Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe


Príncipe da Selva
Vista aérea de Príncipe, com a habitual cobertura de nuvens que abafa o seu clima tropical.
Muro das Aspirações
Crianças de Principe alinhadas ao longo do muro que fecha a cidade de Santo António nas suas melhores roupas devido a ser Dia da Criança.
O vale verde de Santo António
Casario de Santo António, a única cidade e capital da ilha de Príncipe.
À sombra da vida
Moradores de Santo António ocupam os bancos ao lado da igreja de Nª Senhora de Conceição.
Uma espécie de Vale Tudo
Rapazes da roça de Porto Real entregues a brincadeiras e risadas fáceis.
Barba, cabelo e TV
Barbeiro numa das margens do rio Papagaio, em Santo António. Além de barbeiro, o pequeno estabelecimento também é usado por vários rapazes da cidade para lá verem filmes na TV.
Cores e sabores do equador
Pormenor de uma banca do mercado de Santo António, sempre repleto de frutas e vegetais produzidos na ilha.
Tempo de ensaio
Chico Roque e outros músicos da ilha ensaiam numa sala, espécie de estúdio improvisado no centro de Santo António.
Âmago de Santo António
A igreja de Nª Senhora da Conceição, o centro religioso de Santo António, na altura na companhia de um cartaz da UNITEL.
Banana Tropical
A Praia Banana, uma das melhores praias de África, em tempos usada pela marca Bacardi, num anúncio promocional do seu rum.
Humidade da Gravana
Vista do centro histórico de Santo António com o Pico Papagaio bem elevado sobre o casario da cidade.
Gerações Principescas
Duas jovens habitantes da Roça Porto Real, uma das roças em tempos mais produtivas de Príncipe.
Um panorama exuberante
Monte Papagaio, visto da roça São Joaquim.
Uma Roça Achocolatada
Guarda à entrada da roça Terreiro Velho, hoje propriedade do produtor de chocolate italiano Claudio Corallo, residente em São Tomé.
Lar Doce Lar
Pequena casa de Santo António, envolta da vegetação que cresce às margens do rio Papagaio.
Amor de Mãe
Matilde e filha sobre o muro que separa Santo António do oceano Atlântico, durante o Dia da Criança celebrado nas escolas da ilha do Príncipe.
Multifunções
Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Késia enquanto esta segue chats no seu telemóvel.
A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.

O voo fica-se pelos quarenta minutos. E, no entanto, o facto de seguirmos quase só nós na cabine e de, lá em baixo, o azul-marinho profundo monopolizar o cenário, faz com que o tempo se pareça arrastar. A monotonia não tarda a ser recompensada. Um súbito vislumbre revela-nos um manto de nuvens densas e um estranho esboço do que poderia a Ilha do Príncipe.

Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Vista aérea de Príncipe, com a habitual cobertura de nuvens que abafa o seu clima tropical.

Pairam sobre um pedaço luxuriante de Terra salpicada de protuberâncias geológicas. O piloto ajeita o avião à ilha. Passados uns minutos, estamos a aterrar os pés no solo morno da Ilha do Príncipe.

E, na manhã que se segue, numa das mais belas beira-mares de África, a da Praia Banana. Nos anos 80, o rum Bacardi exibiu-a num dos seus anúncios. Esse crédito mediático perdura.

O vaivém das vagas esmeralda sobre a areia dourada sugere um memorável recreio balnear mas, não nos demoramos. Atrai-nos, em simultâneo, um miradouro no topo de uma pilha de grandes rochedos basálticos.

Praia da Banana, ilha de Príncipe, São Tomé e Principe

A Praia Banana, uma das melhores praias de África, em tempos usada pela marca Bacardi, num anúncio promocional do seu rum.

Damos com o caminho para as suas alturas por entre o coqueiral sombrio da Banana. Vários meandros íngremes depois, recuperamos o fôlego apoiados no seu muro decrépito, a contemplarmos a sumptuosidade do que, ao nível do mar, nos havia já deliciado.

Aquele mirante e a sua propriedade Belo Monte marcaram a primeira de várias visitas a antigas roças da Ilha do Príncipe. A Belo Monte estava, contudo, transformada em hotel. Limitámo-nos a espreitá-la.

A Caminho de Santo António do Príncipe

De volta ao Bom Bom resort, apanhamos boleia de uma das pick ups de serviço para Santo António, a cidade solitária da ilha. Pelo caminho, o Sr. João dá boleia a boa parte dos caminhantes na beira da estrada. Às tantas, a carrinha carrega uma lotação considerável.

Todos a bordo se conhecem. Todos estranham a nossa presença naquela caixa metálica por norma indigna dos clientes. Mal a admiração se desvanece, os parceiros de viagem entregam-se às suas galhofas e gargalhadas descomplexadas. Não tarda, convocam-nos para conversas entre a curiosidade e uma forçada formalidade.

Passamos uma série de casas básicas em que cirandam uma criançada reguila e animais domésticos. Deixamos o aeroporto para trás. Por fim, descemos para o vale rumo à baía em que se alojou a capital.

O fluir de um rio, o Papagaio, cavou a planície aluvial em que hoje se espraia o casario semi-colonial gasto, delimitado por todos os lados por uma selva de montanha, excepto a oeste-noroeste, onde o caudal negro do rio encontra um Atlântico domado pela baía.

O vale verde de Santo António, Santo António, Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Casario de Santo António, a única cidade e capital da ilha de Príncipe

Descemos da carrinha em frente à igreja amarela e vermelha da cidade. Ali mesmo, um cartaz da operadora angolana UNITEL que exibe um surfista de telemóvel colado ao ouvido profetiza “Para Melhor Muda-se Sempre”.

Deambulações pela Capital Vagarosa da Ilha

Basta-nos uma hora de deambulação para percebermos que, salvo raras excepções, Santo António evoluía devagar devagarinho. Ao lado da igreja, sentados em quatro bancos de jardim, número igual de moradores veem o dia esvair-se, impávidos e serenos, à sombra de uma árvore frondosa.

A igreja de Nª Senhora da Conceição, em Santo António, ilha de Principe, São Tomé e Principe

A igreja de Nª Senhora da Conceição, o centro religioso de Santo António, na altura na companhia de um cartaz da UNITEL

Só a estrada principal, ostenta real animação urbana, em redor das suas mercearias desarrumadas, das lojas de roupa, do parque central das mototáxis e, mais abaixo, da escola secundária.

Ali, num intervalo das aulas, Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Kélsia. Esta, de olhos enfiados no telemóvel, mantém-se em modo multichat com amigos online e as colegas “cabeleireiras”.

Estudantes de Santo António, Ilha de Príncipe, São Tomé e Principe

Cremilda, Márcia e Eula compõem as trancinhas afro de Késia enquanto esta segue chats no seu telemóvel

Do lado oposto da avenida, a velha sede do Sporting Clube de Príncipe já teve melhores dias. Só uma árvore que desponta do betão musgoso de um dos seus recantos, dá sinais de saudável verdura. Na fachada do edifício roçado, um painel de prevenção de saúde aconselha: “Prolongue a sua vida bebendo água tratada”.

Examinamo-lo quando, do meio da estrada, Chico Roque, nos confronta. A hora é matinal. Após uma introdução arrastada, promove-se como músico. Convence-nos a gravarmos um show musical dele e de um colega.

Combinamos às duas horas de daí a dois dias na praça Marcelo da Veiga, o coração administrativo de Santo António, um dos seus agradáveis jardins e retiros lúdicos.

A Vida às Margens do rio Papagaio

Até lá, deambulamos por aquela que chegou a ser capital e assento da diocese da colónia de São Tomé e Príncipe, de 1753 a 1852, três séculos após a descoberta do arquipélago em 1471, alguns anos antes de D. João II a ter baptizado em honra do Príncipe Afonso, seu filho favorito, que viria a falecer, apenas com 16 anos, tombado de um cavalo nas imediações do Tejo.

Quando regressamos às margens do Papagaio, contrariado pela praia-mar, o rio local fluía na direcção do Pico homónimo que desde sempre se impõe à cidade. Metemos o nariz numa barbearia sobranceira à margem. Mesmo surpreendido, o artista capilar proprietário dá-nos as boas-vindas e continua a embelezar o cliente do momento.

Barbeiro e mini-cinema em Santo António de Principe, São Tomé e Principe

Barbeiro numa das margens do rio Papagaio, em Santo António. Além de barbeiro, o pequeno estabelecimento também é usado por vários rapazes da cidade para lá verem filmes na TV.

Mais para dentro do estabelecimento de madeira azul-celeste, uma catrefada de miúdos sentados num banco comprido, mal descola os olhos de um filme que passa na TV daquele seu “Cinema Paraíso” remediado. Numa rua paralela, damos com o restaurante da Dª Juditinha. É lá que evitamos o pior da brasa vespertina e repomos energias.

Dia da Criança. Nem todos os Dias são Dias assim

Durante o repasto, vemos passar pais com os filhos pela mão, carregados com bolos e outras sobremesas. Tão elegantes quanto possível, dirigem-se a uma escola daquela rua. “Sabem, hoje é dia da Criança!” informa-nos Dª Juditinha enquanto nos serve cervejas Rosema que provamos pela primeira vez, em detrimento das marcas portuguesas do costume. “Cá na ilha do Príncipe, tratamos a data com carinho.”

Outra das escolas em festa ficava de frente para o longo muro branco que separa a cidade do Atlântico. Ali, à medida que o ocaso se insinua, os adultos e as suas crianças, confraternizam, uns debruçados, outros sentados sobre o muro, todos eles com a vista hipnótica da baía viçosa por diante.

Varandim de Santo António, Ilha do Principe, São Tomé e Principe

Crianças de Principe alinhadas ao longo do muro que fecha a cidade de Santo António nas suas melhores roupas devido a ser Dia da Criança

Durante o almoço, tínhamos recebido uma chamada do Secretário Regional da Economia. Convocava-nos para o seu gabinete, paredes meias com a estação de correios da cidade que mais parecia tirada de uma vila portuguesa dos anos 50.

Entusiástico, Silvino Palmer explana-nos projectos para o futuro da Ilha do Príncipe e os obstáculos ao seu desenvolvimento, em particular, a escala anã da economia, vítima do isolamento e de a nação ser a segunda mais diminuta de África, atrás apenas das Seicheles.

Silvino, também faz fé na nossa missão divulgadora. Prenda-nos com o uso da sua pick up de serviço e com a ajuda de dois guias. Às oito em ponto do novo dia, já saudámos o condutor Armandinho, Francisco Ambrósio e Eduardo. Apontamos ao sul da ilha.

Pela Selva da Ilha do Príncipe Acima

A selva que envolve o Papagaio sufoca o caminho sinuoso aberto na profundeza dos tempos coloniais. Mesmo assim, prova-se bem menos cerrada que a abaixo no mapa, esta, parte da Reserva da Biosfera da Ilha do Príncipe. Ao longo da história, admitiu roças e povoados, hoje, relíquias umas mais decadentes que outras.

Como o que resta da mansão e propriedade de Maria Correia, filha de uma nativa da ilha do Príncipe e de um emigrante brasileiro que ficou para a história como dona e senhora dos seus dois maridos e de centenas de servos.

Apesar dos bloqueios britânicos à escravatura portuguesa no arquipélago popularmente abordados por Miguel Sousa Tavares em “Equador”, Maria Correia terá ludibriado as suas verificações vezes sem conta.

Mesmo mulata, até falecer em 1862, foi uma das maiores proprietárias de escravos da ilha.

Com o tempo, tornou-se uma personagem lendária, digna de aturada investigação, ou vá lá que seja, de um bom filme.

As Primeiras Roças: Porto Real e São Joaquim

A próxima roça porque passamos, a de Porto Real, guarda bem mais da sua era auspiciosa. Foi desenvolvida pela Sociedade Agrícola Colonial, com áreas laborais, habitacionais, com hospital e um caminho-de-ferro de 30km que escoava uma produção agrícola diversa, incluindo um óleo de palma prodigioso.

Agora, abriga uma comunidade que, longe de a conseguir recuperar e explorar, se limita a subsistir em boa parte do que a terra e os animais domésticos providenciam.

No mesmo itinerário, deparamo-nos com a de São Joaquim, uma antiga dependência da de Porto Real. Encontramo-la arruinada, então, entregue a mulheres e crianças que partilham as antigas sanzalas e o pátio ervado com uma manada de vacas, porcos malhados e outros animais domésticos. Intriga-as a nossa inesperada visita, para mais, num veículo do governo.

“Cheguem, aqui! Vão gostar disto.” apela-nos Francisco Ambrósio, professor da ilha que as crianças com que nos cruzamos provocam a chamar de vampiro (com os erres longos e carregados, à boa moda nativa) devido à sua parecença com o Wesley Snipes que os assombra, em “Blade”, nas TVs da cidade.

Vista do Monte Papagaio, ilha do Principe, São Tomé e Principe

Monte Papagaio, visto da roça São Joaquim.

Ao longe, entre a selva que cobria o Monte Papagaio e parte das nuvens que havíamos avistado do avião, impunham-se dois rochedos graníticos. A erosão esculpira o menor à laia de pilar.

A Velha Fazenda Achocolatada de Terreiro Velho

Àquela distância, o duo megalítico resplandecia, projectado do estranho panorama clorofilino. Estimulou-nos a irmos até Terreiro Velho, roça ainda repleta de cacau, histórias e vistas litorâneas de encantar. Já só regressamos à cidade em cima do anoitecer. A jornada seguinte, dedicamo-la ao extremo noroeste da ilha.

Foi ali, a oeste do ilhéu do Bom Bom que os descobridores portugueses fundaram Ribeira Izé, a primeira povoação da ilha do Príncipe. Exploramos as ruínas da igreja percursora que a abençoou e que a predação secular das figueiras-da-índia envolveu de enigma.

Roça de Terreiro Velho, ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe

Guarda à entrada da roça Terreiro Velho, hoje propriedade do produtor de chocolate italiano Claudio Corallo, residente em São Tomé

Em seguida, o sr. Armandinho mete-nos num atalho encosta acima, de tal forma sumido na vegetação e no solo encharcado que reclama da pick up toda a sua potência. Mesmo assim, conduz-nos ao destino desejado: a roça Sundy.

Na origem, a Sundy, surgiu como mais uma plantação de cacau e café da ilha. Num determinado período áureo, os seus lucros determinaram a expansão e uma maior complexidade orgânica. Também a Sundy sucumbiu à produção menos dispendiosa e em maior escala de outras partes do Mundo. A roça acabou como casa de férias da realeza portuguesa. Não seriam os novos condóminos quem mais contribuiria para a sua notoriedade.

Roça Sundy e a Confirmação da Teoria da Relatividade

Em 1919, o astrofísico britânico Sir Arthur Stanley Eddington estimou na ilha do Príncipe um lugar ideal para examinar um eclipse previsto. Visava exemplificar que a luz das estrelas era desviada pela gravidade solar e provar, dessa forma, a Teoria da Relatividade de Einstein sobre a há muito vigente Lei da Gravidade de Newton.

Eddington certificou a esperada curvatura da luz, instalado na roça Sundy. Tal honra permanece assinalada numa das varandas aterraçadas do edifício principal que, na altura em que o espreitámos, sofria – à imagem da já terminada na roça Belo Monte – uma séria conversão em hotel histórico.

Esperava-se que o projecto viesse a contribuir para melhorar a vida da verdadeira povoação em que Sundy se transformou, com dezenas de famílias a residir lado a lado em sanzalas exíguas e espartanas, outras, em casas recentes, instaladas em redor.

De Regresso a Santo António

Percorremos as suas ruelas cinzentas para lá e para cá, logo, as muralhas até aos seus recantos e os dos palacetes no coração colonial e funcional da enorme fazenda. Fazemo-lo com o fascínio de quem assiste à História a reciclar e baralhar algumas da suas já quase esquecidas variáveis. Até que nos lembramos do compromisso com Chico Roque e antecipamos o regresso a Santo António.

Chico Roque e outros músicos de Santo António, ilha do Príncipe, São Tomé e Principe

Chico Roque e outros músicos da ilha ensaiam numa sala, espécie de estúdio improvisado no centro de Santo António

Pouco passava da hora combinada e os dois músicos esperavam-nos sentados junto aos canhões que protegem a imagem de Marcelo da Veiga. Ao nosso sinal, desfilam um repertório de canções ora populares, ora da sua autoria. Assistimos e registamos a sua actuação quando um grupo de miúdos que brincava no jardim, se aproxima e debruça sobre os canhões. O duo rejubila.

Cantam, então, um tema ecologista popular em São Tomé e recrutam a criançada para coro. É com esta banda sonora infantil e orelhuda de “Biosfera” na cabeça (cantada Biosferrrrrrra) que nos despedimos de Santo António. Na tarde seguinte, da tão ou mais memorável ilha do Príncipe.

centro histórico de Santo António, ilha do Principe, São Tomé e Principe

Vista do centro histórico de Santo António com o Pico Papagaio bem elevado sobre o casario da cidade.

A TAP voa para São Tomé Terças, Sábados e Domingos com partida de Lisboa às 09h35 e chegada às 17h35. A viagem de São Tomé para Lisboa faz-se Terças, Sábados, Domingos e Quintas-feiras com partidas às 20h e chegada às 04h10 do dia seguinte. 

Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
São Tomé, São Tomé & Príncipe

Viagem até onde São Tomé Aponta o Equador

Fazemo-nos à estrada que liga a capital homónima ao fundo afiado da ilha. Quando chegamos à Roça Porto Alegre, com o ilhéu das Rolas e o Equador pela frente, tínhamo-nos perdido vezes sem conta no dramatismo histórico e tropical de São Tomé.
Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Ilhéu das Rolas: São Tomé e Principe a Latitude Zero

Ponto mais austral de São Tomé e Príncipe, o Ilhéu das Rolas é luxuriante e vulcânico. A grande novidade e ponto de interesse desta extensão insular da segunda menor nação africana está na coincidência de a cruzar a Linha do Equador.
São Tomé, São Tomé e Príncipe

Pelo Cocuruto Tropical de São Tomé

Com a capital homónima para trás, rumamos à descoberta da realidade da roça Agostinho Neto. Daí, tomamos a estrada marginal da ilha. Quando o asfalto se rende, por fim, à selva, São Tomé tinha-se confirmado no top das mais deslumbrantes ilhas africanas.
São Tomé (cidade), São Tomé e Príncipe

A Capital dos Trópicos Santomenses

Fundada pelos portugueses, em 1485, São Tomé prosperou séculos a fio, como a cidade porque passavam as mercadorias de entrada e de saída na ilha homónima. A independência do arquipélago confirmou-a a capital atarefada que calcorreamos, sempre a suar.
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Centro de São Tomé, São Tomé e Príncipe

De Roça em Roça, Rumo ao Coração Tropical de São Tomé

No caminho entre Trindade e Santa Clara confrontamo-nos com o passado colonial terrífico de Batepá. À passagem pelas roças Bombaim e Monte Café, a história da ilha parece ter-se diluído no tempo e na atmosfera clorofilina da selva santomense.
Roça Sundy, Ilha do Príncipe, São Tomé e Príncipe

A Certeza da Teoria da Relatividade

Em 1919, Arthur Eddington, um astrofísico britânico, escolheu a roça Sundy para comprovar a famosa teoria de Albert Einstein. Decorrido mais de um século, o norte da ilha do Príncipe que o acolheu continua entre os lugares mais deslumbrantes do Universo.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Serengeti, Grande Migração Savana, Tanzania, gnus no rio
Safari
PN Serengeti, Tanzânia

A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
Thorong La, Circuito Annapurna, Nepal, foto para a posteridade
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Arquitectura & Design
Fortalezas

O Mundo à Defesa – Castelos e Fortalezas que Resistem

Sob ameaça dos inimigos desde os confins dos tempos, os líderes de povoações e de nações ergueram castelos e fortalezas. Um pouco por todo o lado, monumentos militares como estes continuam a resistir.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Cerimónias e Festividades
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Manequins e pedestres reflectidos
Cidades
Saint John's, Antigua

A Cidade Caribenha de São João

Situada numa enseada oposta àquela em que o Almirante Nelson fundou as suas estratégicas Nelson Dockyards, Saint John tornou-se a maior povoação de Antígua e um porto de cruzeiros concorrido. Os visitantes que a exploram além do artificial Heritage Quay, descobrem uma das capitais mais genuínas das Caraíbas.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Casal Gótico
Cultura

Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Cruzeiro Princess Yasawa, Maldivas
Em Viagem
Maldivas

Cruzeiro pelas Maldivas, entre Ilhas e Atóis

Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
Igreja colonial de São Francisco de Assis, Taos, Novo Mexico, E.U.A
Étnico
Taos, E.U.A.

A América do Norte Ancestral de Taos

De viagem pelo Novo México, deslumbramo-nos com as duas versões de Taos, a da aldeola indígena de adobe do Taos Pueblo, uma das povoações dos E.U.A. habitadas há mais tempo e em contínuo. E a da Taos cidade que os conquistadores espanhóis legaram ao México, o México cedeu aos Estados Unidos e que uma comunidade criativa de descendentes de nativos e artistas migrados aprimoram e continuam a louvar.
Portfólio, Got2Globe, melhores imagens, fotografia, imagens, Cleopatra, Dioscorides, Delos, Grécia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

O Terreno e o Celestial

Kolmanskop, Deserto do Namibe, Namíbia
História
Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Visitante, Michaelmas Cay, Grande Barreira de Recife, Australia
Ilhas
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Auroras Boreais, Laponia, Rovaniemi, Finlandia, Raposa de Fogo
Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Literatura
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Igreja arménia, península Sevanavank, Lago Sevan, Arménia
Natureza
Lago Sevan, Arménia

O Grande Lago Agridoce do Cáucaso

Fechado entre montanhas a 1900 metros de altitude, considerado um tesouro natural e histórico da Arménia, o Lago Sevan nunca foi tratado como tal. O nível e a qualidade da sua água deterioram-se décadas a fio e uma recente invasão de algas drena a vida que nele subsiste.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Parques Naturais
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Cilaos, ilha da Reunião, Casario Piton des Neiges
Património Mundial UNESCO
Cilaos, Reunião

Refúgio sob o tecto do Índico

Cilaos surge numa das velhas caldeiras verdejantes da ilha de Reunião. Foi inicialmente habitada por escravos foragidos que acreditavam ficar a salvo naquele fim do mundo. Uma vez tornada acessível, nem a localização remota da cratera impediu o abrigo de uma vila hoje peculiar e adulada.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Tobago, Pigeon Point, Scarborough, pontão
Praias
Scarborough a Pigeon Point, Tobago

À Descoberta da Tobago Capital

Das alturas amuralhadas do Forte King George, ao limiar de Pigeon Point, o sudoeste de Tobago em redor da capital Scarborough, revela-nos uns trópicos controversos sem igual.
Detalhe do templo de Kamakhya, em Guwahati, Assam, Índia
Religião
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Salão de Pachinko, video vício, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

Pachinko: o Vídeo – Vício Que Deprime o Japão

Começou como um brinquedo mas a apetência nipónica pelo lucro depressa transformou o pachinko numa obsessão nacional. Hoje, são 30 milhões os japoneses rendidos a estas máquinas de jogo alienantes.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Transpantaneira pantanal do Mato Grosso, capivara
Vida Selvagem
Pantanal do Mato Grosso, Brasil

Transpantaneira, Pantanal e Confins do Mato Grosso

Partimos do coração sul-americano de Cuiabá para sudoeste e na direcção da Bolívia. A determinada altura, a asfaltada MT060 passa sob um portal pitoresco e a Transpantaneira. Num ápice, o estado brasileiro de Mato Grosso alaga-se. Torna-se um Pantanal descomunal.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.