Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake


Pista budista
Estandartes budistas dão mais cor à margem semi-gelada do Ice Lake.
Varandim de Buda
A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente "riscada" pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.
O Longo Vale Marsyangdi
Mais bandeirolas budistas ramificam na direcção do trilho para o Ice Lake, com o vale longo do Marsyangdi em vista.
Estacionamento nas alturas
Cavalo do proprietário do Ice Lake aguarda pelo regresso a casa.
Vertentes diferentes
A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente "riscada" pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.
Derradeiras arrumações
Casal prestes a deixar o Ice Lake, de regresso a Braga (Brakka) ou a Manang.
Regresso a Braga
Caminhantes no início do trilho de volta a Braga (Brakka).
Budismo iluminado
Estupa budista numa margem do Ice Lake.
Ice Lake Tea House
Letreiro sinaliza aos caminhantes a chegada reconfortante à "tea house" do Ice Lake.
Caminho de volta
Sara Wong no início do regresso a Brakka, nas profundezas do vale do rio Marsyangdi.
Lago Gelado à Vista
Indicação envelhecida do Ice Lake, um lago em boa parte do ano gelado, a 4600 metros de altitude.
Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.

Já faz parte do senso comum do circuito Annapurna.

Ficar alguns dias em Braga ou Manang era essencial para percebermos se estávamos mesmo em condições físicas. Ideal mesmo seria testá-lo num dos percursos que partem das margens do Marsyangdi para lugares bem acima nas encostas de um ou outro lado do vale.

O Ice Lake era um dos mais aconselhados. O trilho partia logo ali da frente do casario de Braga. Por mais que calculássemos o que nos custaria, não tínhamos como nos esquivarmos.

Tínhamos pedido o pequeno-almoço para as 7h30. Já despertámos vinte minutos depois disso. A tempo de vermos o sempre madrugador grupo teutónico deixar a frente do New Yak Hotel, apontados ao caminho que tomaríamos.

Despachamos o pequeno-almoço em três tempos. Voltamos ao quarto e reempacotamos  as mochilas com mais isto e mais aquilo. São quase nove quando saímos, com aquela impressão tão portuguesa de estarmos atrasados, mesmo se ninguém estabeleceu horários.

Passamos pela base do mosteiro de Braga, seguimos os contornos da povoação e entramos pelo seu casario adentro, como o tínhamos feito no dia anterior. Numa das ruelas sombrias, encontrarmos uma primeira tabuleta a indicar o destino final. Tomamos essa direcção até que o caminho nos faz deixar para trás o casario, encosta acima.

Vista a partir do trilho para o Ice Lake, acima de Braga.

A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente “riscada” pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.

De Braga (Brakka), Pela Montanha Acima

Pouco depois, damos com o trilho principal que retrocedia na direcção do Mosteiro de Karma Samtem Ling e na de Ngawal, a aldeia de que tínhamos chegado a Braga.

Quanto mais o percorremos, mais panorâmica se torna a vista de Braga e da espécie de ranhura geológica que a acolhera e do vale principal do Marsyangdi. Víamo-lo serpentear desde Manang e ainda mais para montante.

Pouco ou nada recuamos. Uma indicação pintada numa rocha alerta-nos de que estava na hora de ascender a sério. Cortamos para a encosta e iniciamos um ziguezaguear inclinado por ela acima.

Duzentos metros depois, o nosso custoso avanço é travado por uma grande fila de caminhantes com mais idade que ocupava todo o estreito trilho. Passamo-los agitados por uma discussão sem fôlego de se o devíamos fazer à pressa ou aguardarmos retidos ao ritmo deles não sabíamos por quanto tempo.

Acabou por vencer a lei do que ia à frente. Ultrapassamo-los em óbvio sobreaquecimento. Recuperamos a respiração o mais que podemos e tranquilizamo-nos.  Regressamos à nossa passada normal, durante todo o resto do percurso sem mais trânsito digno de registo.

A determinada altura, o trilho ajusta-se a uma aresta sobressaída da vertente. A posição desta aresta revela um cenário mais aberto que nunca, tanto para o lado de Manang como para o oposto.

A Primeira Escala Panorâmica do Trilho

Sensíveis à sua bênção contemplativa e a de que seria lugar perfeito para um primeiro descanso mais longo, os nativos instalaram lá uma um longo estendal multicolor esvoaçante de bandeirolas budistas.

Estandartes budistas, trilho para o Ice Lake, circuito Annapurna, Nepal

Sequência de estandartes budistas marcam um ponto de contemplação do vale do rio Marsyangdi, com vista para Manang e mais além.

Sentamo-nos em rochas mais lisas, devoramos as primeiras barritas energéticas e ficamos a louvar o privilégio algo esotérico de podermos apreciar tais paisagens. De Braga, que ficava logo abaixo, já só vislumbrávamos uma ponta mais próxima do Marsyangdi.

Em jeito de compensação, todo o vale para leste surgia exposto. O casario mais moderno de Manang sobre a sua excêntrica meseta aluvial, o lago Gangapurna um pouco abaixo num contacto íntimo com o Marsyangdi.

No dia seguinte, haveríamos de caminhar paralelos ao rio, até nos instalarmos em Manang. Mas, para diante, tal como o víamos, o vale do rio bifurcava. Queríamos perceber ao certo qual dos desfiladeiros seguintes a Manang nos levaria ao ansiado Thorong La Pass.

A olho nu, ainda era demasiado complicado percebê-lo. Como tal, suspendemos o estudo do vale. Já com as coxas arrefecidas, tiramos umas derradeiras fotos e regressamos à subida.

Vale do rio Marsyangdi, circuito Annapurna,

Mais bandeirolas budistas ramificam na direcção do trilho para o Ice Lake, com o vale profundo do Marsyangdi em vista.

Nova Paragem. Os Sintomas Bem Audíveis do Mal da Montanha

Um quarto de hora depois, voltamos a deter-nos num ponto similar mais acima. Com vista para o vale, mas também para o miradouro das bandeiras budistas anteriores. Nesse preciso momento, a fila de caminhantes que tínhamos ultrapassado chega ao ponto de descanso.

O vento sopra na nossa direcção. Ouvimos dois ou três deles tossirem desalmadamente. Sabíamos que era um péssimo prenúncio e sentíamo-nos seguros por não nos ter ainda acontecido o mesmo. Auguramos que os seus guias não permitiriam que aqueles seus três clientes prosseguissem.

O sucedido extravasou ou que esperávamos que acontecesse. Os guias até eram dois e, segundo nos parecia, um deles poderia descer com o trio com sintomas de mal da montanha. O outro, assim pensávamos, tinha condições para prosseguir com o resto do grupo. Ainda hoje continuamos sem perceber porquê. Em vez, desceram os dois guias e os dez ou doze caminhantes por eles guiados.

Nós, continuávamos sem nenhum contratempo. Encosta acima.

Às tantas, somos prendados com a visão súbita do cume nevado  e supremo da Annapurna, recortado por uma aresta acima do nosso plano.

Um bando de veados selvagens que pastava sobre essa aresta servia-nos de escala para a montanha avassaladora que ali se insinuava. Entusiasmamo-nos de tal maneira a majestosidade do seu cume que quase nos esquecemos do que as pernas sofriam.

Retomamos os passos. Os meus, mais de rebenta e recupera, os da Sara, quase sempre uniformes e bem medidos.

Ice Lake Restaurant na subida para o Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Letreiro sinaliza aos caminhantes a chegada reconfortante à “tea house” do Ice Lake.

A Visão Reconfortante da Tea House do Ice Lake

Vencemos mais umas centenas de metros. A meio de nova rampa, o trilho revela-nos uma casa. Por fim, tínhamos chegado ao “Ice Lake Restaurant, Tea & Coffee Shop”, assim indicava uma placa branca e azul colocada a um canto, junto ao telhado de zinco.

Oposta ao cavalo que o proprietário montava todos os dias para de descolar entre o seu lar no já distante vale e o estabelecimento em que ganhava a vida.

Sopra um vento gélido pelo que nos sentamos no interior. O dono dá-nos as boas-vindas e instala-nos. Pedimos chás de gengibre, limão e mel acompanhados de chapatas com queijo de iaque.

Saboreamo-los com o prazer redobrado do esforço e metemos conversa com o nativo que, tem que fazer na cozinha e não está para aí virado.

Por muito que nos apetecesse arrastar a recompensa, não nos retivemos mais que vinte minutos. Com a desistência do grande grupo mais abaixo, tínhamos a sensação que ninguém nos seguia.

A placa no exterior do edifício também anunciava que estávamos a 1h30 do Ice Lake.

Sermos os últimos a descer era sempre de evitar. De acordo, pusemo-nos uma vez mais mexer.

Cavalo do dono do Ice Lake Restaurant, a caminho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Cavalo do proprietário do Ice Lake Restaurant aguarda pelo regresso a casa.

Nós a Chegarmos, Quase todos a Iniciarem o Regresso.

Nessa hora e pouco (não chegou a 1h30) que demoraríamos até ao topo, cruzámo-nos com os restantes do dia. Todos os grupos tinham saído bem mais cedo que nós. Cada qual descia do lago à sua maneira e na forma que a saúde e forma física lhes permitia.

Sara Peréz e Edo, o casal hispano-italiano com quem já tínhamos convivido antes, desciam a grande velocidade, sem qualquer problema. Também encontrámos os alemães. Um deles estava com mal de montanha, zonzo, com dor de cabeça e dificuldade para descer. Acompanhavam-no dois deles. Outros dois tinham-se demorado mais acima.

Num esticão adicional, entramos numa secção em que o trilho se mostrava enlameado pelo descongelar diurno da neve. A lama escura, obrigou-nos a refrear os passos.

Não impediu que, mais pausa menos pausa, mais fotografia menos fotografia, chegássemos ao destino final.

Sinalização do Ice Lake, à entrada do lago, Circuito Annapurna, Nepal

Indicação envelhecida do Ice Lake, um lago em boa parte do ano gelado, a 4600 metros de altitude.

Por fim, o Gelado e Ansiado Ice Lake

Quase cinco horas após a partida de Braga, tínhamos conquistado os 4.600 do Ice Lake. Assim provava uma estupa branca e dourada, decorada com bandeirolas budistas.

Estupa junto ao Ice Lake, acima de Braga (Brakka), Nepal

Estupa budista numa margem do Ice Lake.

Bem mais que o lago em si. Tal como o nome deixava antever e, em Março, o lago pouco passava de uma superfície nevada com limites difusos. Já só lá encontramos um casal a tirar as suas derradeiras fotos, apressados para iniciarem o caminho de volta.

Percebemos então que éramos os últimos. Conscientes de que muitas das tempestades do circuito chegam, fulminantes, mais para o fim dia. Sem vontade de sermos apanhados por uma delas, sozinhos, àquela altitude, num trilho exíguo com precipícios de quilómetros de altura à direita, apreciámos os cenários em redor.

Caminhantes junto ao Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Casal prestes a deixar o Ice Lake, de regresso a Braga (Brakka) ou a Manang.

Respiramos bem fundo. Fazemos as derradeiras imagens, as nossas e as do casal, a afastar-se sobre o solo branco, ínfimo, contra o fundo avassalador das Annapurnas. Findo esse ritual do habitual, inauguramos a descida. Agraciados com a misericórdia da gravidade, aceleramos a bom acelerar.

A Descida Apressada de Volta a Braga

Temos as coxas, os gémeos e todos os músculos fortes das anteriores caminhadas e da subida o que nos permite travar em pouco tempo.

Vemos nuvens escuras aproximarem-se dos lados de Chame, apontadas aos lados de Manang e o seu tom desagrada-nos.

A vista já a tínhamos apreciado na subida.

Caminhantes no trilho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Caminhantes no início do trilho de volta a Braga (Brakka).

Optamos por descer em modo de quase corrida, pelo menos até que os joelhos reagem à sobrecarga e nos começam a doer. Passamos pelo casal que saíra antes de nós.

E por outro pequeno grupo. Tinham sido cinco horas a subir. Foram só duas a descer. De volta a Brakka, recebemos o merecido galardão.

Tínhamos subido e descido sem quaisquer sintomas do mal da montanha. Estávamos bem mais aclimatizados que antes para a travessia dos 5.416m do Thorong La Pass.

Celebrámos, de imediato, a reconfortarmo-nos com  chás de gengibre com mel e limão e um par de pães tibetanos.

Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Serengeti, Grande Migração Savana, Tanzania, gnus no rio
Safari
PN Serengeti, Tanzânia

A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
Yak Kharka a Thorong Phedi, Circuito Annapurna, Nepal, iaques
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
hacienda mucuyche, Iucatão, México, canal
Arquitectura & Design
Iucatão, México

Entre Haciendas e Cenotes, pela História do Iucatão

Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.

O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Sombra de sucesso
Cerimónias e Festividades
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil
Cidades
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Comida
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Cultura
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
A Toy Train story
Em Viagem
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Horseshoe Bend
Étnico
Navajo Nation, E.U.A.

Por Terras da Nação Navajo

De Kayenta a Page, com passagem pelo Marble Canyon, exploramos o sul do Planalto do Colorado. Dramáticos e desérticos, os cenários deste domínio indígena recortado no Arizona revelam-se esplendorosos.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sinais Exóticos de Vida

Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
História
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Lançamento de rede, ilha de Ouvéa-Ilhas Lealdade, Nova Caledónia
Ilhas
Ouvéa, Nova Caledónia

Entre a Lealdade e a Liberdade

A Nova Caledónia sempre questionou a integração na longínqua França. Na ilha de Ouvéa, arquipélago das Lealdade, encontramos uma história de resistência mas também nativos que preferem a cidadania e os privilégios francófonos.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Inverno Branco
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Piton de la Fournaise, Reunião, o caminho do vulcão
Natureza
Piton de la Fournaise, Reunião

O Vulcão Turbulento da Reunião

Com 2632m, o Piton de la Fournaise, o único vulcão eruptivo da Reunião, ocupa quase metade desta ilha que exploramos, montanhas acima, montanhas abaixo. É um dos vulcões mais activos e imprevisíveis do oceano Índico e à face da Terra.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Namibe, Angola, Gruta, Parque Iona
Parques Naturais
Namibe, Angola

Incursão ao Namibe Angolano

À descoberta do sul de Angola, deixamos Moçâmedes para o interior da província desértica. Ao longo de milhares de quilómetros sobre terra e areia, a rudeza dos cenários só reforça o assombro da sua vastidão.
Mahé Ilhas das Seychelles, amigos da praia
Património Mundial UNESCO
Mahé, Seychelles

A Ilha Grande das Pequenas Seychelles

Mahé é maior das ilhas do país mais diminuto de África. Alberga a capital da nação e quase todos os seichelenses. Mas não só. Na sua relativa pequenez, oculta um mundo tropical deslumbrante, feito de selva montanhosa que se funde com o Índico em enseadas de todos os tons de mar.
Sósias dos irmãos Earp e amigo Doc Holliday em Tombstone, Estados Unidos da América
Personagens
Tombstone, E.U.A.

Tombstone: a Cidade Demasiado Dura para Morrer

Filões de prata descobertos no fim do século XIX fizeram de Tombstone um centro mineiro próspero e conflituoso na fronteira dos Estados Unidos com o México. Lawrence Kasdan, Kurt Russel, Kevin Costner e outros realizadores e actores hollywoodescos tornaram famosos os irmãos Earp e o duelo sanguinário de “O.K. Corral”. A Tombstone que, ao longo dos tempos tantas vidas reclamou, está para durar.
Viti Levu, Fiji Ilhas, Pacifico do Sul, recife coral
Praias
Viti Levu, Fiji

Ilhas à Beira de Ilhas Plantadas

Uma parte substancial de Fiji preserva as expansões agrícolas da era colonial britânica. No norte e ao largo da grande ilha de Viti Levu, também nos deparámos com plantações que há muito só o são de nome.
Cortejo garrido
Religião
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Singapura, ilha Sucesso e Monotonia
Sociedade
Singapura

A Ilha do Sucesso e da Monotonia

Habituada a planear e a vencer, Singapura seduz e recruta gente ambiciosa de todo o mundo. Ao mesmo tempo, parece aborrecer de morte alguns dos seus habitantes mais criativos.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Vida Selvagem
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.