies e sub-espécies.

Reconhecemos cangurus, wallabies (pequenos cangurus) e pademelons (cangurus ainda mais pequenos) equidnas, raposas, e opossums (gambás), estes últimos dos mais temidos pelos condutores, por o seu físico robusto provocar enormes danos nos motores e carroçarias.

Sinal de alerta de passagem de equidnas, Tasmânia, Austrália

Sinal alerta para o cruzamento de equidnas, animais endémicos da Austrália demasiadas vezes vítimas dos carros.

A lista de vitimas não se fica por aí. Os atropelamentos são uma causa substancial para a quase extinção dos famosos Diabos da Tasmânia.

A Condenação Demoníaca do Diabo da Tasmânia

Num daqueles desenhos animados apresentados pelo saudoso Vasco Granja, Bugs Bunny é acossado por um deles. Recorre a um dicionário para perceber que estranha espécie o ameaça: “ … aqui está, Diabo da Tasmânia: besta forte, assassina, dotado de maxilares poderosos como uma armadilha de aço.

É insaciável, alimenta-se de tigres, leões, elefantes, búfalos, burros, girafas, polvos, rinocerontes, alces, patos … ao que o predador acrescenta: “E coelhos!”  “Coelhos? Não diz nada aqui.” responde Bugs Bunny.  Com a sua paciência a esgotar-se, o Taz decide-se a impor a sua vontade e completa o dicionário com um lápis.

No mundo real, o Diabo da Tasmânia revela-se um fraco caçador. Necrófago, omnívoro, alimenta-se sobretudo de animais já mortos.

Os seus atropelamentos acontecem, em grande parte, quando devoram os cadáveres sobre as estradas. Como se não bastasse o infortúnio, os “demónios” viram-se assolados por uma epidemia de tumores faciais que, em certas zonas da Tasmânia, os diminuíram em quase 80%.

Após intenso lobby, o governo da Tasmânia obteve autorização da Warner Bros para vender cinco mil peluches do Taz e usar o lucro no combate à epidemia do tumor facial.

Os cientistas e ambientalistas classificaram a oferta de sovinice. É algo de que é difícil discordar, se tivermos em conta que a imagem do animal rende, todos os anos, milhões de dólares à companhia.

Nos últimos tempos, foram feitos esforços adicionais para controlar o número de mortes. Ao mesmo tempo, este mamífero marsupial parece ter reagido ao tumor. Tudo indica que a criatura sobreviverá à sina a que parecia condenada.

E a Extinção Fulminante do Tigre da Tasmânia

O principal predador de outros tempos do Diabo Tasmaniano, o Tigre da Tasmânia, não teve a mesma sorte. O seu visual exótico seduzia os caçadores. Como se não bastasse, o thylacine predava o gado.

Os colonos vitimaram-no em sucessivas caçadas e vinganças. Em 1936, menos de um século após o início da povoação da Tasmânia, já o tinham extinguido.

Como é da praxe nestes casos, subsistem defensores de que alguns espécimes furtivos ainda se escondem na ilha da Tasmânia profunda. Prosseguimos o nosso itinerário de olhos bem abertos.

Condutor junto a estendal de calçado velho na beira da estrada, Tasmânia, Austrália

Condutor detém-se na berma de uma estrada do ocidente da Tasmânia para deixar mais um calçado velho num estendal há muito dedicado.

Do interior rural, avançamos para o litoral leste por um percurso sinuoso que desvenda apenas negócios caseiros de beira de estrada e – a mais inesperada das visões – uma secção de estendais de calçado velho instalados nas suas bermas que os condutores aumentam por piada, e por reverência à tradição inaugurada por um agricultor da região.

A estrada B34 prossegue para norte ao longo do litoral ventoso do leste. Quando chega ao meio da ilha, corta para uma península descaída no mapa.

O Domínio Peninsular de Freycinet

Entra no Parque Nacional Freycinet, um território protegido em que abundam tanto as praias selvagens de areia branca e mar revolto como enseadas tranquilas de águas azuladas que dão para penhascos imponentes e encostas florestadas. Duas destas enseadas quase se tocam na Wineglass Bay.

O duo transformou-se numa paisagem de eleição da ilha da Tasmânia. Determinados a investigar a sua proximidade turquesa, vencemos os mais de 600 degraus que conduzem a um miradouro dedicado. Em vão. Nos últimos tempos, a vegetação crescera.

Wineglass Bay, PN Freycinet, Tasmânia, Austrália

As águas azuladas e gélidas da baía mais arredondada e popular do PN Freycinet.

Daquele alto intermédio, só avistávamos a baía arredondada de Wineglass Bay. Em vez de nos arranharmos de morte a ascender a colina entre arbustos espinhosos, entregamo-nos ao trilho íngreme e longo que descia.

Na baía, deparamo-nos com um mar demasiado gélido e traiçoeiro para nos recompensarmos com um mergulho. E com um wallaby desconfiado.

Wallaby, Wineglass Bay, PN Frecynet, Tasmânia, Austrália

Wallaby intrigado sobre o areal da Wineglass Bay, PN Freycinet.

De Freycinet à Capital do Norte: Launceston

Recuperamos as forças a passearmos pelo limiar da rebentação. Quando o areal se rende às falésias rochosas, revertemos caminho para a via principal da ilha da Tasmânia. Uma vez mais a conduzirmos por ela acima, damos entrada em Launceston.

Chegamos já sobre o anoitecer, de rastos. Quando procuramos um Irish Pub local com alguns dos quartos mais baratos da cidade, um carro de polícia manda-nos encostar. Na atrapalhação de acharmos a morada, tínhamos falhado um pisca. O agente que nos aborda tem tudo menos cara de australiano.

Examina os nossos nomes e nacionalidade nos passaportes. Nós, inspeccionamos o seu baptismo na identificação do uniforme. A nosso pedido, informa-nos que nasceu em El Salvador. “Desculpem lá mas tenho que vos passar um bilhete de aviso. Não têm nada a pagar mas tentem não cometer mais infracções.”

Se tinha que ser, que fosse. Acabamos a falar espanhol e a rir à gargalhada. Ao virar da esquina, damos com o pub. Jantamos. Apesar de algum expectável ruído de convívio alcoolizado, dormimos a bem dormir. Chegada nova manhã, saímos à descoberta de Launceston.

Launceston é a segunda maior urbe da ilha. Ainda a anos luz da capital no que diz respeito ao desenvolvimento e ritmo de vida, a cidade só há pouco reagiu ao frenesim turístico do resto da ilha da Tasmânia.

As suas atracções resumem-se a alguns restaurantes regionais e ao chamariz injustificado de uma tal de Cataract Gorge que nem apreciada de cima, de teleférico, nos enche as medidas.

Gazebo na Cataract Gorge de Launceston, Tasmânia, Austrália

Gazebo integrado no cenário verdejante da Cataract Gorge, em Launceston.

A Costa da Desilusão

Sabíamos que a Tasmânia guardava lugares especiais. Desejosos de os antecipar, abandonamos Launceston.

Almejamos a costa norte da ilha, a virada à Grande Ilha aussie. Lá chegados, percorremos a estrada cimeira rumo a oeste. Umas dezenas de quilómetros depois, percebemos que a proximidade com a ilha-mãe fizera daquele litoral, o principal antro industrial de Taz.

Lá se sucediam enormes tanques de combustíveis e de outros químicos, refinarias e distintas unidades de armazenamento e processamento de produtos, todos à beira de um mar bem mais tranquilo que o da costa leste e o da sul.

Aguentamos aquele panorama repelente por uns quarenta minutos. Sem sinal de que viesse a mudar, por alturas de Devonport, flectimos para sul, na senda da Tasmânia selvagem de todos os sonhos.

Não estávamos longe. Fica para um próximo artigo.

À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime

O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.
À Descoberta de Tassie, Parte 1 - Hobart, Austrália

A Porta dos Fundos da Austrália

Hobart, a capital da Tasmânia e a mais meridional da Austrália foi colonizada por milhares de degredados de Inglaterra. Sem surpresa, a sua população preserva uma forte admiração pelos modos de vida marginais.
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Sydney, Austrália

De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Estradas Imperdíveis

Grandes Percursos, Grandes Viagens

Com nomes pomposos ou meros códigos rodoviários, certas estradas percorrem cenários realmente sublimes. Da Road 66 à Great Ocean Road, são, todas elas, aventuras imperdíveis ao volante.
Alice Springs a Darwin, Austrália

Estrada Stuart, a Caminho do Top End da Austrália

Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
Perth, Austrália

A Cidade Solitária

A mais 2000km de uma congénere digna desse nome, Perth é considerada a urbe mais remota à face da Terra. Apesar de isolados entre o Índico e o vasto Outback, são poucos os habitantes que se queixam.
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Atherton Tableland, Austrália

A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Melbourne, Austrália

Uma Austrália "Asienada"

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Wycliffe Wells, Austrália

Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
À Descoberta de Tassie, Parte 4 -  Devonport a Strahan, Austrália

Pelo Oeste Selvagem da Tasmânia

Se a quase antípoda Tazzie já é um mundo australiano à parte, o que dizer então da sua inóspita região ocidental. Entre Devonport e Strahan, florestas densas, rios esquivos e um litoral rude batido por um oceano Índico quase Antárctico geram enigma e respeito.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Arquitectura & Design
Fortalezas

O Mundo à Defesa – Castelos e Fortalezas que Resistem

Sob ameaça dos inimigos desde os confins dos tempos, os líderes de povoações e de nações ergueram castelos e fortalezas. Um pouco por todo o lado, monumentos militares como estes continuam a resistir.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Salto para a frente, Naghol de Pentecostes, Bungee Jumping, Vanuatu
Cerimónias e Festividades
Pentecostes, Vanuatu

Naghol de Pentecostes: Bungee Jumping para Homens a Sério

Em 1995, o povo de Pentecostes ameaçou processar as empresas de desportos radicais por lhes terem roubado o ritual Naghol. Em termos de audácia, a imitação elástica fica muito aquém do original.
Bonaire, ilha, Antilhas Holandesas, ABC, Caraíbas, Rincon
Cidades
Rincon, Bonaire

O Recanto Pioneiro das Antilhas Holandesas

Pouco depois da chegada de Colombo às Américas, os castelhanos descobriram uma ilha caribenha a que chamaram Brasil. Receosos da ameaça pirata, esconderam a primeira povoação num vale. Decorrido um século, os holandeses apoderaram-se dessa ilha e rebaptizaram-na de Bonaire. Não apagaram o nome despretensioso da colónia precursora: Rincon.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Buda Vairocana, templo Todai ji, Nara, Japão
Cultura
Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Las Cuevas, Mendoza, de um lado ao outro dos andes, argentina
Em Viagem
Mendoza, Argentina

De Um Lado ao Outro dos Andes

Saída da Mendoza cidade, a ruta N7 perde-se em vinhedos, eleva-se ao sopé do Monte Aconcágua e cruza os Andes até ao Chile. Poucos trechos transfronteiriços revelam a imponência desta ascensão forçada
Étnico
Nelson a Wharariki, PN Abel Tasman, Nova Zelândia

O Litoral Maori em que os Europeus Deram à Costa

Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
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Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 2)

Um Sol, tantas Luzes

A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
Castelo de Shuri em Naha, Okinawa o Império do Sol, Japão
História
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O Pequeno Império do Sol

Reerguida da devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, Okinawa recuperou a herança da sua civilização secular ryukyu. Hoje, este arquipélago a sul de Kyushu abriga um Japão à margem, prendado por um oceano Pacífico turquesa e bafejado por um peculiar tropicalismo nipónico.
Bufalos, ilha do Marajo, Brasil, búfalos da polícia de Soure
Ilhas
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A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Verificação da correspondência
Inverno Branco
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Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
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A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Caminhada Solitária, Deserto do Namibe, Sossusvlei, Namibia, acácia na base de duna
Natureza
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O Namibe Sem Saída de Sossusvlei

Quando flui, o rio efémero Tsauchab serpenteia 150km, desde as montanhas de Naukluft. Chegado a Sossusvlei, perde-se num mar de montanhas de areia que disputam o céu. Os nativos e os colonos chamaram-lhe pântano sem retorno. Quem descobre estas paragens inverosímeis da Namíbia, pensa sempre em voltar.
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Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
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O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
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Sofreu as piores agruras da Guerra do Vietname e foi desprezada pelos vietcong devido ao passado feudal. As bandeiras nacional-comunistas esvoaçam sobre as suas muralhas mas Hué recupera o esplendor.
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Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Promessa?
Praias
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Religião
Lhasa, Tibete

Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Mahu, Terceiro Sexo da Polinesia, Papeete, Taiti
Sociedade
Papeete, Polinésia Francesa

O Terceiro Sexo do Taiti

Herdeiros da cultura ancestral da Polinésia, os mahu preservam um papel incomum na sociedade. Perdidos algures entre os dois géneros, estes homens-mulher continuam a lutar pelo sentido das suas vidas.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Barco e timoneiro, Cayo Los Pájaros, Los Haitises, República Dominicana
Vida Selvagem
Península de Samaná, PN Los Haitises, República Dominicana

Da Península de Samaná aos Haitises Dominicanos

No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.