Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais


Um panorama com história
A Cidade Velha vista do cimo do Forte de São Filipe.
Para o almoço
Moradora da Rua da Banana amanha peixe recém-pescado.
Vida de Rua
O dia-a-dia da cidade colonial europeia mais antiga abaixo do deserto do Saara.
Cena rodoviária
Fauna do meio da estrada que conduz à Cidade Velha.
Pelourinho & Praça
Vista da zona central da Cidade Velha, disposta em redor do pelourinho, de frente para o Atlântico.
Senhora do Forte
Secção lateral do forte trapezoidal de São Filipe erguido para proteger a Cidade Velha dos piratas.
Tempo de ir
Morador da Cidade Velha deixa o seu pouso no Pelourinho.
Os esses da Ribeira Grande
Vale verdejante da Ribeira Grande, um fluxo de água perene envolto de vegetação, raro em Cabo Verde.
Cidade Velha, Vista do Forte de São Filipe
Vista da Cidade Velha, disposta abaixo do Forte de São Filipe.

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Vencemos uma derradeira ladeira. No cimo, aquele cenário sobranceiro à Cidade Velha mostra-se ainda mais seco e ocre.

Vêmo-lo salpicado de arbustos espinhosos que se agarram ao solo pedregoso e a qualquer resquício de humidade. Ao fundo, as ameias de uma fortaleza dos mesmos tons que a terra recortam o céu azul e só mesmo azul.

Em 1578 e 1585, o corsário inglês Francis Drake ameaçou de tal maneira a recém-fundada povoação de Ribeira Grande e o domínio hispânico do Atlântico que Filipe I, então dono e senhor da Coroa Portuguesa, fartou-se da insolência dos piratas e da Coroa Britânica que os patrocinava.

Mandou reforçar o sistema de defesa que contava já com vários outras fortificações: as de São Lourenço, São Brás, Presídio, São Veríssimo, São João dos Cavaleiros e Santo António. O Forte Real de São Filipe com que nos confrontávamos foi último a chegar. Erguido com incrível solidez com pedra trazida de Portugal, está para durar.

O Vale Verdejante da Ribeira Grande

Damos de caras com a sua frente imponente, paredes meias com o limiar da meseta em que assenta e com o desfiladeiro sinuoso escavado pela Ribeira Grande de Santiago. Uma senhora que toma conta de um barzinhox instalado à sombra de uma acácia frondosa, controla-nos os movimentos, não fossemos precisar dos seus serviços.

Em vez, subimos ao muro que contém o cimo da encosta íngreme e deixamo-nos deslumbrar pelo dramatismo tropical por diante.

Vale da Ribeira Grande, Cidade Velha, Santiago, Cabo Verde

O vale verdejante da Ribeira Grande, o desfiladeiro em que se instalou a primeira povoação de Cabo Verde

Uma enxurrada de vegetação verdejante flui desde os confins norte do canhão até onde se rende ao mar. Nas profundezas logo abaixo, algum casario histórico com velha telha portuguesa, retalhos agrícolas, trilhos e vielas rurais convivem com uma pequena floresta de que se destacam coqueiros hirtos.

Tendo em conta o quão áridos são o arquipélago de Cabo Verde e a sua ilha de Santiago, a visão apanha-nos desprevenidos. Merece uma aturada contemplação e uma atenção fotográfica à altura. Só após, atravessamos a portinhola lateral aberta no aparelho de pedra que servia de entrada e invadimos o forte trapezoidal.

À Conquista do Forte de São Filipe

Batido pelo sol, desprovido da vegetação circundante, o interior prova-se rude e espartano, mesmo se a estrutura contava com uma Casa do Governador e com uma capela, denominada de São Gonçalo. Retalham-no rampas pouco íngremes de acesso aos adarves.

E sobressai, pela sua redondeza, uma cisterna de tijolo que evitava que, mesmo se alvo de cerco, os homens para ali destacados morressem de sede. Como ressalta à vista, a esvoaçar bem acima das muralhas, a bandeira azul-branca-vermelha-amarela de Cabo Verde, a nação insular a que a colonização portuguesa daquelas do oceano Atlântico veio a dar origem.

Cisterna de água do forte de São Filipe, Cidade Velha, Santiago, Cabo Verde

Visitantes do forte de São Filipe destacados sobre as muralhas e acima da cisterna de água.

São poucos os visitantes do monumento. Temos a companhia de um casal irrequieto de franceses e de duas irmãs gémeas cabo-verdianas, vestidas de igual e com duas cabeleiras afro-encaracoladas idênticas. Estamos só quando nos abeiramos da bateria de canhões apontados ao oceano e espreitamos para diante.

Cerca de cem metros abaixo, a vertente transforma-se numa plataforma alisada, num sopé que recorta o mar logo ao lado de onde a Ribeira Grande se lhe entrega.

Da Ribeira Grande à Cidade Velha

A Ribeira Grande que ali termina, foi o princípio de tudo. Em 1460, António de Noli, um marinheiro genovês ao serviço do Infante D. Henrique e que se crê ter descoberto as primeiras cinco ilhas do arquipélago avistou Santiago. Dois anos depois, de Noli instalou-se na área da Ribeira Grande com a sua família e colonos oriundos do Algarve e do Alentejo.

Malgrado o isolamento, o lugarejo evolui de tal maneira que se tornou a primeira cidade colonial do futuro Império Português – e europeia em geral – a surgir a sul do Saara, nos trópicos.

A Ribeira Grande não tardou também a assumir o papel de entreposto fulcral das rotas marítimas portuguesas de ligação ao sul de África e às Américas.

De tal maneira que, alguns anos mais tarde, Vasco da Gama (em 1497) lá fez escala na viagem em que descobriria o caminho marítimo para a Índia e Cristóvão Colombo (em 1498) lá se deteve e reabasteceu na terceira das suas expedições de descoberta das Américas.

Foram explorados e ocupados mais e mais territórios em África e na América do Sul. A Ribeira Grande ganhou ainda preponderância no tráfico negreiro transatlântico que os portugueses inauguraram no século XV e, até finais do XVI, fizeram intensificarAs ilhas cabo-verdianas viriam a ser colonizadas com recurso à mão-de-obra dos nativos africanos escravizados.

Com o tempo, acolheram uma mixagem étnica e cultural entre escravos e colonos bem mais profunda que noutras partes do Império Português. Essa mixagem salta à vista por todo o arquipélago.

Cidade Velha, não mais a Ribeira Grande

Sem surpresa, está bem patente nas gentes e no dia-a-dia da Cidade Velha, assim foi rebaptizada a ex-colónia, por forma a evitar confusões com a Ribeira Grande da ilha de Santo Antão. Mas, se a povoação a que em breve damos entrada é a anciã de Cabo Verde, não lhe falta vida. Mesmo se o tempo tenha já condenado boa parte dos seus edifícios mais idosos.

Deixamos o forte da Cidade Velha apontados à orla que de lá avistámos. Cumprido um gancho apertado, o asfalto dá lugar a um empedrado robusto de pedra negra bem polida pela borracha dos pneus e pelos anos. Estacionamos  junto a uns paredões em ruínas que resistem acima do casario próximo.

Atravessamos nova moldura amarelada de porta e entramos no que resta da nave da velha Sé Catedral, começada a construir em 1556 com pedra semelhante à do Forte Real de São Filipe, terminada apenas em 1700, quando se tornou o grande templo da Cidade Velha e da primeira diocese da costa ocidental africana.

Pelourinho, a Coluna Colonial da Cidade Velha

Exploramos as ruínas fascinados com a grandiosidade tanto da obra como da sua decadência e intrigados com a vida do bairro vizinho de São Sebastião de onde, de quando em quando, vemos sair moradores da Cidade Velha que atalham, através das ruínas, o caminho para a estrada e para zonas ribeirinhas contíguas.

Acabamos por segui-los. Umas centenas de passos depois pela rua do Calhau, damos com o Largo do Pelourinho, o principal marco histórico do colonialismo do território.

O pelourinho da Cidade Velha, marca do domínio histórico da Coroa Portuguesa mas também do legado pungente do tráfico negreiro desenvolvido pelos portugueses.

Hoje, o lugar é o mais turístico da Cidade Velha. Tem esplanadas e lanchonetes a envolverem-no. E quatro ou cinco coqueiros a penderem para cima do largo. Ali, os vendedores de artesanato e de petiscos incitam os forasteiros recém-chegados a gastarem uns cobres e a subsidiarem as suas vidas.

Na origem, o monumento pouco teve de lúdico ou decorativo. Mais que simbólico do poder da Coroa Portuguesa, o pelourinho da Cidade Velha tornou-se o pilar malévolo do tráfico negreiro triangulado que os portugueses implementaram no Atlântico.

No Âmago do Tráfico Negreiro do Atlântico

Os navios vindos da metrópole aportavam em Santiago. Faziam as reparações necessárias, reabasteciam-se de água e víveres.

Após o que os seus capitães os manobravam rumo ao continente africano, sobretudo a Angola e ao Congo. Seguiam com o único fito de encherem os porões de escravos destinados a garantir a mão-de-obra e todo o tipo de serventias em Portugal, nas Canárias, mais tarde, de forma cada vez mais massiva, no Brasil.

E não só. Este tráfico evoluiu de tal maneira que é quase consensual entre os linguistas que foi de Cabo Verde que os mais diversos dialectos crioulos da actualidade irradiaram para as Caraíbas e outras partes das Américas.

O pelourinho foi, sobretudo, símbolo de prisão e de crueldade. Nas suas terras de origem, os nativos habituaram-se a fazer soar os tambores para avisarem da aproximação de negreiros. Os tambores foram assim proibidos na Ribeira Grande, como por todo Cabo Verde.

Os escravos rebeldes que se atreviam a tocá-los eram chicoteados contra a coluna de pedra e, com frequência, os negreiros ou mestres, lá lhes cortavam as mãos. Esse era apenas um entre tantos outros castigos impostos em público, no coração da povoação.

Em frente ao Atlântico que separava as vítimas do passado recente e das vidas abandonadas nas suas terras.

Barcos artesanais ancorados na enseada em frente à Cidade Velha.

Descendentes de Escravos, feitos pescadores

A enseada de areia e pedras negras para sul do pelourinho surge pejada de barcos de pesca artesanais garridos. Um deles, testemunha a ligação profunda à antiga metrópole, por mais severa que se tenha em tempos revelado a história colonial. “Dany Love … e um símbolo do Sport Lisboa e Benfica” sobressai da popa de um barco vermelho e branco, como seria de esperar.

Outros barcos atracam e descarregam a pescaria. Uma peixeira atravessa o areal com um grande caldeiro cheio de peixe à cabeça, de olho nas redes enroladas sobre o chão que a poderiam armadilhar.

Nós, voltamos a cruzar o largo do pelourinho e apontamos ao vale da Ribeira Grande, o mesmo que nos tinha deslumbrado quando o apreciámos do cimo da Fortaleza de São Filipe.

A Igreja Pioneira da Povoação

Passamos junto à câmara municipal, rejeitamos o Caminho do Vale e metemo-nos pela Rua da Banana. Delimita-a uma levada de casas térreas, feitas de pedras brancas de que se destacam arbustos e bananeiras.

No pátio solarengo de uma delas, uma jovem nativa sentada sob um estendal tão folclórico como os barcos na praia, amanha peixe na companhia de um cão pachorrento. Desviamo-nos para uma escadaria e para o átrio da Igreja da Nª Srª do Rosário, de 1495 (o edifício mais antigo da Cidade Velha) uma das poucas com arquitectura gótica em África, mesmo se é agora branca.

Esta igreja foi, durante muito tempo, palco do baptismo dos escravos. A ironia das ironias está em que os colonos a baptizaram em honra da padroeira não dos escravos… mas dos homens negros.

Guardiã da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a primeira da Cidade Velha.

A porteira e guardiã da igreja mora numa das casas da Rua da Banana. Quando nos vê aproximar, abre a porta de casa e adianta-se-nos de chave em riste.

Em todo o tempo em que examinamos o interior da nave mantém-se, esquiva, sentada no banco mais distante do altar.

Nada tem para nos dizer. Responde-nos com o mínimo palavreado possível, na expectativa de que a visita não demorasse.

Convento de São Francisco da Ribeira Velha e de Regresso ao Pelourinho

Acima no vale, por um caminho partilhado por galinhas, cabras e porcos e ainda entre coqueiros, deparamo-nos com o Convento de São Francisco. É outro dos templos com que a Igreja reforçou a sua presença e influência na nova urbe do Atlântico.

E com que justificou a taxação crescente do cada vez mais lucrativo tráfico negreiro e assim obteve as graças financeiras que lhe permitiram estabelecer-se noutras partes. O convento permanece dissimulado pela vegetação. Encontramo-lo de porta aberta mas com muito menos conteúdo que a igreja anterior.

Com toda a vasta ilha de Santiago por explorar, a nossa história na Cidade Velha estava no ocaso. Regressamos ao Largo do Pelourinho. Instalamo-nos na esplanada de uma das lanchonetes. Apesar de humilde, serve refeições “tanto de carne como de peixe. Tudo feito em frigideira desinfectada” assim nos assegura a senhora ao balcão, com uma preocupação infundada com a nossa exigência.

Deixamos o sol cair para o lado da ilha do Fogo. Quando nos fartamos daquele descanso modesto mas sagrado na Cidade Velha, regressamos ao carro e apontamos a terras bem mais altas de Santiago.

E a outro lugar sensível da história portuguesa, o Tarrafal.

 

A TAP – www.flytap.pt voa diariamente de Lisboa para a cidade da Praia, capital de Cabo Verde, situada a poucos quilómetros da Cidade Velha.

São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Elmina, Gana

O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.

Ilha de Goreia, Senegal

Uma Ilha Escrava da Escravatura

Foram vários milhões ou apenas milhares os escravos a passar por Goreia a caminho das Américas? Seja qual for a verdade, esta pequena ilha senegalesa nunca se libertará do jugo do seu simbolismo.​

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Sirocco, Arabia, Helsinquia
Arquitectura & Design
Helsínquia, Finlândia

O Design que Veio do Frio

Com boa parte do território acima do Círculo Polar Árctico, os finlandeses respondem ao clima com soluções eficientes e uma obsessão pela arte, pela estética e pelo modernismo inspirada na vizinha Escandinávia.
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Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Big Freedia e bouncer, Fried Chicken Festival, New Orleans
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Big Freedia: em Modo Bounce

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, lá emergem novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, aventuramo-nos à descoberta do Bounce hip hop.
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O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
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Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Cavalgada em tons de Dourado
Cultura
El Calafate, Argentina

Os Novos Gaúchos da Patagónia

Em redor de El Calafate, em vez dos habituais pastores a cavalo, cruzamo-nos com gaúchos criadores equestres e com outros que exibem para gáudio dos visitantes, a vida tradicional das pampas douradas.
Desporto
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Em Viagem
Morondava, Avenida dos Baobás, Madagáscar

O Caminho Malgaxe para o Deslumbre

Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Tulum, Ruínas Maias da Riviera Maia, México
Étnico
Tulum, México

A Mais Caribenha das Ruínas Maias

Erguida à beira-mar como entreposto excepcional decisivo para a prosperidade da nação Maia, Tulum foi uma das suas últimas cidades a sucumbir à ocupação hispânica. No final do século XVI, os seus habitantes abandonaram-na ao tempo e a um litoral irrepreensível da península do Iucatão.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Casario tradicional, Bergen, Noruega
História
Bergen, Noruega

O Grande Porto Hanseático da Noruega

Já povoada no início do século XI, Bergen chegou a capital, monopolizou o comércio do norte norueguês e, até 1830, manteve-se uma das maiores cidades da Escandinávia. Hoje, Oslo lidera a nação. Bergen continua a destacar-se pela sua exuberância arquitectónica, urbanística e histórica.
Fiéis cristãos à saida de uma igreja, Upolu, Samoa Ocidental
Ilhas
Upolu, Samoa  

No Coração Partido da Polinésia

O imaginário do Pacífico do Sul paradisíaco é inquestionável em Samoa mas a sua formosura tropical não paga as contas nem da nação nem dos habitantes. Quem visita este arquipélago encontra um povo dividido entre sujeitar-se à tradição e ao marasmo financeiro ou desenraizar-se em países com horizontes mais vastos.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
Literatura
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Visitante, Michaelmas Cay, Grande Barreira de Recife, Australia
Natureza
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Namibe, Angola, Gruta, Parque Iona
Parques Naturais
Namibe, Angola

Incursão ao Namibe Angolano

À descoberta do sul de Angola, deixamos Moçâmedes para o interior da província desértica. Ao longo de milhares de quilómetros sobre terra e areia, a rudeza dos cenários só reforça o assombro da sua vastidão.
Celebração newar, Bhaktapur, Nepal
Património Mundial UNESCO
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Surfistas caminham pela praia do Tofo, Moçambique
Praias
Tofo, Moçambique

Entre o Tofo e o Tofinho por um Litoral em Crescendo

Os 22km entre a cidade de Inhambane e a costa revelam-nos uma imensidão de manguezais e coqueirais, aqui e ali, salpicados de cubatas. A chegada ao Tofo, um cordão de dunas acima de um oceano Índico sedutor e uma povoação humilde em que o modo de vida local há muito se ajusta para acolher vagas de forasteiros deslumbrados.
Santo Sepulcro, Jerusalém, igrejas cristãs, sacerdote com insensário
Religião
Basílica Santo Sepúlcro, Jerusalém, Israel

O Templo Supremo das Velhas Igrejas Cristãs

Foi mandada construir pelo imperador Constantino, no lugar da Crucificação e Ressurreição de Jesus e de um antigo templo de Vénus. Na génese, uma obra Bizantina, a Basílica do Santo Sepúlcro é, hoje, partilhada e disputada por várias denominações cristãs como o grande edifício unificador do Cristianismo.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Sobre Carris
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
Casamentos em Jaffa, Israel,
Sociedade
Jaffa, Israel

Onde Assenta a Telavive Sempre em Festa

Telavive é famosa pela noite mais intensa do Médio Oriente. Mas, se os seus jovens se divertem até à exaustão nas discotecas à beira Mediterrâneo, é cada vez mais na vizinha Old Jaffa que dão o nó.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Vida Selvagem
Valdez, Alasca

Na Rota do Ouro Negro

Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez provocou um enorme desastre ambientai. A embarcação deixou de sulcar os mares mas a cidade vitimada que lhe deu o nome continua no rumo do crude do oceano Árctico.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.