Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique


Dunas no meio do mar
Dunas como poucas outras em todo o oceano Índico douram e coroam Bazaruto.
Moto 4 para 3
Nativo de Bazaruto percorre um caminho arenoso do interior da ilha, com a família atrás de si.
Miradouro vegetal
Macaco-azul inspecciona os forasteiros do cimo da copa de uma árvore.
Comité de boas-vindas
Nativos de uma das muitas aldeolas que salpicam o interior de Bazaruto.
Sailfish Bay II
Uma das raras enseadas da costa leste de Bazaruto onde o mar embate na base da grande cordilheira de dunas da ilha
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Silhueta de um dhow que navega ao largo da costa oeste da ilha de Bazaruto.
Sailfish bay
Uma das raras enseadas da costa leste de Bazaruto, onde o mar embate na base da grande cordilheira de dunas da ilha
Dhow cinza
Silhueta de um dhow< que navega ao largo da costa oeste da ilha de Bazaruto.
Ancoragem
Comandante fundea o seu dhow ao largo da povoação de Asneira.
Porto de abrigo
Enseada da costa ocidental de Bazaruto repleta de barcos de pesca. A costa virada a Moçambique tem o mar mais tranquilo de Bazaruto.
O lanche à mão
Rapaz roi uma peça de fruto na sua aldeia, ao fim da tarde.
Trio a bordo
Tripulantes de um dhow acabado de ancorar na longa praia em frente a Asneira.
Formas & silhueta
Rapariga de uma aldeola junto a Asneira, na costa ocidental de Bazaruto
Água doce
Lago selvagem limitado por dunas, um cenário típico de Bazaruto. Vários destes lagos são habitados por crocodilos do Nilo.
Caminhada molhada
Mulheres de Bazaruto percorrem uma estrada ensopada por uma manhã; de chuva forte.
Areia a perder de vista
Cordilheira de dunas do litoral oriental da ilha, amareladas pelo ocaso.
Terra vs Céu
Pequena palmeira arbustiva destaca-se contra o dourado do céu a poente.
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Nativa colhe capim em lago de Bazaruto
A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.

Tempo de Zarpar para o Canal

É caprichoso o Canal de Moçambique. As suas marés e correntes, o maior ou menor fluxo do mar, ditam as horas em que os dhows e as lanchas a ele se fazem e nele podem navegar. Às 14h de uma tarde ventosa que encrespava o Índico pouco profundo, zarpamos finalmente para Bazaruto.

Nem o vento nem as pequenas vagas geradas pela brisa pareciam afectar as lanchas de última geração, dotadas de motores poderosos que asseguravam o percurso a grande velocidade.

Pelo caminho, o mar assumia diferentes tons de verdes e azuis, fascinantes indicadores da superficialidade do leito e espécie de recreio cromático dos golfinhos e dugongos que habitam as águas profícuas entre Moçambique e Madagáscar. Os primeiros não tardaram a aparecer e dar-nos as boas-vindas com os seus saltos e escoltas desenfreadas à frente da embarcação.

Mesmo se se contam mais de trezentas, por aqueles lados – considerada a única colónia prolífica da costa leste de África –  as vacas-marinhas nunca deram sinal de si. Mantiveram-se em bancos de areia distantes, a salvo dos motores e do incómodo que lhes causam.

Areia e respectivos bancos é coisa que não falta. De águas quentes, orientada para sul, a Corrente de Moçambique, arrasta consigo sedimentos que deposita em contínuo onde quer que o oceano afunila ou se depara com obstáculos. No sentido certo, também impulsiona os muitos dhows que por ali navegam.

Dhow no Canal de Moçambique

Silhueta de um dhow< que navega ao largo da costa oeste da ilha de Bazaruto.

A Visão Majestosa do Arquipélago de Bazaruto

Decorrida quase uma hora de percurso, a monumentalidade suprema deste fenómeno deixa-nos boquiabertos. Abandonamos a frente da grande ilha de Benguerra. Mal a sua estreita península setentrional se encerra, inauguram-se os domínios de Bazaruto, a ilha muito maior que empresta nome a este arquipélago da província de Inhambane.

A lancha prossegue ao largo da sua costa oeste, a virada ao continente. Mesmo assim, dunas hiperbólicas insinuam-se bem acima desta linha imediata de costa e de vegetação, uma cordilheira delas, ligadas por esses e outros trejeitos moldados pelo vento.

Entretanto, o litoral e os arbustos verdes que o forram aumentam de altura. A ilha também se torna mais larga. Os dois factores fazem com que as dunas de nós se afastem até ao vislumbre. Depressa encaramos a enseada e a área povoada de Asneira. A lancha faz-se ao areal.

Às 15h30 estamos instalados em, Bazaruto. Meia-hora depois, saímos conduzidos por James à descoberta do império de areia que tínhamos avistado no oriente da ilha. O caminho para lá chegar revela-se quase tão arenoso como os próprios ergs. Só os jipes robustos nele avançavam.

Bazaruto: à descoberta da Ilha das Dunas e dos Lagos

Experiente, James, conduz-nos sem problemas. Até que ele e um residente numa moto 4 se veem frente a frente, ambos com a passagem bloqueada. Com recurso a muita ginástica das grandes rodas, o nativo lá contorna o obstáculo inesperado em que nos tínhamos tornado e segue o seu destino.

Moradores da ilha de Bazaruto em Moto 4, Moçambique

Nativo de Bazaruto percorre um caminho arenoso do interior da ilha, com a família atrás de si.

Apenas umas centenas de metros para diante, uma descida revela-nos Maubue, o primeiro dos lagos que salpicam Bazaruto. Rogamos a James que nos aproximemos da água. “Não dá, replica o guia. O terreno lá em baixo é pantanoso. Além disso, esconde crocodilos”.

Estávamos numa ilha bem distante de outras bolsas moçambicanas em que aqueles répteis subsistiam: Sofala, Zambeze, Gorongosa, outras. No breve instante, ficamos sem saber se falava a brincar ou se era a sério. Fosse como fosse, o curto Inverno do Hemisfério Sul tornava o ocaso precoce.

Dunas da ilha de Bazaruto, Moçambique

Dunas como poucas outras em todo o oceano Índico douram e coroam Bazaruto.

De acordo, James lembrou-nos que nos devíamos despachar a subir para a zona de dunas. Ao cedermos ao seu apelo, deixamos o assunto em hibernação.

James faz o jipe serpentear e vencer uma última ladeira. Deixamos o veículo e passamos a subir nós, a pé, a vertente irregular e vegetada da duna, não tarda entre palmeiras-anãs e outros arbustos que despontam irrigados pela chuva frequente (850 mm anuais, sobretudo entre Dezembro e Março) malgrado a porosidade do solo.

O Ocaso entre os Ergs

Atingimos, ofegantes, o nível intermédio das montanhas de areia. A imponência e o exotismo do cenário pouco nos ajudam a recuperar a respiração. Abaixo, voltávamos a encontrar o lago Maubue. Em vez da margem oposta que tínhamos avistado em primeira mão, delimitava-o a vertente íngreme de uma duna que se estendia para norte até a perdermos de vista.

Para o lado oposto, o sopé elevado que nos sustentava mergulhava num vale cavado na direcção da costa leste. A todo o comprimento, repetiam-se cumes com formas sinuosas, listados pela rega da chuva matinal e sobrevoados por pequenas nuvens lilases.

Minutos depois, o sol mergulhou no Canal de Moçambique e dourou o ocidente próximo. Em três outros tempos, entregou-o ao breu nocturno.

Sol põe-se a oriente de Bazaruto, Moçambique

Pequena palmeira arbustiva destaca-se contra o dourado do céu a poente.

Só a alvorada de início húmida, não tarda encharcada, resgatou o grande astro. Voltamos a contar com James para explorarmos o mais possível de Bazaruto. Saímos com um manto de nuvens escuras a ameaçar fazer das suas. Os aguaceiros estrearam-se brandos. Não tardaram a alternar com períodos diluvianos de que nem a cobertura de lona do jipe nos protegeu condignamente.

A estrada de areia levou-nos para norte e para o interior, entre nova constelação de lagos que a chuva aumentava e renovava. À beira do Lengue, o maior de todos, uma nativa já de idade avançada cortava papiro de um extenso canavial contíguo. “Lembram-se da conversa de ontem dos crocodilos?” indaga-nos James.

Os Crocodilos Fatais e a Restante Fauna de Bazaruto

“Não tivemos tempo para a terminar mas, já agora, ficam a par: há uns tempos, uma outra senhora fazia exactamente a mesma coisa que esta e foi apanhada por um crocodilo. Parece que o pessoal de cá não aprende.”

Nativa colhe capim em Bazaruto, Moçambique

Nativa colhe capim junto a lago de Bazaruto

Intriga-nos o como os crocodilos proliferaram numa ilha relativamente pequena, arenosa e em lagos como aqueles, tão longínquos dos rios e pântanos da vasta África continental. À falta de uma explicação mais científica e ancestral, apurámos que, no mínimo, durante os anos 80, Bazaruto acolheu uma produção dos répteis que se esperava proveitosa.

Mas, rebentou a Guerra Civil Moçambicana. A fauna de vários parques naturais e reservas do país – caso gritante do PN Gorongosa – foi dizimada. O contexto provou-se tudo menos propício e a criação dos animais foi abandonada.

Como terão sido inúmeros espécimes que, ao invés, se depararam com condições ideais à sua subsistência e reprodução nos lagos repletos de peixes, também habitados ou frequentados pela maior parte dos mamíferos e aves da ilha.

Contornamos o Lengue. Colónias de corvos-marinhos secam as penas ao sol intermitente, sobre ramos de coqueiros ribeirinhos. Nova chuvada encharca-os a eles e a nós.

Macaco-azul em Bazaruto, Moçambique

Macaco-azul inspecciona os forasteiros do cimo da copa de uma árvore.

Regressada a bonança, deparamo-nos com uma família de raros macacos-azuis a contemplar a nossa incursão no seu território do cimo de uma copa frondosa, paredes-meias com a base de outra enorme duna.

A estrada em que quase chegávamos à próxima paragem aproveitava uma das raras zonas da ilha em que, por um capricho do relevo, a largura das dunas diminuía e permitia uma aproximação à costa leste por entre os enormes ergs.

Curva atrás de curva, neste vai-e-vem de chuvarada e de intervalo estival, contornamos nova falda arenosa. Era meio-dia. Do lado de lá, esbarramos por fim com o leste do Canal de Moçambique.

Sailfish bay, ilha de Bazaruto, Moçambique

Uma das raras enseadas da costa leste de Bazaruto, onde o mar embate na base da grande cordilheira de dunas da ilha.

Sailfish Bay, uma Enseada Excêntrica

A maré vazante fazia o mar recuar para longe, o mesmo que acontecia às nuvens, em debandada sob a pressão do sol a pique. “Bom, chegámos à Sailfish Bay. É especial, este lugar. Venho cá vezes sem conta com hóspedes mas agora, fico-me pelo jipe. Explorem à vontade.”

Percorremos a enseada até um cabo que a separava da praia seguinte, que se prolongava até aos derradeiros metros meridionais dos 8 km de comprimento de Bazaruto.

Na tal de Sailfish Bay, vagas ínfimas desenrolavam-se como que em câmara-lenta, com intervalos quase cronometrados entre elas. Desfaziam-se contra um banco de areia recortado com arte pela maré. Logo ao lado, uma piscina marinha efémera preenchia a fundura que se prolongava até ao vê da costa.

Dois pescadores de poucas falas estendiam uma rede de tal forma comprida que lhes permitia sonhar com a captura de todos os peixes por ali retidos. Acompanhamos a sua labuta por breves minutos.

Em vez de regressarmos pelo fundo da duna que encerrava a enseada, tomamos um trilho aberto pelos pescadores. Seguimo-lo pelas suas alturas, deslumbrados pela sensação incondicional de liberdade que aquela vastidão amarela e azul nos concedia.

De volta a beira-mar, antes de nos metermos no jipe, banhamo-nos entre as ondas cálidas, ali aguerridas, da Sailfish Bay. Pressionados pela urgência de retomamos o périplo em que James há horas nos conduzia, não chegamos sequer a secar.

Internamo-nos na área rasa contígua à Lagoa Zingo, semi-alagada e em que penetrava um manguezal vindo do limiar marinho oeste. A chuva matinal tinha entregue boa parte desta secção a rios e riachos pouco profundos, com meras horas de vida.

Nativas caminham em Bazaruto, Moçambique

Mulheres de Bazaruto percorrem uma estrada ensopada por uma manhã; de chuva forte.

Cruzamo-nos com três mulheres que, a espaços, se veem forçadas a caminhar sobre um deles. Mais ou menos na altura em que nos livramos da estrada alagada, surgem as primeiras aldeias de palhotas que haveríamos de avistar na ilha.

Daí em diante, à medida que nos aproximamos de Asneira e da área de Bazaruto ocupada pelos seus dois grandes resorts, mais e mais comunidades surgiram.

Ditou a nova realidade turística da ilha que os hotéis, em vez da pesca ou da migração para o continente ou paragens mais longínquas, garantissem a subsistência de dezenas de famílias. Depressa constatámos essa benesse, como hóspedes do resort e enquanto visitantes inesperados dos seus funcionários.

As Pitorescas Aldeias Tsonga

Detemo-nos no Anantara Bazaruto. James dá boleia a uma empregada de saída do turno, a caminho da sua aldeia. Passamos entre várias outras, formadas por palhotas ou casas de barro, muitas já reforçadas por materiais modernos que desfazem a harmonia visual e genuinidade dos lugarejos.

Moradores de uma aldeira da ilha de Bazaruto, Moçambique

Nativos de uma das muitas aldeolas que salpicam o interior de Bazaruto.

À chegada, um bando de filhos de distintas idades recebem a senhora, na casa que o ordenado do Anantara ajudava a completar.

No meio de papaeiras e outras árvores de fruto e de sombra, das bombas de extração de água doce e dos pilões em que começava a ser preparada a shima, a papa de mandioca que alimenta a ilha, o arquipélago e a nação.

Rapariga de Bazaruto, Moçambique

Rapariga de uma aldeola junto a Asneira, na costa ocidental de Bazaruto

A maior parte dos nativos que por ali nos inspecionam e saúdam são de etnia tsonga. Falam xítsua (dialecto comum na província de Inhambane), xitsonga (o dialecto dos tsongas) e algum português.

Muitos outros dos cerca de 2000 moradores de distintas aldeolas, nunca se chegaram a familiarizar com o português.

Rapaz de Bazaruto, Moçambique

Rapaz roi uma peça de fruto na sua aldeia, ao fim da tarde.

Durante o período colonial – mas não só – Bazaruto viu-se largo tempo sem escolas, ou no mínimo, sem ensino em português.

Também passou os anos que decorreram à margem da violência e destruição da Guerra da Independência e da Guerra Civil que devassaram o país continental. É outra das razões porque a ilha e o incrível arquipélago em redor conquistaram o estatuto de Reserva Marinha.

E porque os seus cenários, a sua fauna, flora e gente formam um dos redutos de Moçambique tão surreais quanto reais.

Enseada da ilha de Bazaruto, no Canal de Moçambique

Enseada da costa ocidental de Bazaruto repleta de barcos de pesca. A costa virada a Moçambique tem o mar mais tranquilo de Bazaruto.

Mais informações sobre Bazaruto na página respectiva da Wikipedia

Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Morondava, Avenida dos Baobás, Madagáscar

O Caminho Malgaxe para o Deslumbre

Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré

Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.
Pemba, Moçambique

De Porto Amélia ao Porto de Abrigo de Moçambique

Em Julho de 2017, visitámos Pemba. Dois meses depois, deu-se o primeiro ataque a Mocímboa da Praia. Nem então nos atrevemos a imaginar que a capital tropical e solarenga de Cabo Delgado se tornaria a salvação de milhares de moçambicanos em fuga de um jihadismo aterrorizador.
Ilha de Goa, Ilha de Moçambique, Moçambique

A Ilha que Ilumina a de Moçambique

A pequena ilha de Goa sustenta um farol já secular à entrada da Baía de Mossuril. A sua torre listada sinaliza a primeira escala de um périplo de dhow deslumbrante em redor da velha Ilha de Moçambique.

Machangulo, Moçambique

A Península Dourada de Machangulo

A determinada altura, um braço de mar divide a longa faixa arenosa e repleta de dunas hiperbólicas que delimita a Baía de Maputo. Machangulo, assim se denomina a secção inferior, abriga um dos litorais mais grandiosos de Moçambique.
Vilankulos, Moçambique

Índico vem, Índico Vai

A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Tofo, Moçambique

Entre o Tofo e o Tofinho por um Litoral em Crescendo

Os 22km entre a cidade de Inhambane e a costa revelam-nos uma imensidão de manguezais e coqueirais, aqui e ali, salpicados de cubatas. A chegada ao Tofo, um cordão de dunas acima de um oceano Índico sedutor e uma povoação humilde em que o modo de vida local há muito se ajusta para acolher vagas de forasteiros deslumbrados.
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Inhambane, Moçambique

A Capital Vigente de uma Terra de Boa Gente

Ficou para a história que um acolhimento generoso assim fez Vasco da Gama elogiar a região. De 1731 em diante, os portugueses desenvolveram Inhambane, até 1975, ano em que a legaram aos moçambicanos. A cidade mantém-se o cerne urbano e histórico de uma das províncias mais reverenciadas de Moçambique.
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Gurué, Moçambique, Parte 2

Em Gurué, entre Encostas de Chá

Após um reconhecimento inicial de Gurué, chega a hora do chá em redor. Em dias sucessivos, partimos do centro da cidade à descoberta das plantações nos sopés e vertentes dos montes Namuli. Menos vastas que até à independência de Moçambique e à debandada dos portugueses, adornam alguns dos cenários mais grandiosos da Zambézia.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
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Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
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Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Fiel em frente à gompa A gompa Kag Chode Thupten Samphel Ling.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
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Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

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Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
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São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Os vulcões Semeru (ao longe) e Bromo em Java, Indonésia
Parques Naturais
PN Bromo Tengger Semeru, Indonésia

O Mar Vulcânico de Java

A gigantesca caldeira de Tengger eleva-se a 2000m no âmago de uma vastidão arenosa do leste de Java. Dela se projectam o monte supremo desta ilha indonésia, o Semeru, e vários outros vulcões. Da fertilidade e clemência deste cenário tão sublime quanto dantesco prospera uma das poucas comunidades hindus que resistiram ao predomínio muçulmano em redor.
Entrada para a Cidade das Areias de Dunhuang, China
Património Mundial UNESCO
Dunhuang, China

Um Oásis na China das Areias

A milhares de quilómetros para oeste de Pequim, a Grande Muralha tem o seu extremo ocidental e a China é outra. Um inesperado salpicado de verde vegetal quebra a vastidão árida em redor. Anuncia Dunhuang, antigo entreposto crucial da Rota da Seda, hoje, uma cidade intrigante na base das maiores dunas da Ásia.
Personagens
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Mini-snorkeling
Praias
Ilhas Phi Phi, Tailândia

De regresso à Praia de Danny Boyle

Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
Casario de Gangtok, Sikkim, Índia
Religião
Gangtok, Índia

Uma Vida a Meia-Encosta

Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Trem do Serra do Mar, Paraná, vista arejada
Sobre Carris
Curitiba a Morretes, Paraná, Brasil

Paraná Abaixo, a Bordo do Trem Serra do Mar

Durante mais de dois séculos, só uma estrada sinuosa e estreita ligava Curitiba ao litoral. Até que, em 1885, uma empresa francesa inaugurou um caminho-de-ferro com 110 km. Percorremo-lo, até Morretes, a estação, hoje, final para passageiros. A 40km do término original e costeiro de Paranaguá.
Mulheres com cabelos longos de Huang Luo, Guangxi, China
Sociedade
Longsheng, China

Huang Luo: a Aldeia Chinesa dos Cabelos mais Longos

Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Cabo da Cruz, colónia focas, cape cross focas, Namíbia
Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.