Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés


Atalho
Habitante do Pico empurra um bebe ao longo de uma das canadas (caminhos de pedra) que atravessam as vinhas da Madalena.
Pico Rosa
Nuvem cogumelo rosada coroa o cume da montanha do Pico, o tecto de Portugal, na ilha do Pico
Descensao
Mónica mota desce o trecho íngreme do Piquinho à grande cratera da montanha do Pico.
Água, Terra e Fogo
Caminhante sobe o trilho a caminho para o cume da montanha enquanto as nuvens se sucedem sobre as terras mais baixas e férteis da ilha do Pico.
No Cimo de Portugal
Guia açoriano e montanheiro no cimo do Piquinho, por detrás de uma névoa persistente
Gado Organizado
Vacas ocupam uma encosta da ilha do Pico bem acima de Lajes do Pico.
A flor
Cantora provocadora protagoniza o cartaz das festas religiosas de Santa Luzia, São Roque do Pico.
Currais do Pico
Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.
labirinto lava-Ilha-do-pico-vulcao-açores-montanha-atlântico
Vacas pastam na paisagem de minifúndio açoriano demarcado por muros de basalto.
Ao Vento
Visitantes do Pico exploram o moinho do Frade, no Lajido da Criação Velha, Madalena.
Uvas Vulcânicas
Videira e uvas suportadas pela solidez de basalto de um muro.
Mais uma conquista
Mónica Mota, guia montanhista agora residente no Pico repousa na grande cratera, com o Piquinho aparentemente fumegante por trás.
Terra e Mar
Vista do Atlântico e da ilha vizinha do Faial a partir da grande cratera do vulcão Pico.
Encosta Fértil
Litoral sudeste do Pico, com a terra cultivada muitas dezenas de metro acima do nível do mar
Lavas altas
Lava entrançada abaixo do Piquinho da montanha-vulcão do Pico.
Vias vulcânicas
Anfitriã ajuda a iluminar o mais longo dos túneis de lava açorianos conhecidos, com mais de 5km, no prolongamento da Gruta das Torres.
Abrigo
Vaca abrigada atrás de uma sebe natural densa em terras mais altas da ilha.
Vinhas de Lava
O lusco-fusco prestes a instalar-se sobre o Pico da Madalena os muros das vinhas com as nuvens ainda rosadas pelo pôr-do-sol.
Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.

A Ascensão Nocturna ao Pico

Pouco passa das três da manhã quando Mónica Mota, da Épico nos dá o sinal de partida para o tecto de Portugal e da Ilha do Pico.

Daí em diante, durante mais de três horas, guiados pela experiência da guia e à luz dos frontais, serpenteámos encosta acima. Subimos ora firmes ora a escorregarmos na gravilha de lava que, aqui e ali, cobria o trilho.

De mochilas mais pesadas do que desejávamos às costas, os passos depressa se começaram a tornar dolorosos. Disfarçámos o desconforto e o muito esforço que faltava a falarmos de tudo o que nos lembrávamos.

Só conhecíamos a Mónica desde há uns passos. Temas de conversa, como, fôlego e forças, nunca nos faltaram.

O trilho ideal é assinalado por marcadores numerados. São 45 até ao topo. De início, temos a sensação que se sucedem num ápice.

Aos poucos, a sua contagem parece quantificar de igual modo o grau de inquietação pelo que subsiste até pormos os olhos no derradeiro. “Os primeiros estão mais separados.” afiança-nos Mónica no seu tom tranquilizante.

A Aurora Encharcada no Grande Cimo da Ilha do Pico

Chegamos à entrada da grande cratera. Um vento desvairado renova uma névoa densa e atira-nos com uma chuva gélida e cortante. É sob este massacre meteorológico que vencemos os derradeiros metros ao cume supremo do Piquinho. Após o que nos instalámos à espera da alvorada.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Mónica Mota, guia montanhista agora residente no Pico repousa na grande cratera, com o Piquinho aparentemente fumegante por trás.

O sol nasceu. Mas brotou por detrás de um manto denso de nuvens que pouco ou nada se coloriram. Mantivemo-nos o mais abrigados possível das rajadas atrás de umas rochas e sobre uma fumarola que nos aliviava de um crescente torpor.

Esperámos. Sem condições para fotografar, desesperámos e decidimos descer de volta à grande cratera. Abrigámo-nos da intempérie numa cova de lava a que os guias chamaram de hotel.

Trocámos alguma roupa, bebemos bebidas quentes e recuperámos energias para o regresso.

Quando saíamos da toca, as nuvens davam lugar a um sol radioso. Tínhamos sido os únicos a subir de noite e demorámo-nos no cume. Por aquela hora, com o sol já bem acima do horizonte, chegavam as primeiras pessoas que tinham partido ao amanhecer.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Vista do Atlântico e da ilha vizinha do Faial a partir da grande cratera do vulcão Pico.

Renato, um guia que está prestes a cumprir as suas duas mil subidas ao Piquinho, confraternizou por momentos com Mónica e incitou-nos a lá regressarmos.

Regresso Doloroso ao Piquinho

De novo naquele topo excêntrico de Portugal, o grande astro aquecia-nos e às vistas.

Concedeu-nos, por fim, o deslumbre que tínhamos feito por merecer: a toda a volta, os retalhos verdes das terras mais baixas da ilha do Pico e o azul-escuro do Atlântico a nossos pés; do lado de lá do canal, a silhueta familiar do Faial, os cenários sobrevoados e ensombrados por umas poucas nuvens velozes que, ainda assim, se tinham deixado tresmalhar.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Mónica mota desce o trecho íngreme do Piquinho à grande cratera da montanha do Pico.

Como é habitual nestas lides montanheiras, o retorno ao sopé da encosta provou-se tão castigador como a ascensão. Só que o breu dera lugar a paisagens comoventes.

Outras nuvens, estas rasteiras, também jogavam às sombras com a lava negra-prata envolvente e com os prados ondulantes a que ansiávamos voltar.

Entretidos com aquele festim dos sentidos e com as incontáveis paragens para contemplarmos e fotografarmos, perdemo-nos no tempo. Estávamos prestes a entrar na Casa da Montanha que marcava o término da aventura quando Mónica nos chamou à realidade.

“Sabem que horas são?” perguntou-nos. “São outra vez três; três… da tarde. Vocês bateram todos os recordes, nunca me tinha demorado tanto lá em cima”. Não fazíamos a mínima ideia.

O que sabíamos era que a jornada que ali completávamos se confirmava inolvidável. Sentiríamos para sempre orgulho em a termos terminado e em podermos testemunhar a beleza e a imponência da montanha do Pico.

As Origens e Profundezas Geológicas da Ilha do Pico

Ao pé das restantes ilhas dos Açores, a ilha do Pico é recém-nascida. A “data” da sua formação suscitou um aceso debate assente numa amplitude temporal que vai desde há 250.000 anos até ao milhão e meio ou dois milhões de anos.

O tema apaixona de igual maneira alguns jovens do Núcleo Picoense da associação “Os Montanheiros” que estudam a Gruta das Torres, o maior tubo lávico até agora descoberto nos Açores, com mais de 5

Túnel de Lava, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Anfitriã ajuda a iluminar o mais longo dos túneis de lava açorianos conhecidos, com mais de 5km, no prolongamento da Gruta das Torres.

km de extensão. Já tínhamos conquistado o tecto de todo o Portugal.

Pareceu-nos justo descermos às suas profundezas.

Embrenhámo-nos na gruta e seguimos os passos do guia Luís Freitas e de colegas que, de lanternas em riste, nos mostraram as distintas formações deixadas pelo arrefecimento da lava corrente, com nomes provindos de onde o fenómeno ainda abunda, o Havaii.

Admirámos as marcas da lava ‘a ‘a e pahoehoe e uma série de outros caprichos geológicos milenares.

O Vinho que Brota da Lava do vulcão Pico

De volta à superfície, dedicámo-nos ao mais improvável produto do vulcanismo da ilha do Pico: as vinhas que os prodigiosos picoenses lá fizeram proliferar.

Currais, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.

Os primeiros colonos instalaram-se na ilha do Pico na segunda metade do século XV, crê-se que depois de terem deixado manadas de gado ainda na primeira metade.

Provinham, em grande parte, do norte de Portugal e chegaram via ilha Terceira e Graciosa, ilhas em que se tinham antes fixado.

Numa primeira fase, proliferar na ilha do Pico pareceu-lhes uma missão complicada. Com o tempo, o cultivo de trigo provou-se viável.

O reforço da produção de pastel-dos-tintureiros e de outras plantas usadas na produção de tintas e corantes então exportadas para a Flandres facilitou o assentamento. Primeiro nas Lajes, logo, em São Roque.

À altura, muitos dos terratenentes açorianos residentes na Horta que já produziam vinhos no Faial e noutras ilhas, tornaram-se proprietários de parcelas consideráveis da ilha do Pico.

Os Cultivos Pioneiros dos Eclesiásticos

Crê-se que foi um franciscano conhecido por Frei Pedro Gigante quem lá cravou as primeiras vinhas da casta Verdelho, com origem mediterrânea mas, naquele caso, quase de certeza trazidas da Madeira.

No fim do século XVI, a ilha do Pico produzia vinho em quantidade e considerado melhor do que o das restantes ilhas.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Videira e uvas suportadas pela solidez de basalto de um muro.

De tal maneira que, uns anos depois, vários proprietários alastraram a sua produção na zona ocidental, em redor da maior cidade da ilha, Madalena, a povoação mais próxima do Faial em que aportámos oriundos da Horta.

As vinhas do ocidente da ilha do Pico tomaram quase toda a área do Lajido de Santa Luzia e da Criação Velha, esta, uma área próxima de Madalena antes dedicada à pecuária.

Os seus microfúndios (2 por 6 metros) delimitados e protegidos do vento e da névoa marinha por incontáveis muros de pedras basálticas repetem-se encosta abaixo, até quase à beira do Atlântico.

No interior destas pequenas estufas vulcânicas a que os produtores chamaram “currais” despontam há séculos os bacelos e as cepas da felicidade.

O cultivo do verdelho maturou dois séculos a fio e a produção atingiu as 30.000 pipas anuais. O vinho licoroso branco seco local tornou-se a maior fonte de rendimento da ilha do Pico e do Faial.

Garantiu a prosperidade de várias famílias que ergueram grandes solares e neles se instalaram para supervisionar a produção e a exportação.

O vinho da ilha do Pico chegou ao Norte da Europa, ao Brasil, às Índias Ocidentais, à Terra Nova e aos Estados Unidos.

Entre os seus mais poderosos apreciadores contavam-se os Papas e os Czares da Rússia.

Moinho do Frade, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Visitantes do Pico exploram o moinho do Frade, no Lajido da Criação Velha, Madalena.

Moinho com Vista para a Criação Velha do Pico

Subimos a um dos moinhos que os ilhéus ergueram para mecanizar a moagem do milho e do trigo. Do seu alpendre vermelho, admiramos a vastidão da Criação Velha, então bem mais cinzenta que verde. Percorrem-na canadas (caminhos) paralelas.

Uma senhora que empurra um carrinho de bebé, caminha pela longa canada de chão ocre que vem da beira-mar e passa pela base do moinho.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Habitante do Pico empurra um bebe ao longo de uma das canadas (caminhos de pedra) que atravessam as vinhas da Madalena.

Também espreitamos a pequena loja instalada aquém do velho engenho do moinho e ficamos à fala com Paula – que tomava conta do negócio – e do filho Diniz. De tudo o que tinha à venda, atraíram-nos de imediato os sacos de uvas.

A vindima terminara fazia um mês. Seriam das poucas uvas da ilha do Pico que teríamos a sorte de provar.

Mas, bastaram dois ou três bagos para percebermos que não eram propriamente verdelho. Sabiam-nos a morangueiro. O mesmo morangueiro abundante na região que nos é familiar de Lafões.

“São mesmo as últimas. As últimas deste ano e, deste tipo, que alguma vez teremos. O meu pai está prestes a trocar as nossas vinhas. O governo regional paga para mudarmos para castas de qualidade. Vamos aproveitar.”

O Oídio, o Míldio e outros Reveses Vinícolas da Ilha do Pico

Nos tempos idos de glória e proveito vinícola, os produtores da ilha do Pico passaram por momentos problemáticos e não tiveram quem os amparasse. Corria 1852. Uma praga de oídio devastou as vinhas e a produção.

Para evitar morrer à fome, o povo cultivou milho, batata e inhame.

Terras férteis e ervadas nunca faltaram. Testemunhámo-lo quando subimos das Lajes do Pico para as terras altas que explorámos até ao Miradouro do Cabeço do Geraldo e para leste, entre pastos sem fim, à boa maneira açoriana, salpicados por distintos tipos de vacas.

Gado, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Vacas ocupam uma encosta da ilha do Pico bem acima de Lajes do Pico.

Decorridos 20 anos, Isabel, uma outra variedade mais resistente às pragas substituiu a verdelha mas a filoxera que grassava por toda a Europa destruiu as novas videiras. Milhares de produtores emigraram para o Brasil e para a América do Norte.

Os que ficaram, conseguiram controlar a filoxera.

Apostaram em manter as videiras Isabel e, em certas bolsas ideais para a vinicultura, a verdelha que gerava o melhor vinho. Mesmo assim, a produção tardava em recuperar do rombo das pragas.

Neste contexto, no fim do século XVIII, baleeiros americanos marcaram presença nas águas ao largo. Introduziram a caça à baleia.

Essa nova actividade económica manteve-se a indústria primordial da Ilha do Pico até 1970. Por essa altura, entrou em acção o Plano de Reconversão Vitivinícola dos Açores.

Currais, Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Os incontáveis currais que os colonos da ilha do Pico ergueram para assim fazerem crescer videiras.

Foram cultivadas na ilha do Pico novas castas, uvas ideais para vinhos de mesa. E foram recuperadas as vinhas com castas mais nobres: Verdelho dos Açores, Arinto e o Terrantez do Pico. Pouco tempo depois, os vinhos da ilha do Pico voltaram ao estrelato.

Em 2004, a UNESCO classificou a Paisagem Protegida dos Vinhos da ilha do Pico como Património Mundial. Esta distinção contribuiu para realçar o exotismo geológico e cultural da ilha.

Hoje, a Ilha do Pico destaca-se bem alto sobre o Atlântico do Norte.

À imagem do que tem acontecido aos Açores em geral, a sua fama tem-se propagado pelo mundo.

Ilha do Pico, Montanha Vulcão Açores, aos Pés do Atlântico

Nuvem cogumelo rosada coroa o cume da montanha do Pico, o tecto de Portugal, na ilha do Pico

Artigo criado com o apoio das seguintes entidades:

VisitAzores

visitazores.com

Épico

epico.pt

Azores Airlines

www.azoresairlines.pt/pt-pt

SATA

sata.pt

Aldeia da Fonte

aldeiadafonte.com

Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Horta, Açores

A Cidade que Dá o Norte ao Atlântico

A comunidade mundial de velejadores conhece bem o alívio e a felicidade de vislumbrar a montanha do Pico e, logo, o Faial e o acolhimento da baía da Horta e do Peter Café Sport. O regozijo não se fica por aí. Na cidade e em redor, há um casario alvo e uma efusão verdejante e vulcânica que deslumbra quem chegou tão longe.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ponta Delgada, São Miguel, Açores

A Cidade da Grande Ilha dos Açores

Durante os séculos XIX e XX, Ponta Delgada tornou-se a cidade mais populosa e a capital económico-administrativa dos Açores. Lá encontramos a história e o modernismo do arquipélago de mãos-dadas.
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

Heroína do Mar, de Nobre Povo, Cidade Valente e Imortal

Angra do Heroísmo é bem mais que a capital histórica dos Açores, da ilha Terceira e, em duas ocasiões, de Portugal. A 1500km do continente, conquistou um protagonismo na nacionalidade e independência portuguesa de que poucas outras cidades se podem vangloriar.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores

O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
hipopotamos, parque nacional chobe, botswana
Safari
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Gravuras, Templo Karnak, Luxor, Egipto
Arquitectura & Design
Luxor, Egipto

De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

Tebas foi erguida como a nova capital suprema do Império Egípcio, o assento de Amon, o Deus dos Deuses. A moderna Luxor herdou o Templo de Karnak e a sua sumptuosidade. Entre uma e a outra fluem o Nilo sagrado e milénios de história deslumbrante.
lagoas e fumarolas, vulcoes, PN tongariro, nova zelandia
Aventura
Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias

No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
Big Freedia e bouncer, Fried Chicken Festival, New Orleans
Cerimónias e Festividades
New Orleans, Luisiana, Estados Unidos

Big Freedia: em Modo Bounce

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, lá emergem novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, aventuramo-nos à descoberta do Bounce hip hop.
Emma
Cidades
Melbourne, Austrália

Uma Austrália “Asienada”

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Comida
Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Cansaço em tons de verde
Cultura
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Jipe cruza Damaraland, Namíbia
Em Viagem
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Vegetais, Little India, Singapura de Sari, Singapura
Étnico
Little India, Singapura

Little Índia. A Singapura de Sari

São uns milhares de habitantes em vez dos 1.3 mil milhões da pátria-mãe mas não falta alma à Little India, um bairro da ínfima Singapura. Nem alma, nem cheiro a caril e música de Bollywood.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Champagne Beach, Espiritu Santo, Vanuatu
História
Espiritu Santo, Vanuatu

Divina Melanésia

Pedro Fernandes de Queirós pensava ter descoberto a Terra Australis. A colónia que propôs nunca se chegou a concretizar. Hoje, Espiritu Santo, a maior ilha de Vanuatu, é uma espécie de Éden.
Bando de Pelicanos-Pardo de olho em alimento
Ilhas
Islamorada, Florida Keys, Estados Unidos

A Aldeia Floridense Feita de Ilhas

Os descobridores espanhóis baptizaram-na de ilha Púrpura, mas os tons predominantes são os dos incontáveis recifes de coral num mar pouco profundo. Confinada às suas cinco keys, Islamorada mantêm-se pacata, num meio-caminho alternativo entre Miami e Key West, as urbes da Flórida que a prodigiosa Overseas Highway há muito liga.
Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso
Inverno Branco
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Natureza
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Geisers El Tatio, Atacama, Chile, Entre o gelo e o calor
Parques Naturais
El Tatio, Chile

Géiseres El Tatio – Entre o Gelo e o Calor do Atacama

Envolto de vulcões supremos, o campo geotermal de El Tatio, no Deserto de Atacama surge como uma miragem dantesca de enxofre e vapor a uns gélidos 4200 m de altitude. Os seus géiseres e fumarolas atraem hordas de viajantes.
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Património Mundial UNESCO
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Em quimono de elevador, Osaka, Japão
Personagens
Osaka, Japão

Na Companhia de Mayu

A noite japonesa é um negócio bilionário e multifacetado. Em Osaka, acolhe-nos uma anfitriã de couchsurfing enigmática, algures entre a gueixa e a acompanhante de luxo.
Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, Desembarque
Praias
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Queima de preces, Festival de Ohitaki, templo de fushimi, quioto, japao
Religião
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

Durante a celebração xintoísta de Ohitaki são reunidas no templo de Fushimi preces inscritas em tabuínhas pelos fiéis nipónicos. Ali, enquanto é consumida por enormes fogueiras, a sua crença renova-se.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Cabine Saphire, Purikura, Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

Fotografia Tipo-Passe à Japonesa

No fim da década de 80, duas multinacionais nipónicas já viam as fotocabines convencionais como peças de museu. Transformaram-nas em máquinas revolucionárias e o Japão rendeu-se ao fenómeno Purikura.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Tombolo e Punta Catedral, Parque Nacional Manuel António, Costa Rica
Vida Selvagem
PN Manuel António, Costa Rica

O Pequeno-Grande Parque Nacional da Costa Rica

São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.