Míconos, Grécia

A Ilha Grega em Que o Mundo Celebra o Verão


Sombras de Renda II
Amigas à sombra na prainha na extensão da Little Venice de Míconos.
Uma igreja pouco ortodoxa
A igreja de Paraportiani, com as suas linhas nada convencionais.
Ruela de Hora
Rua branca e azul tradicional de Míconos.
Selfie-a-duas
Amigas fotografam-se na esplanada de Little Venice.
Grécia souvenir
Loja de recordações numa ruela de Hora, Míconos.
2/5 de Kato Mili
Dois dos 5 moinhos do conjunto de Kato Mili.
“Celestyal Crystal”
Navio cruzeiro "Celestyal Crystal" ancorado ao largo de Míconos.
Adoração do ocaso
Multidão de adoradores do pôr-do-sol na praínha de Little Venice.
Outro Fim de Dia
Visitantes de Míconos admiram o pôr-do-sol.
Hora Nocturna
Lusco-fusco amarela o casario de Hora (cidade, em Grego).
Fé a cores
Transeuntes contornam uma das várias capelas ortodoxas de Hora.
Só fachada
As fachadas pitorescas de Little Venice.
Linhas pouco ortodoxas
Arquitectura harmoniosa mas excêntrica da igreja ortodoxa de Paraportiani.
Sombra de Renda I
Visitante de Míconos à sombra na prainha na extensão da Little Venice. de Míconos.
“Celestyal Crystal”
Navio cruzeiro "Celestyal Crystal" ancorado ao largo de Míconos.
Durante o século XX, Míconos chegou a ser apenas uma ilha pobre mas, por volta de 1960, ventos cicládicos de mudança transformaram-na. Primeiro, no principal abrigo gay do Mediterrâneo. Logo, na feira de vaidades apinhada, cosmopolita e boémia que encontramos quando a visitamos.

O “Celestyal Crystal” em que seguíamos, procedentes do porto ateniense de Piraeus, atraca em Míconos à hora de tabela, as sete da manhã. Não é o primeiro cruzeiro do dia a ancorar na ilha. Não seria o último. Desembarcamos para um dos habituais dias gloriosos do estio do Egeu: de céu azul, como pelo menos metade da bandeira grega. Azulão à imagem das variantes que quebram o branco do casario por diante.

Que se possam dizer seus, Míconos mantém nesses lares tradicionais uns dez mil habitantes. Quando chega Maio, se não for logo em Abril, acolhe uma migração de visitantes de todas as partes.

Uns chegam por mar, outros por ar. Alguns, desejosos de desvendar o âmago civilizacional das Cíclades, a sua história e o património arquitectónico e cultural lá legado. Outros – a grande maioria, há que dizê-lo – afluem atraídos pela aura de destino grã-fino, hedonista sempre jovem, em forma e na moda.

Cimo da igreja ortodoxa de Paraportiani, em Míconos, Grécia

Arquitectura harmoniosa mas excêntrica da igreja ortodoxa de

Desembarcamos para o cimento do molhe que envolve a baía piscatória à entrada de Hora. As esplanadas em volta não tardam a ficar preenchidas de convivas entregues às especialidades gastronómicas helénicas. A prainha abaixo da rua Polikandrioti acolhe dezenas de almas turistas que sacrificavam repastos nos restaurantes da marginal pela poção mágica do sol e do mar afável do Egeu.

Metemo-nos no labirinto de ruelas para sul da marginal e  abstraímo-nos o mais que conseguimos da mácula comercial, inevitável numa ilha diminuta que recebe cerca de dois milhões de forasteiros por ano.

Deixamo-nos encantar pela elegância simples do casario: as cúpulas, portas, janelas, varandas e corrimões azuis ou vermelhos, destacados das incontáveis paredes alvas. As bougainvilleas fartas e outras trepadeiras exuberantes a alastrarem e penderem das varandas e terraços, adubadas pela bonança financeira que o turismo emprestou a Míconos.

 

Transeunte numa rua de Hora, Míconos, Grécia

Transeunte percorre uma rua tradicional de Hora, a cidade de Míconos.

Uma Ilha Requintada, uma ilha Incontornável dos Influencers

Mesmo a essa hora calorenta, passamos por recantos já gastos de tão pisados e retratados pelos influencers que disputam a ilha. Encontramo-los amiúde em acção. Em filas disfarçadas, à espera da sua vez de estenderem os reflectores para retocarem o make up e produzirem as fotos e os vídeos clonados e “invejáveis” com que fidelizam as multidões de seguidores.

As brisas de requinte e sofisticação pós-adolescente que confluíram para Míconos a partir de 1960 não mais pararam de soprar desde a invasão gay de então. Rendida aos proveitos dos novos ares, Míconos reajustou-se.

Os antigos lares das famílias de pescadores são agora hotéis boutique e boutiques, bares, restaurantes, lojas glamorosas de tudo um pouco e incontáveis negócios particulares registados no Booking, AirBnB e afins. São minas insulares que enchem as contas bancárias dos moradores e dos investidores durante a Primavera-Verão e que lhes permitem atravessar, sem problemas, o pousio do Inverno, quando quase tudo em Mykonos permanece encerrado.

Loja de recordações, Hora, Míconos, Grécia

Loja de recordações numa ruela de Hora, Míconos.

São proveitos fáceis, nunca sonhados nas décadas iniciais do século XX, uma altura em que, após a abertura do Canal de Corinto e a Primeira Guerra Mundial, os habitantes de Míconos se viram vítima de um inesperado declínio comercial e foram forçados a emigrar para o continente grego e para os mais diversos países do mundo, sobretudo para os Estados Unidos. No enfiamento da História, os deuses gregos parecem ter tido em conta a proximidade de Míconos face a Delos, o santuário sagrado de Apolo. E protegeram os micónios a condizer.

Little Venice. Pequena Veneza à Moda Helénica

No lugar de Delos, a marginal alternativa da Little Venice local é o poiso de culto da turba de gays, princesas da moda e VIPs viajados. Passeiam-se em Míconos, esculturais e trajados de trapos exorbitantes. Para seu indisfarçável desgosto, Míconos abriu também portas a um populacho mais idoso e descuidado, “culpa dos cruzeiros”, escutamos intrigarem más línguas ao sol.

Mais para o fim da tarde, contornamos as esquinas arredondadas da igreja ortodoxa Paraportiani e enfiamo-nos na ruela Agion Anargiron que ziguezagueia na direcção de Little Venice. Caminhamos determinados a descobrir como e porquê se tornara tão popular aquela amostra cicladense de Veneza.

Mas, avançamos alguns metros e vemo-nos barrados pelo tráfico pedestre da zona. A ruela mal dá para duas pessoas se cruzarem. Como se não bastasse, lá se sucedem lojas com artesanato e recordações pendurados no exterior. Uns turistas detêm-se de um lado a examinar algo. Outros, imitam-nos do lado oposto. Assim se geram filas caóticas que, quando os milhares de passageiros de três ou mais cruzeiros deambulam ao mesmo tempo pela povoação, se provam quase intransponíveis.

Com paciência de chinês, esperamos que o grande sino-grupo que nos antecede abra caminho. Após o que cortamos para o beco Venetias para logo darmos com uma correnteza de bares-esplanada em que esbarravam as ondas gentis do Egeu. Ali, casais apaixonados, grupos de amigos entretidos a bebericar gin, cocktails e cerveja prolongam convívios arejados e ensaiam selfies e mais selfies, afogados em grandes almofadões ou recostados em cadeiras de realizador.

Amigas em Little Venice, Míconos

Amigas fotografam-se na esplanada de Little Venice.

Como indicia o nome do lugar, os edifícios semi-afundados no mar foram erguidos no século XIV, no período em que os Venezianos controlaram Míconos e tantas outras ilhas gregas, até que, decorria o século XVIII, os Otomanos delas se apoderaram.

Moinhos de Kato Mili, Míconos

Dois dos 5 moinhos do conjunto de Kato Mili.

Os Moinhos Concorridos de Kato Milli

Outro conjunto arquitectónico ímpar de origem veneziana, mais que batido pelos influencers e viciados em selfies, é o formado pelos cinco moinhos de Kato Mili (moinhos de baixo).

Na era veneziana, a principal produção da árida Míconos era o trigo. Tendo em conta a constância dos ventos Meltemi (do italiano mal tempo), por volta do século XVI, começaram a ser instalados moinhos processadores do cereal. Chegaram a contar-se algumas dezenas. Hoje, sobram dezasseis. Destes, mesmo desprovida das suas velas brancas mas mais acessível e exposta ao ocaso a quina de Kato Mili preserva um óbvio protagonismo.

Mal o sol poente começa a alaranjar o céu para oeste, grupos de visitantes irrequietos colocam-se nos lugares privilegiados para apreciarem o mergulho do grande astro e o registarem embelezado pelas silhuetas dos engenhos.

Multidão ao pôr-do-sol, Little Venice, Míconos, Grécia

Multidão de adoradores do pôr-do-sol na praínha de Little Venice.

O ocaso arrasta-se, num registo também ele grego, sem pressas ou imprevistos. Temos tempo de sobra de circularmos entre os moinhos, de contemplarmos o dourar das fachadas da Little Venice e de descermos para a praia abaixo de Kato Mili. Quando lá chegamos, os visitantes da ilha concentravam-se em peso sobre o murinho da marginal e no areal contíguo, de smartphones e máquinas fotográficas em riste.

Soa apenas um burburinho de fundo que o vento funde com a música próxima dos bares. Aos poucos, o sol afunda-se entre um grande cruzeiro fundeado ao largo e uma escuna ancorada para proporcionar a passageiros pagantes uma contemplação vantajosa face a quem estavam em terra.

Tínhamos acabado de entrar em Junho. Com mais quatro meses de posts dos seus cenários e crepúsculos, Míconos conquistará milhares de novos seguidores.

Pôr-do-sol em Míconos, Grécia

Visitantes de Míconos admiram o pôr-do-sol.

 

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Valência a Xàtiva, Espanha

Do outro Lado da Ibéria

Deixada de lado a modernidade de Valência, exploramos os cenários naturais e históricos que a "comunidad" partilha com o Mediterrâneo. Quanto mais viajamos mais nos seduz a sua vida garrida.

Jaffa, Israel

Onde Assenta a Telavive Sempre em Festa

Telavive é famosa pela noite mais intensa do Médio Oriente. Mas, se os seus jovens se divertem até à exaustão nas discotecas à beira Mediterrâneo, é cada vez mais na vizinha Old Jaffa que dão o nó.
Senglea, Malta

A Cidade Maltesa com Mais Malta

No virar do século XX, Senglea acolhia 8.000 habitantes em 0.2 km2, um recorde europeu, hoje, tem “apenas” 3.000 cristãos bairristas. É a mais diminuta, sobrelotada e genuína das urbes maltesas.
Valletta, Malta

As Capitais Não se Medem aos Palmos

Por altura da sua fundação, a Ordem dos Cavaleiros Hospitalários apodou-a de "a mais humilde". Com o passar dos séculos, o título deixou de lhe servir. Em 2018, Valletta foi a Capital Europeia da Cultura mais exígua de sempre e uma das mais recheadas de história e deslumbrantes de que há memória.
Iraklio, CretaGrécia

De Minos a Menos

Chegamos a Iraklio e, no que diz respeito a grandes cidades, a Grécia fica-se por ali. Já quanto à história e à mitologia, a capital de Creta ramifica sem fim. Minos, filho de Europa, lá teve tanto o seu palácio como o labirinto em que encerrou o minotauro. Passaram por Iraklio os árabes, os bizantinos, os venezianos e os otomanos. Os gregos que a habitam falham em lhe dar o devido valor.
Fira, Santorini, Grécia

Fira: Entre as Alturas e as Profundezas da Atlântida

Por volta de 1500 a.C. uma erupção devastadora fez afundar no Mar Egeu boa parte do vulcão-ilha Fira e levou ao colapso a civilização minóica, apontada vezes sem conta como a Atlântida. Seja qual for o passado, 3500 anos volvidos, Thira, a cidade homónima, tem tanto de real como de mítico.
Nea Kameni, Santorini, Grécia

O Cerne Vulcânico de Santorini

Tinham decorrido cerca de três milénios desde a erupção minóica que desintegrou a maior ilha-vulcão do Egeu. Os habitantes do cimo das falésias observaram terra emergir no centro da caldeira inundada. Nascia Nea Kameni, o coração fumegante de Santorini.
Chania a Elafonisi, Creta, Grécia

Ida à Praia à Moda de Creta

À descoberta do ocidente cretense, deixamos Chania, percorremos a garganta de Topolia e desfiladeiros menos marcados. Alguns quilómetros depois, chegamos a um recanto mediterrânico de aguarela e de sonho, o da ilha de Elafonisi e sua lagoa.
Chania, Creta, Grécia

Chania: pelo Poente da História de Creta

Chania foi minóica, romana, bizantina, árabe, veneziana e otomana. Chegou à actual nação helénica como a cidade mais sedutora de Creta.
Balos a Seitan Limani, Creta, Grécia

O Olimpo Balnear de Chania

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Atenas, Grécia

A Cidade que Perpetua a Metrópolis

Decorridos três milénios e meio, Atenas resiste e prospera. De cidade-estado belicista, tornou-se a capital da vasta nação helénica. Modernizada e sofisticada, preserva, num âmago rochoso, o legado da sua gloriosa Era Clássica.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
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Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
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O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
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Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
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Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
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Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.