Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara


Fantasma do “Cabo Santa Maria”
As vagas do Atlântico embatem no cargueiro "Cabo Santa Maria" e prosseguem para o areal da Praia de Atlanta.
Cabredo
Rebanho de cabras aproxima-se de um tanque de água onde é suposto matarem a sede.
Chaminé de Chaves
Dois banhistas correm em direcção à chaminé de Chaves, ápice de uma antiga fábrica de tijolos e telhas.
Duo de Coqueiros
Dois coqueiros destacam-se do solo arenoso em redor das ruínas do Curral Velho.
Ginásio Sal Rei
Trabalhadores da ilha da Boa Vista exercitam-se num ginásio improvisado de Sal Rei.
Ginásio Sal Rei II
Morador de Sal Rei fortalece o corpo numa parede de um edifício abandonado de Sal Rei.
Na Sombra de Deus
Moradora passa em frente à igreja de Santa Isabel, em Sal Rei.
Sorriso Bubista
Uma menina de Sal Rei interrompe as brincadeiras com as amigas para rir para a máquia fotográfica.
Montanha seca
Elevação do interior da ilha da Boa Vista, esculpida pelo ventos alísios.
Palmeira
Sombra de uma das palmeiras que dotam as dunas junto à chaminé de Chaves.
Peixeira de Sal Rei
Peixeira de Sal Rei, guarda um balde a transbordar de peixe acabado de pescar.
Suave Peixeirada
Peixeiras convivem à entrada da peixaria municipal de Sal Rei.
Mar agitado em Chaves
Banhistas enfrentam vagas poderosas na vasta Praia de Chaves.
Um velho mural dá mais cor à cidade de Sal Rei, a capital da ilha da Boa Vista.
Salina Curral Velho
Uma das salinas que justificou a formação da povoação de Curral Velho, hoje em ruínas.
Costura Caboverdiana
Costureira de Sal Rei termina um vestido azul numa velha máquina de costura.
Brincadeiras Marinhas
Três amigas brincam na maré vazia da Praia d D'Diante.
O Curral Velho
Ruínas e arbustos espinhosos da antiga povoação de Curral Velho.
ilha-boa-vista-cabo-verde-sal-sara-sandboard-dunas-chaves
Dois amigos chegam ao cimo de uma duna da Praia de Chaves, prestes a descê-la de sandboard.
Barco urbano
Barco e redes repousam contra uma casa de Sal Rei, a capital da ilha da Boa Vista.
Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.

Caminhamos pela beira-mar da grande praia de Chaves, de sobreaviso para as incursões das vagas areal acima.

Os alísios que as geram sopram forte. Em aliança, o vento e as ondas castigam o litoral arenoso do oeste da ilha. Mantêm a bandeira da praia vermelha e uns poucos banhistas de pé atrás.

Vemos os seus vultos ao longo da baía sem fim. Salpicam-na mesmo até ao sopé da cordilheira de areia que isola a praia da vastidão ocre do interior.

A água do mar está a 23º. Em dia de boa-disposição oceânica, os banhos e mergulhos dos vultos dariam que fazer ao nadador-salvador

Naquelas condições, o homem destacado permanecia semi-afundado na sua torre de madeira. Limitava-se a espreitar de quando em quando se alguma alma tresloucada desafiava o Atlântico.

Praia de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Banhistas enfrentam vagas poderosas na vasta Praia de Chaves.

A Chaminé Emblemática (da Praia) de Chaves

Prosseguimos para norte, na direcção da velha chaminé de Chaves. Deixamo-la guiar-nos como um farol de tijolinho. Desde há muito desactivada e legada às dunas que a envolvem, por mais inverosímil que pareça, esta chaminé teve a sua era de glória fumarenta.

No início do século XX, investidores constaram que o solo argiloso em volta era ideal para produzir tijolos e telhas. E que os poderiam depois vender nos países mais próximos, nas Guinés, no Senegal. A unidade fabril desenvolveu-se.

Chegou a dar trabalho a dezenas de funcionários cabo-verdianos, alguns migrados de outras ilhas. Sem aviso, em 1928, a fábrica fechou as portas.

Com o tempo, ao sabor do vento, a areia e os arbustos invadiram a secção mais baixa dos fornos. Não tarda cem anos depois, a chaminé resiste, contra o céu quase sempre azulão.

Chaminé de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Dois banhistas correm em direcção à chaminé de Chaves, ápice de uma antiga fábrica de tijolos e telhas.

Tornou-se uma imagem de marca da ilha da Boa Vista. Por aqueles lados, só as palmeiras do restaurante Pérola de Chaves reptam a sua supremacia.

Mais passo menos passo, chegamos ao pequeno vale-oásis em que este negócio se instalou. Sentadas em cadeiras brancas, algumas famílias descontraem num convívio solarengo.

Nas imediações, dois amigos armados de sandboards, divertem-se a deslizar duna abaixo, com partida do cimo resvaladiço em que ondula uma bandeira cabo-verdiana.

Sandboard, Praia de Chaves, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Dois amigos chegam ao cimo de uma duna da Praia de Chaves, prestes a descê-la de sandboard.

Também subimos. Dali, contemplamos a vastidão de praia e semi-deserto dos 8km que ainda nos ainda separavam de Sal Rei, a capital de Boa Vista.

Meia Volta em Plenas Dunas da Boa Vista, em Busca da Capital Sal Rei

Convencidos de que, a pé, demoraríamos demais, regressamos ao ponto de partida.  Em Cabeçadas, apanhamos uma boleia para a cidade.

Chegamos a Sal Rei em cima das três e meia da tarde. O calor do sol a pique desvanecia-se. Isso facilitava-nos não só a deambulação como as fotografias consequentes.

Deixamos a boleia em plena Avenida dos Pescadores, a uns poucos metros do Wakan Bar que lhe serve de separador inusitado.

Espreitamos a Praia d´Diante. Percorremo-la até ao extremo oposto. Junto à casa Tut Dret, surpreende-nos o frenesim atlético de um ginásio ao ar livre.

O piso é o da areia da praia. A parede de uma casa abandonada e arruinada estava dotada de barras de ferro. Ali mesmo, sem grandes condições mas sem desculpas, cinco ou seis homens fortaleciam os músculos. Metemos conversa.

Exercício, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Trabalhadores da ilha da Boa Vista exercitam-se num ginásio improvisado de Sal Rei.

Percebemos num ápice que eram quase todos, senão todos, imigrantes da Guiné Bissau. Trabalhavam como seguranças nos vários resorts disseminados pelo litoral balnear da Boa Vista. Percebia-se, assim, o afinco com que se entregavam às flexões, elevações e exercícios afins.

Na enseada por d’Diante, os barquinhos de pesca oscilavam, para cá, para lá, consoante o embalo do mar protegido, bem mais domado que o da Praia de Chaves.

Dois pescadores metem-se num deles e zarpam. Em terra, as gentes do bairro humilde que ocupou a saliência rochosa e repleta de limos que separava a praia Diante da baía ao lado faziam pelas vidas. Ou entretinham o tempo.

A Vida Pachorrenta da Capital Sal Rei

Dois compinchas disputavam uma partida de ouri, sobre uma tábua diminuta deste jogo africano. Uma dona sorridente limpava o seu bar Kapadocia para a noite que não tardaria a anunciar-se. Três jovens amigas munidas de pranchas artesanais brincavam às navegações nas piscinas e poças legadas pela maré-baixa.

Regressamos ao âmago urbano de Sal Rei. Deambulamos por entre o casario térreo, rendidos à beleza decadente dos seus pastéis há muito por repintar. Detemo-nos em frente a um desses edifícios despretensiosos.

Para variar, mal lhe vemos a fachada. Uma loja de artesanato cabo-verdiano e africano tinha-se dele apoderado. Uma sua funcionária costurava numa máquina digna de museu.

Costureira em Sal Rei, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Costureira de Sal Rei termina um vestido azul numa velha máquina de costura.

Um páreo, bandeira e mapa de Cabo Verde, fazia de saia da mesa em que assentava a máquina. De fita métrica ao pescoço, a senhora concedeu-nos um grande sorriso e momentos deliciosos de tagarelice, roubados à costura do vestido azul que finalizava.

Prosseguimos, com o ilhéu de Sal Rei sempre pela frente. Até esbarrarmos com uma extensão da avenida Amílcar Cabral já sem nome. E com a peixaria municipal da cidade.

À entrada, um grupo de peixeiras vestidas com lenços e capulanas garridas discutiam com grande alvoroço.

Nessa noite, a filha adolescente de uma delas não tinha dormido em casa. Inédito para a mãe, mais que um caso, a sua ausência era um drama cuja abordagem e resolução as colegas faziam questão de alvitrar.

Peixeiras, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Peixeiras convivem à entrada da peixaria municipal de Sal Rei.

Malgrado a comoção, atiramos uma outra piada e caímos no seu goto. Daí em diante, a discussão alternou com poses combinadas, com bocas e observações que nos fizeram corar.

À Descoberta do Deserto Insular da Boa Vista

Estávamos meros 16º acima do Equador. A noite caiu num ápice. Com os dias seguintes para planearmos, obrigados a despachar um “trabalho de escritório” que se acumulava, antecipamos o regresso ao hotel.

Cumprimo-lo num jipe Jimmy que tínhamos pré-alugado, achávamos que à altura da exploração da ilha.

Na manhã seguinte, deixamos Cabeçadas o mais cedo que conseguimos. Apontamos ao sul da ilha e à sua praia de Santa Mónica. Tínhamos pensado passar também pela da Varandinha.

Um inesperado fenómeno fluvial distraiu-nos dos planos e reteve-nos no deserto vermelho a sul do de Viana e da Ribeira do Rabil.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Elevação do interior da ilha da Boa Vista, esculpida pelo ventos alísios.

Conduzíamos por essa vastidão poeirenta, concentrados em nos mantermos no que achávamos ser a estrada. Sem aviso, um caudal surgiu do sentido contrário. Percorria-a sem grandes pressas, com avanços bifurcados, nem sempre sincronizados.

Aquele riacho rodoviário deixou-nos boquiabertos. Segundo nos explicaram mais tarde, acontecia porque os alísios fortalecidos do Inverno desviavam água da Ribeira do Rabil. Faziam-na fluir, como rios espontâneos, pelos sulcos mais profundos do deserto.

Confirmar de onde provinha, ia exigir-nos um desvio de muitos quilómetros. De acordo, retomámos o destino original do Kurral Bédju.

Passamos pelo derradeiro resort com visual magrebino do sul. Logo, por um enorme rebanho de cabras ansiosas por beber de um tanque próximo.

Cabras, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, Evocar o Sara

Rebanho de cabras aproxima-se de um tanque de água onde é suposto matarem a sede.

Curral Velho da Boa Vista. Legado de Uma Povoação que Entrou em Ruína

Desse limiar do asfalto e da civilização bubista, metemo-nos numa das estradas mais pedregosas da ilha. Quinze minutos de solavancos depois, de novo na iminência do Atlântico, encontramos as ruínas que buscávamos, também elas pétreas, esterilizadas pelo sol inclemente.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Ruínas e arbustos espinhosos da antiga povoação de Curral Velho.

Eram, sobretudo, paredes e muros, com a companhia de arbustos espinhosos.

O Curral Velho espreitava uma lagoa salgada. Numa ilha seca e inóspita como Boa Vista, foram essa mesma lagoa e o seu sal que justificaram a presença humana naqueles confins inóspitos.

À imagem do que sucedeu na ilha vizinha do Sal, além de peixe, os nativos do Curral Velho tinham sal, ali à mão de semear.

Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Uma das salinas que justificou a formação da povoação de Curral Velho, hoje em ruínas.

Ora, bem mais que o peixe, o sal era raro. E valioso.

A sua exportação para o litoral da África continental e para outras ilhas de Cabo Verde gerou um sustento que compensava a agrura de subsistir naquele inferno áspero.

No pino do Verão, a temperatura roçava os 40º. Em qualquer altura do ano, garantir água potável revelava-se um desafio complicado. Como se não bastasse, mesmo elementar, a partir do século XIX, a povoação viu-se vítima das incursões de piratas a Boa Vista.

Os ilhéus reorganizaram-se. Ergueram o Forte Duque de Bragança no ilhéu de Sal Rei e mudaram-se para uma zona sob a sua protecção, a área da cidade contemporânea de Sal Rei.

Com a ilha do Sal e outros lugares concorrentes a fornecerem muito mais sal, o Curral Velho foi abandonado ao sol, ao tempo, e às aves e tartarugas que proliferam no areal-palmeiral da Paisagem Protegida envolvente.

Coqueiros, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal a Evocar o Sara

Dois coqueiros destacam-se do solo arenoso em redor das ruínas do Curral Velho.

Povoação Velha e o Velho Deserto de Viana

No regresso, desviamos para a Povoação Velha. Mais que o Curral Velho, é esta a povoação na génese da história da Boa Vista. Encontramos apenas algumas filas de casas baixas, brancas, azuis, dispostas no sopé de morros esquecidos pela erosão.

Separam-nas uma estrada calçada ampla que, malgrado a secura, os moradores procuram dotar de palmeiras verdejantes.

Ache-se o que se achar, apesar da sua insignificância, esta que foi a primeira povoação da Boa Vista foi também a sua capital. Até 1810, o ano em que a recém-fortificada Sal Rei assumiu o protagonismo.

Regressamos ao jipe. Saímos para lá orientados. Detemo-nos a admirar as dunas do pequeno Deserto de Viana, que se diz medir 1km de largura por 5km de comprimento.

Na prática, este mini-deserto é um reduto em que se concentram as areias sopradas do Sara pelos alísios, em forma de sucessivas dunas.

À boa maneira do Sara, acolhe as suas próprias tamareiras e algumas das incontáveis acácias que tingem de verde a Boa Vista. Já a comunidade de coqueiros, essa, dificilmente a veríamos no grande deserto original.

Palmeira, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

Sombra de uma das palmeiras que dotam as dunas junto à chaminé de Chaves.

Em vez de nos determos em Sal Rei, continuamos até à praia da Atalanta.

Com uns desafogados 10km de extensão, virada a norte, exposta a todos os ventos, os alísios e os menos constantes, batida por tempestades e vagas sem fim, na praia da Atalanta desvendamos o lado mais selvagem da Boa Vista. De tal maneira rude e selvagem que reclamou e exibe aos seus visitantes chegados por terra, uma das suas vítimas náuticas.

A Praia da Atlanta e o Destroço Fantasmagórico do cargueiro “Cabo de Santa Maria”

Estacionamos o Jimmy. Caminhamos praia fora.

Decorrida quase uma hora, vislumbramos o objectivo da caminhada, um destroço adornado, ferrugento e fantasmagórico de navio que as vagas nos pareciam atravessar.

A 1 de Setembro de 1968, o cargueiro espanhol “Cabo Santa Maria” encalhou, ali mesmo, tudo aparenta que para sempre.

À imagem da chaminé de Chaves, tornou-se um símbolo de Boa Vista.

Mesmo se a sua derradeira viagem náutica e o naufrágio permanecem envoltas em controvérsia.

Cargueiro Cabo Santa Maria, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara

As vagas do Atlântico embatem no cargueiro “Cabo Santa Maria” e prosseguem para o areal da Praia de Atlanta.

A versão mais popular é a de que o “Cabo Santa Maria” viajava de Génova rumo ao porto de Santos – onde ficaria a maior parte da carga enviada por Espanha – e à Argentina.

Diz-se ainda que o cargueiro transportava quatro sinos destinados a uma catedral de Brasília.

A razão fulcral do naufrágio está por apurar. Sabe-se que, pouco depois de deixar Tenerife, a tripulação se confrontou com uma tempestade tropical e com ventos alísios ciclónicos.

Não foi considerada razão suficiente para um cargueiro tão grande e bem equipado acabar encalhado. Ao longo do tempo, muitas outras suspeitas de incompetência e de desleixo têm sido levantadas.

O que se sabe ao certo, é que, na manhã de Domingo, dia 1 de Setembro de 1968, os habitantes da Boa Vista se depararam com o navio encalhado e geraram uma corrente contínua de desembarque da carga. Durante quase um ano, o “Cabo Santa Maria” deu trabalho a muitos moradores.

Mesmo considerando que a carga mais volumosa e valiosa foi guardada, conta-se que, à laia de Pão por Deus náutico, quase todas as azeitonas, azeite, melões, vinho Jerez, farinhas e muitos outros alimentos terminaram à mesa dos boavisteiros.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Deserto Branco, Egipto

O Atalho Egípcio para Marte

Numa altura em que a conquista do vizinho do sistema solar se tornou uma obsessão, uma secção do leste do Deserto do Sahara abriga um vasto cenário afim. Em vez dos 150 a 300 dias que se calculam necessários para atingir Marte, descolamos do Cairo e, em pouco mais de três horas, damos os primeiros passos no Oásis de Bahariya. Em redor, quase tudo nos faz sentir sobre o ansiado Planeta Vermelho.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Hipopótamo exibe as presas, entre outros
Safari
PN Mana Pools, Zimbabwé

O Zambeze no Cimo do Zimbabwé

Passada a época das chuvas, o minguar do grande rio na fronteira com a Zâmbia lega uma série de lagoas que hidratam a fauna durante a seca. O Parque Nacional Mana Pools denomina uma região fluviolacustre vasta, exuberante e disputada por incontáveis espécimes selvagens.
Rebanho em Manang, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Bom conselho Budista
Cerimónias e Festividades
Chiang Mai, Tailândia

300 Wats de Energia Espiritual e Cultural

Os tailandeses chamam a cada templo budista wat e a sua capital do norte tem-nos em óbvia abundância. Entregue a sucessivos eventos realizados entre santuários, Chiang Mai nunca se chega a desligar.
Singapura, ilha Sucesso e Monotonia
Cidades
Singapura

A Ilha do Sucesso e da Monotonia

Habituada a planear e a vencer, Singapura seduz e recruta gente ambiciosa de todo o mundo. Ao mesmo tempo, parece aborrecer de morte alguns dos seus habitantes mais criativos.
Cacau, Chocolate, Sao Tome Principe, roça Água Izé
Comida
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Maiko durante espectaculo cultural em Nara, Geisha, Nara, Japao
Cultura
Quioto, Japão

Sobrevivência: A Última Arte Gueixa

Já foram quase 100 mil mas os tempos mudaram e as gueixas estão em vias de extinção. Hoje, as poucas que restam vêem-se forçadas a ceder a modernidade menos subtil e elegante do Japão.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Em Viagem
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Étnico
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Ilha do Norte, Nova Zelândia, Maori, Tempo de surf
História
Ilha do Norte, Nova Zelândia

Viagem pelo Caminho da Maoridade

A Nova Zelândia é um dos países em que descendentes de colonos e nativos mais se respeitam. Ao explorarmos a sua lha do Norte, inteirámo-nos do amadurecimento interétnico desta nação tão da Commonwealth como maori e polinésia.
Submarino Vesikko
Ilhas
Helsínquia, Finlândia

A Fortaleza em Tempos Sueca da Finlândia

Destacada num pequeno arquipélago à entrada de Helsínquia, Suomenlinna foi erguida por desígnios político-militares do reino sueco. Durante mais de um século, a Rússia deteve-a. Desde 1917, que o povo suómi a venera como o bastião histórico da sua espinhosa independência.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Inverno Branco
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Baie d'Oro, Île des Pins, Nova Caledonia
Literatura
Île-des-Pins, Nova Caledónia

A Ilha que se Encostou ao Paraíso

Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Entrada para a Cidade das Areias de Dunhuang, China
Natureza
Dunhuang, China

Um Oásis na China das Areias

A milhares de quilómetros para oeste de Pequim, a Grande Muralha tem o seu extremo ocidental e a China é outra. Um inesperado salpicado de verde vegetal quebra a vastidão árida em redor. Anuncia Dunhuang, antigo entreposto crucial da Rota da Seda, hoje, uma cidade intrigante na base das maiores dunas da Ásia.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Parques Naturais
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
agua grande plataforma, cataratas iguacu, brasil, argentina
Património Mundial UNESCO
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Mini-snorkeling
Praias
Ilhas Phi Phi, Tailândia

De regresso à Praia de Danny Boyle

Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
Barco no rio Amarelo, Gansu, China
Religião
Bingling Si, China

O Desfiladeiro dos Mil Budas

Durante mais de um milénio e, pelo menos sete dinastias, devotos chineses exaltaram a sua crença religiosa com o legado de esculturas num estreito remoto do rio Amarelo. Quem desembarca no Desfiladeiro dos Mil Budas, pode não achar todas as esculturas mas encontra um santuário budista deslumbrante.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Sociedade
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Vida Selvagem
Valdez, Alasca

Na Rota do Ouro Negro

Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez provocou um enorme desastre ambientai. A embarcação deixou de sulcar os mares mas a cidade vitimada que lhe deu o nome continua no rumo do crude do oceano Árctico.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.