A vegetação espinhosa e resiliente que desponta dos rochedos junto a Cueva de Los Pescadores.
Camião na Carretera 44
Camião sobrecarregado percorre os meandros da carretera 44, em Pedernales.
Manobras de Mar
Guias na beira-mar translúcida do PN Jaragua
Navegação Caribe
Lancha prestes a entrar no Mar das Caraíbas apelativo da Bahia de Las Águilas
Cargueiro “Fayal”, Cabo Rojo
A embarcação da empresa Cementos Andinos incendiada e encalhada em Cabo Rojo.
La Chucha
Barco "La Chucha" no areal do Cabo Rojo em frente ao cargueiro "Fayal".
Carloe e Guia
A Praia Bahia de Las Águilas
Vista da Bahia de Las Águilas a partir da torre de observação instalada sobre o areal.
Cenário PN Jaragua
Falésias do PN Jaragua que o recuo do Mar das Caraíbas deixou a seco.
Barcos no Povoado Cueva de Los Pescadores
Barcos dos pescadores e guias de Cueva de Los Pescadores, à entrada do PN Jaragua e da Bahia de Las Águilas.
Rochedos à Entrada dp PN Jaragua
As falésias calcárias e pejadas de cactos que separam Cueva de Los Pescadores da Bahia de Las Águilas.
A Praia Bahia de Las Águilas
A curva suave da Playa Bahia de Las Águilas, no cimo do PN Jaragua.
Contra todas as probabilidades, um dos litorais dominicanos mais intocados também é dos mais remotos. À descoberta da província de Pedernales, deslumbramo-nos com o semi-desértico Parque Nacional Jaragua e com a pureza caribenha da Bahia de las Águilas.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Despedimo-nos dos guias Hector e Saturnino e do Centro de Interpretação que serve de portal ao domínio Biosfera da UNESCO de Jaragua e que tínhamos explorado horas a fio. Voltamos a deter-nos no Colmado Alba.
Lá nos reabastecemos de bebidas para o trajecto ainda longo e árido na direcção da fronteira com o Haiti que íamos completar.
A estrada 44 leva-nos da margem norte da Laguna de Oviedo para o interior de Pedernales, pelo limite superior do Parque Nacional Jaragua, a maior área protegida da República Dominicana.
São quase 1400 km2 sobretudo de floresta árida, que se estende até ao extremo sul da ilha de Hispaniola, com prolongamento marinho em duas ilhas menores ao largo, a Beata e a ilha de Alto Velo.
Sucedem-se pequenas povoações perdidas na vastidão ressequida pelo sol tropical, casos de Tres Charcos e de Manuel Goya.
À medida que nos aproximamos da cidade fronteiriça de Pedernales, o relevo torna-se caprichoso. Serpenteamos entre cactos, arbustos espinhosos e, aqui e ali, entre grandes rochas de calcário pejadas de arestas cortantes.
Carlos, o guia e motorista explica-nos que, a hostilidade do clima, da flora e do terreno, a muralha divisória de 190km e as patrulhas regulares das autoridades dominicanas têm evitado a passagem de migrantes haitianos para a parte oriental de Hispaniola.
Nem de propósito, momentos depois, cruzamo-nos com um camião carregado com uma quase pirâmide multicolor, feita de grandes sacas sabe-se lá de quê.
Uma rede densa de cordas apertadas mantinha a carga empilhada e estável. O suficiente para, no seu topo, seguirem ainda três passageiros refastelados.
A Complexa Cisão Histórica e Territorial da Ilha de Hispaniola
Estão a vê-los, lá no cimo? São haitianos. Estes, passaram pela aduana de Pedernales. Estão em trabalho e devem voltar ao fim do dia. Mas, como eles, muitos outros entram a pé por trilhos estreitos que só eles conhecem.
Por muito mal que lhes corra a travessia, nunca será pior que a vida que os haitianos têm do lado de lá.”
Esta realidade actual e a evolução das nações vizinhas de Hispaniola após a cisão ditada pelo triunfo dominicano na Guerra de Independência da República Dominicana (1844-56) formavam um tema que nos intrigava.
Por altura da cisão de 1844, o território dominicano integrava o grande Haiti, aumentado, quando 22 anos antes, o Haiti francófono invadiu a República do Haiti Espanhol.
Até 1790, o Haiti foi a colónia francesa mais rica das Américas, muito graças aos lucros astronómicos gerados pela exportação de açúcar e de índigo produzidos por centenas de milhares de escravos raptados em África.
Os ventos sopravam de feição para os colonos sem escrúpulos quando os ideais da Revolução Francesa de 1789 chegaram às Américas.
Haiti: o Primeiro País do Mundo a Resultar duma Revolta de Escravos
Decorridos apenas quatro anos, deflagrou, no Haiti, uma primeira revolta dos escravos que conseguiu a abolição da escravatura. Nesse contexto, os colonos debandaram. Fugiram em grande número para o território da Luisiana norte-americana a norte.
Instigado pelo apoio (também financeiro) destes colonos frustrados, Napoleão Bonaparte ainda tentou dominar as forças revoltosas.
Os seus homens resistiram pouco tempo à febre amarela e às emboscadas das forças insurrectas de Jean-Jacques Salines, victoriosas ao ponto de, em 1804, terem proclamado o Haiti independente, o primeiro país do mundo, resultante de uma revolta de escravos.
A auto-determinação e a liberdade que se seguiram não geraram prosperidade à altura. Longe disso. Daí em diante, sem a linha condutora económica esclarecida mas opressora dos colonos, o Haiti só se degradou.
Povos que tinham tudo para ser um mesmo, separaram-se para sempre.
Se, em 1790, era considerada a colónia francesa mais abastada das Américas, por altura do nosso périplo pela República Dominicana, permanecia, só e abandonado, na posição de país mais pobre do Hemisfério Ocidental.
Sem o esperarmos, também nos vimos vítimas da vulnerabilidade e instabilidade em que há muito vivia.
Incursão ao Haiti Falhada, Mais Tempo no Sudoeste da República Dominicana
Ao passarmos por uma pequena feira turística a ter lugar em Puerto Plata, visitamos os stands de duas empresas haitianas que organizavam tours a lugares imperdíveis da Pérola das Antilhas.
Pré-acordamos que, daí a uns dias, nos iriam guiar num dos seus itinerários. Mantemo-nos em contacto.
Quantos mais dias passavam, mais se agravava uma vaga de manifestações, de motins e de violência provocada, primeiro, pelo aumento dos preços dos combustíveis.
Logo, pela sua dramática indisponibilidade que levou a que o povo haitiano, conduzido pela oposição, exigisse a resignação do presidente Jovenel Moise, de maneira a terminar com a corrupção generalizada e a dar lugar a políticos que viabilizassem a instauração de programas com genuínas preocupações sociais.
Até deixarmos a República Dominicana para uma longa viagem rumo ao fundo da alpondra das Pequenas Antilhas, nada se havia resolvido. Os anfitriões reconheceram que correríamos demasiados riscos.
Com o projecto Haiti adiado para uma próxima oportunidade, dedicamos algum tempo adicional ao sudoeste alternativo das regiões de Barahona e Pedernales. Por onde Carlos, dominicano de gema, nos continuava a conduzir.
Cabo Rojo: Recanto Semi-Perdido e Braseiro da República Dominicana
Centenas de meandros se seguiram, ainda e sempre, pelo meio da paisagem verdejante mas espinhosa e áspera de Jaragua. Deixamos para trás Monte Llano e os Pozos Ecológicos Las Abejas e de Romeo Francés, nascentes cristalinas que brotam das profundezas calcárias da zona.
Uns poucos quilómetros depois, a carretera 44 funde-se com a perpendicular de Cabo Rojo. No mapa, só esse promontório arredado e ocre nos separava do destino final.
Já por um domínio rodoviário de terra mais arenosa que batida, roçamos o extremo oeste do aeroporto doméstico local, uma obra faraónica, se tivermos em conta o fluxo aéreo quase nulo que sustenta.
Na continuação, ainda num cenário de surreal e desolado remanso caribenho, deparamo-nos com o tão ou mais inactivo Porto de Cabo Rojo.
O sol andava pelo seu zénite. Quando deixamos a carrinha, o calor seco oprime-nos bem mais do que estávamos a contar. Além de iminente, o ondular do Mar das Caraíbas soava-nos a urgente.
A Tragédia Encalhada do Cargueiro “Fayal”
Sonhávamos já com um delicioso mergulho quando Carlos nos indica a razão porque ali tínhamos parado. “Estão a ver aquele monstro? Tão cedo ninguém o vai tirar dali.”
Referia-se ao “Fayal” um cargueiro da Cementos Andinos Dominicano que, à data da tragédia que o encalhou, se encontrava fundeado havia mais de um ano por determinação judicial.
Pois, em Agosto de 2017, sem que então acolhesse tripulantes, deflagrou a bordo um incêndio furioso que o Ministério do Meio Ambiente e a Armada da República Dominicana se viram aflitos para controlar.
Nessa altura, o porto de Cabo Rojo encontrava-se inoperacional devido a danos provocados por alguns dos ciclones que, de quando em quando, assolam Hispaniola.
Contemplamos o cargueiro preso pelo fundo do mar pouco profundo e esverdeado, o seu cadáver envelhecido e enferrujado a contrastar com a alvura coralífera do areal e com a pintura festiva de um barquinho em doca seca, o “La Chucha”.
Prosseguimos pela carretera Cueva Los Pescadores, até à longa Praia La Cueva.
Praia La Cueva de Los Pescadores, um Curto Preâmbulo do Destino Final
Carlos estaciona num povoado que agrupava alguns restaurantes, pousadas e sedes operacionais de empresas que proporcionavam, aos visitantes, incursões ao litoral cimeiro do Parque Nacional Jaragua.
O condutor deixa-nos nas mãos de Wilson, guia local e timoneiro da lancha em que nos apressamos a embarcar.
“É bonito demais, vamos depressa que estão umas nuvens pesadas a vir do horizonte para cá.” justifica-nos com a razão da sua experiência.
Zarpamos. Deixamos para trás o Poblado de la Cueva de los Pescadores, assim chamado porque, em tempos anteriores ao turismo, uma comunidade piscatória habitava grutas ali escavadas pela erosão.
Num ápice, o areal some-se.
Navegamos junto ao sopé dessas falésias recortadas de que despontam mais cactos e arbustos espinhosos. Contornamos um derradeiro rochedo coroado por uma pequena árvore equilibrista.
Bahia de Las Águilas: 8km de Praia Caribenha e Natureza Pura
Do outro lado, damos entrada no Parque Nacional Jaragua e num reduto balnear a perder de vista, sem sinal de civilização.
Wilson faz-nos desembarcar a meio da enseada, conhecida como Bahia de Las Águilas.
Não porque lá abundem essas aves, mais pela forma que aquele litoral abençoado ostenta, quando visto do ar.
“Divirtam-se amigos! Quando quiserem que vos venha buscar, liguem para o Carlos.”, despede-se Wilson e assim nos deixa como usufrutuários únicos daquela beira-mar irrepreensível.
Detectamos uma torre de madeira dissimulada no fundo do areal. Subimos ao seu piso superior.
Dali, contemplamos o contraste extremo do Caribe. A imensidão verde-espinhosa de Jaragua, delimitada pela linha recuadas das falésias.
E a rival, a do Mar das Caraíbas esmeralda-turquesa que há muito as desterrou. Estávamos conscientes do quanto, desde a década de 70, o maremoto do turismo tinha adulterado os cenários naturais e tropicais da República Dominicana.
Até ao ocaso nos obrigar a regressar, desfrutámos daquela paisagem como se fosse a única na velha Hispaniola.
No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Puerto Plata resultou do abandono de La Isabela, a segunda tentativa de colónia hispânica das Américas. Quase meio milénio depois do desembarque de Colombo, inaugurou o fenómeno turístico inexorável da nação. Numa passagem-relâmpago pela província, constatamos como o mar, a montanha, as gentes e o sol do Caribe a mantêm a reluzir.
A hipersalinidade da Laguna de Oviedo oscila consoante a evaporação e da água abastecida pela chuva e pelos caudais vindos da serra vizinha de Bahoruco. Os nativos da região estimam que, por norma, tem três vezes o nível de sal do mar. Lá desvendamos colónias prolíficas de flamingos e de iguanas entre tantas outras espécies que integram este que é um dos ecossistemas mais exuberantes da ilha de Hispaniola.
Sábado após Sábado, o recanto sudoeste da República Dominicana entra em modo de descompressão. Aos poucos, as suas praias e lagoas sedutoras acolhem uma maré de gente eufórica que se entrega a um peculiar rumbear anfíbio.
À descoberta das Ilhas Virgens, desembarcamos numa beira-mar tropical e sedutora salpicada de enormes rochedos graníticos. Os The Baths parecem saídos das Seicheles mas são um dos cenários marinhos mais exuberantes das Caraíbas.
Guadalupe tem a forma de uma mariposa. Basta uma volta por esta Antilha para perceber porque a população se rege pelo mote Pas Ni Problem e levanta o mínimo de ondas, apesar das muitas contrariedades.
Na capital da Martinica confirma-se uma fascinante extensão caribenha do território francês. Ali, as relações entre os colonos e os nativos descendentes de escravos ainda suscitam pequenas revoluções.
Em 1900, a capital económica das Antilhas era invejada pela sua sofisticação parisiense, até que o vulcão Pelée a carbonizou e soterrou. Passado mais de um século, Saint-Pierre ainda se regenera.
De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Circulamos pela Martinica tão livremente como o Euro e as bandeiras tricolores esvoaçam supremas. Mas este pedaço de França é vulcânico e luxuriante. Surge no coração insular das Américas e tem um delicioso sabor a África.
Destacados acima de um litoral exuberante, os picos irmãos Pitons são a imagem de marca de Saint Lucia. Tornaram-se de tal maneira emblemáticos que têm lugar reservado nas notas mais altas de East Caribbean Dollars. Logo ao lado, os moradores da ex-capital Soufrière sabem o quão preciosa é a sua vista.
Com entre 300 e 400km2, situado a 44 metros abaixo do nível do mar, o Enriquillo é o lago supremo das Antilhas. Mesmo hipersalino e abafado por temperaturas atrozes, não pára de aumentar. Os cientistas têm dificuldade em explicar porquê.
Santo Domingo é a colónia há mais tempo habitada do Novo Mundo. Fundada, em 1498, por Bartolomeu Colombo, a capital da República Dominicana preserva intacto um verdadeiro tesouro de resiliência histórica.
Durante a sua segunda viagem às Américas, Colombo desembarcou numa ilha exótica encantadora. Baptizou-a de Savona, em honra de Michele da Cuneo, marinheiro savonês que a percebeu destacada da grande Hispaniola. Hoje tratada por Saona, essa ilha é um dos édenes tropicais idolatrados da República Dominicana.
À descoberta do noroeste dominicano, ascendemos à Montaña Redonda de Miches, recém-transformada num insólito apogeu de evasão. Desse cimo, apontamos à Bahia de Samaná e a Los Haitises, com passagem pelo pitoresco rancho Salto Yanigua.
Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Com boa parte do território acima do Círculo Polar Árctico, os finlandeses respondem ao clima com soluções eficientes e uma obsessão pela arte, pela estética e pelo modernismo inspirada na vizinha Escandinávia.
Após algum tempo na grande capital ganesa ashanti cruzamos o país até junto à fronteira com o Togo. Os motivos para esta longa travessia foram os do kente, um tecido de tal maneira reverenciado no Gana que diversos chefes tribais lhe dedicam todos os anos um faustoso festival.
1200km para montante do seu delta, o Nilo deixa de ser navegável. A última das grandes cidades egípcias marca a fusão entre o território árabe e o núbio. Desde que nasce no lago Vitória, o rio dá vida a inúmeros povos africanos de tez escura.
São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Metrópole emblemática e grandiosa, Istambul vive numa encruzilhada. Como a Turquia em geral, dividida entre a laicidade e o islamismo, a tradição e a modernidade, continua sem saber que caminho seguir
No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Em redor da capital Mérida, para cada velha hacienda henequenera colonial há pelo menos um cenote. Com frequência, coexistem e, como aconteceu com a semi-recuperada Hacienda Mucuyché, em duo, resultam nalguns dos lugares mais sublimes do sudeste mexicano.
Das alturas amuralhadas do Forte King George, ao limiar de Pigeon Point, o sudoeste de Tobago em redor da capital Scarborough, revela-nos uns trópicos controversos sem igual.
Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Por estrada e a bordo do Flam Railway, num dos itinerários ferroviários mais íngremes do mundo, chegamos a Flam e à entrada do Sognefjord, o maior, mais profundo e reverenciado dos fiordes da Escandinávia. Do ponto de partida à derradeira estação, confirma-se monumental esta Noruega que desvendamos.
Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
Um dos cenários marítimos mais fascinantes do Mundo, a vastidão de ilhéus escarpados de Bacuit esconde recifes de coral garridos, pequenas praias e lagoas idílicas. Para a descobrir, basta uma bangka.
Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Diz-se que os finlandeses criaram os SMS para não terem que falar. O imaginário dos nórdicos frios perde-se na névoa das suas amadas saunas, verdadeiras sessões de terapia física e social.
Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.