Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas


De saída
Visitante russa de Bolshoi Zayatski deixa um dos labirintos da ilha.
No caminho da Ortodoxia
Passadiço conduz à velha igreja também de madeira de Bolshoi Zayatski.
Bi-Espiral
Visitante de Bolshoi Zayatski contorna um dos vários labirintos da ilha.
Ilha Pedregosa
Calhaus de Bolshoi Zayatski bem maiores que aqueles que formam os labirintos vavilons.
Ortodoxia a Bordo
Monja ortodoxa segue a bordo do barco Pechak que liga Solovetsky a Bolshoi Zayatski.
Cenário Outonal
Visitante da ilha percorre um trilho de madeira ao longo de uma paisagem de Outono
Lenha & outros
Parte de trás de uma casa de apoio de Bolshoi Zayatski.
Ortodoxia Outonal
Igreja ortodoxa russa num cenário do curto Outono do arquipélago Solovetsky.
Conversa a bordo
Casal de visitantes russo conversa na popa do navio Pechak, a caminho de Bolshoi Zayatski.
Ancoradouro conveniente
O barco Pechak aguarda o regresso dos visitantes de Bolshoi Zayatski.
Para lá do Litoral pedregoso
Igreja ortodoxa e edifícios de apoio acima do litoral pedregoso de Bolshoi Zayatsky.
Retorno ao convés
Monja ortodoxa deixa o interior aquecido do "Pechak" para o convés gélido.
Ortodoxia Insular
Cruzes ortodoxas no litoral da ilha Bolshoi Zayatski, arquipélago Solovetsky
Momento fotográfico
Passageiros do Pechak fotografam o litoral insular do arquipélago Solovetsky.
Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.

Despertamos na ressaca de uma noite de convívio na casa partilhada por Andrey Ignatiev e Alexey Sidnev, originários de Arkhangelsk, moradores temporários de Solovetsky, um arquipélago disperso pela Baía de Onega do Mar Branco, o mesmo mar que acolhia Bolshoi Zayatsky.

Andrey e Alexey são ambos engenheiros geólogos. Preparavam uma rede de canalização de que a ilha há muito carecia. O duo só falava russo. Fluente em inglês, Alexey Kravchenko, o cicerone de São Petersburgo que nos acompanhava e guiava, apoiava-nos como tradutor e elo relacional.

Teve a ajuda do incontornável vodka, claro está. Nem conscientes de que tínhamos que acordar às 7h30, nos ocorreu rejeitar a oferta genuína e generosa de bebida dos anfitriões. A vodka que nos serviram só podia ser de excelente qualidade.

Os gherkins de pepinos e outros vegetais, parte dos acepipes com que os russos em geral se habituaram a acompanhar e a mitigar o álcool, concederam-nos uma alvorada sem grandes dramas, o que não significa fácil, muito menos bem disposta.

Alvorada e a Navegação Rumo a Bolshoi Zayatsky

Também o novo dia amanhecia assim: cinzento como há dois dias não o víamos. Arrumamos as mochilas. Tomamos um pequeno-almoço improvisado com as mercearias que nos acompanhavam. Batemos a porta do apartamento soviético e entregamo-nos à labuta.

É com as faces apertadas pelo frio da madrugada que caminhamos em direcção ao pequeno porto local, pouco mais que um paredão reforçado que limitava uma água espelho. Quando lá chegamos, já um grupo de visitantes russos aguardava na galhofa, nas imediações do “Pechak”, um barco baptizado com o nome de um dos cabos emblemáticos do arquipélago.

Dois tripulantes que aparecem do interior dão ordem de embarque. Pouco depois, zarpamos para o Mar Branco.

Monja ortodoxa, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Monja ortodoxa segue a bordo do barco Pechak que liga Solovetsky a Bolshoi Zayatski.

O vento fraco pouco ou nada agitava a vastidão neutral que sulcávamos. Mas só a deslocação da embarcação chegava para nos enregelar os ossos e a alma de turistas ocidentais e acidentais de que os restantes passageiros se esforçavam para compreender a proveniência.

Passageiros barco Pechak, Mar Branco, ilhas Solovetsky

Passageiros do Pechak fotografam o litoral insular do arquipélago Solovetsky.

Quase uma hora após a partida, avistamos o recorte de edifícios numa das ilhas quase rasas que se sucediam. Com a aproximação do “Pechak”, percebemos que o mais alto e irregular era uma velha igreja ortodoxa de madeira instalada para lá de uma faixa litoral repleta de grandes calhaus arredondados e troncos. Logo ao lado, duas casas de tijolinho e pedra pareciam servir o templo. Estávamos em Bolshoi Zayatsky.

Igreja ortodoxa, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Igreja ortodoxa e edifícios de apoio acima do litoral pedregoso de Bolshoi Zayatsky.

O Desembarque e os Primeiros Passos

O “Pechak” atraca na extremidade de um pontão de madeira. Um jovem tripulante alto, esguio, alourado e enfiado num uniforme militar camuflado concretiza a amaragem e nova ordem de soltura.

Um a um, todos percorremos o passadiço instalado sobre uma base de pedras e que ligava o pontão à entrada da igreja. À frente, segue o único passageiro em trajes destoantes, aconchegado num oleado amarelo de corpo inteiro.

Forma-se um grupo mais composto que o do embarque. O jovem do oleado assume o seu papel de guia e dá início a uma longa dissertação em russo. De início, mantemo-nos no grupo, atentos às explicações traduzidas que Alexey Kravchenko nos transmitia.

Pouco depois, a comitiva divide-se. Nós tresmalhamo-nos também de Alexey. Ficamos entregues à nossa própria descoberta sensorial de Bolshoi Zayatsky que, apesar da adjectivação (bolshoi = grande) tem apenas 1.25 km2

Igreja Ortodoxa de Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Passadiço conduz à velha igreja também de madeira de Bolshoi Zayatski.

Uma Misteriosa Ilha Sub-Árctica

Uma vegetação multicolor forrava a ilha. Arbustos avermelhados e amarelados destacavam-se acima do verde predominante. E uma colónia desgarrada de pedras salpicavam o tapete formado por uma espécie de tojo viçoso da tundra.

Regressamos ao grupo. Tinham-se detido uma vez mais junto do guia, numa área da ilha em que a vegetação verde e rasteira formava um enredo intrincado de sulcos.

O líder volta à sua carga verbal. Nós, juntamo-nos a Alexey que, por sua vez, se mostra intrigado. De tal maneira que se limita a escutar e pouco ou nada nos transmite. “Isto é realmente muito muito bizarro!” solta por fim, atónito com o que o que o guia não conseguia explicar.

É essa a manifestação normal de quem se confronta com aqueles estranhos monumentos agora lítico-vegetais ou ouve descrições fidedignas sobre eles. Não é só a sua composição esotérica que espanta.

Também está por apurar a razão porque os labirintos se concentram numa área de apenas 400m2 do oeste de Bolshoi Zayatsky, enquanto que cerca de 850 moledos surgem sobretudo a leste. Como é, aliás, enigmática a própria dispersão de ambos os elementos megalíticos por várias ilhas do arquipélago de Solovetsky.

Em Bolshoi Zayatsky, os labirintos são catorze. No cômputo geral das ilhas Solovetsky, contam-se trinta e cinco, todos eles feitos com pedras locais. O mais pequeno tem seis metros de diâmetro. O diâmetro do maior mede vinte e cinco metros. À parte dos labirintos e dos moledos, existem ainda diversos petróglifos.

Igreja ortodoxa no Outono, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Igreja ortodoxa russa num cenário do curto Outono do arquipélago Solovetsky.

Questões que os Labirintos não Respondem: Quem? Como? Porquê

O cerne desta questão espiralada é óbvio: quem os construiu? Quando? Para quê? Em qualquer caso, as tentativas de explanação vêm de há muito e são díspares, um pouco à imagem da paragens boreais em que labirintos de pedra do mesmo tipo podem ser encontrados: Inglaterra, Islândia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estónia e Rússia.

Na maior parte dos casos, foram criados em ilhas, penínsulas, estuários e fozes de rios, com formas uniespirais, biespirais, concêntricas e radiais. As suas formas envolventes são circulares ou ovais. Só em raros casos, quadradas.

A distribuição europeia destes labirintos remeteu vários dos cientistas intrigados pelo fenómeno para o perfil étnico dos povos nórdicos, no caso particular da Península da Kola e da zona em redor do Mar Branco, para os antecedentes do actual povo Sami que habita, hoje, o norte da Noruega, da Finlândia e o noroeste da Rússia.

Cruzes ortodoxas, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Cruzes ortodoxas no litoral da ilha Bolshoi Zayatski, arquipélago Solovetsky

Os Saivos e Outras Teorias Para todos os Gostos

Em 1920, o cientista russo N. Vinogradov teorizou que os labirintos eram Saivo, montanhas sagradas em que as almas dos falecidos deambulavam. No entretanto, a definição de Saivo recebeu sérios complementos. A Encyclopedia Britannica define-os como “uma das regiões Sami dos mortos, em que os saivoolmak (falecidos) viviam vidas felizes no mundo saivo sobrenatural com as suas famílias e ancestrais.

Os Sami acreditavam que os saivoolmak construíam tendas, caçavam, pescavam e viviam tal e qual tinham vivido à face da Terra. Os saivo eram considerados sagrados e fontes de poder que podiam ser usados pelos xamanes. Quando os xamanes desejavam entrar em transe, convocavam os espíritos guardiões dos saivo.”

Interpretou-se, assim, que os labirintos funcionavam com uma espécie de fronteira entre o mundo dos vivos e dos espíritos e que eram usados em rituais levados a cabo para ajudar as almas a passar de um mundo para o outro.

Labirinto de pedras e arbustos, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Visitante russa de Bolshoi Zayatski deixa um dos labirintos da ilha.

A Caminhada Labírintica de Vlad Abramov

Estivemos sobretudo entretidos em achar as melhores perspectivas e a documentá-los. Mas, foram já várias as pessoas que se deram ao trabalho de seguir os seus trilhos místicos. Vlad Abramov, um investigador dedicado aos labirintos de Bolshoi Zayatsky, experimentou percorrê-los.

Descreveu assim o que sentiu. “Depois de entrar num labirinto e andar repetidamente em volta do centro, deixa-se o centro pela mesma entrada. Depois de várias voltas, torna-se pouco claro quanto é que já se andou e quanto falta caminhar. Em termos subjectivos, o tempo pára mas, num relógio, o grande labirinto percorre-se em quinze minutos.

É difícil ser distraído; o trilho é estreito. Requer que se olhe para os pés. O trilho gira tanto no sentidos dos ponteiros do relógio como ao contrário. Por fim, aparece a saída e fica-se contente por a jornada ter terminado.”

Labirinto milenar, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Visitante de Bolshoi Zayatski contorna um dos vários labirintos da ilha.

O guia do peculiar oleado amarelo prosseguia as suas explicações em russo. Estas, exigiam de tal forma a concentração de Alexey, que continuávamos sem a sua transmissão do conhecimento. Para nós, como para todos os mortais, o mistério prolongava-se. A teoria dos saivo é uma. Contradita por várias outras gradualmente mais terrenas.

Calendários? Armadilhas Para Peixes ?

Alguns estudiosos defendem que os labirintos foram construídos por pescadores durante dias de tempestade, de maneira a encurralarem maus espíritos, ou uma espécie de duendes mitológicos que traziam má sorte. Neste contexto, os pescadores caminhavam até ao centro dos labirintos e atraíam os espíritos até os despistarem no mar.

O matemático ex-soviético, agora russo Yuri Yershov, chegou a uma terceira explicação, mista: que os labirintos serviam como espécie de espelhos esquemáticos da órbita da lua e da órbita aparente do sol, usados como úteis calendários.

Segundo outra postulação, de 1970, da autoria da historiadora e antropóloga Nina Nikolaevna Gurina (1909-1990), em vez de servirem para afugentarem os maus espíritos para o mar, os labirintos de Bolshoi Zayatsky não passavam de armadilhas para os peixes.

Lenha em casa de apoio, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Parte de trás de uma casa de apoio de Bolshoi Zayatski.

Seria essa a razão porque quase todos eles foram erguidos junto ao mar, em zonas que, entre há três a cinco milénios atrás, eram abrangidas pelo avanço e recuo das marés. De acordo com Gurina N.N., os peixes nadavam pela entrada e ficavam aprisionados nos labirintos o que facilitava a sua captura pelos nativos.

Um Mistério Para Durar

Seja qual for a sua verdadeira razão de ser, milénios depois, os labirintos de Bolshoi Zayatsky, das ilhas Solovetsky e do norte pré-Árctico da Europa em geral continuam a seduzir viajantes e cientistas ávidos por resolverem o enigma.

Vários, publicam obras e mantêm blogues dedicados ao tema, alguns repletos de esquemas gráficos e análises e fórmulas geométricas. Em qualquer dos casos, estas obras e blogues são fontes de conhecimento tão herméticas como os dédalos que abordam. E geram acesos debates.

Invertemos a direcção sobre o passadiço e voltamos às imediações da igreja. O templo antigo, foi ali erguido também como forma de afirmação cristã face às crendices pagãs que os povos ancestrais tinham disseminado em Bolshoi Zayatsky e  pela região.

Foi de tal forma castigado pelo clima rigoroso destas partes da Rússia que se encontra frágil. Mesmo assim, o guia abre-nos a porta para que todos, religiosamente todos, pudéssemos espreitar o interior.

Barco Pechak, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

O barco Pechak aguarda o regresso dos visitantes de Bolshoi Zayatski.

Através de uma janela logo embaciada do templo, percebemos que a tripulação do “Pechak” já recolhia as cordas que retinham o navio. Pouco depois, zarpamos de Bolshoi Zayatsky rumo à ilha Solovetsky, também ela senhora dos seus segredos.

 

A TAP www.flytap.com voa de Lisboa para Moscovo à 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e sábados às 23h10, chegada às 06h20. E voa de Moscovo para Lisboa à 3ª, 4ª, 6ª, sábados e domingos, às 07h15, chegada às 11h10.

Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de "Crime e Castigo"

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Bolshoi Solovetsky, Rússia

Uma Celebração do Outono Russo da Vida

Na iminência do oceano Ártico, a meio de Setembro, a folhagem boreal resplandece de dourado. Acolhidos por cicerones generosos, louvamos os novos tempos humanos da grande ilha de Solovetsky, famosa por ter recebido o primeiro dos campos prisionais soviéticos Gulag.
Moscovo, Rússia

A Fortaleza Suprema da Rússia

Foram muitos os kremlins erguidos, ao longos dos tempos, na vastidão do país dos czares. Nenhum se destaca, tão monumental como o da capital Moscovo, um centro histórico de despotismo e prepotência que, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, para melhor ou pior, ditou o destino da Rússia.
Kronstadt, Rússia

O Outono da Ilha-Cidade Russa de Todas as Encruzilhadas

Fundada por Pedro o Grande, tornou-se o porto e base naval que protegem São Petersburgo e o norte da grande Rússia. Em Março de 1921, rebelou-se contra os Bolcheviques que apoiara na Revolução de Outubro. Neste Outubro que atravessamos, Kronstadt volta a cobrir-se do mesmo amarelo exuberante da incerteza.
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Safari
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Luderitz, Namibia
Arquitectura & Design
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Cerimónias e Festividades
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Cidades
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
fogon de Lola, comida rica, Costa Rica, Guapiles
Comida
Fogón de Lola, Costa Rica

O Sabor a Costa Rica de El Fogón de Lola

Como o nome deixa perceber, o Fogón de Lola de Guapiles serve pratos confeccionados ao fogão e ao forno, segundo tradição familiar costarricense. Em particular, a família da Tia Lola.
Treasures, Las Vegas, Nevada, Cidade do Pecado e Perdao
Cultura
Las Vegas, E.U.A.

Onde o Pecado tem Sempre Perdão

Projectada do Deserto Mojave como uma miragem de néon, a capital norte-americana do jogo e do espectáculo é vivida como uma aposta no escuro. Exuberante e viciante, Vegas nem aprende nem se arrepende.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Em Viagem
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Étnico
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Buda Vairocana, templo Todai ji, Nara, Japão
História
Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Sementeira, Lombok, mar Bali, ilha Sonda, Indonesia
Ilhas
Lombok, Indonésia

Lombok. O Mar de Bali Merece uma Sonda Assim

Há muito encobertos pela fama da ilha vizinha, os cenários exóticos de Lombok continuam por revelar, sob a protecção sagrada do guardião Gunung Rinjani, o segundo maior vulcão da Indonésia.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Inverno Branco
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Literatura
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Natureza
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Hipopótamo move-se na imensidão alagada da Planície dos Elefantes.
Parques Naturais
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Viajante acima da lagoa gelada de Jökursarlón, Islândia
Património Mundial UNESCO
Lagoa Jökursarlón, Glaciar Vatnajökull, Islândia

Já Vacila o Glaciar Rei da Europa

Só na Gronelândia e na Antárctica se encontram geleiras comparáveis ao Vatnajökull, o glaciar supremo do velho continente. E no entanto, até este colosso que dá mais sentido ao termo Terra do Gelo se está a render ao cerco inexorável do aquecimento global.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Vista aérea de Moorea
Praias
Moorea, Polinésia Francesa

A Irmã Polinésia que Qualquer Ilha Gostaria de Ter

A meros 17km de Taiti, Moorea não conta com uma única cidade e abriga um décimo dos habitantes. Há muito que os taitianos veem o sol pôr-se e transformar a ilha ao lado numa silhueta enevoada para, horas depois, lhe devolver as cores e formas exuberantes. Para quem visita estas paragens longínquas do Pacífico, conhecer também Moorea é um privilégio a dobrar.
Passagem, Tanna, Vanuatu ao Ocidente, Meet the Natives
Religião
Tanna, Vanuatu

Daqui se Fez Vanuatu ao Ocidente

O programa de TV “Meet the Natives” levou representantes tribais de Tanna a conhecer a Grã-Bretanha e os E.U.A. De visita à sua ilha, percebemos porque nada os entusiasmou mais que o regresso a casa.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Máquinas Bebidas, Japão
Sociedade
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Ovelhas e caminhantes em Mykines, ilhas Faroé
Vida Selvagem
Mykines, Ilhas Faroé

No Faroeste das Faroé

Mykines estabelece o limiar ocidental do arquipélago Faroé. Chegou a albergar 179 pessoas mas a dureza do retiro levou a melhor. Hoje, só lá resistem nove almas. Quando a visitamos, encontramos a ilha entregue aos seus mil ovinos e às colónias irrequietas de papagaios-do-mar.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.