À Descoberta de Tassie, Parte 4 -  Devonport a Strahan, Austrália

Pelo Oeste Selvagem da Tasmânia


Devil’s Gullet
A vista dramática sobre o vale profundo de Devil's Gullet.
Fim da viagem
Caiaquer chega a uma margem do lago Sinclair.
Berço alto da Tasmânia
O cume serrado da Cradle Mountain, nas terras altas da Tasmania.
Mar vs Dunas
Mar gélido e dunas na costa selvagem do Oeste da Tasmânia.
Main-Street
A Main-Street de Queenstown no sopé de uma encosta íngreme.
Rack-&-Pinion
Transeunte entra na estação Rack & Pinion de Queenstown.
Hunter’s Hotel,
A fachada victoriana do Hunters Hotel de Queenstown.
Visitante-da-Estação-de-Caminho-de-Ferro-Queenstown-Tasmania
Visitanta estação Rack & Pinion de Queenstown, contrasta com os adereços.
Areal mas pouco
Areal pedregoso de uma praia a norte de Strahan, na costa oeste da Tasmânia.
Recanto histórico
Decoração de um restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália
O Hotel do Império
A fachada victoriana do Empire Hotel de Queenstown.
Do tempo do vapot
Locomotiva na Rack & Pinion Railway Station de Queenstown.
Se a quase antípoda Tazzie já é um mundo australiano à parte, o que dizer então da sua inóspita região ocidental. Entre Devonport e Strahan, florestas densas, rios esquivos e um litoral rude batido por um oceano Índico quase Antárctico geram enigma e respeito.

De uma vez por todas desiludidos com o perfil demasiado industrial da costa norte da Tasmânia, atalhamos caminho para sul.

Nuns poucos quilómetros, regressamos a domínios rurais remotos da ilha, feitos de retalhos de plantações intercaladas com bolsas de mata anciã.

Conduzimos por uma via estreita e sinuosa de terra batida, subsumida na vegetação e atravessada por cangurus, wallabies e wombats.

Aos poucos, sempre por estradas com nomes naturais – Mersey Forest Road; Lake Mackenzie Road e afins – ascendemos das planícies campestres do coração da ilha para as suas alturas.

Com passagem por um lugarejo de tal forma imaculado e bucólico que os moradores se atreveram a chamá-lo de “Paradise”.

Subimos mais e mais.

Essa derradeira estrada termina num alto sem saída.

Lá se insinuam um passadiço de madeira e sinais que alertam para risco de queda.

Estacionamos, inspecionamo-los. Seguimos-lhe a pista curiosos quanto a onde nos iriam levar.

Vista sobre Devil's Gullet, Tasmânia, Austrália

A vista dramática sobre o vale profundo de Devil’s Gullet.

Devil’s Gullet – uma Tasmânia Diabólica-Magnificente

Trezentos metros e uns tantos passos depois, o passadiço desvia e revela-nos um dos cenários mais grandiosos que encontrámos na Tasmânia.

Entre a visão e a vertigem, impunham-se para diante os enormes penhascos e os vales glaciares do Devils Gullet, com vértice profundo no leito do Fisher’s River.

Apenas e só quando nos aventuramos até ao limiar da plataforma, os Roaring Forties, ventos gélidos que circundam a Terra a esta latitude e ali sopram furiosos, quase nos fazem levantar voo. Dão razão de ser aos avisos de perigo e exigem-nos mãos bem firmes no parapeito do varandim.

Aos nossos pés, centenas de metros abaixo, com uma dimensão e imensidão quase bíblica, estendiam-se os domínios de geologia caprichosa dos Walls of Jerusalem, assim denominados alegadamente porque vários dos seus recortes rochosos faziam lembrar os muros da cidade de Deus.

Dali, só após retrocedermos uns bons quilómetros no mapa, chegaríamos a algum lado. Voltamos a cruzar a floresta enigmática de Mersey e, logo, o rio Forth. Por altura da Mount Roland Regional Reserve, flectimos para oeste.

O que buscávamos a ocidente deste território extremo era o Parque Nacional Cradle Mountain-Lake St Clair.

O parque delimita uma das áreas selvagens idolatradas da Tasmânia, decretado Património da Humanidade pela UNESCO sobretudo por constituir uma das últimas vastidões de floresta temperada à face da Terra, numa área de desfiladeiros e gargantas que resultaram de uma longa e severa glaciação.

Cradle Mountain - Lake Sinclair National Park, Tasmania, Austrália

O cume serrado da Cradle Mountain, nas terras altas da Tasmania.

PN Cradle Mountain-Lake St Clair: o Coração Geológico da Tasmânia

Está provado que o Homem já habitava esta região há pelo menos 20.000 anos.

Mesmo numa fase de óbvio aquecimento global, o Parque Nacional Cradle Mountain-Lake St Clair é das regiões da Tasmânia (e, claro está, de toda a Austrália) que mais neve recebe assim que o Inverno se apodera da ilha.

Também é palco do concorrido Overland Track.

Com 80.5 km de extensão, este itinerário pedestre que liga Cradle Valley a Cynthia Bay seduz milhares de aventureiros provenientes sobretudo dos estados australianos mais próximos de Victoria e Nova Gales do Sul mas cada vez mais dos quatro cantos do mundo.

Durante cinco ou seis dias, os caminhantes que o enfrentam serpenteiam entre as montanhas e lagos inóspitos da região.

Do lado de lá do estreito de Bass, na grande Austrália continental. o simples som dos seus nomes chega a provocar arrepios. “Cradle Mountain? Overland Track?” They’re freaking awesome, mate!” comentam, sem reticências, Ian e Kate, dois irmãos que conhecemos em Melbourne.

Para nossa frustração, não estamos com tempo para nos metermos em tais andanças.

Em vez, espreitamos os seus lugares emblemáticos, com destaque para a beira do lago St Clair com vista para a dentada Cradle Mountain.

No preciso momento em que a admiramos e fotografamos, empoleirados sobre um calhau de granito, um caiaquer que percorria o lago surge de um seu meandro.

Dá por encerrada a volta da tarde na praia de cascalho fino ali ao lado.

Caiaquer no lago Sinclair, Cradle Mountain - Lake Sinclair National Park, Tasmania, Austrália

Caiaquer chega a uma margem do lago Sinclair.

Também não nos demoramos. Deixamos para trás o lago. E, logo, o parque nacional.

Em Busca da Esquiva Strahan, nos Confins Orientais da Tasmânia

Rumamos ao litoral arenoso e ventoso do ocidente da Tasmânia.

Percorremo-lo de norte para sul por uma imensidão de floresta mística alternada ou fundida com areais desgarrados e dunas imponentes deles projectadas.

Litoral oeste, Strahan, Tasmania, Austrália

Mar gélido e dunas na costa selvagem do Oeste da Tasmânia.

Já na iminência do grande Estuário de Macquarie, a floresta rende-se a uma planura ensopada e, em boa parte, os areais surgem-nos cobertos de vegetação rasa.

Strahan, a vila costeira retirada que procurávamos, revela-se por fim, tímida, sob a protecção do pequeno porto de Macquarie. Descobrimo-la cercada de uma imensidão de mato e de pauis seus aliados.

Lá vemos ainda os pescadores entrarem e saírem da doca da vila.

Os que vivem a tempo inteiro na povoação e pescam a bordo de traineiras.

E os mais abastados que chegam com o estio de outras partes da Austrália e zarpam em lanchas milionárias para momentos de pescaria recreativa ou de contemplação das focas e dos leões-marinhos residentes.

Regressamos à Lyell Highway apontados ao interior. Quarenta quilómetros desta estrada A10 depois, a meio de uma inesperada e ziguezagueante descida, tudo muda do dia para a noite.

Em vez da imensidão ora bucólica ora luxuriante a que vínhamos habituados, confrontamo-nos com um panorama semilunar feito de montanhas e vales despidos de vegetação, mais que esculpidos pela erosão, escavados pelo homem.

Vemo-los numa palete rica de tons: ocre, magenta, esverdeados e outros com brilhos que oscilam consoante o sol incide.

Main-Street, Queenstown, Tasmania, Australia

A Main-Street de Queenstown no sopé de uma encosta íngreme.

A Cidade Desde Sempre Mineira de Queenstown

A via termina em Queenstown, uma povoação de aparência e atmosfera western que trocou uma era de mineração lucrativa mas erosiva pelo turismo.

Por volta de 1870, prospectores descobriram ouro aluvial nas imediações do monte Lyell. Em tal quantidade que, em 1881, o achado justificou a criação de uma tal de Mount Lyell Gold Mining Company. Como se não bastasse, decorridos onze anos, a empresa detectou prata.

Afluíram à zona gentes de todas as paragens australianas e não só. Esse influxo populacional deu origem a Queenstown, um povoado entretanto dotado de fundições, serrações, fornos de tijolo, entre várias outras infraestruturas.

Durante mais de um século, Queenstown manteve-se o centro operacional e logístico da Mount Lyell Mining and Railway Company.

Restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália

Decoração de um restaurante de Queenstown, Tasmânia, Austrália

A ascendência e declínio da cidade – incluindo os da sua população – desenrolaram-se de acordo com o desempenho e a fortuna desta empresa.

Na viragem para o século XX, a cidade e o vale em redor permaneciam ainda densamente florestados.

O corte intenso de troncos necessários à mineração, à fundição e aos fornos, à construção de domicílios, hotéis, correios, igrejas, escolas, lojas e tantas outras empreitadas fulcrais para a vida das suas mais de dez mil almas conduziu a uma dramática desertificação.

Empire Hotel, Queenstown, Tasmania, Austrália

A fachada victoriana do Empire Hotel de Queenstown.

Enquanto descemos aos esses para o centro histórico, sob um céu azulão só possível no pino do Verão tasmaniano, surpreendemo-nos com os cenários algo alienígenas.

Por fim, os meandros do asfalto terminam. Completamos a ladeira final numa tal de Bowes St.

Entramos directos na Orr St., a rua central desafogada da cidade.

Do Passado Victoriano-Mineiro aos Dias de Hoje Sobretudo Turísticos

Até aos anos 90, a Orr Street preservou em funcionamento bancos, hotéis, escritórios e outros negócios lucrativos, erguidos no mesmo estilo arquitectónico victoriano que lá resiste em dois níveis bem distintos: o ao abrigo das arcadas de ambos os lados do betume. E o elevado das fachadas coloridas acima delas.

Passado um período de incerteza e angústia após a Mount Lyell Gold Mining Company ter soçobrado, os habitantes mais resilientes readaptaram-se.

A extracção da prata continua às mãos de um grupo indiano, já sem o significado financeiro da era próspera da cidade. Queenstown seguiu outro caminho.

O boom turístico da Tasmânia e o trunfo histórico, arquitectónico e da sua excentricidade facilitou-lhe a vida.

Visitantes como nós, com tempo para descobrir a grande Tazzie, incluem-na nos seus itinerários. Espreitam os correios seculares, o Hotel Empire e o teatro art deco Paragon.

Quando o calor e o cansaço apertam, refrescam-se nos pubs de atmosfera antiga e peculiar que servem a Orr Street, como as paralelas e perpendiculares.

Rack-&-Pinion-Steam-Railway. Queenstown, Tasmania, Austrália

Transeunte entra na estação Rack & Pinion de Queenstown.

Uma outra atracção que fazemos questão de espreitar é a velha estação ferroviária.

Foi conservada sob museu Rack & Pinion Steam Railway, parte do bem mais vasto West Coast Wilderness Railway que cruza a Tasmânia da Cradle Mountain até ao litoral de Strahan, via Queenstown.

E através de séculos de história, num percurso de 151 km, mesmo se a vapor, cumprido em pouco mais de duas horas.

A Vastidão Selvagem para Sul de Queenstown

O dia e as horas em que exploramos Queenstown não coincidem com a passagem do comboio.

De acordo, limitamo-nos a admirar a estação local e a paciência com que alguns dos seus visitantes mais idosos, eventualmente ainda do culminar da era do vapor, a estudam e fotografam ao mais ínfimo pormenor.

Visitante fotografa a estação Rack & Pinion de Queenstown, Tasmania, Austrália

Visitanta estação Rack & Pinion de Queenstown, contrasta com os adereços.

O mapa confirma-nos que por umas boas centenas de quilómetros a sul de Strahan e de Queenstown, a Tasmânia se revela de tal forma indómita que permanece desprovida de verdadeiras estradas.

O Franklin e o Gordon lá se destacam entre vários outros rios furtivos. Sulcam florestas quase impenetráveis e submetem-se a desfiladeiros profundos que tornam os seus caudais revoltos.

Se existisse um top para os povos intrépidos do mundo, os ozzies surgiriam, sempre em primeiro lugar.

Malgrado a rudeza da região, todos os anos, centenas deles cedem ao desafio e adoptam-na como uma espécie de parque de diversões em que se dedicam ao trekking e ao rafting ultrarradical dias a fio.

Apaixonados pelo dramatismo dos cenários, dependentes da adrenalina, voltam vezes sem conta.

Aventurarem como mais gostam nestes confins insulares da sua amada Austrália: sem regras ou limites.

À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime

O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.
À Descoberta de Tassie, Parte 1 - Hobart, Austrália

A Porta dos Fundos da Austrália

Hobart, a capital da Tasmânia e a mais meridional da Austrália foi colonizada por milhares de degredados de Inglaterra. Sem surpresa, a sua população preserva uma forte admiração pelos modos de vida marginais.
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Alice Springs a Darwin, Austrália

Estrada Stuart, a Caminho do Top End da Austrália

Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
Sydney, Austrália

De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Perth, Austrália

A Cidade Solitária

A mais 2000km de uma congénere digna desse nome, Perth é considerada a urbe mais remota à face da Terra. Apesar de isolados entre o Índico e o vasto Outback, são poucos os habitantes que se queixam.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Wycliffe Wells, Austrália

Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
Atherton Tableland, Austrália

A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Melbourne, Austrália

Uma Austrália "Asienada"

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Wadjemup, Rottnest Island, Austrália

Entre Quokkas e outros Espíritos Aborígenes

No século XVII, um capitão holandês apelidou esta ilha envolta de um oceano Índico turquesa, de “Rottnest, um ninho de ratos”. Os quokkas que o iludiram sempre foram, todavia, marsupiais, considerados sagrados pelos aborígenes Whadjuk Noongar da Austrália Ocidental. Como a ilha edénica em que os colonos britânicos os martirizaram.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
hipopotamos, parque nacional chobe, botswana
Safari
PN Chobe, Botswana

Chobe: um rio na Fronteira da Vida com a Morte

O Chobe marca a divisão entre o Botswana e três dos países vizinhos, a Zâmbia, o Zimbabwé e a Namíbia. Mas o seu leito caprichoso tem uma função bem mais crucial que esta delimitação política.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Gravuras, Templo Karnak, Luxor, Egipto
Arquitectura & Design
Luxor, Egipto

De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

Tebas foi erguida como a nova capital suprema do Império Egípcio, o assento de Amon, o Deus dos Deuses. A moderna Luxor herdou o Templo de Karnak e a sua sumptuosidade. Entre uma e a outra fluem o Nilo sagrado e milénios de história deslumbrante.
Pleno Dog Mushing
Aventura
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
Cerimónias e Festividades
Pentecostes, Vanuatu

Naghol: O Bungee Jumping sem Modernices

Em Pentecostes, no fim da adolescência, os jovens lançam-se de uma torre apenas com lianas atadas aos tornozelos. Cordas elásticas e arneses são pieguices impróprias de uma iniciação à idade adulta.
São Tomé, cidade, São Tomé e Príncipe, ruela do Forte
Cidades
São Tomé (cidade), São Tomé e Príncipe

A Capital dos Trópicos Santomenses

Fundada pelos portugueses, em 1485, São Tomé prosperou séculos a fio, como a cidade porque passavam as mercadorias de entrada e de saída na ilha homónima. A independência do arquipélago confirmou-a a capital atarefada que calcorreamos, sempre a suar.
Cacau, Chocolate, Sao Tome Principe, roça Água Izé
Comida
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Cultura
Apia, Samoa Ocidental

Fia Fia – Folclore Polinésio de Alta Rotação

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e daqui ao Havai, contam-se muitas variações de danças polinésias. As noites samoanas de Fia Fia, em particular, são animadas por um dos estilos mais acelerados.
Desporto
Competições

Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Alasca, de Homer em Busca de Whittier
Em Viagem
Homer a Whittier, Alasca

Em Busca da Furtiva Whittier

Deixamos Homer, à procura de Whittier, um refúgio erguido na 2ª Guerra Mundial e que abriga duzentas e poucas pessoas, quase todas num único edifício.
Danças
Étnico
Okinawa, Japão

Danças de Ryukyu: têm séculos. Não têm grandes pressas.

O reino Ryukyu prosperou até ao século XIX como entreposto comercial da China e do Japão. Da estética cultural desenvolvida pela sua aristocracia cortesã contaram-se vários estilos de dança vagarosa.
luz solar fotografia, sol, luzes
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 2)

Um Sol, tantas Luzes

A maior parte das fotografias em viagem são tiradas com luz solar. A luz solar e a meteorologia formam uma interacção caprichosa. Saiba como a prever, detectar e usar no seu melhor.
Curieuse Island, Seychelles, tartarugas de Aldabra
História
Île Felicité e Île Curieuse, Seychelles

De Leprosaria a Lar de Tartarugas Gigantes

A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
Rottnest Island, Wadjemup, Australia, Quokkas
Ilhas
Wadjemup, Rottnest Island, Austrália

Entre Quokkas e outros Espíritos Aborígenes

No século XVII, um capitão holandês apelidou esta ilha envolta de um oceano Índico turquesa, de “Rottnest, um ninho de ratos”. Os quokkas que o iludiram sempre foram, todavia, marsupiais, considerados sagrados pelos aborígenes Whadjuk Noongar da Austrália Ocidental. Como a ilha edénica em que os colonos britânicos os martirizaram.
Igreja Sta Trindade, Kazbegi, Geórgia, Cáucaso
Inverno Branco
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Terraços de Sistelo, Serra do Soajo, Arcos de Valdevez, Minho, Portugal
Natureza
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do “Pequeno Tibete Português” às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil, cachoeira Véu de Noiva
Parques Naturais
Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil

No Coração Ardente da América do Sul

Foi só em 1909 que o centro geodésico sul-americano foi apurado por Cândido Rondon, um marechal brasileiro. Hoje, fica na cidade de Cuiabá. Tem nas imediações, os cenários deslumbrantes mas demasiado combustíveis da Chapada dos Guimarães.
San Juan, Cidade Velha, Porto Rico, Reggaeton, bandeira em Portão
Património Mundial UNESCO
San Juan, Porto Rico (Parte 2)

Ao Ritmo do Reggaeton

Os porto-riquenhos irrequietos e inventivos fizeram de San Juan a capital mundial do reggaeton. Ao ritmo preferido da nação, encheram a sua “Cidade Muralhada” de outras artes, de cor e de vida.
Verificação da correspondência
Personagens
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Cahuita, Costa Rica, Caribe, praia
Praias
Cahuita, Costa Rica

Um Regresso Adulto a Cahuita

Durante um périplo mochileiro pela Costa Rica, de 2003, deliciamo-nos com o aconchego caribenho de Cahuita. Em 2021, decorridos 18 anos, voltamos. Além de uma esperada, mas comedida modernização e hispanização do pueblo, pouco mais tinha mudado.
Intervenção policial, judeus utraortodoxos, jaffa, Telavive, Israel
Religião
Jaffa, Israel

Protestos Pouco Ortodoxos

Uma construção em Jaffa, Telavive, ameaçava profanar o que os judeus ultra-ortodoxos pensavam ser vestígios dos seus antepassados. E nem a revelação de se tratarem de jazigos pagãos os demoveu da contestação.
Composição Flam Railway abaixo de uma queda d'água, Noruega
Sobre Carris
Nesbyen a Flam, Noruega

Flam Railway: Noruega Sublime da Primeira à Última Estação

Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Sociedade
Dali, China

Flash Mob à Moda Chinesa

A hora está marcada e o lugar é conhecido. Quando a música começa a tocar, uma multidão segue a coreografia de forma harmoniosa até que o tempo se esgota e todos regressam às suas vidas.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Tombolo e Punta Catedral, Parque Nacional Manuel António, Costa Rica
Vida Selvagem
PN Manuel António, Costa Rica

O Pequeno-Grande Parque Nacional da Costa Rica

São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.