À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime


De Vigia
Ave bicuda permanece alerta sobre um muro do complexo prisional de Port Arthur.
Caminho Verde
Alameda verdejante percorre o território do antigo complexo prisional de Port Arthur.
Port Arthur
Vista das muralhas do edifício prisional para lá de uma vedação do complexo.
O ex-Presídio
Fachada do complexo prisional, ou o que dela resta após várias décadas de abandono.
Num isolamento também marinho
As ruínas prisionais do complexo prisional de Port Arthur cercadas por águas infestadas de tubarões.
Liberdade de Turista
Visitante examina um recanto do complexo histórico de Port Arthur.
Segundo o Roteiro
Visitante percorre os edifícios do complexo prisional guiada pela locução gravada do museu.
Sol vs Sombra
Detalhe arquitectónico do complexo de Port Arthur.
O que Sobrou do Complexo
Cenário do complexo prisional de Port Arthur, abrigado numa península da Tasmânia, de fuga quase impossível.
O grande Paredão
As paredes degradadas da prisão de Port Artur, vistas de Mason Cove.
Confinado
Visitante examina um recanto da beira-mar de Port Arthur.
Torre Grande
Casal surge de dentro de um torreão de um dos edifício do complexo prisional.
Peter Brannon
Figura ilustrativa do museu do complexo prisional, inspirada no condenado Peter Brannon.
Os Crimes dos Convictos
Visitante investiga curiosidades escabrosas nas sentenças que levaram vários prisioneiros a Port Arthur.
O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.

É sábado de manhã, e como em tantos outros sábados, dezenas de saltimbancos disputam os últimos recantos do jardim de Salamanca Place, quase todo preenchido pela feira mais famosa de Hobart, a capital da Tasmânia.

El Diabolero exibe o corpo escanzelado. De tronco nu, o busker apregoa o seu número à multidão de transeuntes e não demora a conquistar uma audiência considerável.

«Muito bem, vou precisar de dois voluntários sem grandes razões para viver», comunica aos berros para logo accionar uma motoserra assustadora. Recrutadas as vítimas, liga um pequeno leitor de CD’s e passa, em alto volume, a banda sonora contagiante do filme “Missão Impossível”.

Pouco depois, inaugura a sua actuação feita de malabarismos com facas, um diábolo e maças em fogo sobre um monociclo vertiginoso. E, já de volta ao solo, com moto-serras em funcionamento. Truque atrás de truque, piada após piada, o público do artista aumenta a olhos vistos.

Encerrado o acto, a diversão que ofereceu e o apelo sincero do saltimbanco conquistam uma cartola cheia de dólares aussies. Agradecido mas mesmo assim insatisfeito, El Diabolero prenda os últimos resistentes com uma tirada final: “Vocês aí ao fundo que não têm trocos: não se preocupem. É só virem aqui ao terminal multibanco!

A Grande Prisão Austral de Port Arthur

A empatia e admiração de Hobart pelas formas alternativas e extremas de vida já vem de há muito. E está nos genes dos seus habitantes. Dos primeiros 262 europeus que chegaram, à colónia penal britânica, 178 eram criminosos degredados.

Em 1830, o governador da Tasmânia achou na península de Tasman um lugar onde podia confinar os condenados que tinham reincidido já na ilha. Viu-a como uma penitenciária natural, já que estava ligada ao restante território por um istmo com menos de cem metros de largura.

Ruinas Port Arthur, Tasmania, Australia

As ruínas prisionais do complexo prisional de Port Arthur cercadas por águas infestadas de tubarões.

Para impedir a fuga dos condenados através dessa faixa – que foi chamada de Eaglehawk Neck – posicionou uma linha de cães de guarda ferozes e espalhou o boato de que as águas em redor, além de gélidas, estavam infestadas de tubarões.

Nos 47 anos seguintes, cerca de 12.500 criminosos cumpriram pena no complexo prisional de Port Arthur. Para os mais problemáticos, a sua estada foi um inferno.

Visitante museu, Port Arthur, Tasmania, Australia

Visitante investiga curiosidades escabrosas nas sentenças que levaram vários prisioneiros a Port Arthur.

Os que se submetiam às regras, chegaram a viver na Tasmânia com condições melhores que as que tinham na Grã-Bretanha.

À medida que caminhamos entre as ruínas dos edifícios, num cenário austral tão peculiar como clássico e bucólico, percebemos como foram possíveis os dois extremos.

Museu, Port Arthur, Tasmania, Australia

Visitante percorre os edifícios do complexo prisional guiada pela locução gravada do museu.

Mais que uma cadeia, toda uma Cidade Prisional

Port Arthur provou-se mais que uma simples prisão. Com o tempo, tornou-se numa verdadeira povoação que funcionava como centro da rede prisional da ilha e contemplava uma serração, um estaleiro naval, uma mina de carvão, fábricas de sapatos, de tijolos e de pregos mas também hortas e criação de animais.

Para servir toda esta produção, foi ainda construído uma espécie de caminho de ferro – o primeiro da Austrália. Tinha 7 km e ligava Norfolk Bay a Long Bay e as suas carruagens eram empurradas pelos prisioneiros.

De Colónia Prisional a Monumento ao Obscuro Passado Colonial

Em 1877, o complexo foi desactivado. Anos depois, sucumbiu a dois incêndios que destruíram boa parte dos edifícios. Mas alguns dos habitantes das redondezas estavam determinados em recuperá-lo para ali se instalarem.

Quando chegaram os primeiros curiosos a querer conhecer o lugar infame, sem o saberem, inauguraram o turismo da região entretanto dotado de infraestruturas de acolhimento e venda de recordações, bem como do serviço de guias.

Torre, Port Arthur, Tasmania, Australia

Casal surge de dentro de um torreão de um dos edifício do complexo prisional.

Daí para cá, Port Arthur ascendeu a ex-libris do património histórico da Tasmânia. Visitam-no, anualmente, milhares de ozzies e estrangeiros. Como nós, ali se espantam e fascinam com um passado cru e dramático que parece condenado a renovar-se.

Mas nem o contexto histórico tenebroso que lhe deu origem tinha preparado a Tasmânia e a Austrália para os acontecimentos de 28 de Abril de 1996, uma tragédia de tal forma marcante que acabou por correr mundo.

109 Anos Depois, o Crime Volta a Assombrar Port Arthur

Narra a imprensa australiana que Martin Bryant, então com 28 anos, residia na povoação vizinha de New Town. Dotado de um QI extremamente baixo (cerca de 66), era conhecido por stupid Marty mas, em termos financeiros, a vida sorria-lhe.

Helen Harvey, uma mulher muito mais velha, solitária e excêntrica das redondezas, começou a apreciar a sua companhia e a ajuda que dava a tratar das dezenas de gatos e outros animais que acolhia em casa.

Tornaram-se inseparáveis e Helen legou-lhe mais de 400 mil euros que Martin foi gastando em viagens frequentes para o estrangeiro, muitas, em primeira classe.

O dinheiro não chegou para resolver a miséria em que se transformou a sua vida após ter perdido, quase de seguida, esta amiga e o pai.

Museu, Port Arthur, Tasmania, Australia

Figura ilustrativa do museu do complexo prisional, inspirada no condenado Peter Brannon.

Frustrado por motivos incertos, mas provavelmente devido às frequentes humilhações de que era vítima e ao suicídio do progenitor – que sofria de uma depressão crónica agravada por não ter conseguido comprar a propriedade dos seus sonhos – Martin decidiu vingar-se do tormento que o acossava.

Irrompeu pela guest house Seascape – a tal propriedade – munido de uma metralhadora AR-15 e de uma faca e matou o casal que se havia antecipado ao seu pai no negócio.

Depois de algumas voltas de carro pela região, às 13h10, entrou no complexo histórico de Port Arthur e almoçou. Terminada a refeição, tirou a sua metralhadora de um saco e deu início a um terrível assassínio em série. Trinta e cinco pessoas de diferentes países pereceram, 20 outras ficaram feridas.

Parede ex-Presidio, Port Arthur, Tasmania, Australia

As paredes degradadas da prisão de Port Artur, vistas de Mason Cove.

O Perfil Esquivo e Dúbio de Martin Bryant

Em vez de se redimir da sua origem tortuosa, Port Arthur e a Tasmânia mancharam-se de sangue.

Martin Bryant foi condenado a 35 de sentenças de vida, 1035 anos no total. Cumpre pena numa prisão de máxima segurança dos arredores de Hobart a que a população chama The Pink Palace.

Carlene Bryant, a sua mãe e única visitante, respondeu ao entrevistador australiano do programa “60 Minutes” emitido aquando dos 15 anos do acontecimento: “O Martin, quando foi interrogado, provavelmente durante semanas a seguir ao que aconteceu, disse sempre que não tinha estado em Port Arthur ou no café Broad Arrow.

Vou arrepender-me para toda a vida de ter apoiado a sua confissão. Mais tarde, algumas pessoas presentes, vieram afirmar que não reconheciam o atirador como sendo o Martin Bryant. Nunca houve um julgamento justo ou foram apresentadas provas conclusivas.”

Visitante, Port Arthur, Tasmania, Australia

Visitante examina um recanto do complexo histórico de Port Arthur.

Carlene diz ainda que foi diagnosticado recentemente Síndrome de Asperger em Martin e que o filho denota um óbvio excesso de peso. “Já lhe voltei a perguntar se tinha sido ele o autor mas não consigo que me dê uma resposta ou que queira falar do assunto.

Se o voltar a tentar, ele deixa de me querer ver porque tem medo que lhe faça mais perguntas”.

Uma Tragédia Difícil de Ultrapassar

A emissão da entrevista enfureceu as famílias das vítimas. E renovou a sensação de que, apesar dos muitos anos passados, a matança de Port Arthur está por sanar.

Pormenor ruínas de Port Arthur, Tasmania, Australia

Detalhe arquitectónico do complexo de Port Arthur.

Basta investigar um pouco na Internet para verificar que várias teorias da conspiração criadas ao longo do tempo continuam a entusiasmar alguns tazzies e ozzies que se recusam a acreditar na versão dos factos apresentada pelas autoridades e pela maior parte dos média.

Uma teoria em particular conquistou vários milhares de adeptos. Sugere que a chacina foi planeada pelo governo australiano para  escandalizar a opinião pública e assim justificar uma lei que viesse a desarmar os cidadãos.

Defendem os seus apoiantes que, entre vários outros aspectos, não tem lógica que Martin Bryant, com o seu baixíssimo Q.I. conseguisse disparar com a arma apoiada na anca e acertar em grande parte das vítimas na cabeça. Que, na verdade, teria sido uma equipa de agentes  contratados a levar a cabo a matança.

Ruínas, Port Arthur, Tasmania, Australia

Vista das muralhas do edifício prisional para lá de uma vedação do complexo.

Ainda Mais Teorias da Conspiração

Um acusador, em particular, incrimina a toda a hora no You Tube e Facebook um antigo polícia de Hobart. Revela o seu nome, profissão, morada e dados de contacto e incita a comunidade de Internautas a investigarem-no.

Em 1996, o primeiro-ministro John Howard tinha conseguido uma eleição com grande maioria de votos. Mesmo sendo conservador, enfrentou uma oposição de monta nas regiões rurais e conseguiu o banimento nacional das armas automáticas e semi-automáticas, sem necessidade de um referendo.

Como sempre acontece, nestes casos, os conspiradores continuam a divulgar inúmeras justificações para as suas conjecturas. Alguns australianos ficam intrigados ou deixam-se convencer, outros limitam-se a ridicularizá-las.

É pouco provável que Martin Bryant saia em liberdade nos próximos tempos.

Em termos de número de vítimas, o massacre que perpetrou na Tasmânia foi ensombrado em 22 de Julho de 2011, na ilha norueguesa de Utoya, por um ultra-radical de Direita de nome Anders Behring Breivik.

Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Wycliffe Wells, Austrália

Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Sydney, Austrália

De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
À Descoberta de Tassie, Parte 1 - Hobart, Austrália

A Porta dos Fundos da Austrália

Hobart, a capital da Tasmânia e a mais meridional da Austrália foi colonizada por milhares de degredados de Inglaterra. Sem surpresa, a sua população preserva uma forte admiração pelos modos de vida marginais.
Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
Alcatraz, São Francisco, E.U.A.

De Volta ao Rochedo

Quarenta anos passados sobre o fim da sua pena, a ex-prisão de Alcatraz recebe mais visitas que nunca. Alguns minutos da sua reclusão explicam porque o imaginário do The Rock arrepiava os piores criminosos.
Atherton Tableland, Austrália

A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Melbourne, Austrália

Uma Austrália "Asienada"

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Alice Springs a Darwin, Austrália

Estrada Stuart, a Caminho do Top End da Austrália

Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
Perth, Austrália

A Cidade Solitária

A mais 2000km de uma congénere digna desse nome, Perth é considerada a urbe mais remota à face da Terra. Apesar de isolados entre o Índico e o vasto Outback, são poucos os habitantes que se queixam.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Duo de girafas cruzadas acima da savana, com os montes Libombo em fundo
Safari
Reserva de KaMsholo, eSwatini

Entre as Girafas de KaMsholo e Cia

Situada a leste da cordilheira de Libombo, a fronteira natural entre eSwatini, Moçambique e a África do Sul, KaMsholo conta com 700 hectares de savana pejada de acácias e um lago, habitats de uma fauna prolífica. Entre outras explorações e incursões, lá interagimos com a mais alta das espécies.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Bertie em calhambeque, Napier, Nova Zelândia
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Kente Festival Agotime, Gana, ouro
Cerimónias e Festividades
Kumasi a Kpetoe, Gana

Uma Viagem-Celebração da Moda Tradicional Ganesa

Após algum tempo na grande capital ganesa ashanti cruzamos o país até junto à fronteira com o Togo. Os motivos para esta longa travessia foram os do kente, um tecido de tal maneira reverenciado no Gana que diversos chefes tribais lhe dedicam todos os anos um faustoso festival.
mao tse tung, coracao dragao, praca tianamen, Pequim, China
Cidades
Pequim, China

O Coração do Grande Dragão

É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Festival MassKara, cidade de Bacolod, Filipinas
Cultura
Bacolod, Filipinas

Um Festival para Rir da Tragédia

Por volta de 1980, o valor do açúcar, uma importante fonte de riqueza da ilha filipina de Negros caia a pique e o ferry “Don Juan” que a servia afundou e tirou a vida a mais de 176 passageiros, grande parte negrenses. A comunidade local resolveu reagir à depressão gerada por estes dramas. Assim surgiu o MassKara, uma festa apostada em recuperar os sorrisos da população.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Casario sofisticado de Tóquio, onde o Couchsurfing e os seus anfitriões abundam.
Em Viagem
Couchsurfing (Parte 1)

Mi Casa, Su Casa

Em 2003, uma nova comunidade online globalizou um antigo cenário de hospitalidade, convívio e de interesses. Hoje, o Couchsurfing acolhe milhões de viajantes, mas não deve ser praticado de ânimo leve.
Vegetais, Little India, Singapura de Sari, Singapura
Étnico
Little India, Singapura

Little Índia. A Singapura de Sari

São uns milhares de habitantes em vez dos 1.3 mil milhões da pátria-mãe mas não falta alma à Little India, um bairro da ínfima Singapura. Nem alma, nem cheiro a caril e música de Bollywood.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Barco no rio Amarelo, Gansu, China
História
Bingling Si, China

O Desfiladeiro dos Mil Budas

Durante mais de um milénio e, pelo menos sete dinastias, devotos chineses exaltaram a sua crença religiosa com o legado de esculturas num estreito remoto do rio Amarelo. Quem desembarca no Desfiladeiro dos Mil Budas, pode não achar todas as esculturas mas encontra um santuário budista deslumbrante.
Curieuse Island, Seychelles, tartarugas de Aldabra
Ilhas
Île Felicité e Île Curieuse, Seychelles

De Leprosaria a Lar de Tartarugas Gigantes

A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Inverno Branco
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Natureza
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Totem, Sitka, Viagem Alasca que já foi da Rússia
Parques Naturais
Sitka, Alasca

Sitka: Viagem por um Alasca que Já foi Russo

Em 1867, o czar Alexandre II teve que vender o Alasca russo aos Estados Unidos. Na pequena cidade de Sitka, encontramos o legado russo mas também os nativos Tlingit que os combateram.
Escadaria Palácio Itamaraty, Brasilia, Utopia, Brasil
Património Mundial UNESCO
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Personagens
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Praias
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Motociclista no desfiladeiro de Sela, Arunachal Pradesh, Índia
Religião
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico
Sociedade
Campeche, México

Um Bingo tão lúdico que se joga com bonecos

Nas noites de sextas um grupo de senhoras ocupam mesas do Parque Independencia e apostam ninharias. Os prémios ínfimos saem-lhes em combinações de gatos, corações, cometas, maracas e outros ícones.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Vida Selvagem
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.