Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas


Amuletos
Chifres de iaque servem de amuletos à saída de Manang.
Fé de Penas
Ancião ora com uma roda de prece budista, à beira do trilho que segue para Yak Kharka.
Política Religiosa
Inscrição numa pedra polida reclama o nascimento de Buda no Nepal.
Bandeiras de Buda.
Estandartes coloridos assinalam a religião predominante em todo o Circuito Annapurna.
Meandros Paralelos
Linhas sinuosas de um afluente do rio Marsyangdy e do trilho que conduz a Yak Kharka.
Hóteis de Gunsang
Hotéis marcam a entrada de Gunsang.
Xadrês – Check
Dupla de caminhantes amigos e praticantes de xadres disputam uma partida ao ar livre.
Gado nepalês
Iaque repousa com o fundo grandioso de um dos cumes aguçados dos Annapurnas.
A Caminho
Caminhante turco Fevsi cruza uma ponte suspensa do percurso.
Ao sabor da gravidade
Rio com caudal diminuído desliza das terras mais altas dos Annapurnas.
Montada Nepalesa
Sela tradicional num cavalo usado por um morador de Manang.
Neon Versão Yak Kharka
Colecção de tabuletas promocionais à chegada de Yak Kharka.
Sombras ao Calhas
Caminhantes divertem-se sobre um morro nas imediações de Yak Kharka.
Cowboy Nepalês
Guia prepara-se para cavalgar a caminho de Manang.
Derradeiras Compras
Sara Wong e Josua compram queijo de iaque e outros bens numa loja de Manang.
Espera ao sol
Dona de uma tea house de beira de estrada aguarda por mais caminhantes.
Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.

A noite, a altitude e a ansiedade. A ansiedade, a altitude e a noite, fosse qual fosse a sequência, a partir de determinada altura, o trio caminhava de mãos dadas.

Pouco habituado aos 3500 metros e às incursões extenuantes aos 4500, durante o sono, os nossos organismos começaram a dar sinais.

Na derradeira dormida em Manang, com a partida combinada para as 8h, estranhámos o batimento cardíaco: as aparentes arritmias, o pulsar exacerbado, como que se o coração nos tentasse fugir pela boca. E o receio incontornável de um chilique qualquer nos vitimar.

Uma vez mais, a apreensão com a quantidade de água que tínhamos bebido e o reforço de última hora do líquido que, depois, não bastasse já o coração revolto, nos obrigava ir à casa de banho duas, três, quatro vezes adicionais.

Nesta amálgama de emoções e apreensões, pouco ou nada dormimos.

Despertamos às 6h30, a tempo de arrumar as mochilas para a caminhada e, logo, para o pequeno-almoço e para as últimas compras de Manang.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka, compras

Sara Wong e Josua compram queijo de iaque e outros bens numa loja de Manang.

Derradeiros Preparativos e um Inevitável Carregador

Deixamos o hotel Himalayan Singi às 8h. À saída, encontramos o carregador que tínhamos contratado na manhã anterior. Por princípio, éramos contra o recurso a carregador como mera facilitação do esforço requerido pelo Circuito Annapurna.

Devíamos, no entanto, ter em conta que só o equipamento fotográfico que carregávamos tinha mais de metade dos oito ou nove quilos considerados aconselhados.

Conscientes da tragédia ocorrida em Outubro de 2014 no desfiladeiro de Thorong La e que abordaremos no episódio que dedicarmos à sua travessia, estávamos também munidos de sacos-cama dos mais quentes, -20º (e mais pesados) a que planeávamos recorrer caso lá nos víssemos retidos por alguma intempérie.

Longe de sermos montanheiros inveterados, andávamos com demasiado peso, era essa a realidade.

Não contávamos com o carregador para nos levar toda a carga nem para a totalidade do percurso que faltava. A ideia era que nos ajudasse apenas com o peso que tínhamos em excesso e só de Manang até Muktinath, sobretudo na travessia de Thorong La.

Queríamos, por todos os meios, evitar desistirmos devido a um qualquer colapso hernial das costas. Aliás, levámos uma semana a tentar precavê-lo com longas sessões de alongamentos no final de cada caminhada, e sempre que nos lembrávamos de os reforçar.

De acordo, tínhamos previsto o carregador levar-nos uma mochila com esse peso que estava a mais. Nós, carregaríamos o equipamento fotográfico e, cada qual, a sua mochila com os nove, vá lá que fosse dez ou onze quilos, considerados seguros.

Na véspera, para contratarmos os serviços do carregador, limitámo-nos a perguntar num hotel em frente ao nosso se conheciam alguém. Ao que o rapaz de serviço nos respondeu: “Cheguem aqui. Tenho aqui um.” Seguimo-lo até passarmos por uma porta lateral. No exterior, damos com uma obra de extensão do edifício em que trabalhavam quatro ou cinco homens e mulheres.

O rapaz chamou um dos operários. Falou com ele breves instantes e apresentou-o.

Don. De Operário da Construção Civil a Sherpa dos Annapurnas em Cinco Minutos

Chamava-se Don. Era, de longe, o mais pequeno dos trabalhadores que ali víamos. Teria, aliás, que ser um dos moradores adultos mais baixo, pequeno – chamemos-lhe o que quisermos – da cidade de Manang.

Por fácil que fosse, não queríamos ceder à tentação de fazermos da sua estatura um preconceito ou motivo de desassossego.

Don recorreu a um inglês atabalhoado. Confirmou-nos a disponibilidade para os três dias de percurso seguintes, supusemos que, em detrimento do trabalho na construção em que iria ganhar bem menos que o que lhe pagaríamos. Mesmo que, à laia de comissão, o hotel para que trabalhava lhe ficasse com parte.

Regressemos à manhã da partida. Saudamos Don.

Informamo-lo de que, antes de deixarmos Manang, pararíamos numa ou duas lojas e bancas, de maneira a comprarmos mais alguns aquecedores químicos, providenciais contra frieiras e queimaduras, caso a temperatura descesse a pique em Thorong La, ou, se lá nos víssemos em piores apuros.

Quando lhe passamos a mochila que era suposto carregar, Don mal consegue disfarçar a surpresa. O normal era os mochileiros dividirem a despesa com carregadores e, como tal, passarem-lhes enormes volumes, com vinte e até trinta quilos.

Ao confrontar-se com uma mochila pouco mais repleta que as nossas, Don olha em volta em busca do paradeiro da restante carga. Em vão.

Despedida de Manang e o Encalço do Grupo na Dianteira

Fechamos as compras. O grupo em que seguíamos desde Brakka (Braga) já partira há algum tempo pelo que apontamos ao extremo oeste de Manang.

A despedida da cidade move-nos a fazermos algumas derradeiras fotos das suas ruas, das suas gentes. Uns poucos moradores despedem-se.

Quando passamos o pórtico budista-tibetano que abençoa a povoação prendia-nos sobretudo a visão do seu casario de terra a destacar-se acima do caudal do rio Marsyangdi. Fotografamo-lo de distintas perspectivas.

Até que, por fim, Manang se transformou numa visão difusa.

Um Batatal Pedregoso e uma Partida de Xadrez a Meio da Caminhada

A determinado ponto, passamos por um grupo de camponeses acocorados num campo ressequido e pedregoso. Espantamo-nos ao constatarmos que já tinham enchido dois grandes cestos tradicionais nepaleses de batatas dali colhidas.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka, prece budista

Ancião ora com uma roda de prece budista, à beira do trilho que segue para Yak Kharka.

Nas imediações, um ancião agasalhado em trajes de penas modernos, faz rodar um mani de oração, sentado sob o sol generoso dessa manhã e entretido a ver os forasteiros caminharem rumo a Thorong La.

Caminho fora, continuavam a abundar os artefactos da fé budista-tibetana dos nepaleses destas partes: estandartes multicolores que ondulavam ao vento, cornos de iaque na base de estupas seculares.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Chifres de iaque servem de amuletos à saída de Manang.

Nos seus sucessivos meandros na meia-encosta, o trilho Annapurna Parikrama Padmarga conduz-nos à segunda casa de chá daquele trecho, já com um tal de Chullu West Hotel em vista.

Ali mesmo, sobre uma mesa colocada numa extensão escorada do caminho, um casal alourado, com visual de algures do norte da Europa, disputava uma partida de xadrez, acompanhada pela bebida fetiche do Circuito Annapurna: chá de gengibre com mel.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Dupla de caminhantes amigos e praticantes de xadres disputam uma partida ao ar livre.

Saudamo-los. Continuamos a recuperar do atraso que levávamos em relação ao grupo. E a ganhar avanço face a Don que se detivera para cumprimentar uma família num negócio anterior, com a promessa de que não tardaria a apanhar-nos.

Por Fim, a Junção ao Grupo e a Caminhada que Restava para Yak Kharka

Juntamo-nos ao grupo junto ao Chullu West Hotel, no lugarejo de Gunsang. Desfrutamos de parte da sua pausa, ainda com vigor de sobra para precisarmos de estender a nossa.

Daí em diante, seguimos integrados no pelotão.  Embalados pela deliciosa cavaqueira em inglês e em português as línguas mais usadas pelos dois brasileiros, três alemães, um turco, uma espanhola e um italiano, os membros do grupo.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Caminhante turco Fevsi cruza uma ponte suspensa do percurso.

Cruzamos a primeira ponte suspensa do dia, para variar já não sobre o rio Marsyangdi que, após mais de uma semana a fazer-nos companhia, fiel ao seu curso, nos deixava.

Do lado de lá da ponte, um escrito a negro sobre uma pedra polida proclamava em inglês: “Buda nasceu no Nepal, não na Índia!”.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Inscrição numa pedra polida reclama o nascimento de Buda no Nepal.

Minutos depois, um outro, este, mais sinalizador que reivindicativo, indicava o caminho para o Lago Tilicho.

A Passagem Emblemática pelo Desvio para o Lago Tilicho

Este lago situado a oeste de Manang, a quase 5.000 metros de altitude é outro dos lugares mágicos que costumam desinquietar os caminhantes do Circuito Annapurna.

Emergiu por mais que uma vez nas conversas do grupo, como alternativa de aclimatização mais remoto e extremo que o Ice Lake e a Milarepa Cave a que todos ascendemos a partir de Brakka e de Manang.

Em cada uma dessas ocasiões, a incursão ao Tilicho Lake foi posta de lado. Estávamos em Março.

O Inverno do Nepal só por essa altura se desvanecia. O lago permanecia semi-gelado, envolto por vertentes nevadas que a subida gradual da temperatura tornava propícias a avalanches a que nem os iaques nativos sobreviveriam.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Iaque repousa com o fundo grandioso de um dos cumes aguçados dos Annapurnas.

Não obstante, naquele vale amplo em que nos embrenhávamos, entre as bases do grande Annapurna III (7555m) e da montanha Chullu East (6584m) já quase só víamos neve nos cumes longínquos a sul e a norte.

Prosseguimos rumo ao destino final, ao longo de um afluente do Marsyangdi e até Yak Kharka (4018m), sem sobressaltos.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Rio com caudal diminuído desliza das terras mais altas dos Annapurnas.

Josh e Bruno, um dos alemães e um dos brasileiros do grupo tinham-se adiantado e cumprido os 10km do trecho meia-hora mais cedo.

Entrada em Yak Kharka e no Hotel Tradicional que Nos Acolheu

Por volta da uma da tarde, quando damos entrada na povoação o duo já resolvera a escolha dos aposentos, pelo que nos limitámos a instalar num dos quartos humildes do Hotel Thorong Peak.

Com a estada resolvida, entregamo-nos a um almoço prazeroso e revigorante. De barriga cheia, sonolento, o grupo dispersa. Alguns, limitam-se a apanhar sol nos bancos em frente ao hotel.

Nós, cumprimos parte da sessão quase obrigatória de alongamentos e organizamos a roupa e o equipamento fotográfico para o trajecto em falta.

Ao fim da tarde, voltamos a juntar-nos todos para uma volta de aclimatização na direcção de Ledar, um lugarejo situado já aos 4219m. Sempre eram duzentos metros extra acima dos 4.000m a que, após o Ice Lake e a Milarepa Cave, voltávamos a habituar o organismo.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Caminhantes divertem-se sobre um morro nas imediações de Yak Kharka.

Por esta altura, Tatiana, uma das duas miúdas alemãs com ascendência russa do grupo, começava a queixar-se de dor de cabeça e outros sintomas ainda contidos mas clássicos do Mal de Montanha. No caso dela, urgia confirmar que recuperava para a manhã seguinte.

Até então, nós, continuávamos imunes à altitude mas não ao receio de que nos pudesse atingir sem aviso.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka, cavaleiro

Guia prepara-se para cavalgar a caminho de Manang.

Uma Extensão Quase Só porque Sim à vizinha Ledar

Caminhamos, assim, em direcção a Ledar, de novo com a Annapurna III a insinuar-se acima de dois outros vértices de vertentes mais baixas.

Passamos pelo Himalayan View, um hotel arredado do centro estratégico de Yak Kharka que a placa à entrada situava em Upper Koche, além de aliciar os caminhantes mais fatigados a completarem o percurso de cavalo, num inglês maculado: “You can get horse to ride from hear to Leader Base Camp & Throng Top.

Circuito Annapurna, Manang a Yak-kharka

Colecção de tabuletas promocionais à chegada de Yak Kharka.

O sol não tardou a abandonar o vale. Na sombra, batidos por um vento cada vez mais gélido que nos fazia doer as faces, antecipamos o regresso ao hotel de Yak Kharka.

À imagem do que acontecia todas as noites, sentámo-nos em redor da salamandra da sala de jantar, a partilhar os petiscos nepaleses do costume.

No entretanto, Don tinha reaparecido. Convivia com os empregados nepaleses do hotel. Apercebemo-nos que estava embriagado. Com a noção plena do quanto o álcool gerava e agravava Mal de Altitude, aí sim, receámos pelo que isso pudesse representar na sua capacidade de ascender e cruzar o desfiladeiro de Thorong La.

Em seu abono, tinha a benesse de há muito viver nos 3500 metros de Manang e de, por certo estar mais que habituado a viagens em altitudes superiores, supúnhamos que, em boa parte delas, com álcool à mistura.

Nós, não percebíamos palavra do inglês etílico que Don nos balbuciava.

Para compensar, os nossos corações pareciam ter andado sempre certinhos.

Sentíamo-nos em forma para enfrentarmos o percurso Yak Kharka – Thorong Pedi que se seguia, bem como a ascensão suprema a Thorong La.

Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna - A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Fiel em frente à gompa A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
A pequena-grande Senglea II
Arquitectura & Design
Senglea, Malta

A Cidade Maltesa com Mais Malta

No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Gelados, Festival moriones, Marinduque, Filipinas
Cerimónias e Festividades
Marinduque, Filipinas

Quando os Romanos Invadem as Filipinas

Nem o Império do Oriente chegou tão longe. Na Semana Santa, milhares de centuriões apoderam-se de Marinduque. Ali, se reencenam os últimos dias de Longinus, um legionário convertido ao Cristianismo.
Panorama no vale Licungo e sua plantação de chá
Cidades
Gurué, Moçambique, Parte 2

Em Gurué, entre Encostas de Chá

Após um reconhecimento inicial de Gurué, chega a hora do chá em redor. Em dias sucessivos, partimos do centro da cidade à descoberta das plantações nos sopés e vertentes dos montes Namuli. Menos vastas que até à independência de Moçambique e à debandada dos portugueses, adornam alguns dos cenários mais grandiosos da Zambézia.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Comida
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Efate, Vanuatu, transbordo para o "Congoola/Lady of the Seas"
Cultura
Efate, Vanuatu

A Ilha que Sobreviveu a “Survivor”

Grande parte de Vanuatu vive num abençoado estado pós-selvagem. Talvez por isso, reality shows em que competem aspirantes a Robinson Crusoes instalaram-se uns atrás dos outros na sua ilha mais acessível e notória. Já algo atordoada pelo fenómeno do turismo convencional, Efate também teve que lhes resistir.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Vista do John Ford Point, Monument Valley, Nacao Navajo, Estados Unidos
Em Viagem
Monument Valley, E.U.A.

Índios ou cowboys?

Realizadores de Westerns emblemáticos como John Ford imortalizaram aquele que é o maior território indígena dos Estados Unidos. Hoje, na Nação Navajo, os navajo também vivem na pele dos velhos inimigos.
Pequeno navegador
Étnico
Honiara e Gizo, Ilhas Salomão

O Templo Profanado das Ilhas Salomão

Um navegador espanhol baptizou-as, ansioso por riquezas como as do rei bíblico. Assoladas pela 2ª Guerra Mundial, por conflitos e catástrofes naturais, as Ilhas Salomão estão longe da prosperidade.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Madu River: dono de um Fish SPA, com os pés dentro do viveiro de peixes-doutores
História
Rio e Lagoa Madu, Sri Lanka

No Curso do Budismo Cingalês

Por ter escondido e protegido um dente de Buda, uma ilha diminuta da lagoa da lagoa Madu recebeu um templo evocativo e é considerada sagrada. O Maduganga imenso em redor, por sua vez, tornou-se uma das zonas alagadas mais louvadas do Sri Lanka.
Roça Bombaim, Roça Monte Café, ilha São Tomé, bandeira
Ilhas
Centro de São Tomé, São Tomé e Príncipe

De Roça em Roça, Rumo ao Coração Tropical de São Tomé

No caminho entre Trindade e Santa Clara confrontamo-nos com o passado colonial terrífico de Batepá. À passagem pelas roças Bombaim e Monte Café, a história da ilha parece ter-se diluído no tempo e na atmosfera clorofilina da selva santomense.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Inverno Branco
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Literatura
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde
Natureza
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Ilha do Principe, São Tomé e Principe
Parques Naturais
Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe

A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Património Mundial UNESCO
Viagens de Barco

Para Quem Só Enjoa de Navegar na Net

Embarque e deixe-se levar em viagens de barco imperdíveis como o arquipélago filipino de Bacuit e o mar gelado do Golfo finlandês de Bótnia.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Apanhador de cocos, em Unawatuna, Sri Lanka
Praias
Unawatuna a Tongalle, Sri Lanka

Pelo Fundo Tropical do Velho Ceilão

Deixamos a fortaleza de Galle para trás. De Unawatuna a Tangale, o sul do Sri Lanka faz-se de praias com areia dourada e de coqueirais atraídos pela frescura do Índico. Em tempos, palco de conflito entre potências locais e coloniais, este litoral é há muito partilhado por mochileiros dos quatro cantos do Mundo.
Camboja, Angkor, Ta Phrom
Religião
Ho Chi-Minh a Angkor, Camboja

O Tortuoso Caminho para Angkor

Do Vietname em diante, as estradas cambojanas desfeitas e os campos de minas remetem-nos para os anos do terror Khmer Vermelho. Sobrevivemos e somos recompensados com a visão do maior templo religioso
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Creel, Chihuahua, Carlos Venzor, coleccionador, museu
Sociedade
Chihuahua a Creel, Chihuahua, México

A Caminho de Creel

Com Chihuahua para trás, apontamos a sudoeste e a terras ainda mais elevadas do norte mexicano. Junto a Ciudad Cuauhtémoc, visitamos um ancião menonita. Em redor de Creel, convivemos, pela primeira vez, com a comunidade indígena Rarámuri da Serra de Tarahumara.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Vida Selvagem
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.