Fazenda São João, Miranda, Brasil

Pantanal com o Paraguai à Vista


Um Ocaso Espelhado
Sol poente doura a lagoa da Fazenda de São João.
Sono de Angola
Galinhas-de-Angola dormem sob um telheiro da fazenda.
Travessia entre Jacarés
Três pantaneiros cruzam a lagoa infestada de jacarés da fazenda.
Jacaré Pouco Camuflado
O réptil mais temido do Pantanal a recarregar energias ao sol.
Boiada Intrigada
Vacas desconfiadas pela aproximação de forasteiros do seu pasto.
Pausa para Mate II
Pantaneiros convivem num descanso das tarefas da fazenda.
Mangas a Caminho de Maduras
Mangueira carregada de mangas que estarão maduras com a chegada da estação das chuvas.
Moda Pantaneira
Pantaneiro em trajes tradicionais de trabalho com gado no Pantanal.
Lagarto Camuflado
Outro réptil, semi-camuflado sobre a erva viçosa à beira da lagoa da Fazenda de São João.
fazenda-sao-joao-pantanal-miranda-mato-grosso-sul-brasil-ibises-rosa
Momento Pantaneiro
Pantaneiro da fazenda num momento de descanso e conversa.
Pitéus Pantaneiros
O buffet de comida regional da Fazenda São João.
Alinhamento Íbis
Íbis-escarlates voam a baixa altura, entre o verde do Pantanal.
O Cardeal do Pantanal
Uma das pequenas aves mais exuberantes do Pantanal.
Ocaso Escondido
Sol desce para o horizonte, atrás de galhos e de uma bruma densa causada pelo calor da tarde.
O Convívio das Araras
Araras-azuis convivem à sombra de uma grande árvore.
Um Ocaso Espelhado
Sol poente doura a lagoa da Fazenda de São João.
Sono de Angola
Galinhas-de-Angola dormem sob um telheiro da fazenda.
Travessia entre Jacarés
Três pantaneiros cruzam a lagoa infestada de jacarés da fazenda.
Jacaré Pouco Camuflado
O réptil mais temido do Pantanal a recarregar energias ao sol.
Quando a fazenda Passo do Lontra decidiu expandir o seu ecoturismo, recrutou a outra fazenda da família, a São João. Mais afastada do rio Miranda, esta outra propriedade revela um Pantanal remoto, na iminência do Paraguai. Do país e do rio homónimo.

Temos a primeira surpresa ainda antes de partirmos.

O guia encarregue de nos acompanhar falava português. Não o típico português “brasileiro”, muito menos o da região do Pantanal. Expressava-se num português africano.

Quando lhe perguntamos o que o tinha levado até aquele interior do Brasil, tão longe da sua Angola, Coutinho conta-nos que o facto de também falar inglês, lhe abriu a perspectiva de por ali trabalhar na fazenda e em turismo.

A oportunidade pareceu-lhe perfeita, até porque ia continuar a viver no calor.

Agarrou-a assim que pôde.

E continuava por ali, entre a Passo do Lontra e a São João. No caminho entre as duas, sentados na caixa de uma camioneta, conversamos um pouco mais.

Passo do Lontra à Fazenda São João: Viagem pelo Âmago Rural do Pantanal

De terra batida, a estrada provou-se poeirenta e recta, mas repleta de pequenas subidas e descidas forçadas nos lugares em que, durante a época das chuvas e do Pantanal alagado, havia que evitar a sua submersão, sobretudo em redor do grande curso de água mais próximo, o Corixo do Cerrado.

Cruzamo-nos com iguanas e com os inevitáveis carcarás, uma mera introdução à extensão faunística da Passo do Lontra que iríamos encontrar.

Damos entrada na propriedade por volta das onze da manhã, com o calor estival já a apertar. Os quartos, os redários, todos os aposentos privativos, aliás, estavam ocupados.

Instalamo-nos, assim, no dormitório masculino da fazenda, deu-nos ideia de que há muito por usar. Partilhamo-lo com dois grandes sapos que tinham reclamado o “banheiro” como um seu domínio refrescado.

Meia hora depois, Coutinho reaparece. Convoca-nos para uma volta guiada pela fazenda, na companhia de uma guia externa boliviana e dos seus clientes chilenos.

Sor João, o Ancião e Dono da Fazenda São João

Contornamos o pântano no âmago da fazenda quando nos surpreende um senhor já da sua idade, aos comandos de um tractor.

Coutinho informa-nos que se tratava de João Venturini, o dono da propriedade. Como se não bastasse, conduzia um Massey Ferguson, há muito a nossa marca de tractores preferida.

Rogamos-lhe algumas fotos sobre o seu veículo de trabalho. Apesar de pouco habituado a este tipo de atenções e de protagonismo, João Venturini acede.

Posicionamo-nos de maneira a lhe dar o destaque que merecia, e a evitarmos obstáculos de fundo indesejados.

Estamos nesse processo quando sentimos um ardor crescente. Num pé. Logo no outro. Pelos tornozelos acima.

No tempo de percebermos o que se passava, o ardor transforma-se numa aflição generalizada, uma espécie de incêndio biológico.

Estávamos há quase um minuto a fotografar sobre um enorme ninho de formigas-bala (paraponera clavata), assim tratada no Brasil por, com o devido exagero, a sua mordedura causar uma dor comparável à infligida pelos projécteis.

Sôr João Venturini e Coutinho esforçam-se por evitar risadas iminentes. Várias sacudidelas e praguejados depois, antecipamos o término da sessão fotográfica.

À Descoberta do Pantanal da Fazenda São João

Continuamos a afastar-nos dos edifícios da fazenda, ao longo das margens da sua lagoa, que vemos repleta de vegetação anfíbia, decorada por nenúfares, habitada por jacarés juvenis, engordados pela profusão de peixes com que a estiagem todos os anos os brindavam.

Passamos entre mangueiras hiperbólicas, por essa altura, carregadas com mangas ínfimas, miniaturas ainda verdes da fruta suculenta e deliciosa em que o calor abafado da época das chuvas os tornaria.

Enquanto isso, as árvores cumpriam uma outra função.

Araras, Ibis e Tantas outras Aves do Pantanal

Concediam pousos sombrios e protegidos aos bandos de araras que por ali esvoaçavam, entregues aos seus taramelares estridentes.

Ao passarmos sob uma dessas mangueiras, detectamos quatro ou cinco, das azuis, com as suas golas e aros dos olhos amarelos.

Observam-nos, intrigadas, mas menos apreensivas do que contávamos.

Quando, enfim, lhes passa a curiosidade, regressam ao mordiscar conflituoso em que andavam.

Em redor, bandos de íbis-escarlates, guarás-vermelhos, como preferem os brasileiros tratá-los, levam a cabo as suas próprias coreografias de voo, quase sempre ordeiros e bem agrupados.

Primeiro contra a folhagem tropical, logo, pelo firmamento que o calor parece deslavar.

Da comunhão de mangueiras, evoluímos para um pasto encharcado e vasto, sustento e modo de vida das manadas de cavalos que a fazenda fez por aumentar e da boiada que esteve na génese da propriedade.

Fazenda São João, a Fazenda Irmã da Passo do Lontra

Até à sua conversão, a Fazenda São João manteve-se como o retiro rural e pecuário da família Venturini.

Existia como contraponto à Passo do Lontra, uma fazenda fluvial que inauguraram, em 1979, às margens do Miranda para dar resposta a uma crescente procura deste rio e do Vermelho, por parte dos aficionados da pesca.

Com o passar do tempo, a família decidiu oferecer aos hóspedes da Passo do Lontra um dia à descoberta da sua outra fazenda.

Quando os visitantes com ela se encantavam, começaram a reclamar lá passarem noites. Os Venturini acederam. Adaptaram a propriedade a condizer.

Instalaram, por exemplo, o redário em que já não encontrámos vaga. E uma sala de refeições pitoresca, num edifício arredondado de que desponta uma das várias palmeiras do Pantanal, uma bocaiuva ou, pelo menos, assim nos parece.

A Sempre Fascinante Gastronomia Pantaneira

Nesse seu abrigo redado, cozinheiras com figuras e modos de Dª Benta, do velho “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, confecionam, expõem e servem refeições típicas pantaneiras.

Arroz e feijão, macaxeira (mandioca) frita, empadões suculentos e galinha guisada, de tempos a tempos, sacrificadas do bando de galinhas-de-angola que, ao fim do dia, encontramos num sono comunitário sobre as tábuas mais altas do estábulo.

A noite, anunciou-a uma circunferência do sol perfeita, velada por um céu que o braseiro da tarde acinzentara e, assim o quisemos nas nossas fotografias, a ocultar-se atrás dos galhos de um qualquer arvoredo seco.

A noite encheu-se de sons e ruídos misteriosos e mágicos, mesmo ali em redor do dormitório a que chamámos casa.

Bufos de corujas e cantos de mães-da-lua, o coaxar das rãs na lagoa, passos furtivos de jaguatiricas e de antas, rastejares de anacondas. Tudo isto e muito mais ali era de esperar. Até ao despertar do grande pântano.

A aurora traz um alívio da fornalha e até algum orvalho que resiste às primeiras duas horas da ascensão solar. Na lagoa pantanosa, os nenúfares exibem uma frescura exuberante que só a aurora lhes concede.

Os Vaqueiros Pantaneiros da Fazenda São João

Saímos para nova caminhada, entre jacarés em plena recarga, tuiuiús a repararem os ninhos e a mesma boiada do dia anterior, intrigada pela nova invasão do seu pasto.

Ao regressarmos, damos com um trio de vaqueiros pantaneiros da fazenda a regressarem de uma qualquer tarefa a que o gado os tinha obrigado.

Aproximam-se num galope suave. Quando atingem a margem da lagoa, decidem-se pelo atalho e cruzam-na.

A travessia começa tranquila.

Até que, numa zona mais profunda, um cavalo se assusta com um jacaré. Empina e obriga o pantaneiro a dominá-lo, com a mestria dos anos passados sobre a sela.

Jesus e os seus auxiliares desmontam no estábulo. Retiram as selas aos cavalos, recompensam-nos com festas, sentam-se em cadeiras baixas e gozam um descanso ainda trajado.

De chapéus e botas de couro, calças de vaqueta. Cinto dotado de facas e bolsas com outros utensílios.

Descanso com Sabor a Chá-Mate

A conversa flui para um trabalho árduo de aí a uns dias e de como o mesmo labor gerou problemas inesperados numa fazenda vizinha.

Jesus não quer sequer pensar no que aí vem. Apostado em libertar-se do calor e da responsabilidade de ser o exemplo a seguir, enche um corno de mate de água a ferver.

Sorve o chá vitamínico com a leveza de espírito de quem já cavalgou milhentas atribulações daquelas.

Finda a trégua, remete-se à sombra do estábulo e a um estendal sem fim de correias, arreios, fitas e fivelas, alforges, esporas e itens afins.

Ainda tem por ali que fazer, mas o calor e a curiosidade dos forasteiros aliam-se num pretexto justo para adiar a faina.

Em vez, o pantaneiro elegante debruça-se sobre um dos barrotes que servem de cama às galinhas-de-angola.

Deslumbrado pelo lado de lá do Atlântico que lhe contamos, inverte os papéis.

Confronta-nos com duas ou três questões-observações que nos deixam a cogitar, a que responde com a sua forma pantaneira, terra-a-terra, mas tão honesta de ver o Mundo.

Naqueles confins quase paraguaios do Pantanal, o Brasil fazia mais sentido.

Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Dia da Austrália, Perth, bandeira australiana
Cerimónias e Festividades
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Victoria, capital, ilhas Seychelles, Mahé, Vida da Capital
Cidades
Victoria, Mahé, Seychelles

De “Estabelecimento” Francófono à Capital Crioula das Seychelles

Os franceses povoaram o seu “L’Établissement” com colonos europeus, africanos e indianos. Dois séculos depois, os rivais britânicos tomaram-lhes o arquipélago e rebaptizaram a cidade em honra da sua rainha Victoria. Quando a visitamos, a capital das Seychelles mantém-se tão multiétnica como diminuta.
mercado peixe Tsukiji, toquio, japao
Comida
Tóquio, Japão

O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Buda Vairocana, templo Todai ji, Nara, Japão
Cultura
Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Fim do dia no lago da barragem do rio Teesta, em Gajoldoba, Índia
Em Viagem
Dooars, Índia

Às Portas dos Himalaias

Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Étnico
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

muralha da fortaleza de Novgorod e da Catedral Ortodoxa de Santa Sofia, Rússia
História
Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Sé Catedral, Funchal, Madeira
Ilhas
Funchal, Madeira

Portal para um Portugal Quase Tropical

A Madeira está situada a menos de 1000km a norte do Trópico de Câncer. E a exuberância luxuriante que lhe granjeou o cognome de ilha jardim do Atlântico desponta em cada recanto da sua íngreme capital.
Casal mascarado para a convenção Kitacon.
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Uma Finlândia Pouco Convencional

As próprias autoridades definem Kemi como ”uma pequena cidade ligeiramente aloucada do norte finlandês”. Quando a visitamos, damos connosco numa Lapónia inconformada com os modos tradicionais da região.
Na pista de Crime e Castigo, Sao Petersburgo, Russia, Vladimirskaya
Literatura
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de “Crime e Castigo”

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Os vulcões Semeru (ao longe) e Bromo em Java, Indonésia
Natureza
PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Parques Naturais
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
A República Dominicana Balnear de Barahona, Balneário Los Patos
Património Mundial UNESCO
Barahona, República Dominicana

A República Dominicana Balnear de Barahona

Sábado após Sábado, o recanto sudoeste da República Dominicana entra em modo de descompressão. Aos poucos, as suas praias e lagoas sedutoras acolhem uma maré de gente eufórica que se entrega a um peculiar rumbear anfíbio.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Cahuita, Costa Rica, Caribe, praia
Praias
Cahuita, Costa Rica

Um Regresso Adulto a Cahuita

Durante um périplo mochileiro pela Costa Rica, de 2003, deliciamo-nos com o aconchego caribenho de Cahuita. Em 2021, decorridos 18 anos, voltamos. Além de uma esperada, mas comedida modernização e hispanização do pueblo, pouco mais tinha mudado.
Noiva entra para carro, casamento tradicional, templo Meiji, Tóquio, Japão
Religião
Tóquio, Japão

Um Santuário Casamenteiro

O templo Meiji de Tóquio foi erguido para honrar os espíritos deificados de um dos casais mais influentes da história do Japão. Com o passar do tempo, especializou-se em celebrar bodas tradicionais.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Bar de Rua, Fremont Street, Las Vegas, Estados Unidos
Sociedade
Las Vegas, E.U.A.

O Berço da Cidade do Pecado

Nem sempre a famosa Strip concentrou a atenção de Las Vegas. Muitos dos seus hotéis e casinos replicaram o glamour de néon da rua que antes mais se destacava, a Fremont Street.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Crocodilos, Queensland Tropical Australia Selvagem
Vida Selvagem
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.