Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha


De novo na ribalta
O Teatro Amazonas resplandece no coração histórico de Manaus.
Memória de borracha
Caboclo Sôr Tom reconstitui o processamento secular da seiva da árvore-da-borracha.
Selva de barcos
Embarcações tradicionais dos rios Negro e Solimões ancoradas numa doca de Manaus.
Teatral Lateral
Fachada lateral do Teatro Amazonas o edifício cultural supremo de Manaus e da Amazónia.
Meio da tarde
Transeuntes passeiam na Praça de São Sebastião, a que acolheu o Teatro Amazonas.
“Bar do Armando”
Convivas na esplanada de um bar de um emigrante português de Coímbra recém-falecido.
Romance Fluvial
Casal conversa sobre a plataforma flutuante que acolhe o Bar da Denise e o Sopão do Tio Jorge.
Au Bon Marché
Legado da era de riqueza e fausto em plena selva da Amazónia, o estabelecimento Au Bon Marché
Manaus Mercantil
Uma das fachadas do velho mercado Adolpho Lisboa, junto à marginal do rio Negro.
Assalto á peixaria
Peixeiros no sector de peixe do mercadão de Manaus, onde se vendem os afamados peixes amazónicos: pacu, pirarucu, tambaqui etc.
Uma alfândega bela e amarela
O edifício elegante e histórico da aduana de Manaus, a espreitar o caudal vasto do rio Negro.
De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.

Do 12º andar de um tal de hotel Taj Mahal, o horizonte recuava várias dezenas de quilómetros.

Desvendava-nos o Teatro Amazonas no seu entorno secular: o vasto rio Negro a oeste, antecedido por uma curiosa mescla de casario histórico e Manaus, de vegetação tropical exuberante da Amazónia e de torres habitacionais ou de escritórios projectadas bem acima.

Lá longe, insinuava-se a ponte moderna sobre o Rio Negro e uma raia de habitação marginal, quanto mais distante, mais disforme e abarracada.

Não estávamos hospedados naquele hotel pelo que fizemos estender o favor da subida panorâmica até mais não.

Provou-se o suficiente para assistirmos ao anoitecer a instalar-se, a praça a encher-se de gente e a animar-se, samba ou sertanejo a ressoarem, esplanadas à pinha inundadas de cervejinha e de conversas sem cerimónias nem fim.

Esplanada do Bar do Armando, Manaus, Brasil

Convivas na esplanada de um bar de um emigrante português de Coímbra recém-falecido

A Capital cada vez mais Cosmopolita da Amazónia

Nos dias que correm, Manaus é este mundo represado, euro-tropical e muito mais. Expandiu-se da sua beira-rio e invadiu 11.500 km2 de floresta amazónica.

Uma comitiva exígua de colonos intrépidos e receosos da vastidão em que os haviam metido e, em particular, dos nativos hostis, transformou-se numa população multiétnica e multicultural de 2.600.000 almas entregues à selva, a urbana de Manaus, não a natural em redor.

Quem vem dar a estas paragens depressa se intriga sobre o que as tornou possíveis.

Após a restauração da Independência e da velha rivalidade colonial, os portugueses viram-se beneficiários da União Ibérica que aproveitaram para tomarem conta do interior do Brasil. Também se mantiveram alerta contra as pretensões dos rivais hispânicos de sempre e das dos holandeses, estes, com quartel-general no Suriname.

Em 1668, construíram o forte de São José da Barra do Rio Negro, no coração da Amazónia e junto à confluência de duas das suas mais importantes artérias, o Negro e o Solimões. Ergueram-no em rocha e argila com o auxílio dos indígenas e de mestiços. Muitos, acabaram por ali se fixar.

Chegados os fazendeiros portugueses e os seus escravos, a população aumentou de forma exponencial.

De tal maneira, que vários grupos missionários alinharam no investimento evangélico da capela de Nª Senhora da Conceição, entretanto nomeada padroeira da povoação.

A Animação de Fim de Tarde da Praça de São Sebastião

Num outro fim de tarde, os bancos de jardim da Praça de São Sebastião são ocupados por jovens amigas cafuzas, de pele quase negras, olhos amendoados e cabelos escorridos como os dos indígenas de tantas tribos nativas da selva circundante.

Praça de São Sebastião, Manaus, Brazil

Transeuntes passeiam na Praça de São Sebastião, a que acolheu o Teatro Amazonas.

Um casal chinês de meia idade ralha aos filhos em mandarim, estes ignoram-nos e bulham em português abrasileirado. Várias bancas da mini-feira que por ali se instalou são exploradas por pequenos comerciantes indianos ou com raízes no Médio Oriente.

O Bar do Armando, com os seus cabeçudos do festival Bumba Meu Boi e uma grande bandeira portuguesa, lado a lado com a brasileira, entre outras, menores, de outros países pertence à Igreja mas é há muito explorado por uma família lusa.

Enquanto serve cervejinhas ao balcão, o empregado Oriane explica-nos melhor como.

“O sôr Armando faleceu faz tempo. Agora quem ficou com o bar foi a filha. Mas a família dele era patrícia a sério. Eu creio que vieram lá do lado de… como se chama mesmo… ah é isso, é Coimbra.”

Um festival cultural evolui em frente ao teatro. Ali, um grupo coral juvenil entoa êxitos musicais recentes da Disney: Rei Leão, Pocahontas e afins. Por essa hora, a missa termina na Igreja de São Sebastião. Os crentes juntam-se à multidão e rendem-se ao apelo profano da noite.

Tão sagrado como inconveniente, o padre havia ordenado um encerramento explosivo da eucaristia. Os foguetes rebentam acima do templo, iluminam a sua torre pontiaguda e os sinos em não menos histérico repique.

Em dueto, o ribombar da pólvora seca e o badalar do campanário infernizam a noite, sobretudo a vida do grupo coral que, com tanto ruído, canta pró boneco. No interior do teatro, ao invés, uma audiência endinheirada delicia-se, sem interferências, com uma ópera grandiosa.

O Teatro Símbolo da Riqueza Borracheira da Amazónia

Há muito que o Teatro Amazonas é o edifício amazonense dos edifícios.

O mais importante símbolo civilizacional de todo o estado. E, no entanto, foi uma mera árvore da Amazónia – a Hevea brasiliensis – que o viabilizou e que, durante mais de um século, fez de Manaus uma improvável “Paris na Selva”.

Teatro do Amazonas, Manaus, Brazil

Fachada lateral do Teatro Amazonas o edifício cultural supremo de Manaus e da Amazónia.

No século XVIII, vários colonos e cientistas tinham já reparado em como os indígenas usavam a seiva solidificada dessa árvore para impermeabilizar calçado e vestuário, entre outros fins.

As primeiras amostras chegaram a França e o seu uso europeu foi inaugurado em 1803, em suspensórios, elásticos de soutiens e outros. Mais tarde, a empresa americana Goodyear descobriu o processo de vulcanização e a borracha dotou os pneus de veículos que, a Ford não tardou a vender em massa.

Após a Cabanagem, a população de Manaus aumentara mas a selva densa e ensopada em redor, a inexistência de metais ou pedras preciosas e os 1600km a que se situava da foz do Amazonas e do litoral barravam o seu desenvolvimento.

Até que, no fim do século XVIII, o culminar da Revolução Industrial na Europa e América do Norte reclamou mais e mais borracha, comodidade híper-valiosa exclusiva da Amazónia.

Borracha: a Matéria-Prima que Mudou a Amazónia e o Mundo

Investidores europeus e das Américas afluíram para a selva de que Manaus era o único entreposto digno desse nome. Instalaram-se na cidade ou em fazendas. Compraram vastas parcelas de selva que preencheram com plantações da árvore-da-borracha.

Ávidos de mão-de-obra, forçaram os indígenas a assegurar a extracção. Em certas áreas, os nativos – pouco talhados à submissão e a tarefas repetitivas que não lhes faziam qualquer sentido – não resistiram à escravatura, à brutalidade e às doenças disseminadas pelos colonos.

Reconstituição da estração da borracha, arredores de Manaus, Brasil

Caboclo Sôr Tom reconstitui o processamento secular da seiva da árvore-da-borracha

Morreram aos milhares. Indiferentes, os novos Barões da Borracha limitaram-se a empregar uma vaga de recém-chegados desejosos de se submeter aquelas provações.

Em 1877, uma terrível seca assolou o Nordeste Brasileiro, sobretudo o estado do Ceará. Muitos nordestinos migraram para a que sonhavam como “Terra da Fortuna”. Lá habitaram cabanas precárias nos arrabaldes da cidade e, entregues ao ilusório sufoco do latex, continuaram a enriquecer os barões. Manaus beneficiou por tabela.

A Ostentação Afrancesada da Milionária Manaus

Foi promovida a capital borracheira do mundo, viu-se dotada de energia eléctrica e de tantos outros luxos, antes de muitas cidades europeias. O francês e os modos afrancesados eram a moda ostentatória da época. Quem não falasse francês ou se comportasse afim, sentia-se diminuído perante os co-cidadãos.

Quando passeamos pelas ruas vetustas, cosmopolitas e sobrepovoadas de Manaus, a prova dessa velha francofonia surge, bem óbvia, na arquitectura e até nos nomes dos estabelecimentos de outros tempos.

Entre outras, uma fachada de prédio de esquina, toda ela rendilhada, impinge-nos um belo e amarelo “Au Bon Marche”.

Antiga loja Au Bon Marché, Manaus, Brasil

Legado da era de riqueza e fausto em plena selva da Amazónia, o estabelecimento Au Bon Marché

Sob o pseudónimo de Robin Furneaux, Frederick Robin Smith, um historiador britânico, descreveu a abundância deste período. “Nenhuma extravagância, por mais absurda, detinha os barões da borracha. Se um comprava um enorme iate, outro exibia leões amestrados na sua propriedade e um terceiro daria champanhe aos seus cavalos.”

Enquanto somos guiados pelos recantos do teatro-ópera da Amazónia, percebemos melhor como se revelou o mais faustoso destes caprichos.

Terá sido proposto em 1881, em plena Belle Époque. Propô-lo António Fernandes Junior que teve a visão de uma jóia cultural no coração da floresta amazónica e conseguiu a aprovação da Casa dos Representantes.

O projecto foi levado a cabo por um gabinete de engenharia e arquitectura de Lisboa e a construção seguiu a cargo de um arquitecto italiano.

A condizer, inaugurou-o La Gioconda, de Amilcare Ponchielli.

Barcos ancorados em Manaus, Brasil

Embarcações tradicionais dos rios Negro e Solimões ancoradas numa doca de Manaus

1912 – O Início de um Inevitável Declínio

Chegado o ano de 1912, os barões “brasileiros” da borracha não puderam sequer assistir à maior das suas tragédias.

Sem que ninguém soubesse, o explorador inglês Sir Henry Wickam, transpôs dezenas de milhares de pés da árvore-da-borracha para territórios britânicos com clima semelhante ao da Amazónia, menos isolados e com custos de produção, por comparação, reduzidos. O monopólio brasileiro depressa murchou.

Viciada na opulência, Manaus viu-se em declínio e abandonada por todos os que puderam partir.

O teatro fechou para boa parte do século XX, à sombra do colapso da iluminação que, antes assegurada por geradores, passou a ser alimentada, à mão e candeeiro a candeeiro, por gordura dos famigerados manatins amazónicos.

O casario resplandecente ficou entregue ao tempo e à humidade, o mesmo vapor clorofilino que nos faz suar a bom suar enquanto admiramos a deliciosa decadência da zona ribeirinha-portuária da cidade:  a azáfama do Mercado Municipal Adolpho Lisboa (baptizado em honra de um dos mais estimados prefeitos de Manaus) e a frota garrida de navios que asseguram o transporte pelas artérias fluviais da Amazónia.

Entretanto rebentou a 2ª Guerra Mundial. O Império Nipónico ocupou os principais territórios asiáticos produtores de borracha. Despoletou, assim, um segundo boom amazónico que pouco mais durou que o conflito e não evitou o agravamento de um vazio demográfico da região amazónica.

A Zona de Franca e a Recuperação Recente de Manaus

Volvidos vinte anos, um governo brasileiro mais atento e obcecado pela modernização dos confins do país fez de Manaus uma zona franca. Atribui-lhe fortes estímulos financeiros e tornou-a acessível por uma rede de novas estradas. Gerou assim, um fluxo de investimento que atraiu milhões de novos habitantes, como o investimento, nacionais e estrangeiros.

Manaus confirmou-se uma das urbes mais populosas da nação e um dos seus principais polos turísticos. Provou-se, até, suficientemente importante para acolher a sempre polémica e esbanjadora construção de um novo estádio de futebol e se assumir como uma das sedes do Mundial FIFA de 2014.

Inúmeras indústrias substituíram a antes exclusiva exportação da borracha e, na actualidade, asseguram a expansão constante da cidade.

A Nova Fama do Teatro de Manaus

O teatro, esse, recuperou a sua aura, no início dos anos 80. Por essa altura, o realizador Werner Herzog divulgou-o no seu épico “Fitzcarraldo”. Hoje de culto, o filme abordava a história de Brian Sweeney Fitzgerald, um empreendedor e amante de ópera irlandês residente em Iquitos, quando também esta cidade peruana prosperava à conta da exportação de borracha.

Mais romântico que empreendedor, Fitzgerald perseguiu um plano lunático de construir uma ópera à imagem da mais conceituadas da Europa numa zona de selva com acesso fluvial atroz, habitada por indígenas intratáveis.

Sem querermos desvendar o desfecho, dessa sua era proveitosa em diante, Iquitos evoluiu para a capital peruana da borracha e, mais tarde, da Amazónia Peruana. Ainda assim, hoje, abriga menos de 500.000 habitantes.

Teatro de Manaus, Brasil

O Teatro Amazonas resplandece no coração histórico de Manaus

O único teatro-ópera da Amazónia sul-americana é o Teatro Amazonas.

Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro

Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Chapada Diamantina, Brasil

Bahia de Gema

Até ao final do séc. XIX, a Chapada Diamantina foi uma terra de prospecção e ambições desmedidas.Agora que os diamantes rareiam os forasteiros anseiam descobrir as suas mesetas e galerias subterrâneas
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Hipopótamo move-se na imensidão alagada da Planície dos Elefantes.
Safari
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Aurora ilumina o vale de Pisang, Nepal.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Arquitectura & Design
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Alturas Tibetanas, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Aventura

Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Cerimónias e Festividades
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde, panorâmica
Cidades
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Comida
Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Cultura
Apia, Samoa Ocidental

Fia Fia – Folclore Polinésio de Alta Rotação

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e daqui ao Havai, contam-se muitas variações de danças polinésias. As noites samoanas de Fia Fia, em particular, são animadas por um dos estilos mais acelerados.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Jipe cruza Damaraland, Namíbia
Em Viagem
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Nova Caledonia, Grande Calhau, Pacifico do Sul
Étnico
Grande Terre, Nova Caledónia

O Grande Calhau do Pacífico do Sul

James Cook baptizou assim a longínqua Nova Caledónia porque o fez lembrar a Escócia do seu pai, já os colonos franceses foram menos românticos. Prendados com uma das maiores reservas de níquel do mundo, chamaram Le Caillou à ilha-mãe do arquipélago. Nem a sua mineração obsta a que seja um dos mais deslumbrantes retalhos de Terra da Oceânia.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Moradora de Dali, Yunnan, China
História
Dali, China

A China Surrealista de Dali

Encaixada num cenário lacustre mágico, a antiga capital do povo Bai manteve-se, até há algum tempo, um refúgio da comunidade mochileira de viajantes. As mudanças sociais e económicas da China fomentaram a invasão de chineses à descoberta do recanto sudoeste da nação.
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Ilhas
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
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Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
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Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
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Natureza
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Missoes, San Ignacio Mini, argentina
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San Ignácio Mini, Argentina

As Missões Jesuíticas Impossíveis de San Ignácio Mini

No séc. XVIII, os jesuítas expandiam um domínio religioso no coração da América do Sul em que convertiam os indígenas guarani em missões jesuíticas. Mas as Coroas Ibéricas arruinaram a utopia tropical da Companhia de Jesus.
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Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Barcos fundo de vidro, Kabira Bay, Ishigaki
Praias
Ishigaki, Japão

Inusitados Trópicos Nipónicos

Ishigaki é uma das últimas ilhas da alpondra que se estende entre Honshu e Taiwan. Ishigakijima abriga algumas das mais incríveis praias e paisagens litorais destas partes do oceano Pacífico. Os cada vez mais japoneses que as visitam desfrutam-nas de uma forma pouco ou nada balnear.
Arménia Berço Cristianismo, Monte Aratat
Religião
Arménia

O Berço do Cristianismo Oficial

Apenas 268 anos após a morte de Jesus, uma nação ter-se-á tornado a primeira a acolher a fé cristã por decreto real. Essa nação preserva, ainda hoje, a sua própria Igreja Apostólica e alguns dos templos cristãos mais antigos do Mundo. Em viagem pelo Cáucaso, visitamo-los nos passos de Gregório o Iluminador, o patriarca que inspira a vida espiritual da Arménia.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Fiéis cristãos à saida de uma igreja, Upolu, Samoa Ocidental
Sociedade
Upolu, Samoa  

No Coração Partido da Polinésia

O imaginário do Pacífico do Sul paradisíaco é inquestionável em Samoa mas a sua formosura tropical não paga as contas nem da nação nem dos habitantes. Quem visita este arquipélago encontra um povo dividido entre sujeitar-se à tradição e ao marasmo financeiro ou desenraizar-se em países com horizontes mais vastos.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Bando de flamingos, Laguna Oviedo, República Dominicana
Vida Selvagem
Laguna de Oviedo, República Dominicana

O Mar (nada) Morto da República Dominicana

A hipersalinidade da Laguna de Oviedo oscila consoante a evaporação e da água abastecida pela chuva e pelos caudais vindos da serra vizinha de Bahoruco. Os nativos da região estimam que, por norma, tem três vezes o nível de sal do mar. Lá desvendamos colónias prolíficas de flamingos e de iguanas entre tantas outras espécies que integram este que é um dos ecossistemas mais exuberantes da ilha de Hispaniola.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.