Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué


Acima de tudo e de todos
Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.
Fila obrigatória
Transeuntes carregados percorrem uma rua movimentada de Harare, dominada por uma grande loja de visual ainda semi-colonial.
Harare de longe
O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.
Ao Insurgente Desconhecido
Figuras douradas - dois homens e uma mulher - do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia ;
Extensão de negócio
"Cabeleireiro" de rua ajusta extensões a uma senhora. As extensões são adereços prolíficos no Zimbabué, como em vários países vizinhos.
Auto-locomoção
À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.
Mugabe vs Jesus
"Mugabe é um Anjo" versa a capa do jornal Newsday Weekender
Mercado Negro
Cambistas com cadeiras trazidas de casa seguram grandes molhos de notas bafientas. Negócios com dólares americanos, euros, rands sustentam estas empresárias oportunistas.
Velho betão africano
Rua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.
Hipermercado de rua
Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.
Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.

Aterramos de um voo de hora e meia do extremo norte do Zimbabué. A avioneta detém-se. Gellys escolta-nos até à zona em que as malas seriam entregues.

Não falámos durante o voo. Limitámo-nos a aproveitar o privilégio de contemplarmos de pouca altitude a incrível paisagem do Zimbabué. Gellys, manteve-se ocupado com os  comandos e botões da aeronave.

Ali detido pela demora da bagagem, o piloto revelou uma agradável cortesia britânica e com uma informalidade que só muitos anos naquelas partes de África moldam nos súbditos de Sua Majestade ou descendentes. Aproveitamos a sua predisposição.

O Drama Particular das Vidas Brancas do Zimbabué

“Então e isto de ser piloto começou como?” perguntamos-lhe. “Bom, como um passatempo e enquanto mantivemos a quinta, manteve-se só isso. Depois…levaram-nos tudo. Agora, é o que me permite sobreviver por cá.” Por mais dramáticas que parecessem, as suas palavras não nos surpreenderam.

Estávamos a par dos acontecimentos. “Mas e, no vosso caso, houve violência?” acrescentamos. “Violência física não, mas era uma pressão a que não podíamos resistir. Aparecia uma turba com armas e dizia que tínhamos que sair até tal dia. Depois, voltavam mais a sério.

Não vimos alternativa. Deixámos a casa e a propriedade. A maior parte dos zimbabueanos brancos perdeu tudo. Nós, os que ficámos por cá noutras condições, continuamos a sujeitar-nos à loucura do Mugabe e a muita discriminação.”

As malas chegam. Gellys tinha o regresso a Mana Pools a cumprir. Despedimo-nos com o desejo de um melhor futuro para ele e para o Zimbabué. Por essa altura, tanto nós como Gellys estávamos conscientes que, para começar, tudo dependia da resiliência de Robert Mugabe.

A Guerra de Independência e a Ascensão Fulminante de Robert Mugabe

Mugabe foi o mais proeminente líder da guerra de Libertação travada contra a minoria branca da República da Rodésia, auto-proclamada independente do Reino Unido, em 1965. Durante toda a sua vida, Robert Mugabe abominou a supremacia da minoria branca em que cresceu. Este ódio viria, aliás, a condicionar a sua futura governação do Zimbabué.

Entre penas de prisão e encontros com líderes marxistas, Mugabe liderou forças militantes e de guerrilha que, mal Moçambique obteve a independência de Portugal, operaram a partir da extensa zona fronteiriça com o actual Zimbabué.

Em 1979-80, excepção feita à África do Sul do Apartheid, sua óbvia aliada, o regime supremacista e, em boa parte, racista da Rodésia estava isolado. Do outro lado, Mugabe via-se pressionado por Samora Machel e outros líderes para pôr termo ao conflito. Muito contrariado, acedeu.

Na sequência, resistiu a várias tentativas de assassinato das facções ZAPU e ZANLA, que passaram a disputar o poder com o seu ZANU. O partido ZANU venceu as eleições. Em Abril de 1980, Mugabe prestou juramento enquanto Primeiro-Ministro já não da Rodésia mas de um Zimbabué reconhecido pela maior parte do mundo.

Os seus anos iniciais de governação indiciaram estabilidade mas Mugabe veio a revelar-se um déspota ressentido, com vistas curtas, vulnerável a vaipes e a paranoias.

Dólares, bonds e a Inflação há muito Surreal

Não saíramos sequer do aeroporto. Os danos provocados pelas suas quase quatro décadas no poder sucediam-se. Por excessiva descontração, tínhamos chegado apenas com euros. As caixas ATM não tinham nem dólares americanos nem os bonds zimbabueanos criados quando o dólar nacional se desvalorizou tanto que nem meia linha de um caderno chegava para anotar quantos valiam 1 USD ou 1 Euro.

Ao fim de alguma investigação, conseguimos um misto da moeda americana e de bonds como troco da compra de um protector solar, na farmácia das Chegadas. Aprendida a solução, continuámos a obtê-los, um pouco por todo o país, nos supermercados das maiores cadeias. Às tantas, mesmo sabendo que fora do Zimbabué, os bonds valeriam zero já nem refilávamos para garantirmos troco em dólares americanos.

Um motorista do turismo local recebe-nos e conduz-nos ao hotel. Descansamos uma mera hora. Voltamos a sair com ele, guiados ainda por uma cicerone do governo, Salome, que cumpre instruções e nos leva ao National Heroes Acre, a 7km do centro. Entregue aos chats do seu telemóvel, Salome pouco nos liga ou dirige palavra.

O motorista dirige, como é suposto, mas quase só fala com Salome. O monumento nacional não tarda. No cimo de uma escadaria curta, inicial e central, estão o túmulo e estátua de bronze de homenagem aos insurgentes desconhecidos que perderam a vida na guerra de libertação.

O Heroes Acre e a “Chama Eterna” do Zimbabué

Compõem a estátua três guerrilheiros armados e em poses altivas: uma mulher e dois homens. As duas extremidades do monumento são delimitadas por murais que narram a história do Zimbabué.

No cimo da colina, sobre uma torre com 40 metros assim elevada para ser vista de Harare, destaca-se a “Chama Eterna”. Foi acesa aquando das celebrações da Independência do Zimbabué de 1982.

Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe

Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.

Fiel às suas inclinações marxistas, Mugabe, adjudicou a construção do Heroes Acre a uma empresa norte-coreana. Não nos espantou, portanto, apurar que o mausoléu imitava o Cemitério dos Mártires Revolucionários de Taesong-guyok, nos arredores de Pyongyang.

O Heroes Acre serve de última morada cerimonial dos insurgentes zimbabueanos. Nessa mesma tarde, um forte contingente de militares e trabalhadores civis prepara, ali, o funeral de um desses heróis, o Comandante Naison Ndlovu, que falecera dias antes, com 86 anos.

Ndlovu era estimado não só pelo seu papel na independência do Zimbabué como pela integridade que manteve durante toda a sua vida contra o regionalismo e o tribalismo. Isto, num país que ainda hoje padece da polarização por vezes irracional entre as suas etnias predominantes, a xona, de Robert Mugabe e a Ndebele, ambas do ramo Bantu.

Em certas fases da sua longa ditadura, Mugabe levou esta oposição xona vs Ndebele a extremos sanguinários.

Harare: a Capital de Todos os Equívocos

Regressamos ao centro. Harare mantém-se tranquila dentro do que o seu caos controlado de incontáveis pedestres e vendedores e compradores de rua concede, claro está.

Com o próprio Mugabe a admitir que o desemprego se cifrava entre os 60 e os 90%, só as incontáveis iniciativas privadas de tudo um pouco sustentam as famílias – por norma, numerosas – e mantém ligada à máquina a moribunda economia local.

Vendedores de rua de Harare, Zimbabwe

Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.

Enquanto caminhamos, passamos por sucessivas bancas improvisadas à porta de lojas que, não raras vezes, se veem forçadas a admitir a concorrência.

Ao ponto a que as coisas chegaram, Mugabe até se pode queixar na imprensa que Harare nunca voltará a ter turismo enquanto estiver cheia de lixo (em grande parte o deixado pelos vendedores de rua ao fim do dia). Mas também sabe que forçar a remoção dos vendedores poderia representar o princípio do seu fim.

Ruas de Harare, capital do Zimbabwe

ua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.

Como tal, no meio de uma fascinante floresta urbana de prédios em que a arquitectura soviética dos anos 70 se mescla com influências africanas e outras coloniais britânicas, a sina pesada de Harare prossegue à sombra e ao sol de melhores e piores dias. Uma senhora compõe extensões capilares vistosas a outra.

Sentadas em cadeiras trazidas de casa, cambistas seguram enormes molhos bafientos de notas. À falta de besta de carga, um vendedor de fruta empurra a sua própria carroça cheia de laranjas. São meros exemplos de uma miríade de modos de sobrevivência.

Vendedor de laranjas em Harare, Zimbabwe

À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.

Harare e o Zimbabué há muito Entregues aos seus Destinos

Nem zimbabueanos brancos nem turistas. Não vemos um único branco na cidade. Começamos, aliás, a sentir que por aquelas alturas, éramos os únicos. Mas as estatísticas garantem que ainda lá se mantêm vários milhares deles, de cultura anglófona e – não podiam faltar – muitas centenas de portugueses, mais de mil no Zimbabué, donos de restaurantes, de empresas rurais, de turismo e do que mais lhes tenha calhado na vida.

Mas, voltemos à decadência do Zimbabué. Até 1987, Mugabe manteve-se ocupado com um combate sanguinário e tresloucado contra as facções que se haviam dedicado a uma oposição de banditismo nas províncias mais remotas do país.

Para as controlar, Mugabe não olhou a meios e terá causado a morte a cerca de 20.000 civis. Nos 37 anos do seu jugo, mataria rivais e súbditos com relativa frequência, às vezes, pelas razões mais estapafúrdias.

Capa de jornais em Harare, Zimbabwe

“Mugabe é um Anjo” versa a capa do jornal Newsday Weekender

Em 1987, Mugabe conseguiu não só a fusão entre os dois principais partidos rivais como a mudança da constituição. Declarou-se presidente executivo. Plenipotenciário, apressou-se a abolir os vinte assentos lugares parlamentares reservados a brancos. A expulsão não se ficou pela assembleia.

As Expropriações, outros Caprichos e Loucuras de Mugabe

A população negra não parava de aumentar. Para alegadamente os alojar, Mugabe decretou que iria expropriar, sem apelo, vastas propriedades agrícolas, algumas exploradas por famílias brancas desde o início dos tempos coloniais. Muita desta terra foi, todavia, entregue a ministros e a oficiais superiores, vários, antigos combatentes da Guerra de Libertação.

Ao inteirar-se disto, o Reino Unido suspendeu o seu programa de apoio (até então, atribuíra 44 milhões de libras) à compensação dos brancos expropriados.

Como se não bastasse, em 1997, os antigos combatentes da Guerra Revolucionária intensificaram os pedidos de pensões pelos seus serviços militares. Mugabe não tinha como rejeitar. Ignorou todo e qualquer bom-senso económico-financeiro e limitou-se a imprimir centenas de milhões de dólares zimbabueanos.

Este influxo gratuito de notas contribuiu para os valores anedóticos da inflação que se seguiram: 100.000% em 2008 quando uma fatia de pão custava um terço de um salário mensal. A cotação da moeda nacional, essa, já não tinha adjectivo que a qualificasse.

Panorâmica de Harare, Zimbabwe

O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.

Mugabe colocava as culpas da catástrofe na minoria branca resistente que dizia continuar a controlar a agricultura, as minas e a produção industrial. Diabolizou os brancos e os seus próprios oponentes negros.

Aproveitou ainda para desviar a atenção do dano das suas políticas com a preocupação crescente da homossexualidade que explicou como uma importação da Europa, sendo os gays “piores que cães e porcos… culpados de comportamentos sub-humanos.”

Do Zimbabué Celeiro da África sub-Sahariana à Fome Generalizada

De 2000 em diante, as ocupações de terras agravaram-se, levadas a cabo por gangs armados que não se furtaram a violações e a assassínios. Tudo se revelou orquestrado por Mugabe que assim vingou o papel que os brancos teriam alegadamente tido nos seus maus resultados das eleições desse ano.

Fossem quem fossem, faltavam aos novos beneficiários o conhecimento ou meios técnicos e até financeiros para manterem as terras produtivas.

Até então, conhecido como o celeiro da África sub-Sahariana e um forte exportador, à medida que mais brancos e empresas abandonavam o país, a economia do Zimbabué agravou-se ao ponto de 75% da população depender de ajuda externa para se alimentar.

Nada disto parecia incomodar o velho ditador. Mugabe continuou pelos anos 2000 fora a acicatar o estado de semi-guerra em que o país vivia com o único propósito de eternizar a sua tirania.

Num outro dia de Junho de 2017, visitamos as pinturas rupestres de Domboshava, a uns 30 km de Harare. À ida, passamos pelo quarteirão da mansão presidencial. Meio alertada, Salome proíbe-nos de ali fotografarmos. Dez quilómetros depois, de forma brusca, batedores motorizados mandam-nos encostar à berma.

Os Tempos de Mudança Iminente do Zimbabué

Uma interminável caravana de veículos híper-luxuosos e militares em que seguia Mugabe dirigia-se ao funeral do Comandante Naison Ndlovu, no Heroes Acre. E Mugabe não brincava em serviço. Além de um batalhão de soldados e forças especiais noutros carros e vans, protegia-o um veículo com metralhadoras de estilo antiaérea.

Mas, com 93 anos, os anticorpos no seu organismo enfraqueciam. Os da política do Zimbabué, esses, sentiam como nunca a urgência de o extraírem de vez do país.

Mais ou menos um mês depois, o Exército Nacional percebeu que Mugabe se livrara do antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa para, mesmo contra a vontade expressa do povo, impor a sua mulher Grace – Gucci Grace, como lhe chamam nas ruas – à sua sucessão.

Já sem nada a temer, os generais entraram por fim em cena e colocaram Mugabe em prisão domiciliária. Sentindo o apoio dos militares, no passado dia 19, em clima de grande festa, os delegados demitiram-no da presidência do partido ZANU-PF e apontaram Emmerson Mnangagwa como novo líder.

Horas depois, Mugabe discursou na TV, na presença algo preocupante de membros das forças armadas, de outros oficiais e de um padre.

Ao Insurgente Desconhecido

Figuras douradas – dois homens e uma mulher – do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia

Fez tábua rasa de tudo o que se havia passado. Declarou que, dentro de semanas, presidiria ao congresso do partido. Não considerou a sua saída do ZANU-PF, quanto mais da presidência do país. Um dia depois Robert Gabriel Mugabe, o decano dos tiranos de África demitiu-se finalmente da presidência do país.

Encerrou, assim, as quase quatro décadas de prepotência, loucura, uso e abuso do Zimbabué. Segue-se o seu vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Após 37 anos de frustração, as expectativas do povo não podiam ser mais elevadas.

Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

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Grande ZimbabuéZimbabué

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É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
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Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
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Pelas Terras Moçambicanas do Chá

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A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
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Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
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Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
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Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
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Lombok: Hinduísmo Balinês Numa Ilha do Islão

A fundação da Indonésia assentou na crença num Deus único. Este princípio ambíguo sempre gerou polémica entre nacionalistas e islamistas mas, em Lombok, os balineses levam a liberdade de culto a peito
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Comida
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O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
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Campeche, México

Há 200 Anos a Brincar com a Sorte

No fim do século XVIII, os campechanos renderam-se a um jogo introduzido para esfriar a febre das cartas a dinheiro. Hoje, jogada quase só por abuelitas, a loteria local pouco passa de uma diversão.
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O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
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Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
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Situadas a oeste de Sydney, as Blue Mountains formam um dos domínios mais procurados pelos ozzies e estrangeiros em busca de evasão. Atrai-os a beleza natural vista de Katoomba, os penhascos afiados das Three Sisters e as cascatas que se despenham sobre o vale de Jamison. À sombra deste frenesim turístico, perdura a habitual marginalização das origens e da cultura aborígene local.
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Portfólio Fotográfico Got2Globe

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No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
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Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
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Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
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A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
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Uma Aldeia à Tona do Gana

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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Em Busca da Praia Dominicana Imaculada

Contra todas as probabilidades, um dos litorais dominicanos mais intocados também é dos mais remotos. À descoberta da província de Pedernales, deslumbramo-nos com o semi-desértico Parque Nacional Jaragua e com a pureza caribenha da Bahia de las Águilas.
Templo Kongobuji
Património Mundial UNESCO
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A Meio Caminho do Nirvana

Segundo algumas doutrinas do budismo, são necessárias várias vidas para atingir a iluminação. O ramo shingon defende que se consegue numa só. A partir do Monte Koya, pode ser ainda mais fácil.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
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Praias
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Entre o Tofo e o Tofinho por um Litoral em Crescendo

Os 22km entre a cidade de Inhambane e a costa revelam-nos uma imensidão de manguezais e coqueirais, aqui e ali, salpicados de cubatas. A chegada ao Tofo, um cordão de dunas acima de um oceano Índico sedutor e uma povoação humilde em que o modo de vida local há muito se ajusta para acolher vagas de forasteiros deslumbrados.
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Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
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Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Fiéis cristãos à saida de uma igreja, Upolu, Samoa Ocidental
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Upolu, Samoa  

No Coração Partido da Polinésia

O imaginário do Pacífico do Sul paradisíaco é inquestionável em Samoa mas a sua formosura tropical não paga as contas nem da nação nem dos habitantes. Quem visita este arquipélago encontra um povo dividido entre sujeitar-se à tradição e ao marasmo financeiro ou desenraizar-se em países com horizontes mais vastos.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
O rio Zambeze, PN Mana Poools
Vida Selvagem
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.