Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval


Casal Gótico
Estátuas destacam-se da arquitectura gótica da igreja de Santa Maria Mayor, o principal templo católico de Valderrobres.
Dourado de Matarraña
Iluminação nocturna faz destacar o dourado dos edíficios principais da praça central de Valderrobres.
Um súbdito do tempo
Visitante percorre uma ala sombria do velho castelo de Valderrobres.
Gran La Fresneda
Casario denso e antigo que preenche a encosta suave em que se instalou La Fresneda.
Rua acima
Idoso esforça-se por subir uma ladeira íngreme de Valderrobres.
À beira rio
Varandas tipicas do casario nas margens do rio Valderrobres.
Fé nas alturas
A Ermida de Santa Bárbara, nas imediações de La Fresneda.
Comércio Abrigado
Vendedor e cliente numa mercearia tradicional de nome M.Manero, em La Morella.
Formas ovinas
Rebanho de ovelhas compacto pasta nas imediações de La Fresneda.
Poder nas alturas
Castelo medieval sobrepõe-se ao casario antigo de La Morella, uma cidade muralhada da comunidade valenciana.
Valderrobrenses vindos de Longe
Dois emigrantes equatorianos moradores de Valderrobres apanham sol sobre a ponte medieval da cidade.
Em Maestrazgo
Rochedos elevados de El Maestrazgo, no interior da província de Aragão.
Pôr-do-sol salgado
Dia termina e tinge de rosa as grandes salinas nas imediações de Alcanar.
Urbanismo da Idade Média
Casario de Valderrobres coroado pelo seu edifício medieval mais imponente, o castelo.
Gran La Fresneda II
Seccção do casario denso e antigo que preenche a encosta suave em que se instalou La Fresneda.
Aragão em fogo
Sol põe-se com grande impacto cromático sobre a superfície rochosa de El Maestrazgo, no sul de Aragão.

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

Marcar o quilómetro zero de uma viagem para uma antiga estação de comboio tem que se lhe diga. O privilégio calhou à La Parada del Compte, nas proximidades de Torre del Compte que, em 1973, depois de quase dois séculos a receber o Tren de La Val de Zafán, foi condecorada com um letreiro “Estación Cerrada a la Circulación” e votada ao abandono.

Tal como por Portugal, em Espanha, essas injustiças ferroviárias já há muito tinham passado à história mas, ao passearem pela comarca de Matarraña, José Maria Naranjo e Pilar Vilés pararam na zona, encantaram-se com a paisagem em redor e agarraram a oportunidade. José Maria era, ele próprio, parte de uma quarta geração de ferroviários. Ao inteirar-se da liquidação praticada pela RENFE e com algum apoio do Governo de Aragão, partiu a todo o vapor para o projecto de transformar a não tarda nada ruína numa estação dos sentidos.

O enquadramento natural ajudou. A nova Parada del Compte hoteleira surge cercada de uma fauna e flora mediterrânica, refrescada pela ribeira del Matarraña que mantém os campos verdes e mata a sede aos rebanhos que os costumam frequentar. As vistas mais longínquas também não ficam atrás. Para sudeste, olivais e pinhais vastos. A sul, a vila de Torre del Compte e os Ports de Beceit-Tortosa, um maciço montanhoso escarpado.

Apesar do conforto físico e espiritual assegurado pelo Parada del Compte, estava na hora de regressar à estrada. A viagem em que nos tínhamos metido era outra, feita no tempo. Em volta, esperava-nos a comarca de Matarraña, um reduto medieval irrigado pelo rio homónimo e seus afluentes em terras de oliveiras e amendoeiras que teimava em resistir à invasão do grande público espanhol.

O motor do carro nem chega a aquecer quando se justifica a primeira paragem. Temos Torre del Compte pela frente e, mesmo sem donzela para salvar, parece-nos impossível fugir ao apelo.

A povoação surge, como que em equilíbrio, no topo de uma encosta com 500 metros de altura. Conserva uma boa parte do seu recinto amuralhado e uma das seis portas de acesso primitivas. Uma destas portas, a de San Roque, dá para a calle com o mesmo nome, uma das mais belas da vila, delimitada por casas solarengas caiadas e com pisos superiores dotados de galerias de arcos.

Percorremo-la de princípio ao fim, passamos um vendedor ambulante de frutas e vegetais, a fachada da igreja e outras menos imponentes.  Depois de arriscar um ou outro desvio, encontramos o miradouro que procurávamos, sobre o vale do rio Matarraña. Apreciamos a paisagem quando nos interpela um local: “Também têm seca por lá?”.

Nestes pueblos, as notícias saltam de varanda em varanda e a informação de que éramos portugueses dada, há meia hora, numa curta conversa à entrada da vila, quase nos ultrapassou a caminho da outra extremidade. “É mais ou menos como cá.” retribuímos. Por agora, nada de especial. Quando nos aproximarmos mais do Verão é que se vai ver.” A resposta pareceu deixar o interlocutor intrigado.

Regressamos ao asfalto com o plano de visitar a capital da comarca, Valderrobres, não sem antes fazer uma escala estratégica em La Fresneda. O troço até lá é curto mas deixa confirmar que, por estes lados, campo e povoações ainda têm os seus próprios espaços. Vamos para onde formos, curva após curva, sucedem-se pomares sem fim e mais olivais e amendoais. À parte, como quem não tem nada a ver com o cenário bucólico e continua apenas a perscrutar o horizonte em busca dos exércitos infiéis, lá estão as fortalezas, as torres das igrejas e seus casarios. 

La Fresneda resultou da convivência das ordens militares del Temple e Calatrava e religiosa de los Mínimos, num território em que, apesar da presença da Santa Inquisição, acabaram por se encaixar, também, muçulmanos e judeus.

Lado a lado com toda a sua beleza, grandiosidade e autenticidade histórica, desse passado de frágil separação entre a luz e as trevas, subsiste ainda uma atmosfera mística. Abriga-se nas várias igrejas e na ermida de Santa Bárbara (isolada num ermo e protegida por ciprestes centenários) e atinge o auge na Casa Consistorial, cujos níveis inferiores escondem o cárcere mais terrífico da comarca. É uma classificação de que só se desdenha até se saber que as suas masmorras são formadas por vários níveis interligados por um alçapão, através do qual os carrascos atiravam os presos, de grande altura, para o mais profundo. Aqui, o famoso “I wasn't expecting the Spanish Inquisition” da trupe Monty Python, ainda faria menos sentido. 

Retornamos à luz e à estrada. Pouco depois, já vislumbramos os contornos elevados dos inevitáveis castelo e igreja locais. Além da capital, Valderrobres é o coração da comarca. A cidade é dividida em dois pelo mesmo Matarraña que nos tem vindo a acompanhar. Numa margem, fica o monumental casco antigo, na outra, o anexo moderno. A uni-las, estende-se uma elegante ponte de pedra que conduz à porta da fortaleza, em que se detecta facilmente uma dupla função.

Por cima do arco, no seu nicho de pedra, está um São Roque peregrino que, de joelho esquerdo descoberto (sinal de saber gnóstico), há séculos dá as boas-vindas a quem vem por bem. Alguns metros acima, surge um mata-cães, estrategicamente colocado para a empresa de desmotivar exércitos inimigos, fossem fiéis ou infiéis. Tudo indica que, nestes tempos de paz e turismo, seja o santo quem mais trabalho tem. Passada a porta, descobre-se a Plaza Mayor e, nela, esplanadas repletas de visitantes e valderrobrenses em pleno festim.

Logo ao lado, fica o Fonda de la Plaza, um restaurante-estalagem típico em que Trini Gil e Sebastian Gea continuam a honrar a tradição secular da fonda (espécie de estalagem medieval) e o título de edifício mais antigo de Valderrobres.  Como qualquer nativo se prontificaria a confirmar, cumprem o seu desígnio na perfeição. “Todos os dias, servimos bandejas sem fim dos melhores manjares da comarca!” O menu deixa bem claro de quais falam: conejo escabechado, espalda rellena ou ternasco asado que, se o cliente concordar, saem acompanhados pelos melhores vinhos da região e são seguidos de sobremesas divinais: almendrats, casquets ou o melocoton al viño.

Para levar ao extremo a cotação deste restaurante genuíno, há que esclarecer que, em Matarraña, as fondas são quase uma instituição. Ao longo do tempo, sempre ocuparam lugares na base das povoações, onde poupavam aos viajantes as subidas íngremes e asseguravam calor, boa comida e companhia.

Deixamos para trás a Plaza Mayor e embrenhamo-nos nas ruelas de Valderrobres que alternamos com escadarias a caminho do topo da encosta. Mais alguns degraus e surge o cume, esmagado pela presença dominante do castelo palácio e da igreja gótica de Santa Maria. Chegamos apenas a tempo de uma visita não guiada, enriquecida por um pôr-do-sol sem cerimónias. Com o fim do dia, o palácio fecha. 

Já de noite, passamos Fuentespalda em direcção a Monroyo. Nove quilómetros depois, cortamos para Ráfales. Como já esperávamos, Ráfales revela-se mais um pueblo no cume de uma colina, com um casco antigo imaculado, em que se destacam a Plaza Mayor, as igrejas e uma Casa Consistorial com mais masmorras. 

Tudo o que é demais enjoa e, como tal, na manhã seguinte, optamos por explorar um pouco dos arredores campestres. Atravessamos a vila com o objectivo de espreitar o limite de El Estrets, um maciço de rocha impressionante, daqueles a que só os alpinistas sabem dar valor. De onde estamos, veem-se os penhascos, mas a distância retira-lhes grandiosidade. Mudamos de planos. Decidimos deixar Matarraña e irmos directo para La Morella, província de Castellon. Sinuoso, este trajecto avança ao longo de densos pinhais e, adiante, tem que vencer os declives do El Maestrazgo, numa área que a altitude vai tornando fria e inóspita.

Depois de uma longa subida, 25 km após Monroyo, dá-se finalmente com o que, no deserto, poderia ser miragem. A mais de 1000 metros acima do nível do mar, como que a coroar uma colina, surge um castelo tosco com vários níveis de muralhas que se adaptam às formas de uma base rochosa. 

Somos obrigados a reconhecer que, assim a cru, a descrição não se afastara o suficiente do que tínhamos vindo a encontrar e cuja repetição nos fez apressar a visita de Ráfales. No entanto, pela sumptuosidade épica do enquadramento, Morella conseguiu activar-nos, de novo, o imaginário medieval.  

Já a pé, à medida que nos aproximamos das muralhas, não resistimos a vislumbrar, nas inúmeras excursões recém-chegadas de autocarro, exércitos mouros. Aceleramos o passo para vermos se ainda conseguíamos apreciar a cidade antes da invasão.

As diferenças saltam à vista. Talvez devido ao domínio mais prolongado dos Muçulmanos (até 1232), o casario é branco e, porque a encosta se espraia suavemente, as ruas e praças são algo mais largas e arejadas. Sente-se também o dedo do turismo. Ao contrário do que se passava em Matarraña, lojas de recuerdos não faltam. Espreitamos os postais. Há um em particular que nos capta a atenção: Morella nevada. Parece duplamente fascinante. Começamos a magicar um regresso invernal. “A zona é alta e gélida grande parte do ano. Apanhá-la com neve não devia ser complicado”. É mais um projecto de retorno para a lista. Este deve entrar lá para quinquagésimo lugar. Mesmo assim, nunca se sabe.

De volta à realidade, constatamos que está outra vez na hora de mudar de ares. A última noite foi programada para a costa. De Morella até lá conduzimos 65 km que interrompemos apenas uma ou duas vezes para fotografar da beira da estrada. Seguimos em direcção a Vinaròs cujo centro evitamos e continuamos rumo a Alcanar. Ao km 1059 de uma tal de ruta N-340, damos com o pequeno letreiro da Finca Tancat de Codorniu. O desvio conduz a um mar de laranjais que encobre a vista para o Mediterrâneo e tudo resto, mas a estrada apertada lá nos deixa no sítio certo. Acabamos por dar entrada numa antiga mansão de veraneio de Alfonso XII, um Borbón que, no século XIX, conquistou o cognome de Pacificador.

A Espanha Medieval tinha-nos deixado de rastos. Seguimos o mote do rei e dedicámo-nos à paz e ao descanso. 

Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

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Do outro Lado da Ibéria

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Magome a Tsumago: o Caminho Sobrelotado Para o Japão Medieval

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Com 3718m, El Teide é o tecto das Canárias e de Espanha. Não só. Se medido a partir do fundo do oceano (7500 m), só duas montanhas são mais pronunciadas. Os nativos guanches consideravam-no a morada de Guayota, o seu diabo. Quem viaja a Tenerife, sabe que o velho Teide está em todo o lado.
La Palma, Canárias

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Em 1986, Madonna Louise Ciccone lançou um êxito que popularizou a atracção exercida por uma isla imaginária. Ambergris Caye, no Belize, colheu proveitos. Do lado de cá do Atlântico, há muito que os palmeros assim veem a sua real e deslumbrante Canária.
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Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
Tenerife, Canárias

Pelo Leste da Ilha da Montanha Branca

A quase triangular Tenerife tem o centro dominado pelo majestoso vulcão Teide. Na sua extremidade oriental, há um outro domínio rugoso, mesmo assim, lugar da capital da ilha e de outras povoações incontornáveis, de bosques misteriosos e de incríveis litorais abruptos.
Gran Canária, Canárias

Gran (diosas) Canária (s)

É apenas a terceira maior ilha do arquipélago. Impressionou tanto os navegadores e colonos europeus que estes se habituaram a tratá-la como a suprema.
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Escadaria Palácio Itamaraty, Brasilia, Utopia, Brasil
Arquitectura & Design
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
lagoas e fumarolas, vulcoes, PN tongariro, nova zelandia
Aventura
Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias

No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
Verificação da correspondência
Cerimónias e Festividades
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Teleférico que liga Puerto Plata ao cimo do PN Isabel de Torres
Cidades
Puerto Plata, República Dominicana

Prata da Casa Dominicana

Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
Máquinas Bebidas, Japão
Comida
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Cultura
Cemitérios

A Última Morada

Dos sepulcros grandiosos de Novodevichy, em Moscovo, às ossadas maias encaixotadas de Pomuch, na província mexicana de Campeche, cada povo ostenta a sua forma de vida. Até na morte.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Sal Muito Grosso
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Pelas Terras Altas da Argentina Profunda

Um périplo pelas províncias de Salta e Jujuy leva-nos a desvendar um país sem sinal de pampas. Sumidos na vastidão andina, estes confins do Noroeste da Argentina também se perderam no tempo.
Jingkieng Wahsurah, ponte de raízes da aldeia de Nongblai, Meghalaya, Índia
Étnico
Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes

A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Albreda, Gâmbia, Fila
História
Barra a Kunta Kinteh, Gâmbia

Viagem às Origens do Tráfico Transatlântico de Escravos

Uma das principais artérias comerciais da África Ocidental, a meio do século XV, o rio Gâmbia era já navegado pelos exploradores portugueses. Até ao XIX, fluiu pelas suas águas e margens, boa parte da escravatura perpetrada pelas potências coloniais do Velho Mundo.
Manhã cedo no Lago
Ilhas

Nantou, Taiwan

No Âmago da Outra China

Nantou é a única província de Taiwan isolada do oceano Pacífico. Quem hoje descobre o coração montanhoso desta região tende a concordar com os navegadores portugueses que baptizaram Taiwan de Formosa.

Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Inverno Branco
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
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Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Macaco-uivador, PN Tortuguero, Costa Rica
Parques Naturais
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Tortuguero: da Selva Inundada ao Mar das Caraíbas

Após dois dias de impasse devido a chuva torrencial, saímos à descoberta do Parque Nacional Tortuguero. Canal após canal, deslumbramo-nos com a riqueza natural e exuberância deste ecossistema flúviomarinho da Costa Rica.
Visitantes nos Jameos del Água
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Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Viti Levu, Fiji Ilhas, Pacifico do Sul, recife coral
Praias
Viti Levu, Fiji

Ilhas à Beira de Ilhas Plantadas

Uma parte substancial de Fiji preserva as expansões agrícolas da era colonial britânica. No norte e ao largo da grande ilha de Viti Levu, também nos deparámos com plantações que há muito só o são de nome.
Glamour vs Fé
Religião
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O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico
Sociedade
Campeche, México

Um Bingo tão lúdico que se joga com bonecos

Nas noites de sextas um grupo de senhoras ocupam mesas do Parque Independencia e apostam ninharias. Os prémios ínfimos saem-lhes em combinações de gatos, corações, cometas, maracas e outros ícones.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Maria Jacarés, Pantanal Brasil
Vida Selvagem
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.