Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente


Fim de mais um dia
Sol põe-se detrás do Monte Cara e alaranja a Baía do Porto Grande e a sua marina.
Cidade milagrosa
O casario do Mindelo disposto em redor da Baía do Porto Grande, com o Monte Cara em fundo.
Sombra Fugidia
Motorizada estacionada à sombra de um prédio decadente de tom anil.
Atrás da Baliza
Cliente num bar do Mindelo com decoração futebolística.
Cortes Benfiquistas
Barbeiros da barbearia Benfica ( Av. Marginal) em plena acção.
Em Boa Companhia
Edifício da velha empresa Figueira e Cia, Lda, um dos mais emblemáticos da Av. Marginal.
O Descobridor
Estátua do descobridor Diogo Afonso acima do areal e da Av. Marginal.
A Marginal
Marginal do Mindelo encerrada por um dos picos ocre que rodeiam a cidade.
O Palácio do Povo
Ciclistas passam em frente do Palácio do Povo, antigo Palácio do Governador.
Sombras & Cores
Transeunte passa por um edifício peculiar da zona histórica do Mindelo.
Ocaso Balnear
Salva-vidas da Prainha arrumam uma prancha com o sol quase a cair para detrás do Monte Cara
Vendedores na Rua
Mindelenses improvisam uma venda num rua gasta da cidade.
São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.

A extensão arredondada do Mindelo, com o seu casario pastel e prolífico a querer engolir de uma vez a angra que lhe serviu de molde, só nos complicava a missão de encontrarmos um ponto de observação privilegiado.

Tinham-nos falado de dois, como seria de esperar, ambos situados sobre a encosta que aperta a cidade, sobretudo a leste.

Dois ou três pedidos de indicações depois, ainda meio perdidos numa segunda ou terceira linha do bairro de João d’Évora, explicam-nos o início do trilho para o Monte Alto que buscávamos, esperávamos que o caminho para uma das vistas abençoadas da ilha.

Assim se confirmou.

O Panorama do Mindelo Glorioso, do Cimo do Monte Alto

Já no cume, percebemos como os seus 126 metros e a inclinação do monte o tinham transformado numa estranha ilha geológica, uma orgulhosa resistente ocre cercada dos lares e estabelecimentos que, com os tempos, as gentes cabo-verdianas e as de fora fizeram expandir o Mindelo.

Para baixo, concêntricas face ao extremo norte da baía, víamos destacarem-se os edifícios mais sólidos da cidade, sem grande lógica ou espartilhos arquitectónicos.

Cidade de Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O casario do Mindelo disposto em redor da Baía do Porto Grande, com o Monte Cara em fundo.

Uns, vivendas térreas, ou pouco mais. Outros, prédios já com os seus quatro ou até cinco andares.

Todos eles em tons de pastel, todos encaixados no sopé que, dali, ascende por 8km, de forma suave, aos 750 m do Monte Verde, o zénite ventoso de São Vicente.

Uma vez seguro de si, o Mindelo deixou de se contentar com o entorno mais acolhedor e proveitoso do Porto Grande. Apreciamos o panorama noutras direcções e até para trás do monte que nos sustinha.

O casario estendia-se por ali mesmo, num mar de cimento em blocos que, quanto mais distante do mar mais cinzento se tornava, sem os salpicos de branco e de outras cores próprias do âmago urbano.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, Sombras e cores

Transeunte passa por um edifício peculiar da zona histórica do Mindelo.

Daquele cimo, víamos os barcos de recreio, na marina, uns poucos ferries.

E alguns cargueiros sarapintarem o azul-marinho do Atlântico, pontos de escala que faziam salientar a imponência oposta e rugosa do Monte Cara (490m), mais para o ocidente arenoso e ressequido de Lazareto, do Monte Sossego, zonas também elas limítrofes que, salvo umas poucas excepções, o Mindelo está por ocupar.

Damos por encerrada a contemplação elevada que nos entretinha. Regressamos à base do Monte Alto, ao carro e à Avenida Marginal de que tínhamos partido.

A Beira-Mar que Une os Mindelenses ao Mindelo, São Vicente

Reencontramos o pontão complementar do Pont d’Água no seu oásis frondoso de Bohemian Chick. Assim que cruzamos a estrada para a Praça Dom Luís, voltamos ao Mindelo secular, resplandecente de história, de vida e de morabeza que mais encanta quem o visita.

A Rua Libertad d’África alça-nos à elegância e importância do antigo Palácio do Governador, hoje, em tempos de Democracia apostada em se provar exemplar, denominado Palácio do Povo.

Rosa e branca, a mansão surge, a quem por ali passa, como um cenário de Alice no País das Maravilhas caído, sem estragos, do céu azulão acima.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, Palácio do Povo

Ciclistas passam em frente do Palácio do Povo, antigo Palácio do Governador.

Passam por ele, transeuntes embrenhados nos seus afazeres. Os pedestres em modo defensivo face ao trânsito que lhes passa a rasar.

Os condutores, a evitarem a mini-rotunda rasa, feita de canteiros listados, que as autoridades se lembraram de por ali instalar.

Arte, também em forma de instalações, abunda no Palácio do Povo.

Vencida, desde 1975, a lógica habitacional dos governadores coloniais, além de embelezar a mansão, o Mindelo destinou-a à expressão artística já de si prolífica na cidade, caso único de criatividade no arquipélago, caso sério na, mais vasta, Macaronésia.

O Mindelo e a sua Incontornável Aptidão Artística

Vagueamos para sul na grelha urbana. Passamos a edilidade da ilha de São Vicente.

Damos connosco na Pracinha da Igreja, de frente para a igreja da Nª Srª da Luz, o umbigo do Mindelo, à volta da qual se prostraram as suas casas e ruas pioneiras, a começar pela Rua da Luz que calcorreávamos.

À falta de arte premeditada e assinada, o Mindelo revela-nos, logo ao lado, uma versão casual que nos deixa rendidos.

Recuado face à fachada do templo, um velho prédio em tempos de um azul-claro igual ao celeste, descascava sob secura inclemente de São Vicente.

Em frente à sua própria fachada, uma acácia tresmalhada erguia-se pouco acima do piso térreo.

Determinado em evitar que a pintura da motorizada acabasse como a do edifício, um morador mantinha-a na sombra fugidia da árvore.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, Sombra de acácia

Motorizada estacionada à sombra de um prédio decadente de tom anil.

O calor estival, a falta de água e de sombra, a dificuldade em semear e conseguir colher, bem como de criar animais foram os principais obstáculos enfrentados pelos povoadores pioneiros.

Outros surgiriam.

De acordo com a carta régia de D. Afonso V, terá sido Diogo Afonso, escudeiro do Infante D. Fernando, o descobridor de São Vicente, bem como da Brava, de São Nicolau, São Vicente, Santo Antão e dois outros ilhéus, o Branco e o Raso.

Por esse feito de 1462, o navegador mantém, aliás, uma estátua de bronze acima da marginal.

Entre os barcos dos pescadores e a que, quando a praia-mar entra em pleno, o Atlântico chega quase aos pés, prestando-lhe a devida vassalagem.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, estátua de Diogo Afonso

Estátua do descobridor Diogo Afonso acima do areal e da Av. Marginal.

A Vida Atarefada da Avenida Marginal de Mindelo, São Vicente

O meio da avenida é marcado por grandes palmeiras. Vemos as suas sombras graciosas projectadas nas fachadas multicolores que a encerram, casas dos mais distintos negócios estabelecidos e itinerantes.

Aqui e ali, a relação quase umbilical entre Cabo Verde e Portugal salta à vista.

Ali por perto, destaca-se, ainda mais acima, a réplica da Torre de Belém. Foi inaugurada em 2010 com a presença do então Presidente Cavaco Silva, de visita a Cabo Verde, para celebrar os 550 anos passados desde a chegada dos navegadores portugueses.

Numa pitoresca barbearia, a bandeira nacional convive com uma panóplia de calendários, emblemas e fotografias do Benfica.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, barbearia

Barbeiros da barbearia Benfica ( Av. Marginal) em plena acção.

São vários os jogadores do Grandioso, seus rivais e convocados para a selecção portuguesa nascidos em Cabo Verde ou filhos de pais cabo-verdianos que mantêm dupla nacionalidade.

Numa de tantas vezes que caminhamos pela Av. Marginal, cruzamo-nos com Vânia e Riseli, jovens vendedoras de fruta e vegetais.

Conversa puxa conversa, entramos numa perspectiva não desportiva do tema paternidade. A sua confissão conformada deixa-nos estupefactos: “aqui em Cabo Verde, homem só serve para fazer filhos.

Depois, até evita passar por nós para não exigirmos nada.”  “Então ficam só com a parte divertida, como pode ser?” retorquimos.

“É isso mesmo. Isto, por cá, não tem nada a ver com Portugal! Eu tenho um filho. Só eu e os meus pais cuidamos dele. Ela já tem dois, é a mesma coisa…”

Alguns Mindelenses adeptos das cartas, encostam-se ao bronze de Diogo Afonso, no intervalo das jogatanas disputadas debaixo de quatro telheiros irmanados.

O Longo Hiato Histórico entre o Descobrimento e o Povoamento

Hoje, os Mindelenses são mais de setenta mil. Têm direito a estas aturadas pausas lúdicas, animadas a dobrar pelas discussões em redor dos eventos futebolísticos da ex-metrópole.

Nas muitas décadas que se seguiram ao descobrimento de Diogo Afonso, as raras tentativas de assentamento fracassaram, umas, mais danosas que outras.

Os piratas e corsários, esses, habituaram-se a usar a Baía do Porto Grande como covil para as suas investidas sobre os navios das potências colonizadoras.

A posição fulcral de São Vicente, como alpondra providencial na navegação para a América do Sul, levou ainda a que, em 1624, os Holandeses lá reagrupassem a sua armada, com o objectivo de tomarem, aos portugueses, a Baía de Todos os Santos (Salvador) e, daí, o que conseguissem do Brasil.

Só um século e meio depois, já saturadas de tanto e continuado abuso do arquipélago (sobretudo dos piratas) as autoridades portuguesas ditaram que São Vicente teria que ser povoado.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, Marginal

Marginal do Mindelo encerrada por um dos picos ocres que rodeiam a cidade.

Por Fim, o Assentamento que Urgia em Mindelo

Decorreram quase outros quinze anos. Lá desembarcaram, por fim, os primeiros desafortunados: vinte colonos servidos por cinquenta escravos que a Cidade Velha de Santiago há muito traficava, levados da ilha do Fogo.

O capitão-mor de São Vicente, um tavirense endinheirado, fê-los instalarem-se numas poucas cabanas e barracas, no lugar da actual praça da Igreja Nª Srª da Luz, por essa altura, a aldeia de Nª Srª da Luz.

Em 1819, ainda se contavam menos de 120 os habitantes da ilha.

Fazendo fé no potencial do Porto Grande, o novo governador recrutou outras cinquenta e seis famílias, na ocasião, oriundas da bem mais fértil ilha de Santo Antão.

Sonhador, facilmente impressionável pela pompa, António Pusich decidiu homenagear a Imperatriz da Áustria. Rebaptizou a povoação de Leopoldina.

São Vicente, não tinha ainda água que assegurasse a sobrevivência das suas gentes, quanto mais requintes.

Ou sequer a diversidade de vegetais, frutas e outros bens da terra que agora enchem de cor e de ânimo o mercado municipal, o do Peixe, o dos Vegetais e os móveis, de rua, que destes se estendem em redor do vestuário e artesanato predominante na Praça Estrela.

Passados mais dois anos, boa parte dos 295 moradores que alentavam o sonho Pusichiano de Leopoldina, já tinham debandado.

A Entrada em Cena dos Ingleses e do Carvão

A colonização de São Vicente só voltou a ganhar tracção quando os ingleses chegaram, determinados a extrair e vender o carvão até então ignorado da ilha aos navios a vapor, negócio propulsionado pelas várias companhias de navegação inglesas que percorriam o Atlântico.

O carvão depressa se provou o combustível civilizacional de São Vicente, como o sal se revelou o da ilha do Sal.

Com a escravatura abolida e a cidade a abrir-se cada vez mais ao progresso e ao mundo, um surto de febre amarela voltou a reduzir os habitantes da cidade. De 1400 para metade.

Durante os anos 30 do século XX, o súbito declínio da venda de carvão e da ancoragem de barcos no Porto Grande, agravado pelas secas e pela fome da década de 40 levaram a muitas mortes, a uma intensa diáspora e a nova decadência da cidade.

A vida nas restantes ilhas revelava-se, todavia, tão ou mais precária.

A crença de que o Porto Grande abrigava inesgotáveis empregos instigou a migração para o Mindelo. Lá continuam a abundar.

O sol volta a envolver-se com o pico do Monte Cara. Também a praia da Laginha se prepara para a noite.

Eliseu Santos, salva-vidas escultural, bombeiro, segurança e professor de educação-física desce da torre de observação e recolhe uma prancha da beira d’água.

A essa hora, ele e o colega que o ajuda tornam-se silhuetas em movimento contra a baía prateada.

Logo, um grupo dá música à rua de Libertad d’Africa, sobre um palco montado de costas para o Palácio do Povo.

O Mindelo entrega-se de vez ao seu delicioso modo hedónico.

Cesária Évora, Rainha da Morna, a filha mais Famosa do Mindelo

O Mindelo viu nascer e falecer, em 2011, a sua Rainha da Morna, Cesária Évora.

E não tardam a soar também êxitos da “diva dos pés descalços”, a começar pela “Saudade” de San Niclau, todos eles vindos da Casa da Morna, logo ao lado do prédio emblemático da Figueira & Cia, Lda.

Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, Figueira e Cia

Edifício da velha empresa Figueira e Cia, Lda, um dos mais emblemáticos da Av. Marginal.

O Contributo Decisivo da Migração e da Emigração

O facto de, a determinada altura, o Mindelo ter o único liceu do Barlavento fez com que lá se concentrasse a nata dos intelectuais do arquipélago, incluindo Amílcar Cabral. A sua presença esteve na origem da emergente consciência nacional cabo-verdiana.

A partir de 1968, as verbas enviadas pelos emigrantes da diáspora, sobretudo na Europa e nos E.U.A., melhoraram sobremaneira a vida cabo-verdiana.

Seis anos depois, a Revolução do 25 de Abril abriu as portas à independência e ao regresso à cidade de muitos quadros e políticos que antes viviam emigrados ou noutras ex-colónias portuguesas.

O Mindelo reorganizou-se política e economicamente. Em redor do Porto Grande, claro está.

O legado cultural luso, inglês, o norte-americano e europeu para lá remessado pelas sucessivas gerações de diáspora cabo-verdiana geraram uma capital de São Vicente enérgica, criativa e reluzente, quem sabe, se o entreposto atlântico que o governador António Pusich se atreveu a fantasiar.

O Mindelo é, nos nossos dias, a segunda cidade do arquipélago, a mais dinâmica e viajada.

E, se tivermos em conta a desolação cozida pelo sol e soprada pelos Alísios com que Diogo Afonso se deparou, um luxo como nenhum outro em Cabo Verde.

Salva-vidas da Prainha arrumam uma prancha com o sol quase a cair para detrás do Monte Cara

São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
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Religião
Lhasa, Tibete

Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Trem do Serra do Mar, Paraná, vista arejada
Sobre Carris
Curitiba a Morretes, Paraná, Brasil

Paraná Abaixo, a Bordo do Trem Serra do Mar

Durante mais de dois séculos, só uma estrada sinuosa e estreita ligava Curitiba ao litoral. Até que, em 1885, uma empresa francesa inaugurou um caminho-de-ferro com 110 km. Percorremo-lo, até Morretes, a estação, hoje, final para passageiros. A 40km do término original e costeiro de Paranaguá.
Vulcão ijen, Escravos do Enxofre, Java, Indonesia
Sociedade
Vulcão Ijen, Indonésia

Os Escravos do Enxofre do Vulcão Ijen

Centenas de javaneses entregam-se ao vulcão Ijen onde são consumidos por gases venenosos e cargas que lhes deformam os ombros. Cada turno rende-lhes menos de 30€ mas todos agradecem o martírio.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Fazenda de São João, Pantanal, Miranda, Mato Grosso do Sul, ocaso
Vida Selvagem
Fazenda São João, Miranda, Brasil

Pantanal com o Paraguai à Vista

Quando a fazenda Passo do Lontra decidiu expandir o seu ecoturismo, recrutou a outra fazenda da família, a São João. Mais afastada do rio Miranda, esta outra propriedade revela um Pantanal remoto, na iminência do Paraguai. Do país e do rio homónimo.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.