Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias


Lagoas fumarentas
Lagoas e fumarolas na base do vulcão Tongariro.
Ascenção
Família de caminhantes kiwis sobe o trilho em direcção ao vulcão Tongariro.
Vislumbre de Cume
Cimo do monte Ngauruhoe ainda pouco nevado após o fim do Verão meridional.
Contemplação
Caminhantes contemplam o cume do monte Ngauruhoe.
Montanhas de fogo
Encostas sulfúricas do vulcão Tongariro.
Lagoa Imóvel
Recanto de uma lagoa no sopé do vulcão Tongariro.
Conquista familiar
Família de caminhantes prestes a chegar ao topo do monte Tongariro.
Ngauruhoe 2291m
Placa sinaliza o monte Ngauruhoe, com 2.291 metros de altitude.
Vertente degelada
O lado batido pelo sol do monte Ngauruhoe, praticamente sem neve.
Caminhada em família
Família sobe o trilho pedregoso que conduz à base do monte Ngauruhoe.
Tufos de Ouro
Vegetação resiliente cresce em tufos sobre o solo vulcânico do Parque Nacional Tongariro.
Silhueta solar
Silhueta de uma das montanhas do Parque Nacional Tongariro.
Um cume à mão de semear
Monte Ngauruhoe e a placa que o identifica e informa da altitude de 2.291m do cume.
Espelho vulcânico
Reflexo do vulcão Ngauruhoe numa lagoa de Tongariro.
Montanha de Fogo
O vulcão Ngauruhoe avermelhado pela luz mais quente do pôr-do-sol e destacado sobre um planalto do Parque Nacional dos Vulcões.
No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.

A encarregada da guest house não tem boas notícias para os hóspedes ansiosos: “gostava de vos dar melhores notícias mas a coisa parece complicada.

Está previsto para amanhã vento ainda mais forte. Se se confirmar, os rangers fecham o trilho.

Afectados pela notícia e contagiados pelo desalento comunal que se instala, impressiona-nos o silvar poderoso, audível no interior apesar do isolamento do edifício.

Percebemos, cada vez melhor, a razão de ser do nome polinésio atribuído pelos indígenas ao domínio que todos desejávamos percorrer. “Tonga” significava vento do sul. “Riro”, levado. Para mal dos nossos pecados, o padrão meteorológico não parecia disposto a dar tréguas.

Devido à força com que persistia, tornava arriscada até a mera descoberta rodoviária dos cenários em redor.

Deixamos esse dia passar no conforto da pousada, entregues a distintos afazeres e prazeres online, a um convívio internacional e a bebidas aconchegantes. Para não variar, deitamo-nos tarde. Temos mais dificuldade que o costume em despertar com a alvorada mas, curiosos para verificar que fortuna traria o novo dia, acabamos por nos obrigar a levantar.

Espreitamos pela janela embaciada e não vemos já o balouçar da vegetação.

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Silhueta de uma das montanhas do Parque Nacional Tongariro.

O céu dourado permanece tão limpo quanto antes mas, com o vento desistente, foi-se também a poeira que antes esvoaçava. Mal acreditamos naquela benesse dos deuses maori. Arrumamos nas mochilas o que temos que levar e fazemo-nos à estrada.

A Bênção Meteorológica que nos Concedeu o PN Tongariro

Chegamos em três tempos à entrada do parque. Estacionamos e interpretamos o painel com o mapa do trilho e restantes avisos. Entusiasmados pelo enorme significado daquela caminhada, inauguramos os 20 km do Tongariro Alpine Crossing.

As primeiras centenas de metros são planas, percorridas sobre um passadiço de madeira, entre arbustos amarelados resistentes. Mas, a determinada altura, o trilho rende-se à pedra-lava e faz-se às montanhas. Entregamo-nos ao coração fumegante de Te Ika A Maui, a ilha do norte da Nova Zelândia.

Mais que um mero vulcão, o reduto de Tongariro consiste num maciço vulcânico que agrupa 12 cones em redor do monte homónimo que chega aos 1978 m.

Foi cedido pelo chefe maori todo-poderoso Te Heuheu Tukino aos colonos europeus de forma a apaziguar conflitos já duradouros e evitar a exploração comercial do lugar, com a exigência única de respeito pelas crenças indígenas.

Aos poucos, acercamo-nos da sua base e o trilho transforma-se numa rampa tão sinuosa como dolorosa.

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Família sobe o trilho pedregoso que conduz à base do monte Ngauruhoe.

Eleva-nos a um planalto castanho, semi-nevado e à proximidade do vizinho ainda mais elevado, o Ngauruhoe, um colossal cone secundário do Tongariro que entrou em erupção em mais de 70 ocasiões, desde 1839, mas que, ao contrário do principal, se tem mantido tranquilo.

A Fúria Imprevisível dos Vulcões de Tongariro

Durante 2012, foram duas as erupções poderosas do monte Tongariro.

A segunda, no fim de Novembro, seis meses após a inaugural, obrigou o professor Lomi Schaumkel e um grupo de 90 alunos que se encontravam a apenas 1 km da cratera a correr, preocupados como nunca, pela vida: “estávamos bem próximos e foi realmente espectacular e assustador ver toda a cinza a ser projectada.

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Cimo do monte Ngauruhoe ainda pouco nevado após o fim do Verão meridional.

Parecia uma daquelas explosões de bomba atómica. Fez um som subterrâneo impressionante.”

Nessa ocasião, as autoridades tiveram que evacuar outras 40 a 50 pessoas do trilho por que continuávamos a avançar. Não foram esses os únicos percalços.

A uma escala bem mais contida do que se passou com o congénere da Islândia Eyjafjallajokull, a erupção do Tongariro causou também a interrupção de grande parte tráfego aéreo neozelandês.

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Família de caminhantes prestes a chegar ao topo do monte Tongariro.

De Volta aos Trilhos do PN Tongariro, a serpentear Entre Vulcões

Encontramos na encosta que nos desgasta, dois ou três grupos de trampers que recuperam energias a devorar barras energéticas e chocolates junto às placas de orientação. Juntamo-nos à refeição por alguns minutos.

Restabelecidos, alguns daqueles caminhantes desviam-se da rota para conquistar o iminente Ngauruhoe. Outros, como nós, mantêm-se no trilho principal.

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Monte Ngauruhoe e a placa que o identifica e informa da altitude de 2.291m do cume.

Terminada a planura, anuncia-se nova subida. A segunda metade desta vertente surge coberta de gelo e de pedras soltas que resvalam. Pouco depois, atingimos os domínios elevados e sulfurosos do Monte Tongariro.

Vislumbramos, escondida na sombra, a Cratera Vermelha, assim chamada por estar coberta de uma rocha ocre repleta de ferro oxidado, cercada pela lava escura libertada pelas várias erupções.

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Encostas sulfúricas do vulcão Tongariro.

Acedemos à secção problemática do percurso, aquela que mais justificava o fecho do trilho caso o vento forte se tivesse confirmado.

Ali, a caminhada é feita ao longo de uma aresta estreita do cume em que qualquer descuido pode significar cair muitos metros para o interior fumegante da cratera.

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Lagoas e fumarolas na base do vulcão Tongariro.

Sem vento para importunar ou cansaço excessivo, seguimos sem sobressaltos. Até ao começo da próxima descida que fazemos quase a correr e semi-enterrados numa rampa poeirenta de areia e cinza.

O Lago Azul Te Wai-whakaata-o-te Rangihiroa

A meio da descida, revelam-se três lagos que ocupam buracos abertos por antigas explosões vulcânicas. O trilho prossegue e chega a outro lago de maior dimensão e título a condizer, o Te Wai-whakaata-o-te Rangihiroa, lago azul na versão simplificada ocidental.

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Recanto de uma lagoa no sopé do vulcão Tongariro.

Paramos no topo de uma encosta intermédia com vista privilegiada. Observamos as vistas que ficaram para atrás. Abaixo, além do lago, estende-se uma superfície lunar com uma cicatriz escura de lava que mancha a base amarelada de um leito seco. Detectamos ainda, o cume aguçado do Ngauruhoe, destacado da paisagem surreal.

Cenários Dantescos que Ilustraram a “Saga Senhor dos Anéis”

Foi nestes panoramas estranhamente grandiosos e, em particular, no visual enigmático das mais aguçadas montanhas de Tongariro que Peter Jackson se inspirou para recriar Mount Doom, a moradia incandescente e temida em que J.R.R. Tolkien fez Sauron forjar o poderoso Anel Um.

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Placa sinaliza o monte Ngauruhoe, com 2.291 metros de altitude.

Nos planos mais longos da sequela, a montanha negra foi, no entanto, representada por um modelo de grande escala ou por uma imagem gerada por computador.

Apesar de já dividido entre o bem o mal da obra que passava para o ecrã, Peter Jackson teve que se submeter a um outro poder, o da mitologia secular maori.

Os indígenas neozelandeses acreditam que o vulcão Ngauruhoe foi baptizado por Ngatoro-i-rangi, um alto sacerdote mitológico colonizador de Aotearoa (a Nova Zelândia). Crêem também que Ngatoro-i-rangi convocou para aquela montanha o fogo da sua pátria espiritual Hawaiki com o propósito de terminar com o frio que a enregelava e ao domínio circundante.

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Vegetação resiliente cresce em tufos sobre o solo vulcânico do Parque Nacional Tongariro.

O vulcão é, há muito, tabu. De acordo, os chefes maori não permitiram que fosse filmado. O realizador kiwi Peter Jackson encontrou soluções alternativas na tecnologia assistida por computador e nas encostas da terceira grande montanha vulcânica de Tongariro, o mais afastado e ainda mais elevado vulcão Ruapehu (2797 m).

A Polémica que Perdura da Posse do Território Sagrado de Tongariro

Mas, nem o respeito pela cultura ancestral nem o sucesso estrondoso da saga que promoveu a Nova Zelândia por todo o Mundo, contribuíram para sanar a velha polémica.

Como o vê a maioria dos indígenas, a passagem do território sagrado para as mãos dos pakeha (europeus) resultou de uma decisão precipitada do chefe Te Heuheu Tukino. Hoje, decorridos quase 127 anos, muitos maori mantêm-se revoltados pela oferta.

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O vulcão Ngauruhoe avermelhado pela luz mais quente do pôr-do-sol e destacado sobre um planalto do Parque Nacional dos Vulcões.

Defendem que, por liderar apenas a tribo Ngati Tuwharetoa, o chefe não poderia ter alienado as montanhas à revelia da restante nação indígena e reclamaram num tribunal de Waitangi, uma participação directa nos destinos das suas montanhas de fogo.

À medida que regressamos ao parque de estacionamento, muito depois da hora prevista, extenuados e meio perdidos no breu que se havia instalado, passa-nos pela mente o que teria opinado o demoníaco Sauron de toda esta confusão.

Nelson a Wharariki, PN Abel Tasman, Nova Zelândia

O Litoral Maori em que os Europeus Deram à Costa

Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
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O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Wanaka, Nova Zelândia

Que Bem que Se Está no Campo dos Antípodas

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Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

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Ilha do Norte, Nova Zelândia

Viagem pelo Caminho da Maoridade

A Nova Zelândia é um dos países em que descendentes de colonos e nativos mais se respeitam. Ao explorarmos a sua lha do Norte, inteirámo-nos do amadurecimento interétnico desta nação tão da Commonwealth como maori e polinésia.
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Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

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Pesca, Caño Negro, Costa Rica
Vida Selvagem
Caño Negro, Costa Rica

Uma Vida à Pesca entre a Vida Selvagem

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Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
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