Tenerife, Canárias

O Vulcão que Assombra o Atlântico


Los Roques de Garcia
A formação rochosa dos Roques de Garcia, em plena planície de Llanos de Ucanca.
TF-21
Carros percorrem a grande recta da estrada TF 21 que cruza a caldeira Las Cañadas.
Sol em queda
Raios solares refractem numa encosta irregular da Caldeira Las Cañadas.
Acima de Tudo
O cone massivo do vulcão Teide (3718m), a montanha mais elevada das Canárias, de Espanha e das ilhas do Atlântico.
Parapentes
Parapentes planam acima do vale a norte do vulcão Teide, com Puerto de la Cruz e o Atlântico em fundo.
Pan de Azúcar
A cratera hoje principal e cimeira do vulcão Teide, conhecida por Pan de Azúcar.
Escoadas de Lava
Manchas de lava solidificada que em tempos flui da cratera principal do vulcão El Teide.
Ocaso Rolante
Sol prestes a pôr-se atrás de um manto de Calima. Névoa seca e poeirenta vinda do Deserto do Sara.
A vegetação da Lava
Vegetação resiliente sobrevive à aridez de lava da Caldeira las Cañadas.
A Neve que Resiste
Neve contrasta com a lava ancestral da caldeira Las Cañadas do vulcão Teide.
Pan de Azucar
Casal percorre um trilho na base da cratera cimeira do Pan de Azucar.
A Tarta del Teide
Motorizada faz-se ao gancho da estrada TF-21 em frente a Tarta del Teide, uma formação geológica peculiar.
O Dragoeiro e o Vulcão
O velho dragoeiro de Icod resplandece de idade, com o muito mais velho vulcão El Teide em fundo.
Vulcão El Teide
O cimo do grande vulcão El Teide, o tecto das Canárias, de Espanha e de todas as ilhas do Atlântico.
Com o Grande Sol a Oeste
Visitante do PN El Teide fotografa a planície do Llano de Ucanca.
Parapentes II
Parapentes pairam acima dos meandros da estrada TF-21 em que se esconde a Tarta del Teide.
Vista Privilegiada
Um ponto de vista destacado do pinhal em redor para o cone do vulcão Teide.
Com 3718m, El Teide é o tecto das Canárias e de Espanha. Não só. Se medido a partir do fundo do oceano (7500 m), só duas montanhas são mais pronunciadas. Os nativos guanches consideravam-no a morada de Guayota, o seu diabo. Quem viaja a Tenerife, sabe que o velho Teide está em todo o lado.

Saímos uns meros minutos depois do sol detrás do horizonte.

Avançávamos pela crista do triângulo imperfeito de Tenerife acima. Deixadas para trás La Esperanza e Lomo Pesado, a estrada enfia-se no pinhal vasto que há muito domina as encostas intermédias da ilha.

Por um bom tempo, pouco mais vemos que os troncos seculares, os galhos e a folhagem acicular dos pinus canariensis.

A atmosfera extra-purificada, lúgubre e misteriosa suscita-nos uma inevitável curiosidade matinal. Ao volante, Juan Miguel Delporte ilumina-nos sobre todo um sortido de eras e temas, dos tempos coloniais em que os conquistadores se confrontaram com os indígenas guanchinet, aos contemporâneos em que as equipas multimilionárias do ciclismo internacional se mudam de bicicletas e bagagens para Tenerife.

Os tempos em que lá levam a cabo treinos em altitude cruciais para a ambição disputada de triunfarem nas etapas pirenaicas, alpinas e apeninas da Volta à França, da Volta à Itália e da Volta à Espanha, para mencionar apenas as principais.

De ambos os lados do asfalto, sucessivas veias aquíferas ganham volume vertentes norte e sul abaixo. Numa direcção e na outra, o seu destino final é um mesmo, o grande Atlântico, ainda sub-tropical mas de águas bem mais cálidas que as que banham a Ibéria.

Estávamos em pleno Estio. Fazia um bom tempo que uma chuva digna desse nome não reabastecia o reservatório natural de Tenerife.

O Avistamento Inagurual do Colosso Teide

Uns quilómetros para diante, a Carretera de la Esperanza e Juan Miguel revelam-nos o primeiro de vários pontos privilegiados de observação do grande pico El Teide (3718m).

Subimos um pequeno morro. Livramo-nos da ditadura do pinhal. Por diante, para sudoeste, descobrimos o cone do vulcão destacado sobre uma base verde, com o seu castanho ferroso a destoar da vastidão azul-celeste.

Na metade inferior da vertente aquém da montanha, gerada por deslizamento gravitacional, um casario alvo adensava-se com a proximidade do azul mais escuro do mar.

Juan Miguel já antes nos tinha avisado. “Isto mudou e para vocês não é nada bom. O dia não está límpido como ontem. Durante a noite a calima voltou entrar.” O fenómeno vem com o Verão particular das Canárias.

Às vezes, acontece bem fora do estio. A meteorologia seca e tórrida do sul ganha supremacia. Invade as ilhas mais próximas de África, sobretudo de Lanzarote a Tenerife. Menos as setentrionais, como La Palma.  Apodera-se de boa parte do arquipélago, carregada de poeira e areias finas arrancadas do Sara.

Como o víamos, por norma, de Julho em diante, deixa de fazer sentido o nome da ilha usado pelos Romanos, Nivaria, de acordo com a cobertura de neve que se habituaram a ver na secção superior da montanha, nos dias mais límpidos do ano, até mesmo a partir da costa africana, com o seu vislumbre se deslumbravam também os cartagineses, os Numídios, os navegadores fenícios.

Os Romanos não foram os primeiros a nela se inspiraram. Malgrado o domínio de Roma e a expansão do império aos confins ocidentais do Velho Mundo, o baptismo que prevaleceu tem uma origem indígena.

Dragoeiro Icod e vulcão El Teide, Tenerife, Canárias

Vulcão Teide à distância, com o dragoeiro de Icod em primeiro plano.

A Enigmática Exclusividade Guanche de Tenerife e das Canárias

Os guanches tratavam-na por Tene (montanha) ife (branca). Diz-se que foram os colonos castelhanos que, mais tarde, de maneira a facilitarem a sua pronúncia, acrescentaram o erre entre os dois termos.

Como nos elucida Juan Miguel, o grande enigma está em como foram parar os guanches a Tenerife e às restantes Canárias que habitavam. À chegada dos colonos europeus, nenhuma outra ilha da Macaronésia era habitada.

Mesmo tendo em conta a relativa proximidade das Canárias da costa ocidental de África – 300 km de Tenerife, pouco mais de 100km de Lanzarote – e a comprovada genética berbere dos guanches, continua por comprovar de que maneira conseguiram atingir o arquipélago com gado, outros animais domésticos quando não tinham conhecimentos para construírem embarcações que assegurassem a viagem.

Achados arqueológicos e vestígios orgânicos que a ciência datou de meio milénio antes de Cristo ou ainda mais antigos indiciam que, de uma maneira ou de outra, os guanches terão cumprido a travessia.

Vulcão Teide: a Origem Geológica e a Mitologia Guanche

Por essa altura, há muito que o grande El Teide se projectava acima de Tenerife e do firmamento das Canárias.

A datação de uma ilha peca quase sempre por inexacta mas, ainda de acordo com estudos científicos, terão sido erupções submarinas massivas de há cerca de 25 milhões de anos a gerar o arquipélago.

Tenerife, em específico, formou-se através de um processo de acreção de três enormes vulcões de escudo, de início numa ilha com três penínsulas agregadas a um vulcão massivo, o de Las Cañadas.

No tempo em que Tenerife os acolheu, os guanches cultivaram o significado mitológico da montanha que parecia sempre vigiá-los. Sem grandes dúvidas espectadores e vítimas de mais que uma erupção ou distinta manifestação vulcânica, os aborígenes habituaram-se a temer o vulcão.

Chamavam-lhe o inferno, no seu dialecto, Echeyde, o termo que os castelhanos depressa adaptaram para El Teide.

Para os guanches, a montanha Echeyde era a morada sagrada de Guayota, o demónio do mal. Acreditavam que Guayota teria sequestrado Magec, o deus da luz e do sol que aprisionou no interior do vulcão, votando o seu mundo à obscuridade, sem surpresa a mistificação do fenómeno provocado por uma erupção significativa que, como tantas outras ao longo da história, ao libertar nuvens de cinza e pó, terá bloqueado o sol.

Sempre apreensivos quanto ao que o vulcão lhes reservava, os guanches aprofundaram a sua mitologia. Os missionários que mais tarde acompanhavam os colonos europeus registaram o que os nativos lhes contavam, que o seu povo havia rogado perdão a Achamán, o seu Deus de todos os deuses.

Este, acedeu. Após um combate intenso, Achamán triunfou sobre Guayota. Resgatou Magec das profundezas de Echeyde, fechou a cratera do inferno e aprisionou Guayota lá dentro.

A tampa salvadora, hoje identificada como a sub-cone Pilón ou Pan de Azucar, coroada pela cratera menor do Pico del Teide, não voltou a ver erupções. Outras se deram, com expressão reduzida, em zonas distintas do enorme vulcão. Algumas tiveram lugar em plena era colonial.

O Testemunho Presencial de Cristovão Colombo, uma Erupção a Caminho das Américas

A de 24 de Agosto de 1492, horas antes de zarpar rumo às Índias pelo Ocidente e de dar com as Américas, Cristovão Colombo narrou no seu diário de bordo: ”Zarpou no dia seguinte e passou a noite próximo de Tenerife, de cujo cume, que é altíssimo se viam sair grandes labaredas que, maravilhando-se a sua gente, lhes deu a entender o fundamento e a causa do fogo, aduzindo para respeito, o exemplo do monte Etna, na Sicília de vários outros onde se via o mesmo.”

Os cientistas chegaram à conclusão que, nessa data, Colombo e os seus marinheiros terão assistido à erupção de Boca del Cangrejo, no sul da ilha.

Terá sido a quinta das erupções históricas de Tenerife, nenhuma delas provinda da cratera principal do monte Teide. Seguiram-se outras no período 1704-1706, registadas em Fasnia, em Siete Fuentes e que causaram forte destruição no casario à beira-mar de Garachico.

Uma do Pico Viejo, conhecida como Chahorra, entre o início de Junho e Setembro de 1798. A derradeira deu-se em 1909, a partir do vulcão secundário de Chinyero. Haveríamos de passar por parte destes focos do vulcanismo de Tenerife.

Até lá, prosseguimos pela via TF-24.

Não tarda, já livres da sombra verdejante dos pinheiros, deslumbrados com o paredão geológico formado por várias camadas de escoadas lávicas, de distintas texturas e tons, de tal maneira que recebeu o nome informal de Tarte do Teide.

Esta tarte tem os seus próprios dois miradores, ambos reveladores da magnificência do estratovulcão, ainda mais sobranceiro se face ao vale imenso partilhado por La Orotava, Puerto de La Cruz e várias outras cidades, vilas, aldeias, lugarejos.

Detemo-nos num dos miradouros.

Dali, apreciamos um esquadrão de praticantes de parapente elevar-se e planar, em deliciosas elipses entre o observatório do Instituto de Astrofísica das Canárias e o fundo oceânico, boa parte do tempo, com o cone da montanha em fundo.

Do Domínio Grandioso da Caldeira Las Cañadas ao Cimo do Pan de Azúcar

À medida que também o sol ascendia para o seu zénite, a calima intensificava-se. Quando entramos no domínio da caldeira de Las Cañadas, formada pelo abatimento do vulcão homónimo, a sua névoa seca desilude-nos.

Esforçamo-nos por ignorar a adversidade fotográfica.

Apontamos ao sector de Tabonal Negro e, logo, à base do teleférico que assegura a ligação dos 2.356 metros aos 3.555m do quase topo da cratera principal, no sopé da cimeira Pilón de Azucar.

Dedicamo-nos a percorrer dois trilhos principais assentes em basalto, irregulares a condizer e que sulcam um entorno áspero, até cortante, de lava entre o ocre e o acastanhado.

Seguimos o que conduzia ao ponto de observação do Pico Viejo.

E, no regresso, o que levava ao miradouro da Fortaleza, revelador da orla norte da caldeira de Las Cañadas e de boa parte da costa setentrional de Tenerife.

Em conjunto, os dois panoramas opostos e o concedido pelo trilho que ligava os pontos de partida revelaram-nos imponência geológica há milhões de anos no âmago da ilha.

Em diversas direcções, a caldeira encontrava-se coberta de distintas escoadas de lava, algumas só detidas pela vertente interior da sua orla.

Instantes depois, inaugurámos os 1200 metros de descida de teleférico que emulava a da lava. Aos poucos, a cabine reaproximou-nos do tracejado da TF-21.

O Ocaso na Calima, em Volta dos Roques de Garcia

 

Uma vez mais pelo seu asfalto, visamos o recanto sudoeste da caldeira. Deixamos a estrada para a vista aberta do Llano de Ucanca.

Apoiados na vedação-parapeito que separa a estrada da planície apreciamos o sol a oeste a esconder-se atrás de um retalho afiado da caldeira e, ao mesmo tempo, ao alaranjar gradual dos rochedos rivais de Roques de Garcia.

Um fotógrafo de casamentos esforçava-se para fotografar um casal no meio da via com aquela luz suavizada.

Mais cedo do que estimávamos, o fundo atmosférico de calima começou a apoderar-se do grande astro.

Quando o buscamos já no mirante de La Ruleta, a sua bola amarelada resplandece do céu enegrecido e parece rolar sobre o cimo da silhueta entre os Roques.

Dois namorados sentados numa laje conveniente, deixavam-se contagiar pelo romantismo vulcânico e cósmico do momento.

La Palma, CanáriasEspanha

O Mais Mediático dos Cataclismos por Acontecer

A BBC divulgou que o colapso de uma vertente vulcânica da ilha de La Palma podia gerar um mega-tsunami. Sempre que a actividade vulcânica da zona aumenta, os media aproveitam para apavorar o Mundo.
La Palma, Canárias

A Isla Bonita das Canárias

Em 1986, Madonna Louise Ciccone lançou um êxito que popularizou a atracção exercida por uma isla imaginária. Ambergris Caye, no Belize, colheu proveitos. Do lado de cá do Atlântico, há muito que os palmeros assim veem a sua real e deslumbrante Canária.
Santa Cruz de La Palma, Canárias

A Viagem na História de Santa Cruz de La Palma

Começou como mera Villa del Apurón. Chegado o séc. XVI, a povoação não só tinha ultrapassado as suas dificuldades como era já a terceira cidade portuária da Europa. Herdeira dessa abençoada prosperidade, Santa Cruz de La Palma tornou-se uma das capitais mais elegantes das Canárias.
Lanzarote, Ilhas Canárias

A César Manrique o que é de César Manrique

Só por si, Lanzarote seria sempre uma Canária à parte mas é quase impossível explorá-la sem descobrir o génio irrequieto e activista de um dos seus filhos pródigos. César Manrique faleceu há quase trinta anos. A obra prolífica que legou resplandece sobre a lava da ilha vulcânica que o viu nascer.
Fuerteventura, Ilhas Canárias, Espanha

A (a) Ventura Atlântica de Fuerteventura

Os romanos conheciam as Canárias como as ilhas afortunadas. Fuerteventura, preserva vários dos atributos de então. As suas praias perfeitas para o windsurf e o kite-surf ou só para banhos justificam sucessivas “invasões” dos povos do norte ávidos de sol. No interior vulcânico e rugoso resiste o bastião das culturas indígenas e coloniais da ilha. Começamos a desvendá-la pelo seu longilíneo sul.
El Hierro, Canárias

A Orla Vulcânica das Canárias e do Velho Mundo

Até Colombo ter chegado às Américas, El Hierro era vista como o limiar do mundo conhecido e, durante algum tempo, o Meridiano que o delimitava. Meio milénio depois, a derradeira ilha ocidental das Canárias fervilha de um vulcanismo exuberante.
La Graciosa, Ilhas Canárias

A Mais Graciosa das Ilhas Canárias

Até 2018, a menor das Canárias habitadas não contava para o arquipélago. Desembarcados em La Graciosa, desvendamos o encanto insular da agora oitava ilha.
PN Timanfaya, Lanzarote, Canárias

PN Timanfaya e as Montanhas de Fogo de Lanzarote

Entre 1730 e 1736, do nada, dezenas de vulcões de Lanzarote entraram em sucessivas erupções. A quantidade massiva de lava que libertaram soterrou várias povoações e forçou quase metade dos habitantes a emigrar. O legado deste cataclismo é o cenário marciano actual do exuberante PN Timanfaya.
Vulcão dos Capelinhos, Faial, Açores

Na Pista do Mistério dos Capelinhos

De uma costa da ilha à opostoa, pelas névoas, retalhos de pasto e florestas típicos dos Açores, desvendamos o Faial e o Mistério do seu mais imprevisível vulcão.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.

Valência a Xàtiva, Espanha

Do outro Lado da Ibéria

Deixada de lado a modernidade de Valência, exploramos os cenários naturais e históricos que a "comunidad" partilha com o Mediterrâneo. Quanto mais viajamos mais nos seduz a sua vida garrida.

Matarraña a Alcanar, Espanha

Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

Vegueta, Gran Canária, Canárias

Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
Tenerife, Canárias

Pelo Leste da Ilha da Montanha Branca

A quase triangular Tenerife tem o centro dominado pelo majestoso vulcão Teide. Na sua extremidade oriental, há um outro domínio rugoso, mesmo assim, lugar da capital da ilha e de outras povoações incontornáveis, de bosques misteriosos e de incríveis litorais abruptos.
Fuerteventura, Canárias

Fuerteventura - Ilha Canária e Jangada do Tempo

Uma curta travessia de ferry e desembarcamos em Corralejo, no cimo nordeste de Fuerteventura. Com Marrocos e África a meros 100km, perdemo-nos no deslumbre de cenários desérticos, vulcânicos e pós-coloniais sem igual.
Gran Canária, Canárias

Gran (diosas) Canária (s)

É apenas a terceira maior ilha do arquipélago. Impressionou tanto os navegadores e colonos europeus que estes se habituaram a tratá-la como a suprema.
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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PN Hwange, Zimbabwé

O Legado do Saudoso Leão Cecil

No dia 1 de Julho de 2015, Walter Palmer, um dentista e caçador de trofeus do Minnesota matou Cecil, o leão mais famoso do Zimbabué. O abate gerou uma onda viral de indignação. Como constatamos no PN Hwange, quase dois anos volvidos, os descendentes de Cecil prosperam.
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O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
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Onde o Pecado tem Sempre Perdão

Projectada do Deserto Mojave como uma miragem de néon, a capital norte-americana do jogo e do espectáculo é vivida como uma aposta no escuro. Exuberante e viciante, Vegas nem aprende nem se arrepende.
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Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
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As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Bonaire, ilha, Antilhas Holandesas, ABC, Caraíbas, Rincon
Cidades
Rincon, Bonaire

O Recanto Pioneiro das Antilhas Holandesas

Pouco depois da chegada de Colombo às Américas, os castelhanos descobriram uma ilha caribenha a que chamaram Brasil. Receosos da ameaça pirata, esconderam a primeira povoação num vale. Decorrido um século, os holandeses apoderaram-se dessa ilha e rebaptizaram-na de Bonaire. Não apagaram o nome despretensioso da colónia precursora: Rincon.
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Comida
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No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
Sombra de sucesso
Cultura
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
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Desporto
Queenstown, Nova Zelândia

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No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
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Camponesa, Majuli, Assam, India
Étnico
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Ocaso, Avenida dos Baobás, Madagascar
Portfólio Fotográfico Got2Globe

Dias Como Tantos Outros

Pescadores em canoas, rio Volta, Gana
História
Volta, Gana

Uma Volta pelo Volta

Em tempos coloniais, a grande região africana do Volta foi alemã, britânica e francesa. Hoje, a área a leste deste rio majestoso da África Ocidental e do lago em que se espraia forma uma província homónima. E um recanto montanhoso, luxuriante e deslumbrante do Gana.
Porto Rico, San Juan, Cidade muralhada, panoramica
Ilhas
San Juan, Porto Rico

O Porto Rico e Muralhado de San Juan Bautista

San Juan é a segunda cidade colonial mais antiga das Américas, a seguir à vizinha dominicana de Santo Domingo. Entreposto pioneiro da rota que levava o ouro e a prata do Novo Mundo para Espanha, foi atacada vezes sem conta. As suas fortificações incríveis ainda protegem uma das capitais mais vivas e prodigiosas das Caraíbas.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Inverno Branco
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
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África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
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Natureza
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No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Parques Naturais
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O Rio que Espelha o Céu da Costa Rica

Até 2018, boa parte das encostas do vulcão Tenório (1916m) mantinham-se inacessíveis e desconhecidas. Nesse ano, a concretização de uma estrada íngreme abriu caminho à estação ranger de El Pilón. A partir da actual entrada, cumprimos quase 9km luxuriantes ao longo do rio Celeste, suas quedas d’água, lagoas e nascentes termais.
Thira, Santorini, Grécia
Património Mundial UNESCO
Fira, Santorini, Grécia

Fira: Entre as Alturas e as Profundezas da Atlântida

Por volta de 1500 a.C. uma erupção devastadora fez afundar no Mar Egeu boa parte do vulcão-ilha Fira e levou ao colapso a civilização minóica, apontada vezes sem conta como a Atlântida. Seja qual for o passado, 3500 anos volvidos, Thira, a cidade homónima, tem tanto de real como de mítico.
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O Feiticeiro Amaldiçoado da Nova Zelândia

Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
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Lifou é a ilha do meio das três que formam o arquipélago semi-francófono ao largo da Nova Caledónia. Dentro de algum tempo, os nativos kanak decidirão se querem o seu paraíso independente da longínqua metrópole.
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Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
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Nenhuma forma de viajar é tão repetitiva e enriquecedora como seguir sobre carris. Suba a bordo destas carruagens e composições díspares e aprecie os melhores cenários do Mundo sobre Carris.
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Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Penhascos acima do Valley of Desolation, junto a Graaf Reinet, África do Sul
Vida Selvagem
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.