Lagoa de Albufeira ao Cabo Espichel, Sesimbra, Portugal

Romagem a um Cabo de Culto


A grande Lagoa de Albufeira
Mexilhoeiros Disseminados
Os banhistas da Lagoa
Meandro da Foz
O Santuário sobre o Cabo Espichel
O Santuário do Cabo
Ermida da Memória
Dª Maria do Carmo
A Nave
O Farol
Faroleiro Baptista Pinto
A Igreja do Cabo
Casas Cabo Espichel
Ruínas Grafitadas
Noite sobre o Santuário
FYA
Barco a Seco
Moldura
Mexilhoeiro
Praia do Moínho de Baixo
Do cimo dos seus 134 metros de altura, o Cabo Espichel revela uma costa atlântica tão dramática como deslumbrante. Com partida na Lagoa de Albufeira a norte, litoral dourado abaixo, aventuramo-nos pelos mais de 600 anos de mistério, misticismo e veneração da sua aparecida Nossa Senhora do Cabo.

Numa tarde como tantas outras que anunciam e antecipam o Verão, a sequência das marés acrescentava o seu contributo.

Concedia a uns poucos banhistas felizardos o privilégio de um deleite imaculado.

A maior parte, concentrava-se numa apanha comunitária de bivalves, disseminados pelas margens lodosas que a baixa-mar quase tinha deixado a descoberto.

Com vista para os viveiros de mexilhões que flutuavam a montante, sobre águas fundas, próximo dos quinze metros que fazem da Albufeira a lagoa mais profunda de Portugal.

Os Meandros Deliciosos da Foz da Lagoa de Albufeira

A uns poucos, interessava sobretudo o lazer anfíbio com que, na sua peculiaridade efémera, a foz os prendava.

A maré descia. Com ela, a água da lagoa fluía, a velocidade razoável, pelos meandros que a separavam do oceano, sulcados numa vastidão de areia aluvial.

Um casal divertia-se a ver como o seu cão de estimação examinava e testava o riacho, ansioso por os reencontrar do lado de lá.

Outro, deixava-se levar pela correnteza, numa deliciosa flutuação para o mar. Bandos de crianças percorriam e atravessavam a foz vezes sem conta, entregues a trabalhos e a missões que a criancice promovia a epopeias sem igual.

Enquanto a lagoa drenava, as vagas do Atlântico, tom de esmeralda desfaziam-se, umas contra o ponto de contacto dos dois corpos de água, outras, contra a base do cordão dunar que torna a praia elevada.

A maior ritmo que as marés, sobrevoavam-nos os aviões em aproximação à foz do Tejo e ao aeroporto de Lisboa.

À medida que explorávamos o litoral dourado da Península de Setúbal, continuámos a acompanhá-los com os olhos. Desvendámos segredos das suas rotas.

Da Lagoa de Albufeira à Aldeia do Meco

Passamos pela Aldeia do Meco. Ainda sob um ténue vestígio de brisa, encontramos as suas praias com uma ondulação quase rasa, como nunca por ali tínhamos testemunhado.

Em dia de semana primaveril, os frequentadores contavam-se pelos dedos de uma mão, entregues a passeatas à beira-mar, acima e abaixo das dunas da Praia do Moinho de Baixo.

Faltavam os banhistas de roupa de banho e os nudistas que, chegado o Estio, a preenchem e que usufruem das Praias Naturistas do Rio da Prata, da das Bicas, da Foz e do Rebenta Bois.

Desta última, para sul, as falésias apoderam-se da costa que sobra, até ao promontório em que a Outra Banda se precipita no Atlântico.

E, logo, a Caminho do Cabo Espichel

Era esse, o solitário Cabo Espichel, o destino que nos esperava.

A longa Av. das Forças Armadas deixa para trás o âmago da Aldeia do Meco e as suas ruas ladeadas de restaurantes e casas de petiscos. Aos poucos, ascende para as terras mais altas da península.

Algures entre Pinheirinhos e a Aldeia Nova, entronca na Av. 25 de Abril apontada a Azoia. Não tarda, entramos no domínio do Parque Natural da Arrábida.

Uma cobra ziguezagueia mais que a estrada. Adiante, uma madre perdiz esforça-se por conduzir uma ninhada de pintos hesitantes.

Por fim, no que restava da distância, vislumbramos o farol que ilumina o cabo. E, logo, a alameda em U desigual, ladeada de Hospedarias do Santuário da Nª Srª do Cabo.

 A Guardiã de Há Muito Dª Maria do Carmo

O cruzeiro à entrada deixa poucas dúvidas quanto à esfera do divino que nos acolhe. Quando damos entrada na igreja que fecha o U, depressa compreendemos o quanto de humano tinha aquele divino a cargo.

À conta da persistente pandemia, Dª Maria do Carmo mantinha-se sentada no seu posto, protegida por um acrílico que lhe salvaguardava a vista.

“Olhe que não pode tirar fotografias!” relembrava, com ênfase redobrado, de cada vez que os visitantes faziam de conta que não tinham reparado na proibição afixada na porta.

“É isto, todo o dia, acreditam? desabava, connosco, quando percebe que, apesar de entrarmos com máquinas fotográficas, respeitamos as regras e aguardamos por uma autorização especial já pedida à Diocese.

“Vejam lá que até há uns, que cá vêm e, quando percebem que não podem fotografar, saem logo amuados. Afinal vêm cá para quê?”

Malgrado as entradas e saídas frequentes dos crentes e visitantes, dá-nos a sensação que Dª Maria do Carmo estaria melhor com uma companhia estável e conversadora.

O nosso inesperado interesse pelas coisas da igreja, as credenciais com que chegávamos da edilidade de Sesimbra, geram nela confiança.

Instigam-na a puxar por uma conversa bem-disposta e quase sem cerimónias.

“Isto aqui sempre foi complicado.”, explica-nos a guardiã, em jeito de introdução para uma catadupa de complicações e desventuras, umas que protagonizou. Outras que viu acontecerem e outras que não chegou sequer a ver.

“A seguir ao 25 de Abril, foi uma completa rebaldaria.” conta-nos a senhora, oriunda do norte do país, referindo-se ao longo período em que gentes oportunistas da zona, tomaram o santuário à Igreja e se recusaram a desocupá-lo.

“Eu acho que já foi só lá para o fim dos anos 80 ou até início dos 90 é que as coisas acalmaram e o governo mandou cá vir a GNR correr com esse pessoal.”

Tempos depois, o IPPAR ficou encarregue de recuperar e manter o santuário, mas isto está aqui tão isolado. Não tem sido fácil.”

O isolamento e a falta de protecção do santuário da Nª Srª do Cabo levaram a que fosse possível, por exemplo, o roubo de um dos sinos da igreja.

E, como se não bastasse, quando uma praga de roubo de arte sacra se alastrava por Portugal, o extravio de um Santo António recém-restaurado.

À Descoberta do Santuário da Nossa Senhora do Cabo

Era um dos dois santos anichados de cada lado do altar e da estátua dourada da Virgem Maria, um nível abaixo do Cristo na cruz e do brasão das Quinas que se interpõe entre Mãe e Filho.

Há mais de meio milénio, Maria justificou a homenagem monumental que nos dedicávamos a explorar. Segundo nos afiança Dª Maria do Carmo, crente em Maria e nos milagres, a Virgem não permitiu, por mais que uma ocasião, que roubassem uma imagem sua.

“Numa vez, o carro em que a iam transportar avariou logo aqui à saída. Decidiram trazê-la de volta. Noutra, quando os larápios se preparavam para a levar, a Santa virou-lhes as costas. Na pressa e aflição em que cometiam o delito, não conseguiram reconhecer onde estava e desistiram.”

Conta a lenda que a aparição da Santa se tenha dado em 1410.

Nessa data, foi achada uma sua imagem nas falésias da Pedra da Mua.

Pedra da Mua, mais tarde, também celebrada pela preservação quase tão milagrosa de pegadas de dinossauros saurópodes que, assim se estima, há mais de 145 milhões de anos, por ali passavam para se banharem no oceano ao largo.

O reconhecimento real da aparição oficializou a importância da imagem encontrada e da Pedra da Mua.

Ainda no século XIV, foi erguida uma ermida com a função de guardar a imagem, permitindo que os crentes a louvassem.

Na zona da actual Sesimbra, por Lisboa e arredores e a oeste da capital, o número de fiéis e de peregrinos aumentou sobremaneira. A zona saloia fundou a sua própria comunidade crente, o Círio Saloio.

De início, construíram-se várias casas à volta da ermida, destinadas a acolhe-los.

A partir de 1715, até 1757, substituíram essas casas improvisadas, as Casas dos Círios, um conjunto de Hospedarias do lado norte, edificadas com o fim de acolher os mordomos que chegavam encarregues de assegurar o bodo, complementadas por sobrados e estabelecimentos que comerciavam as mercancias mais convenientes.

A determinada altura, a Igreja e a Coroa consideraram que a ermida, hoje conhecida como Ermida da Memória, por si só, estava aquém da imponência religiosa da Aparição.

A Extensão do Santuário a partir da pequena Ermida

De acordo, entre 1701 e 1707, em pleno reinado de D. Pedro II, ditaram a construção da Igreja da Nª Srª do Cabo que a Dª Maria do Carmo está incumbida de guardar.

Com o tempo, enriqueceram e abasteceram o santuário, a Casa da Ópera (hoje em ruínas), a Mãe d’Água e o Aqueduto do Cabo Espichel.

Apesar das seculares dificuldades logísticas, o Culto da Nª Srª do Cabo, continua vivo e de boa saúde.

À parte da fé que suscita, são vários os historiadores e autores que lhe dedicam estudos aturados, publicações explanatórias e outras, romantizadas.

Por estes lados, nem só o Santuário de Nª Srª do Cabo Espichel ilumina a Humanidade.

O Farol Providencial do Cabo Espichel

Chegadas as três horas da tarde, o faroleiro Baptista Pinto recebe-nos à entrada do farol em que reside, trajado a rigor num uniforme em tons de azul.

Acompanhamo-lo num périplo pela base do farol, de olho em maquinaria curiosa, incluindo um velho frigorífico de mármore que pesava toneladas.

Subimos 135 degraus de pedra e 15 de ferro, para o cimo da torre de 32 metros.

Ali, o faroleiro Pinto mostra-nos o funcionamento engenhoso, mas simples do sistema de iluminação, de manutenção regular, mas pouco problemática.Cabo Espichel, Faroleiro Baptista Pinto, Sesimbra,

Explica-nos como o farol era providencial para as embarcações que navegam ao largo, mas não só. Até aos derradeiros anos do séc. XVIII, a costa portuguesa carecia de tal maneira de faróis que os navios estrangeiros a tratavam por “costa negra”.

A partir de então, o Marquês de Pombal ditou a edificação de uma rede nacional que integra o farol do Cabo Espichel, finalizado em 1790, um dos mais antigos de Portugal.

Enquanto exploramos o promontório em redor, voltamos a aperceber-nos da passagem dos aviões e de como, era ali mesmo por cima, que flectiam para a bacia do Tejo e se faziam ao aeroporto de Lisboa. Comentamos esse facto com Baptista Pinto.

Entusiasmado pelo nosso interesse, o faroleiro confirma que a luz do farol se propagava não só sobre o oceano Atlântico mas para o céu.

Ajudava os pilotos a seguirem as rotas mais seguras para antiga Portela e para outros destinos.

Tal como o Santuário do Cabo Espichel há séculos conduz os crentes a seguirem os caminhos do Divino.

 

ONDE FICAR EM SESIMBRA:

Four Points By Sheraton Sesimbra

Four Points Sesimbra

Tel.: +351 21 051 8370

Sesimbra, Portugal

Uma Vila Tocada por Midas

Não são só a Praia da Califórnia e a do Ouro que a encerram a sul. Abrigada das fúrias do ocidente atlântico, prendada com outras enseadas imaculadas e dotada de fortificações seculares, Sesimbra é, hoje, um porto de abrigo piscatório e balnear precioso.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
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Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda - Gerês

Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Funchal, Madeira

Portal para um Portugal Quase Tropical

A Madeira está situada a menos de 1000km a norte do Trópico de Câncer. E a exuberância luxuriante que lhe granjeou o cognome de ilha jardim do Atlântico desponta em cada recanto da sua íngreme capital.
Ponta de São Lourenço, Madeira, Portugal

A Ponta Leste, algo Extraterrestre da Madeira

Inóspita, de tons ocres e de terra crua, a Ponta de São Lourenço surge, com frequência, como a primeira vista da Madeira. Quando a percorremos, deslumbramo-nos, sobretudo, com o que a mais tropical das ilhas portuguesas não é.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
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O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
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Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

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De Luxor a Tebas: viagem ao Antigo Egipto

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