Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do “Pequeno Tibete Português” às Fortalezas do Milho


“O Pequeno Tibete Português”
Os longos socalcos abaixo da aldeia de Porta Cova que se estendem até Padrão.
Vultos
Moradora da branda de Alhal e dois dos seus cães, numa manhã de muita névoa.
Maternidade
Potro e égua garranos numa encosta da Serra do Soajo virada a Travanca e ao Mezio.
Canastros II
Moradora de Lindoso usa um carrinho-de-mão para mudar espigas de um espigueiro para outro.
Uma grande ermida
O santuário da Nª Senhora da Peneda, abaixo de uma enorme fraga da serra homónima.
Ciclo-Vez
Ciclista percorre um passadiço que acompanha o caudal do Vez.
Dª Júlia
Moradora da branda de Alhal, uma povoação transumante acima de Sistelo.
Nas verdes profundezas
A aldeia de Padrão, enfiada num vale recortado da Serra de Soajo, aquém do rio Vez.
Espigueiros de Soajo
Espigueiros de Soajo, destacados numa eira de granito sobranceira.
Uma história de granito
Muralhas do castelo de Lindoso, acima da enorme eira de espigueiros da aldeia.
Aqui nasce o Vez
Urzal, em redor da nascente do rio Vez, no cimo da serra de Soajo.
Espigueiros de Sistelo
Espigueiros de Sistelo, à beira da rua Manuel António Gonçalves Roque, o único visconde de Sistelo.
Má camuflagem
Vaca cachena destacada de um denso fetal no cimo da Serra de Soajo.
Canastros
Alguns dos mais de cinquenta espigueiros de Lindoso.
O caminho de sempre
Moradora da branda de Alhal e dois dos seus cães, numa manhã de muita névoa.
Verde abrigo
Um dos vários portelhos no cimo húmido da branda de Alhal, uma povoaçãoo de Verão, acima de Sistelo.
Lindoso
Panorâmica de Lindoso com os seus mais de cinquenta espigueiros e, logo acima, o castelo secular da povoação.
Escadas a caminho de escadas
Escadaria de acesso ao santuário da Nª; Senhora da Peneda.
Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.

É profundo como o tempo que o escavou o vale do Minho e da Peneda-Gerês por que serpenteamos desde que a floresta encantada de Lamas de Mouro ficou para trás.

Detemo-nos pelo caminho para examinarmos uma colónia de plantas carnívoras carmesins sempre ávidas de insectos incautos.

Distraídos pelo tema e pela imponência dos cenários das encostas, as torres da Nª Senhora da Pena surgem como uma miragem acima da vegetação frondosa.

Contornamos o templo. Detemo-nos de frente para a sua fachada de granito e alvenaria branca e da fraga cinzenta que rasga o céu estival.

santuário da Nª Senhora da Peneda, PN Peneda Gerês, Minho, Portugal

O santuário da Nª; Senhora da Peneda, abaixo de uma enorme fraga da serra homónima.

Em pleno Verão, já não lá flui a Cascata da Peneda. O firmamento mantém-se tão azul e imaculado como estaria em 1220, quando se diz que a Nª Senhora das Neves apareceu a uma pastorinha numa atmosfera pouco condizente com o epíteto.

Segundo a lenda,  a visão deu-se a um 5 de Agosto. Não estaria sequer fresco.

Em anos recentes, à laia de Fátima, a Srª da Peneda ganhou a sua própria feira. Quem a visita, fá-lo com fé e com tempo. Tempo para ascender as centenas de degraus e se refugiar na nave elevada e desafogada, numa espécie de Via Verde comungante para Deus.

Fá-lo com tempo para espreitar as lojas e bancas repletas de itens religiosos e profanos; de se sentar à sombra das árvores do adro vasto adiante e de recuperar as forças.

Um grupo de amigos cinquentões regressa ao fundo do escadório das Virtudes, recém-passados pela Fé, a Esperança, a Caridade e a Glória, as estátuas que a adornam. Instalam-se na rulote imediata.

Lá se entregam a cervejinhas geladas e a vinhos frisantes, a petiscos de pão com presunto e até a churros e farturas que consolidam a generosidade do repasto.

santuário da Nª; Senhora da Peneda, PN Peneda-Gerês, Minho, Portugal

Escadaria de acesso ao santuário da Nª; Senhora da Peneda

Por Caminhos da Serra do Soajo

Regressamos ao caminho. Apontamos a sul. O vale conflui  noutros tantos. Detemo-nos num miradouro de beira da estrada. De lá apreciamos a Srª da Peneda já ínfima. O recorte complexo dos montes em redor, a aldeia quinada de Tibo e a Lagoa dos Druidas, numa eminência bem mais rugosa de Espanha.

Prosseguimos vertente acima, na direcção oposta àquele estrangeiro familiar e Serra do Soajo adentro, não tarda por uma estrada rude de terra batida. As povoações somem-se.

Ficamos entregues a um planalto forrado de fetos e tojos conviventes. Neste alto ermo, os habitantes são as vacas cachenas, farruscas de se enlamearem ou passarem em zonas ainda tostadas por fogos do Verão passado.

Aqui nasce o Vez

Urzal, em redor da nascente do rio Vez, no cimo da serra de Soajo

Atravessamos o rio Vez nascido há uns meros metros e que ali irriga um extenso urzal. Vislumbramos o primeiro dos dois fojos do lobo da zona, grandes muros em forma de V, com vértices armadilhados onde, até cerca de 1930, um batalhão de pastores encurralava as feras e as exterminava.

A pastorícia e a transumância fazem, há muito, parte destes domínios. De tal maneira que integraram a paisagem.

À esquerda da via e à distância, três ou quatro cachenas parecem contemplar o vale profundo do rio Castro Laboreiro, destacadas contra um muro celeste de cumulus nimbus.

Vaca cachena, Serra do Soajo, PN Peneda Gerês, Minho, Portugal

Vaca cachena destacada de um denso fetal no cimo da Serra de Soajo

Entre nós e as vacas, estão mariolas, as pilhas de pedras que os pastores erguiam para se orientarem na névoa. Na encosta abaixo da cachena contemplativa, jaz um castro enigmático de portelhos, as cabanas complementares em que se abrigavam do frio e das intempéries.

Contávamos encontrar garranos. Por alguma razão que desconhecemos não vemos um que seja. Isto até que nos aproximamos da falda sudoeste da serra, mais exposta às nuvens e à humidade.

Potro e égua garranos, Serra do Soajo, PN Peneda Gerês, Minho, Portugal

Potro e égua garranos numa encosta da Serra do Soajo virada a Travanca e ao Mezio.

Quem sabe se por o pasto lá ser refrescado, é dali para baixo que os cavalos se concentram, em manadas territoriais, algumas com potros recém-nascidos, sobrevoadas por bandos de abutres atentos a possíveis desgraças.

Da Porta do Mezio a Arcos de Valdevez

Chegamos ao sopé da serra e das Lagoas da Travanca. Luís Fernandes, o anfitrião destas paragens, instala-nos no parque de campismo da terra e prenda-nos com um lanche de broa, presunto e marmelada a que nos entregamos agradecidos e sem cerimónias.

Passamos pela Porta do Mezio – uma entrada ampla e sofisticada para o PN da Peneda-Gerês, de onde descemos a tempo de pernoitar em Arcos de Valdevez.

Despertamos revigorados. Espreitamos a vista da varanda do hotel Piemonte mesmo acima do rio Vez que ali flui sob uma das pontes históricas mais emblemáticas do Minho.

Aldeia de Padrão, Serra do Soajo, PN Peneda Gerês, Minho, Portugal

A aldeia de Padrão, enfiada num vale recortado da Serra de Soajo, aquém do rio Vez.

Regressamos à Serra da Peneda, em busca dos talvegues em que se instalaram Sistelo e as aldeias vizinhas. Necessitados de terrenos de cultivo neste reduto enfiado entre ladeiras, os nativos retalharam-nas em socalcos.

Criaram tantos e tão seguidos que, sem consciência do facto, moldaram as terras à imagem de outras asiáticas – do Vietname, da China, da Indonésia, das Filipinas – em que há milénios o arroz assim é plantado.

Terraços de Sistelo, Serra do Soajo, Arcos de Valdevez, Minho, Portugal

Os longos socalcos abaixo da aldeia de Porta Cova que se estendem até Padrão

Por um qualquer desvio do paralelo, o lugar viu-se apelidado de “Tibete Português”, quando os cenários místicos do Tecto do Mundo são terrosos e inóspitos, destoantes do Sistelo verdejante que, não tarda, temos em vista.

No Cimo de Brandas Nevoentas e Misteriosas

Uma névoa matinal que cai das alturas da serra. Em vez de aguardarmos que o sol empinasse e a expulsasse, subimos à Branda de Alhal, uma das muitas povoações transumantes erguidas pelos nativos para garantirem os melhores pastos ao seu gado também durante o Verão.

O nevoeiro é, ali, tão denso quanto possível. Concede-nos apenas silhuetas de alguns muros e casas e a visão de uma cachena fantasmagórica que um residente enfia à pressa no curral.

Exploramos a base da povoação inclinada. Sem aviso, um vulto lutuoso, apoiado num cajado, anunciado por um podengo felpudo, desce um caminho íngreme de cabras e saúda-nos.

Cláudia Fernandes – a cicerone destas paragens – apresenta-nos de maneira a nos distinguir das bateladas de turistas que agora afluem à região, ao ponto de deixarem os moradores avessos a que os fotografem e, como já aconteceu “depois lhes façam maldades no Facebook”.

Moradora de Branda de Alhal e podengo, Serra do Soajo, Arcos de Valdevez, Minho, PortugalMoradora da branda de Alhal e dois dos seus cães, numa manhã de muita névoa.

Mais à vontade, a Dª Júlia predispõe-se para a conversa. Perguntamos-lhe a graça dos cães. A resposta diverte-nos. “O meu marido é que lhes põe os nomes.

Essa aí é a Luena. Há uma Milú, olhem… os outros já nem sei bem.“ Ao que apuramos, o esposo inspirava-se nas novelas da TV que o isolamento e as noites frias e ventosas lhes impingiam para o serão.

Metemo-nos por um caminho muralhado que entra por uma floresta lúgubre de enormes pinheiros exógenos. Do lado de lá, encontramos um núcleo de portelhos musgosos, dispersos no fetal ensopado pela névoa, uns mais preservados que outros.

Portelho, branda de Alhal, Arcos de Valdevez, Minho, Portugal

Um dos vários portelhos no cimo húmido da branda de Alhal, uma povoação de Verão, acima de Sistelo.

Apreciamo-los por uns bons vinte minutos. Quando o nevoeiro cede, regressamos ao jipe e baixamos a uma meia altura panorâmica da serra.

Sistelo, Porta Cova e Padrão – o “Tibete Português”

Empoleirados sobre rochedos, cercados por tojos, apreciamos os socalcos entre as aldeias de Porta Cova e de Padrão. Deslumbrante, o panorama listado mantém-nos entretidos por mais meia-hora.

Após o que regressamos ao asfalto e apontamos à aldeia que ficou com o crédito, a agora demasiado notória Sistelo.

Espigueiros de Sistelo, Arcos de Valdevez, Minho, Portugal

Espigueiros de Sistelo, à beira da rua Manuel António Gonçalves Roque, o único visconde de Sistelo

Conta trezentos habitantes a população há muito decrescente da aldeia medieval em que, em tempos, a Ordem de Malta terá detido propriedades e influência.

Hoje, fruto do triunfo na categoria “Aldeias” do concurso das “7 Maravilhas de Portugal”, alguns moradores prosperam com os visitantes. Outros, lamentam-se pelo excesso de malta que invade a povoação, que lhe rouba a tranquilidade e genuinidade.

Espreitamos a velha igreja matriz e os espigueiros alinhados à beira da rua principal. Foi baptizada em honra de Manuel António Gonçalves Roque (1834 – 1855), primeiro e único visconde do Sistelo, desde cedo emigrado no Brasil onde fez a fortuna que aplicou na terra-mãe – caso do seu Castelo – e em instituições de caridade brasileiras e portuguesas.

Com o fim da manhã, afluem mais excursões de estrangeiros, grupos de escuteiros, de forasteiros irrequietos em geral. Tínhamos muito por explorar pelo que a hora nos parece ideal para regressamos a Arcos de Valdevez.

Por terras de espigueiros: Soajo

Despedimo-nos de Cláudia. Viajamos 20km para leste e damos com Soajo. Soajo é dona do seu próprio núcleo de 24 espigueiros.

Benzidos por cruzes, claro está, dispostos numa ampla eira comunitária instalada sobre uma laje de granito, sobranceira aos campos cultivados e à estrada que ali cruza a povoação.

Espigueiros de Soajo, Minho, Portugal

Espigueiros de Soajo, destacados numa eira de granito sobranceira

O café em frente está à pinha. Anima os clientes com cerveja gelada e música popular.

Rosinha e o seu “pacote” convidam à dança. Até os turistas estrangeiros concentrados em decifrar o intrigante monumento agrícola, construído há mais de dois séculos, mas que os camponeses da freguesia continuam a rechear de espigas preciosas.

Os espigueiros de Soajo não seriam os últimos no nosso caminho. Prosseguimos para leste, lado e lado com o rio Lima que, uma vez mais na raia de Espanha, nos conduz à barragem de Lindoso.

Cruzamo-lo pela crista da represa. Alguns meandros de asfalto depois, vislumbramos a torre do castelo da povoação.

Ainda por Terras de Espigueiros: Lindoso

Pela animação no interior, depreendemos que lá decorre uma qualquer festa privada. Contornamos as muralhas. Mais cedo do que esperávamos, damos de caras com a eira local e com os seus cinquenta e tal canastros, de longe, o maior conjunto de Portugal.

Espigueiros de Lindoso, PN Peneda Gerês, Minho Portugal

Panorâmica de Lindoso com os seus mais de cinquenta espigueiros e, logo acima, o castelo secular da povoação

Uma senhora repete vaivéns ao comando de um carrinho-de-mão. Às tantas, já nos custa conter a curiosidade.

Pedimos-lhe que nos revele o afazer. “Olhem, ando a mudar as espigas de um espigueiro para o outro. Calhou-me esta sina!” responde-nos a encolher os ombros.

Uma qualquer regra ou conveniência da eira teria ditado tal castigo, em absoluta dissonância com as pândegas que se arrastavam em redor: a circunscrita ao castelo.

Moradora entre espigueiros de Lindoso, PN Peneda Gerês, Minho, Portugal

Moradora de Lindoso usa um carrinho-de-mão para mudar espigas de um espigueiro para outro.

Em simultâneo, um casório de emigrantes, com os noivos e as famílias e amigos em fatos e vestidos demasiado lustrosos para o cenário rural pitoresco em que Lindoso os acolhia.

Um prateado crescente apodera-se do céu para ocidente da Serra Amarela, enquanto a banda sonora distorcida pelo granito da fortaleza animava o fim da tarde.

Castelo de Lindoso, Minho, Portugal

Muralhas do castelo de Lindoso, acima da enorme eira de espigueiros da aldeia.

Apesar de erguido no longínquo reinado de Afonso III e de se situar numa posição fronteiriça estratégica, o castelo da aldeia nunca foi palco de uma grande batalha.

Malgrado o aparato das celebrações, Lindoso terminaria o dia na paz de trazer por casa que Sistelo tanto anseia recuperar.

 

Os autores agradecem às seguintes entidades o apoio prestado à realização desta reportagem:

NATURE4 –  Reserve as suas actividades no PN PENEDA-GERÊS em www.nature4.pt 

ENTIDADE DE TURISMO DE PORTO E NORTE – www.portoenorte.pt

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Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

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Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Funchal, Madeira

Portal para um Portugal Quase Tropical

A Madeira está situada a menos de 1000km a norte do Trópico de Câncer. E a exuberância luxuriante que lhe granjeou o cognome de ilha jardim do Atlântico desponta em cada recanto da sua íngreme capital.
Ponta de São Lourenço, Madeira, Portugal

A Ponta Leste, algo Extraterrestre da Madeira

Inóspita, de tons ocres e de terra crua, a Ponta de São Lourenço surge, com frequência, como a primeira vista da Madeira. Quando a percorremos, deslumbramo-nos, sobretudo, com o que a mais tropical das ilhas portuguesas não é.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Ilhéu de Cima, Porto Santo, Portugal

A Primeira Luz de Quem Navega de Cima

Integra o grupo dos seis ilhéus em redor da Ilha de Porto Santo mas está longe de ser apenas mais um. Mesmo sendo o ponto limiar oriental do arquipélago da Madeira, é o ilhéu mais próximo dos portosantenses. À noite, também faz do fanal que confirma às embarcações vindas da Europa o bom rumo.
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

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Serengeti, Grande Migração Savana, Tanzania, gnus no rio
Safari
PN Serengeti, Tanzânia

A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
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São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Fortaleza de Massada, Israel
Parques Naturais
Massada, Israel

Massada: a Derradeira Fortaleza Judaica

Em 73 d.C, após meses de cerco, uma legião romana constatou que os resistentes no topo de Massada se tinham suicidado. De novo judaica, esta fortaleza é agora o símbolo supremo da determinação sionista
Composição sobre Nine Arches Bridge, Ella, Sri Lanka
Património Mundial UNESCO
PN Yala-Ella-Candia, Sri Lanka

Jornada Pelo Âmago de Chá do Sri Lanka

Deixamos a orla marinha do PN Yala rumo a Ella. A caminho de Nanu Oya, serpenteamos sobre carris pela selva, entre plantações do famoso Ceilão. Três horas depois, uma vez mais de carro, damos entrada em Kandy, a capital budista que os portugueses nunca conseguiram dominar.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Vista da Casa Iguana, Corn islands, puro caribe, nicaragua
Praias
Corn Islands-Ilhas do Milho, Nicarágua

Puro Caribe

Cenários tropicais perfeitos e a vida genuína dos habitantes são os únicos luxos disponíveis nas também chamadas Corn Islands ou Ilhas do Milho, um arquipélago perdido nos confins centro-americanos do Mar das Caraíbas.
Mosteiro de Tawang, Arunachal Pradesh, Índia
Religião
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico
Sociedade
Campeche, México

Há 200 Anos a Brincar com a Sorte

No fim do século XVIII, os campechanos renderam-se a um jogo introduzido para esfriar a febre das cartas a dinheiro. Hoje, jogada quase só por abuelitas, a loteria local pouco passa de uma diversão.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Gandoca Manzanillo Refúgio, Baía
Vida Selvagem
Gandoca-Manzanillo (Refúgio de Vida Selvagem), Costa Rica

O Refúgio Caribenho de Gandoca-Manzanillo

No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.