Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda


Agaves
Agaves destacados do cimo do Delgadinho, a passagem mais apertada da estrada da Corda.
Em Doca Seca
Barcos de pesca garridos nas imediações de Porto Novo.
Burrico
Burrico estacionado numa berma da Estrada da Corda.
Trabalho do campo
Camponeses trabalham no fundo da Cova do Paul.
Em Reparação
Avaria motorizada em pleno Delgadinho.
Tarde quase noite
Ocaso como visto do cimo do Delgadinho para norte.
A caminho da Ribeira Grande
Carrinha desce a calçada estreita do Delgadinho.
Burrico carregado
Morador guia um burrico, na orla da montanha, acima de Porto Novo.
Cova do Paul
A caldeira sempre cultivada da Cova do Paul.
A Ribeira Grande e profunda
Meandro do desfiladeiro profundo da Ribeira Grande, como visto do Delgadinho.
Corda (de Estendal)
Pick up desce em direcção à Corda, e abaixo de uma corda de estendal.
Feijão-Pedra
Mãos que descascam feijão-pedra, um alimento tradicional de Santo Antão.
Feijão pedra para duas
Mãe e filha descascam feijão-pedra na sua casa à beira da Estrada da Corda.
A caminho
Carro vende mais uma ladeira da Estrada da Corda, ainda entre Porto Novo e a Corda.
José Cabral, da Corda
José Cabral, morador da Corda que chegou a trabalhar em Portugal.
“Mar d’Canal”
Ferry "Mar d'Canal" durante mais uma das travessias agitadas entre o Mindelo e Porto Novo.
Mar de Névoa
Névoa avança e recua na vertente o Lombo da Figueira.
Névoa monitorizada
Névoa sobe para o Lombo de Figueira e quase cobre o radar local.
Ocaso Escarlate
Outra vista do ocaso, de outro ponto da Estrada da Corda.
Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.

A génese vulcânica e uma geomorfografia caprichosa moldaram a exuberância verde-árida de Santo Antão. Mas não só. Ditaram também uma inacessibilidade por ar e respectivo isolamento que só a irmandade de São Vicente, logo ali do lado contrário do canal homónimo, parece aliviar.

Não fosse São Vicente, Santo Antão viveria um outro nível de solidão atlântica.

São Vicente confirmou-se o nosso ponto de aterragem inaugural em Cabo Verde. Sem surpresa, foi do Mindelo, a sua capital, que zarpámos para o canal, rumo ao Porto Novo de Santo Antão.

Quase residentes no arquipélago, há meses que os ventos Alísios castigavam tanto uma ilha como a outra. De maneira tal que, quando visitamos as instalações das companhias de navegação no porto de São Vicente, estavam por confirmar as travessias seguintes.

Por fim, com a tarde a meio, a ventania dá de si. O suficiente para permitir a navegação, afectada por uma turbulência a que os comandantes e os passageiros estavam já habituados. Quando embarcamos no “Mar d’Canal”, uma das primeiras medidas da tripulação é dotar os passageiros de sacos de enjoo. Mesmo se se tratava de um procedimento padrão, o Atlântico não tardou dar-lhe sentido.

O “Mar d’Canal” deixa a baía do Porto Grande para trás. Desliza, com suavidade, na direcção do ilhéu dos Pássaros. À medida que víamos definir-se os recortes do cimo do Monte Cara, as vagas do canal formavam altos e baixos cada vez mais cavados.  Agitavam o ferry e faziam-no adornar sem misericórdia. A espaços, de tal forma que, no convés superior em que seguíamos, qualquer esboço de deslocação se revelava uma aventura.

Ferry Mar d'Canal, Santo Antão, Cabo Verde

Ferry “Mar d’Canal” durante mais uma das travessias agitadas entre o Mindelo e Porto Novo.

Prosseguimos neste embalo violento por uns bons quarenta minutos, à mercê do Atlântico azulão mas encrespado,  salpicado de grandes cristas de espuma.

Aos poucos, Santo Antão usurpou o protagonismo de São Vicente. As vertentes imponentes, repletas de sulcos da costa sudeste da ilha ganharam volume, recorte e cor. Como ganhou o casario multicolor estendido entre a Ribeira do Tortolho e o porto do Porto Novo em que se encerrou a travessia.

À hora do desembarque, o sol já desaparecia para o oeste da ilha. Demos entrada no hotel. Pouco depois, voltamos a sair, esperançados de ainda resolvermos o eterno problema do cartão SIM e mais uma ou duas chatices essenciais ao périplo por Cabo Verde a que nos íamos dedicar.

Caminhamos pelas ruelas da cidade mais próximas do mar, entre casas e negócios enfiados em edifícios de tons pastel que, destacados do solo de asfalto ou de areia e poeira vulcânica, se disfarçavam de garridos.

Entretanto escurece. Se até os Alísios se rendiam a umas tréguas e repouso nocturno, quem éramos nós para destoar.

A Ascensão Vertiginosa de Porto Novo a Lombo da Figueira

Despertamos antes do vento. Regressamos à marginal de Porto Novo, apostados em arranjarmos um carro à altura da montanha-russa natural de Santo Antão. A primeira viatura que alugamos fica sem bateria pouco depois. Na segunda tentativa, fazemos finca-pé numa pick up, mais dispendiosa mas que sabíamos estar noutro nível de resistência e fiabilidade.

Com o transporte resolvido, confirmamos que a secção mais urbanizada e transitável da ilha se situava no seu terço superior. Só duas estradas permitiam viajar da maior cidade, Porto Novo, até aos polos urbanos da costa nordeste do Paul, Janela, Ribeira Grande e Ponta do Sol.

Uma dessas estradas avançava contra os ponteiros do relógio, pelo sopé das montanhas do norte. A outra, ascendia, sem grandes rodeios, mas por incontáveis meandros, a uma crista que coincidia com o limite da municipalidade do Porto Novo.

Ainda antes de partirmos, passeamos pela praia vulcânica em que desagua a Ribeira do Tortolho, entretidos com o contraste entre os grandes seixos negros e polidos de basalto e as cores vivas dos barcos de pesca. Apreciamo-los, alinhados no cimo do pedregal, em harmonia com o firmamento e com três ou quatro acácias verdejantes, como uma bem ponderada instalação piscatória.

Barcos pesca, Santo Antão, Cabo Verde

Barcos de pesca garridos nas imediações de Porto Novo.

Dali, voltamos a embrenhar-nos no casario do Porto Novo, até encontrarmos a perpendicular da cidade de que partia a Estrada da Corda.

Numa primeira secção, o empedrado ondulado da via leva-nos encosta acima, de forma gradual e pouco sinuosa, numa ascensão suave que a poderosa pick up vence sem esforço.

A determinada altura, a estrada chega a sectores da vertente bem mais íngremes. A Corda enrola-se em sucessivos ziguezagues murados, entre arbustos espinhosos e mais acácias.

Estrada da Corda, Santo Antao, Cabo Verde

Carro vende mais uma ladeira da Estrada da Corda, ainda entre Porto Novo e a Corda.

Mais esse, menos esse, atingimos o Lombo da Figueira. E um entroncamento já sobre a fronteira das municipalidades de Porto Novo e de Paul.

A Deslumbrante Caldeira Agrícola de Cova do Paul

Para diante no caminho, ficava a intrigante Cova de Paul. Para leste, a via conduzia ao miradouro de Paul e ao Pico da Cruz, estes pontos, como a estrada em si, com algumas das melhores vistas sobre o sul de Santo Antão e o Atlântico abaixo.

Damos prioridade ao desvio. Detemo-nos no miradouro de Paul. Dali, fascinamo-nos com os avanços e recuos subtis da névoa, a afagar e irrigar a falda arborizada abaixo, uma das mais frondosas de toda a ilha, viríamos mais tarde a concluir. Passamos a capela da Nª Srª da Graça.

Burrico carregado, Santo Antão, Cabo Verde

Morador guia um burrico, na orla da montanha, acima de Porto Novo.

No lugarejo abaixo, confraternizamos com alguns santoantonenses encasacados para o fresco e húmido das alturas, que se abasteciam no depósito de água potável local.

Regressamos à Estrada da Corda. Contados uns poucos quilómetros, achamos a abertura na vegetação que concedia o Miradouro da Cova.

Cova do Paul ,Santo Antão, Cabo Verde

A caldeira sempre cultivada da Cova do Paul.

A Cova é uma das várias caldeiras que aprofundam o perfil vulcânico de Santo Antão. Quando a espreitamos da beira da estrada, em vez de um ar sulfúrico, paira sobre ela uma névoa inócua, uma espécie de extensão interior das nuvens que tínhamos avistado do miradouro do Paul.

Essa névoa é vital para a actividade agrícola minifundiária e pitoresca com que os santoantonenses preenchem a quase totalidade do quilómetro de diâmetro da caldeira. Com milho, cana-de-açúcar, mandioca e, claro está, feijão-pedra. Descemos. Cirandamos por ali, entre as sebes de cana-de-açúcar com que os camponeses salpicam a terra fértil.

Camponeses, Cova do Paul, Santo Antão, Cabo Verde

Camponeses trabalham no fundo da Cova do Paul.

Quando as nuvens a cobrem na íntegra, uma chuvinha molha-tolos encharca-nos. Regressamos à Corda.

Arlinda, Kelly e o Castigo do Feijão-Pedra

Já em pleno domínio de Paul, atravessamos a Fajã de Cima. À passagem, atrai-nos a visão de uma mãe e filha, sentadas, lado a lado, ao sol, a descascarem feijão-pedra de cestos de vime para pequenas latas.

Feijão-Pedra, Santo Antão, Cabo Verde

Mãos que descascam feijão-pedra, um alimento tradicional de Santo Antão.

Chamam-se Arlinda Neves, a mãe.

E Kelly Neves, a filha. “Tenho o meu irmão e a minha nora a morarem lá ao pé de Lisboa…onde é… ah é na Baixa da Banheira” informa-nos Kelly. “Só os vemos uma vez por ano. Este ano, ainda não é certo.” acrescenta e mostra-nos uma fotografia emoldurada do casal.

Feijão-Pedra, Santo Antao, Cabo Verde

Mãe e filha descascam feijão-pedra na sua casa à beira da Estrada da Corda.

A conversa e o sol suave amornavam o convívio pelo que à conversa nos deixámos ficar. Isto, até que as interlocutoras terminam o afazer e percebemos que se queriam dedicar a outro.

Estrada da Corda Abaixo, com Passagem pela Corda

Voltamos uma vez mais à Estrada da Corda. Serpenteamos por uma floresta de pinheiros e cipreste volumosos. Contornamos uma caldeira secundária, bem mais pequena que a do Paul e entramos nos domínios da Ribeira Grande.

Daí em diante, ainda a uma cota de 1000 metros, até à Corda que lhe havia cedido o nome, a estrada desce aos poucos.

Corda, Santo Antão, Cabo Verde

Pick up desce em direcção à Corda, e abaixo de uma corda de estendal.

A 13km para o interior do ponto de partida de Porto Novo, mais que uma povoação, Corda mantem atadas diversas aldeolas e lugarejos de que se destacam Chã de Corda e Esponjeiro. Estabelece uma comunidade agrícola de altitude, acima de outra das crateras profundas de Santo Antão.

No entretanto, a estrada solta-se da Corda. Ganha embalo pelo alto do desfiladeiro da Ribeira Grande, a espaços, entre socalcos ora plantados ora ressequidos e colónias de agaves aguçados e exuberantes.

Agaves, Santo Antao, Cabo Verde

Agaves destacados do cimo do Delgadinho, a passagem mais apertada da estrada da Corda.

O Prodígio Rodoviário do Delgadinho

Por esta altura, em comunhão com tal flora intrépida, chegamos à entrada do Delgadinho, um ponto alto panorâmico da Estrada da Corda.

Umas espreitadelas para um lado e para o outro depois, confirmamos que se tratava de um dos lugares que melhor revelavam o esplendor geológico de Santo Antão.

Na prática, é o improvável Delgadinho que concede à Estrada da Corda a sua continuidade. Não fosse aquela crista morfológica modelada nas lavas de há milhões de anos, bem acima dos vales profundos da Ribeira da Torre e da Ribeira Grande, e o atalho da montanha entre Porto Novo e a cidade da Ribeira Grande teria sido impossível.

Paramos à sua entrada. Percorremo-lo a pé, indecisos sobre se nos haveríamos de deslumbrar primeiro com a escultura geológica de um lado ou do outro, incrédulos com ambas.

Ribeira Grande , Santo Antao, Cabo Verde

Meandro do desfiladeiro profundo da Ribeira Grande, como visto do Delgadinho.

Até que, do nada, aparecem dois santoantonenses. De cima, surge um morador das redondezas, com um grande molho de pasto debaixo do braço. No sentido ascendente, um motociclista empurrava a sua motorizada emperrada.

Enfiado num fato de macaco e à sombra de um boné da Super Bock, José Cabral, um nativo de Corda, percebia que bastasse de mecânica. Bastaram uns minutos de cooperação para o duo dar a volta à mota. O motociclista agradece a ajuda, despede-se, some-se no castigo da ladeira.

Avaria no Delgadinho, Santo Antão, Cabo Verde

Avaria motorizada em pleno Delgadinho.

Enquanto limpa o óleo das mãos a uma meda de erva improvisada, José Cabral explica-nos que trabalhou muitos anos em Portugal, na manutenção de barragens.

Morador da Corda, Santo Antão, Cabo Verde

José Cabral, morador da Corda que chegou a trabalhar em Portugal.

Gabamos-lhe a terra natal: a Corda, o Delgadinho. Santo Antão no seu todo abençoado. José Cabral retribui a gentileza. Aconselha-nos a continuarmos o percurso sempre em mudanças baixas.

A Descida Vertiginosa Rumo a Ribeira Grande

Nos 7km que nos separavam do destino final, de meandro para meandro, a pendente agravava-se. Só os nós e contra-nós da Estrada da Corda colaboravam com a pick up a refrear o ímpeto da gravidade.

Carrinha no Delgadinho, Santo Antão, Cabo Verde

Carrinha desce a calçada estreita do Delgadinho.

Aos poucos, o leito de gravilha então seco da Ribeira Grande torna-se mais largo. Vislumbramos os primeiros núcleos habitacionais na sua base, já suficientemente próximos da costa para suavizar a dureza espartana do seu retiro.

Sem aviso, voltamos a avistar o Atlântico e no fundo do V que o parecia sustentar, edifícios mal-acabados, demasiado altos para pertencerem a uma aldeia. Estávamos na iminência da segunda cidade de Santo Antão.

Quase 40km depois, tínhamos chegado à outra ponta da Estrada da Corda e ao norte de Santo Antão.

Ocaso, Santo Antão, Cabo Verde

Ocaso como visto do cimo do Delgadinho para norte.

São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
O rio Zambeze, PN Mana Poools
Safari
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
Thorong Pedi a High Camp, circuito Annapurna, Nepal, caminhante solitário
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Igreja colonial de São Francisco de Assis, Taos, Novo Mexico, E.U.A
Arquitectura & Design
Taos, E.U.A.

A América do Norte Ancestral de Taos

De viagem pelo Novo México, deslumbramo-nos com as duas versões de Taos, a da aldeola indígena de adobe do Taos Pueblo, uma das povoações dos E.U.A. habitadas há mais tempo e em contínuo. E a da Taos cidade que os conquistadores espanhóis legaram ao México, o México cedeu aos Estados Unidos e que uma comunidade criativa de descendentes de nativos e artistas migrados aprimoram e continuam a louvar.
Pleno Dog Mushing
Aventura
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
Dia da Austrália, Perth, bandeira australiana
Cerimónias e Festividades
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Porvoo, Finlândia, armazéns
Cidades
Porvoo, Finlândia

Uma Finlândia Medieval e Invernal

Uma das povoações anciãs da nação suómi, no início do século XIV, Porvoo era um entreposto ribeirinho atarefado e a sua terceira cidade. Com o tempo, Porvoo perdeu a importância comercial. Em troca, tornou-se um dos redutos históricos venerados da Finlândia.  
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Igreja Ortodoxa de Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia
Cultura
Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas

Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Desporto
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
kings canyon, Red centre, coracao, Australia
Em Viagem
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Noiva entra para carro, casamento tradicional, templo Meiji, Tóquio, Japão
Étnico
Tóquio, Japão

Um Santuário Casamenteiro

O templo Meiji de Tóquio foi erguido para honrar os espíritos deificados de um dos casais mais influentes da história do Japão. Com o passar do tempo, especializou-se em celebrar bodas tradicionais.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

Dias Como Tantos Outros

História
Militares

Defensores das Suas Pátrias

Mesmo em tempos de paz, detectamos militares por todo o lado. A postos, nas cidades, cumprem missões rotineiras que requerem rigor e paciência.
Willemstad, Curaçao, Punda, Handelskade
Ilhas
Willemstad, Curaçao

O Coração Multicultural de Curaçao

Uma colónia holandesa das Caraíbas tornou-se um grande polo esclavagista. Acolheu judeus sefarditas que se haviam refugiado da Inquisição em Amesterdão e Recife e assimilou influências das povoações portuguesas e espanholas com que comerciava. No âmago desta fusão cultural secular esteve sempre a sua velha capital: Willemstad.
Auroras Boreais, Laponia, Rovaniemi, Finlandia, Raposa de Fogo
Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Literatura
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
La Digue, Seychelles, Anse d'Argent
Natureza
La Digue, Seicheles

Monumental Granito Tropical

Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Monte Denali, McKinley, Tecto Sagrado Alasca, América do Norte, cume, Mal de Altitude, Mal de Montanha, Prevenir, Tratar
Parques Naturais
Monte Denali, Alasca

O Tecto Sagrado da América do Norte

Os indígenas Athabascan chamaram-no Denali, ou o Grande e reverenciam a sua altivez. Esta montanha deslumbrante suscitou a cobiça dos montanhistas e uma longa sucessão de ascensões recordistas.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Património Mundial UNESCO
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Cruzeiro Princess Yasawa, Maldivas
Praias
Maldivas

Cruzeiro pelas Maldivas, entre Ilhas e Atóis

Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Barco no rio Amarelo, Gansu, China
Religião
Bingling Si, China

O Desfiladeiro dos Mil Budas

Durante mais de um milénio e, pelo menos sete dinastias, devotos chineses exaltaram a sua crença religiosa com o legado de esculturas num estreito remoto do rio Amarelo. Quem desembarca no Desfiladeiro dos Mil Budas, pode não achar todas as esculturas mas encontra um santuário budista deslumbrante.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Hipopótamo move-se na imensidão alagada da Planície dos Elefantes.
Vida Selvagem
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.