Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué


Acima de tudo e de todos
Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.
Fila obrigatória
Transeuntes carregados percorrem uma rua movimentada de Harare, dominada por uma grande loja de visual ainda semi-colonial.
Harare de longe
O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.
Ao Insurgente Desconhecido
Figuras douradas - dois homens e uma mulher - do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia ;
Extensão de negócio
"Cabeleireiro" de rua ajusta extensões a uma senhora. As extensões são adereços prolíficos no Zimbabué, como em vários países vizinhos.
Auto-locomoção
À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.
Mugabe vs Jesus
"Mugabe é um Anjo" versa a capa do jornal Newsday Weekender
Mercado Negro
Cambistas com cadeiras trazidas de casa seguram grandes molhos de notas bafientas. Negócios com dólares americanos, euros, rands sustentam estas empresárias oportunistas.
Velho betão africano
Rua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.
Hipermercado de rua
Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.
Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.

Aterramos de um voo de hora e meia do extremo norte do Zimbabué. A avioneta detém-se. Gellys escolta-nos até à zona em que as malas seriam entregues.

Não falámos durante o voo. Limitámo-nos a aproveitar o privilégio de contemplarmos de pouca altitude a incrível paisagem do Zimbabué. Gellys, manteve-se ocupado com os  comandos e botões da aeronave.

Ali detido pela demora da bagagem, o piloto revelou uma agradável cortesia britânica e com uma informalidade que só muitos anos naquelas partes de África moldam nos súbditos de Sua Majestade ou descendentes. Aproveitamos a sua predisposição.

O Drama Particular das Vidas Brancas do Zimbabué

“Então e isto de ser piloto começou como?” perguntamos-lhe. “Bom, como um passatempo e enquanto mantivemos a quinta, manteve-se só isso. Depois…levaram-nos tudo. Agora, é o que me permite sobreviver por cá.” Por mais dramáticas que parecessem, as suas palavras não nos surpreenderam.

Estávamos a par dos acontecimentos. “Mas e, no vosso caso, houve violência?” acrescentamos. “Violência física não, mas era uma pressão a que não podíamos resistir. Aparecia uma turba com armas e dizia que tínhamos que sair até tal dia. Depois, voltavam mais a sério.

Não vimos alternativa. Deixámos a casa e a propriedade. A maior parte dos zimbabueanos brancos perdeu tudo. Nós, os que ficámos por cá noutras condições, continuamos a sujeitar-nos à loucura do Mugabe e a muita discriminação.”

As malas chegam. Gellys tinha o regresso a Mana Pools a cumprir. Despedimo-nos com o desejo de um melhor futuro para ele e para o Zimbabué. Por essa altura, tanto nós como Gellys estávamos conscientes que, para começar, tudo dependia da resiliência de Robert Mugabe.

A Guerra de Independência e a Ascensão Fulminante de Robert Mugabe

Mugabe foi o mais proeminente líder da guerra de Libertação travada contra a minoria branca da República da Rodésia, auto-proclamada independente do Reino Unido, em 1965. Durante toda a sua vida, Robert Mugabe abominou a supremacia da minoria branca em que cresceu. Este ódio viria, aliás, a condicionar a sua futura governação do Zimbabué.

Entre penas de prisão e encontros com líderes marxistas, Mugabe liderou forças militantes e de guerrilha que, mal Moçambique obteve a independência de Portugal, operaram a partir da extensa zona fronteiriça com o actual Zimbabué.

Em 1979-80, excepção feita à África do Sul do Apartheid, sua óbvia aliada, o regime supremacista e, em boa parte, racista da Rodésia estava isolado. Do outro lado, Mugabe via-se pressionado por Samora Machel e outros líderes para pôr termo ao conflito. Muito contrariado, acedeu.

Na sequência, resistiu a várias tentativas de assassinato das facções ZAPU e ZANLA, que passaram a disputar o poder com o seu ZANU. O partido ZANU venceu as eleições. Em Abril de 1980, Mugabe prestou juramento enquanto Primeiro-Ministro já não da Rodésia mas de um Zimbabué reconhecido pela maior parte do mundo.

Os seus anos iniciais de governação indiciaram estabilidade mas Mugabe veio a revelar-se um déspota ressentido, com vistas curtas, vulnerável a vaipes e a paranoias.

Dólares, bonds e a Inflação há muito Surreal

Não saíramos sequer do aeroporto. Os danos provocados pelas suas quase quatro décadas no poder sucediam-se. Por excessiva descontração, tínhamos chegado apenas com euros. As caixas ATM não tinham nem dólares americanos nem os bonds zimbabueanos criados quando o dólar nacional se desvalorizou tanto que nem meia linha de um caderno chegava para anotar quantos valiam 1 USD ou 1 Euro.

Ao fim de alguma investigação, conseguimos um misto da moeda americana e de bonds como troco da compra de um protector solar, na farmácia das Chegadas. Aprendida a solução, continuámos a obtê-los, um pouco por todo o país, nos supermercados das maiores cadeias. Às tantas, mesmo sabendo que fora do Zimbabué, os bonds valeriam zero já nem refilávamos para garantirmos troco em dólares americanos.

Um motorista do turismo local recebe-nos e conduz-nos ao hotel. Descansamos uma mera hora. Voltamos a sair com ele, guiados ainda por uma cicerone do governo, Salome, que cumpre instruções e nos leva ao National Heroes Acre, a 7km do centro. Entregue aos chats do seu telemóvel, Salome pouco nos liga ou dirige palavra.

O motorista dirige, como é suposto, mas quase só fala com Salome. O monumento nacional não tarda. No cimo de uma escadaria curta, inicial e central, estão o túmulo e estátua de bronze de homenagem aos insurgentes desconhecidos que perderam a vida na guerra de libertação.

O Heroes Acre e a “Chama Eterna” do Zimbabué

Compõem a estátua três guerrilheiros armados e em poses altivas: uma mulher e dois homens. As duas extremidades do monumento são delimitadas por murais que narram a história do Zimbabué.

No cimo da colina, sobre uma torre com 40 metros assim elevada para ser vista de Harare, destaca-se a “Chama Eterna”. Foi acesa aquando das celebrações da Independência do Zimbabué de 1982.

Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe

Pormenor do Heroes Acre, o mausoleu dos heróis da guerra de insurgência contra a minoria branca supremacista que governava a Rodésia predecessora do Zimbabwe Mugabe surge no topo.

Fiel às suas inclinações marxistas, Mugabe, adjudicou a construção do Heroes Acre a uma empresa norte-coreana. Não nos espantou, portanto, apurar que o mausoléu imitava o Cemitério dos Mártires Revolucionários de Taesong-guyok, nos arredores de Pyongyang.

O Heroes Acre serve de última morada cerimonial dos insurgentes zimbabueanos. Nessa mesma tarde, um forte contingente de militares e trabalhadores civis prepara, ali, o funeral de um desses heróis, o Comandante Naison Ndlovu, que falecera dias antes, com 86 anos.

Ndlovu era estimado não só pelo seu papel na independência do Zimbabué como pela integridade que manteve durante toda a sua vida contra o regionalismo e o tribalismo. Isto, num país que ainda hoje padece da polarização por vezes irracional entre as suas etnias predominantes, a xona, de Robert Mugabe e a Ndebele, ambas do ramo Bantu.

Em certas fases da sua longa ditadura, Mugabe levou esta oposição xona vs Ndebele a extremos sanguinários.

Harare: a Capital de Todos os Equívocos

Regressamos ao centro. Harare mantém-se tranquila dentro do que o seu caos controlado de incontáveis pedestres e vendedores e compradores de rua concede, claro está.

Com o próprio Mugabe a admitir que o desemprego se cifrava entre os 60 e os 90%, só as incontáveis iniciativas privadas de tudo um pouco sustentam as famílias – por norma, numerosas – e mantém ligada à máquina a moribunda economia local.

Vendedores de rua de Harare, Zimbabwe

Vendedores de rua mesmo no centro de Harare. Com a taxa de desemprego do país, nem o despótico Robert Mugabe tem a coragem de os expulsar.

Enquanto caminhamos, passamos por sucessivas bancas improvisadas à porta de lojas que, não raras vezes, se veem forçadas a admitir a concorrência.

Ao ponto a que as coisas chegaram, Mugabe até se pode queixar na imprensa que Harare nunca voltará a ter turismo enquanto estiver cheia de lixo (em grande parte o deixado pelos vendedores de rua ao fim do dia). Mas também sabe que forçar a remoção dos vendedores poderia representar o princípio do seu fim.

Ruas de Harare, capital do Zimbabwe

ua da capital do Zimbabuwe, Harare, com a sua arquitetura gasta e mista: com algo de soviético, de africano e colonial britânico.

Como tal, no meio de uma fascinante floresta urbana de prédios em que a arquitectura soviética dos anos 70 se mescla com influências africanas e outras coloniais britânicas, a sina pesada de Harare prossegue à sombra e ao sol de melhores e piores dias. Uma senhora compõe extensões capilares vistosas a outra.

Sentadas em cadeiras trazidas de casa, cambistas seguram enormes molhos bafientos de notas. À falta de besta de carga, um vendedor de fruta empurra a sua própria carroça cheia de laranjas. São meros exemplos de uma miríade de modos de sobrevivência.

Vendedor de laranjas em Harare, Zimbabwe

À falta de uma besta de carga, um vendedor de fruta empurrra a sua própria carroça carregada de laranjas.

Harare e o Zimbabué há muito Entregues aos seus Destinos

Nem zimbabueanos brancos nem turistas. Não vemos um único branco na cidade. Começamos, aliás, a sentir que por aquelas alturas, éramos os únicos. Mas as estatísticas garantem que ainda lá se mantêm vários milhares deles, de cultura anglófona e – não podiam faltar – muitas centenas de portugueses, mais de mil no Zimbabué, donos de restaurantes, de empresas rurais, de turismo e do que mais lhes tenha calhado na vida.

Mas, voltemos à decadência do Zimbabué. Até 1987, Mugabe manteve-se ocupado com um combate sanguinário e tresloucado contra as facções que se haviam dedicado a uma oposição de banditismo nas províncias mais remotas do país.

Para as controlar, Mugabe não olhou a meios e terá causado a morte a cerca de 20.000 civis. Nos 37 anos do seu jugo, mataria rivais e súbditos com relativa frequência, às vezes, pelas razões mais estapafúrdias.

Capa de jornais em Harare, Zimbabwe

“Mugabe é um Anjo” versa a capa do jornal Newsday Weekender

Em 1987, Mugabe conseguiu não só a fusão entre os dois principais partidos rivais como a mudança da constituição. Declarou-se presidente executivo. Plenipotenciário, apressou-se a abolir os vinte assentos lugares parlamentares reservados a brancos. A expulsão não se ficou pela assembleia.

As Expropriações, outros Caprichos e Loucuras de Mugabe

A população negra não parava de aumentar. Para alegadamente os alojar, Mugabe decretou que iria expropriar, sem apelo, vastas propriedades agrícolas, algumas exploradas por famílias brancas desde o início dos tempos coloniais. Muita desta terra foi, todavia, entregue a ministros e a oficiais superiores, vários, antigos combatentes da Guerra de Libertação.

Ao inteirar-se disto, o Reino Unido suspendeu o seu programa de apoio (até então, atribuíra 44 milhões de libras) à compensação dos brancos expropriados.

Como se não bastasse, em 1997, os antigos combatentes da Guerra Revolucionária intensificaram os pedidos de pensões pelos seus serviços militares. Mugabe não tinha como rejeitar. Ignorou todo e qualquer bom-senso económico-financeiro e limitou-se a imprimir centenas de milhões de dólares zimbabueanos.

Este influxo gratuito de notas contribuiu para os valores anedóticos da inflação que se seguiram: 100.000% em 2008 quando uma fatia de pão custava um terço de um salário mensal. A cotação da moeda nacional, essa, já não tinha adjectivo que a qualificasse.

Panorâmica de Harare, Zimbabwe

O casario de Harare visto de um ponto mais alto nos arredores da cidade enfeitado por um arbusto euphorbia e controlado pelo exército.

Mugabe colocava as culpas da catástrofe na minoria branca resistente que dizia continuar a controlar a agricultura, as minas e a produção industrial. Diabolizou os brancos e os seus próprios oponentes negros.

Aproveitou ainda para desviar a atenção do dano das suas políticas com a preocupação crescente da homossexualidade que explicou como uma importação da Europa, sendo os gays “piores que cães e porcos… culpados de comportamentos sub-humanos.”

Do Zimbabué Celeiro da África sub-Sahariana à Fome Generalizada

De 2000 em diante, as ocupações de terras agravaram-se, levadas a cabo por gangs armados que não se furtaram a violações e a assassínios. Tudo se revelou orquestrado por Mugabe que assim vingou o papel que os brancos teriam alegadamente tido nos seus maus resultados das eleições desse ano.

Fossem quem fossem, faltavam aos novos beneficiários o conhecimento ou meios técnicos e até financeiros para manterem as terras produtivas.

Até então, conhecido como o celeiro da África sub-Sahariana e um forte exportador, à medida que mais brancos e empresas abandonavam o país, a economia do Zimbabué agravou-se ao ponto de 75% da população depender de ajuda externa para se alimentar.

Nada disto parecia incomodar o velho ditador. Mugabe continuou pelos anos 2000 fora a acicatar o estado de semi-guerra em que o país vivia com o único propósito de eternizar a sua tirania.

Num outro dia de Junho de 2017, visitamos as pinturas rupestres de Domboshava, a uns 30 km de Harare. À ida, passamos pelo quarteirão da mansão presidencial. Meio alertada, Salome proíbe-nos de ali fotografarmos. Dez quilómetros depois, de forma brusca, batedores motorizados mandam-nos encostar à berma.

Os Tempos de Mudança Iminente do Zimbabué

Uma interminável caravana de veículos híper-luxuosos e militares em que seguia Mugabe dirigia-se ao funeral do Comandante Naison Ndlovu, no Heroes Acre. E Mugabe não brincava em serviço. Além de um batalhão de soldados e forças especiais noutros carros e vans, protegia-o um veículo com metralhadoras de estilo antiaérea.

Mas, com 93 anos, os anticorpos no seu organismo enfraqueciam. Os da política do Zimbabué, esses, sentiam como nunca a urgência de o extraírem de vez do país.

Mais ou menos um mês depois, o Exército Nacional percebeu que Mugabe se livrara do antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa para, mesmo contra a vontade expressa do povo, impor a sua mulher Grace – Gucci Grace, como lhe chamam nas ruas – à sua sucessão.

Já sem nada a temer, os generais entraram por fim em cena e colocaram Mugabe em prisão domiciliária. Sentindo o apoio dos militares, no passado dia 19, em clima de grande festa, os delegados demitiram-no da presidência do partido ZANU-PF e apontaram Emmerson Mnangagwa como novo líder.

Horas depois, Mugabe discursou na TV, na presença algo preocupante de membros das forças armadas, de outros oficiais e de um padre.

Ao Insurgente Desconhecido

Figuras douradas – dois homens e uma mulher – do monumento aos insurgentes desconhecidos da Bush War a guerra de libertação contra a minoria branca da Rodésia

Fez tábua rasa de tudo o que se havia passado. Declarou que, dentro de semanas, presidiria ao congresso do partido. Não considerou a sua saída do ZANU-PF, quanto mais da presidência do país. Um dia depois Robert Gabriel Mugabe, o decano dos tiranos de África demitiu-se finalmente da presidência do país.

Encerrou, assim, as quase quatro décadas de prepotência, loucura, uso e abuso do Zimbabué. Segue-se o seu vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Após 37 anos de frustração, as expectativas do povo não podiam ser mais elevadas.

Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.  
PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
Grande ZimbabuéZimbabué

Grande Zimbabwe, Pequena Dança Bira

Nativos de etnia Karanga da aldeia KwaNemamwa exibem as danças tradicionais Bira aos visitantes privilegiados das ruínas do Grande Zimbabwe. o lugar mais emblemático do Zimbabwe, aquele que, decretada a independência da Rodésia colonial, inspirou o nome da nova e problemática nação.  
PN Thingvellir, Islândia

Nas Origens da Remota Democracia Viking

As fundações do governo popular que nos vêm à mente são as helénicas. Mas aquele que se crê ter sido o primeiro parlamento do mundo foi inaugurado em pleno século X, no interior enregelado da Islândia.
Inari, Finlândia

O Parlamento Babel da Nação Sami

A Nação sami integra quatro países, que ingerem nas vidas dos seus povos. No parlamento de Inari, em vários dialectos, os sami governam-se como podem.
Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
DMZ, Dora - Coreia do Sul

A Linha Sem Retorno

Uma nação e milhares de famílias foram divididas pelo armistício na Guerra da Coreia. Hoje, enquanto turistas curiosos visitam a DMZ, várias das fugas dos oprimidos norte-coreanos terminam em tragédia
Victoria Falls, Zimbabwe

O Presente Trovejante de Livingstone

O explorador procurava uma rota para o Índico quando nativos o conduziram a um salto do rio Zambeze. As cataratas que encontrou eram tão majestosas que decidiu baptizá-las em honra da sua rainha
Pequim, China

O Coração do Grande Dragão

É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
PN Mana Pools, Zimbabwé

O Zambeze no Cimo do Zimbabwé

Passada a época das chuvas, o minguar do grande rio na fronteira com a Zâmbia lega uma série de lagoas que hidratam a fauna durante a seca. O Parque Nacional Mana Pools denomina uma região fluviolacustre vasta, exuberante e disputada por incontáveis espécimes selvagens.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Monte Lamjung Kailas Himal, Nepal, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Arquitectura & Design
Cemitérios

A Última Morada

Dos sepulcros grandiosos de Novodevichy, em Moscovo, às ossadas maias encaixotadas de Pomuch, na província mexicana de Campeche, cada povo ostenta a sua forma de vida. Até na morte.
Aventura
Vulcões

Montanhas de Fogo

Rupturas mais ou menos proeminentes da crosta terrestre, os vulcões podem revelar-se tão exuberantes quanto caprichosos. Algumas das suas erupções são gentis, outras provam-se aniquiladoras.
Saida Ksar Ouled Soltane, festival dos ksour, tataouine, tunisia
Cerimónias e Festividades
Tataouine, Tunísia

Festival dos Ksour: Castelos de Areia que Não Desmoronam

Os ksour foram construídos como fortificações pelos berberes do Norte de África. Resistiram às invasões árabes e a séculos de erosão. O Festival dos Ksour presta-lhes, todos os anos, uma devida homenagem.
MAL(E)divas
Cidades
Malé, Maldivas

As Maldivas a Sério

Contemplada do ar, Malé, a capital das Maldivas, pouco mais parece que uma amostra de ilha atafulhada. Quem a visita, não encontra coqueiros deitados, praias de sonho, SPAs ou piscinas infinitas. Deslumbra-se com o dia-a-dia maldivano  genuíno que as brochuras turísticas omitem.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Casal Gótico
Cultura

Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Em Viagem
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Navala, Viti Levu, Fiji
Étnico
Navala, Fiji

O Urbanismo Tribal de Fiji

Fiji adaptou-se à invasão dos viajantes com hotéis e resorts ocidentalizados. Mas, nas terras altas de Viti Levu, Navala conserva as suas palhotas criteriosamente alinhadas.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Pórtico de entrada em Ellikkalla, Uzbequistão
História
Usbequistão

Viagem Pelo Pseudo-Alcatrão do Usbequistão

Os séculos passaram. As velhas e degradadas estradas soviéticas sulcam os desertos e oásis antes atravessados pelas caravanas da Rota da Seda. Sujeitos ao seu jugo durante uma semana, vivemos cada paragem e incursão nos lugares e cenários usbeques como recompensas rodoviárias históricas.
Ilhas
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso
Inverno Branco
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Baie d'Oro, Île des Pins, Nova Caledonia
Literatura
Île-des-Pins, Nova Caledónia

A Ilha que se Encostou ao Paraíso

Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Em espera, Mauna Kea vulcão no espaço, Big Island, Havai
Natureza
Mauna Kea, Havai

Mauna Kea: um Vulcão de Olho no Espaço

O tecto do Havai era interdito aos nativos por abrigar divindades benevolentes. Mas, a partir de 1968 várias nações sacrificaram a paz dos deuses e ergueram a maior estação astronómica à face da Terra
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
ilha de Alcatraz, Califórnia, Estados Unidos
Parques Naturais
Alcatraz, São Francisco, E.U.A.

De Volta ao Rochedo

Quarenta anos passados sobre o fim da sua pena, a ex-prisão de Alcatraz recebe mais visitas que nunca. Alguns minutos da sua reclusão explicam porque o imaginário do The Rock arrepiava os piores criminosos.
Picos florestados, Huang Shan, China, Anhui, Montanha Amarela dos Picos Flutuantes
Património Mundial UNESCO
Huang Shan, China

Huang Shan: as Montanhas Amarelas dos Picos Flutuantes

Os picos graníticos das montanhas amarelas e flutuantes de Huang Shan, de que brotam pinheiros acrobatas, surgem em ilustrações artísticas da China sem conta. O cenário real, além de remoto, permanece mais de 200 dias escondido acima das nuvens.
Personagens
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Banhista, The Baths, Devil's Bay (The Baths) National Park, Virgin Gorda, Ilhas Virgens Britânicas
Praias
Virgin Gorda, Ilhas Virgens Britânicas

Os “Caribanhos” Divinais de Virgin Gorda

À descoberta das Ilhas Virgens, desembarcamos numa beira-mar tropical e sedutora salpicada de enormes rochedos graníticos. Os The Baths parecem saídos das Seicheles mas são um dos cenários marinhos mais exuberantes das Caraíbas.
Casario, cidade alta, Fianarantsoa, Madagascar
Religião
Fianarantsoa, Madagáscar

A Cidade Malgaxe da Boa Educação

Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
Gatis de Tóquio, Japão, clientes e gato sphynx
Sociedade
Tóquio, Japão

Ronronares Descartáveis

Tóquio é a maior das metrópoles mas, nos seus apartamentos exíguos, não há lugar para mascotes. Empresários nipónicos detectaram a lacuna e lançaram "gatis" em que os afectos felinos se pagam à hora.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Vida Selvagem
Valdez, Alasca

Na Rota do Ouro Negro

Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez provocou um enorme desastre ambientai. A embarcação deixou de sulcar os mares mas a cidade vitimada que lhe deu o nome continua no rumo do crude do oceano Árctico.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.