Quioto, Japão

Um Japão Milenar Quase Perdido


Sombras de intriga
Japoneses curiosos examinam painéis afixados na proximidade do santuário Yasaka-jinja.
Jogos de luz
Visitantes do templo Yasaka-jinja admiram o mosaico de lanternas xintoístas.
Santuário sobre a floresta II
A varanda do santuário Kiomizudera sobre a floresta outonal que envolve Quioto.
Reverência xintoísta
Duas estudantes inclinam-se perante um pequeno santuário do templo Kiomizu-dera.
Templo do Pavilhão Dourado
Vista dupla do templo mais famoso de Quioto, tema do romance homónimo de Yukio Mishima.
Mascote porteira
Um pequeno West Highland White Terrier à entrada do café Garakuta.
Portal hiperbólico
O tori gigante que marca a entrada no domínio xintoísta do santuário Heian.
Restaurantes emparelhados
Bloco de bares e restaurantes na margem do rio Kamo.
Empregada de quimono
Um manequim em trajes tradicionais à entrada de um restaurante da cidade.
Luz da crença
Lanternas xintoístas dão mais cor ao santuário Yasaka-jinja, junto ao bairro de Gion.
Contra-fotografia
Fotógrafo à saída de um túnel de toris do santuário Fushimi Inari.
Uma ladeira emblemática
Transeuntes nipónicos na rua Ninen Zaka.
Farol de diversão
O lampião de um estabelecimento ilumina a ruela histórica de Ponto Cho.
Santuário sobre a floresta
O templo de madeira de Kiomizu-dera com vistas privilegiadas sobre o casario de Quioto.
Quioto futurista
A Torre de Quioto, um monumento à modernidade numa cidade essencialmente histórica.
Taxi-humano
Puxador de rickshaw prepara-se para conduzir duas raparigas nipónicas em redor de Arashiyama.
Sombras de intriga
Japoneses curiosos examinam painéis afixados na proximidade do santuário Yasaka-jinja.
Jogos de luz
Visitantes do templo Yasaka-jinja admiram o mosaico de lanternas xintoístas.
Santuário sobre a floresta II
A varanda do santuário Kiomizudera sobre a floresta outonal que envolve Quioto.
Reverência xintoísta
Duas estudantes inclinam-se perante um pequeno santuário do templo Kiomizu-dera.
Quioto esteve na lista de alvos das bombas atómicas dos E.U.A. e foi mais que um capricho do destino que a preservou. Salva por um Secretário de Guerra norte-americano apaixonado pela sua riqueza histórico-cultural e sumptuosidade oriental, a cidade foi substituída à última da hora por Nagasaki no sacrifício atroz do segundo cataclismo nuclear.

Quando desembarcamos na estação central de Quioto, o edifício imponente de vidro e aço, labiríntico e de arquitectura futurista baralha-nos toda e qualquer expectativa quanto ao Japão milenar.

Estamos num país oriental, xintoísta e budista mas que é, ao mesmo tempo aspirante a ocidental, capitalista e consumista. À medida que a interminável escada rolante nos eleva do nível térreo, ouvimos temas de Frank Sinatra, Nat King Cole e outros clássicos norte-americanos.

O movimento diagonal revela-nos uma orquestra acompanhada de coros e um anfiteatro gigantesco pejado de gente que se ergue a partir do palco até ao terraço no cimo do enorme complexo. Sem que alguma vez o tivéssemos esperado, desse topo, desvendamos o vale de Yamashiro preenchido pela vasta Quioto em redor.

Inaugurada em Setembro de 2007, a Kyoto Central Station originou reacções mistas. Certos críticos ficaram impressionados com os seus espaços amplos e linhas arrojadas que se dão com o visual de foguetão da Kyoto TV Tower, aterrada sobre um dos prédios em frente.

Torre TV de Quioto, um Japão Milenar quase perdido

A Torre de Quioto, um monumento à modernidade numa cidade essencialmente histórica.

Outros, não perdoaram uma ruptura tão destoante com a arquitectura tradicional, por vezes, milenar. Essa polémica está longe de ser exclusiva da estação.

A Quioto Milenar Camuflada na Quioto Moderna

As primeiras ruas e avenidas da cidade que percorremos dão-nos uma sensação de aparente insipiência histórica reforçada pelo edifício-sede carrancudo da Nintendo.

Esta impressão desfez-se, no entanto, em três tempos contra as fachadas resplandecentes dos monumentos quase sempre meio escondidos pelo aglomerado do casario mais recente desta cidade milenar.

Apanhamos o metro. Saímos já bem longe do considerado centro. Recebe-nos Shoji, um anfitrião nipónico dos seus quarenta e muitos anos, determinado em acolher hóspedes do máximo de países do mundo. O seu projecto já é de si surpreendente. Mais ainda nos espanta quando percebemos que lhe dedica toda uma vivenda tradicional.

Restaurante, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Um manequim em trajes tradicionais à entrada de um restaurante da cidade.

Shoji podia aluga-la mas prefere desde há muito o contacto com os gaijin (estrangeiros) que dessa forma lhe enriquecem a vida mesmo que não domine nenhuma língua para lá da sua materna e só fale algo digno de registo com aqueles que estudaram o nipónico.

O dono da casa dá o seu melhor para nos instalar. Explica-nos os truques e segredos do lar, desdobra um mapa sobre uma mesa baixa e aponta-nos as atracções da cidade que, a seu ver, não podíamos perder por nada deste mundo.

E, no entanto, foi por um triz que a Quioto milenar não foi obliterada pelas bombas atómicas “Little Boy” ou “Fatman”, em Agosto de 1945.

O Japão Milenar Quase Perdido para a História

A paixão suscitada por Quioto no coração dos visitantes vem de há muito. Por coincidência e infortúnio de Hiroxima e Nagasaki, o Secretário de Guerra americano das administrações Roosevelt e Truman, Henry L. Stimson, frequentara a cidade diversas vezes durante os anos 20 enquanto Governador das Filipinas.

Alguns historiadores afiançam que Quioto foi também o destino da sua lua-de-mel. Fosse como fosse, a acção disuasora que protagonizou, granjeou-lhe a fama de derradeiro responsável pela sua salvação.

Quioto é a cidade mais reverenciada do Japão. Dezassete monumentos dos seus 1600 templos budistas e cerca de 400 santuários xintoístas são Património Mundial da UNESCO.

A quantidade de monumentos sublimes revela-se tal que um autor da famosa editora de guias de viagem Lonely Planet se deu ao trabalho de advertir os leitores “… em Quioto, é fácil ser-se vítima de uma overdose de templos …”.

Fushimi Inari, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Fotógrafo à saída de um túnel de toris do santuário Fushimi Inari.

Quioto, uma Cidade Erguida à Imagem das Grandes Cidades Asiáticas de Então

À imagem da vizinha Nara, Quioto foi erguida num padrão de grelha inspirado em Chang’an (actual Xi’an), a capital da dinastia chinesa Tang.

A imitação da mais poderosa China era, à época, uma forma assumida de progresso. Por fim, na vanguarda da civilização nipónica, Quioto acolheu a família imperial japonesa. Fê-lo de 794 a 1868, um longo período em que, enquanto o Japão em geral era governado por xogunatos em permanente confronto, a cidade se destacou a nível cultural.

Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Visitantes na base do templo Chion.

No fim do século XIX, o movimento de restauração Meiji – que visava a consolidação do poder imperial – forçou a mudança dos imperadores e família para Edo (mais tarde conhecida por Tóquio) a capital do Leste.

Depois de Heyan-kyo (cidade da paz), Kyo Miyako (cidade capital), Keishi (metrópole) e, no Ocidente, Meaco ou Miako, Quioto juntou mais um título à sua já extensa colecção de nomenclaturas. Por algum tempo, tornou-se na Saikyo (a capital do Oeste).

A Espécie de Overdose de Templos, Santuários e Outros Monumentos de Quioto

Na Quioto dos dias d’hoje, até os visitantes mais optimistas depressa se conformam com a impossibilidade de apreciarem tudo o que a cidade tem para oferecer. É então que se rendem a uma espécie de ranking oficioso das suas atracções.

O rio de gente que vemos fluir nas zonas históricas de Ninen-zaka (Colina dos Dois Anos) e Sannen-zaka (Colina dos Três Anos) anuncia sérios concorrentes à popularidade do Pavilhão Dourado.

Pavilhão Dourado, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Vista dupla do templo mais famoso de Quioto, tema do romance homónimo de Yukio Mishima.

Ali se encontram duas das ruas mais antigas de Quioto, feitas de longas sequências de machiyas (habitações de madeira típicas), lojas, restaurantes e velhas casas de chá.

Subimos a encosta de Gojo-zaka, com passagem obrigatória pela Chawan-zaka (Colina do Bule), uma ruela repleta de doçarias e estabelecimentos de artesanato.

O Retiro Florestal do templo Kiomizu-dera

No cimo, à laia de recompensa, deparamo-nos com o templo Kiomizu-dera, outra das vedetas patrimoniais da cidade.

O seu edifício principal prolonga-se numa varanda assente em troncos e estacas, assim destacada da colina.­­­

Kiomizudera, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

A varanda do santuário Kiomizudera sobre a floresta outonal que envolve Quioto.

Sem surpresa, este templo está quase sempre a abarrotar de japoneses de todas as idades de que se destacam as sucessivas excursões escolares, identificáveis pelos uniformes azuis: pulôver, fato com gravata e calça que os rapazes fazem questão de combinar com os ténis mais espalhafatosos que encontraram; ­­­pulôver, fato e saia (por vezes, transformada em mini-saia) usados pelas raparigas faça o frio que fizer.

Prece, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Duas estudantes inclinam-se perante um pequeno santuário do templo Kiomizu-dera.

Mais que simples extensões, as varandas de madeira do Kiomizu-dera são miradouros privilegiados para a Quioto vislumbrável para lá da floresta verdejante que preenche a planície até às montanhas longínquas de Kitayama e Nishiyama.

Não faltam, também neste templo, rituais sagrados. Descemos uma longa escadaria disposta abaixo das varandas. No seu fundo, encontramos a Otowa-no-Taki, uma pequena cascata transformada em fonte em que os visitantes formam longas filas para se munirem de enormes colheres de ferro e nelas beberem água que acreditam ter propriedades terapêuticas.

Fonte Kiomizu-dera, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Visitantes e crentes bebem água sagrada no templo Kiomizu-dera.

Já nas imediações do templo secundário de Jishu-jinja, o objectivo dos crentes é garantir sucesso ao amor. Para tal, devem caminhar cerca de dezoito metros entre duas pedras com os olhos fechados. Alertam-nos de que falhar a segunda pedra significa uma condenação sem retorno a uma vida de celibato.

O risco parece-nos demasiado. Descartamos o desafio.

Ninen-zaka, Sannen-zaka e o templo de Kiomizu-dera fazem parte do roteiro South Higashiyama que continua pela rua Ishibei-koji, passa pela entrada do templo Kodai-ji, pelo Parque Maruyama e se prolonga para oeste até ao Yazaka-jinja, este um novo complexo de templos.

E o Bairro Tradicional Gion que as Gueixas ainda Percorrem

Ali, ao fim da tarde, quando as gueixas e as maikos (aprendizes de gueixas) sobem a escadaria e cruzam o tori (portal) para passear e rezar, sentimos estabelecer-se uma intersecção fascinante entre a esfera religiosa de Quioto e o seu domínio boémio e noctívago formado pelas zonas de Ponto-Cho e Gion.

O célebre distrito Ponto-Cho pouco mais é que uma ruela apertada, paralela ao rio Kamo-gawa. O “pouco mais” conta com os inúmeros restaurantes e bares que, ainda assim, acolhe e à passagem constante e misteriosa de gueixas a caminho dos compromissos com os danna, os seus patronos.

Geisha em Gion, Geisha, Quioto, Japao

Gueixa percorre um beco do bairro de Pontocho.

Deambulamos por este domínio quando cai a noite e Ponto-Cho ganha vida, iluminado e colorido pelas lanternas orientais que emprestam à zona uma atmosfera mística do Japão clássico.

Logo ao lado fica Gion. O bairro vizinho é dominado pela arquitectura moderna e, à hora de ponta, inundado de trânsito. Ainda assim, preserva algumas bolsas históricas também dignas do melhor imaginário gueixa.

As suas ruas protagonistas são a Hanami-koji e a Shinmonzen-dori, ambas delimitadas por mais casas antigas, restaurantes, antiquários e outras casas de chá. Muitas destas últimas são, na realidade estabelecimentos dedicados ao entretenimento secular geisha (gei=arte + sha=pessoa) que, apesar de se encontrar num lento processo de extinção, continua a ter lugar por detrás de tantas portas fechadas da cidade.

De oitenta mil gueixas, nos anos 20, restam, hoje, entre mil a duas mil, quase todas em Quioto.

Henry L. Stimson o Secretário da Guerra Apreciador e Salvador de Quioto

Se retrocedermos uma vez mais na história, é-nos fácil concluirmos que poderia perfeitamente não restar nenhuma. E nunca soará a exagerado o crédito de Henry L. Stimson.

Em pleno processo de decisão das urbes nipónicas a aniquilar, o Los Alamos Target Committee formado por generais e cientistas dos E.U.A. e liderado por Robert Oppenheimer, insistia em colocar Quioto no topo da lista.

Justificavam-no “por Quioto nunca antes ter sido bombardeada, por incluir uma área industrial e contar com um milhão de habitantes.” Também consideravam a sua população em grande parte universitária “mais apta a apreciar o significado de uma arma como o engenho que seria utilizado.”

Vitrines restaurantes, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

Bloco de bares e restaurantes na margem do rio Kamo.

Contra tudo e contra todos, em 1945, o Secretário de Guerra Stimson, ordenou que Quioto fosse retirada da lista. Argumentou que tinha forte importância cultural e que não era um alvo militar. Os militares resistiram. Continuaram a repor a cidade no topo da lista até ao fim de Julho de 1945.

Esta teimosia forçou Stimson a dirigir-se em pessoa ao presidente Truman.

Stimson escreveu no seu diário que “Truman concordou com que, caso não removessem Quioto da lista, o ressentimento nipónico para com os E.U.A. seria tal que tornaria impossível qualquer reconciliação no pós-guerra com os americanos e, em vez, a viabilizaria, com os Russos.” Por essa altura, as tensões que levaram à Guerra Fria já se faziam sentir.

Tori, Quioto, um Japão Milenar quase perdido

O tori gigante que marca a entrada no domínio xintoísta do santuário Heian.

Truman estava determinado a não alimentar o monstro comunista, nem na Ásia, nem em nenhuma outra parte do mundo. Até semanas antes da primeira bomba nuclear ter sido lançada, Nagasaki não constava sequer na lista de cidades-alvo.

Por ironia do destino mas, acima de tudo, devido ao amor de Henry L. Stimson por Quioto, Nagasaki tomou o lugar daquela no derradeiro sacrifício. Depois de Hiroxima, Nagasaki sucumbiu ao apocalipse.

Quioto continuou a resplandecer.

Tóquio, Japão

Ronronares Descartáveis

Tóquio é a maior das metrópoles mas, nos seus apartamentos exíguos, não há lugar para mascotes. Empresários nipónicos detectaram a lacuna e lançaram "gatis" em que os afectos felinos se pagam à hora.
Tóquio, Japão

O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Tóquio, Japão

O Imperador sem Império

Após a capitulação na 2ª Guerra Mundial, o Japão submeteu-se a uma constituição que encerrou um dos mais longos impérios da História. O imperador japonês é, hoje, o único monarca a reinar sem império.
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Miyajima, Japão

Xintoísmo e Budismo ao Sabor das Marés

Quem visita o tori de Itsukushima admira um dos três cenários mais reverenciados do Japão. Na ilha de Miyajima, a religiosidade nipónica confunde-se com a Natureza e renova-se com o fluir do Mar interior de Seto.
Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Takayama, Japão

Takayama do Japão Antigo e da Hida Medieval

Em três das suas ruas, Takayama retém uma arquitectura tradicional de madeira e concentra velhas lojas e produtoras de saquê. Em redor, aproxima-se dos 100.000 habitantes e rende-se à modernidade.
Okinawa, Japão

O Pequeno Império do Sol

Reerguida da devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, Okinawa recuperou a herança da sua civilização secular ryukyu. Hoje, este arquipélago a sul de Kyushu abriga um Japão à margem, prendado por um oceano Pacífico turquesa e bafejado por um peculiar tropicalismo nipónico.
Ogimashi, Japão

Uma Aldeia Fiel ao A

Ogimashi revela uma herança fascinante da adaptabilidade nipónica. Situada num dos locais mais nevosos à face da Terra, esta povoação aperfeiçoou casas com verdadeiras estruturas anti-colapso.
Magome-Tsumago, Japão

Magome a Tsumago: o Caminho Sobrelotado Para o Japão Medieval

Em 1603, o xogum Tokugawa ditou a renovação de um sistema de estradas já milenar. Hoje, o trecho mais famoso da via que unia Edo a Quioto é percorrido por uma turba ansiosa por evasão.
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

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Quioto, Japão

Sobrevivência: A Última Arte Gueixa

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Monte Koya, Japão

A Meio Caminho do Nirvana

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Tóquio, Japão

Um Santuário Casamenteiro

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Okinawa, Japão

Danças de Ryukyu: têm séculos. Não têm grandes pressas.

O reino Ryukyu prosperou até ao século XIX como entreposto comercial da China e do Japão. Da estética cultural desenvolvida pela sua aristocracia cortesã contaram-se vários estilos de dança vagarosa.
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Iriomote, uma Pequena Amazónia do Japão Tropical

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Nikko, Japão

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Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Tóquio, Japão

Pachinko: o Vídeo - Vício Que Deprime o Japão

Começou como um brinquedo mas a apetência nipónica pelo lucro depressa transformou o pachinko numa obsessão nacional. Hoje, são 30 milhões os japoneses rendidos a estas máquinas de jogo alienantes.
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Em 6 de Agosto de 1945, Hiroxima sucumbiu à explosão da primeira bomba atómica usada em guerra. Volvidos 70 anos, a cidade luta pela memória da tragédia e para que as armas nucleares sejam erradicadas até 2020.
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Magma Geopark, Noruega

Uma Noruega Algo Lunar

Se recuássemos aos confins geológicos do tempo, encontraríamos o sudoeste da Noruega repleto de enormes montanhas e de um magma incandescente que sucessivos glaciares viriam a moldar. Os cientistas apuraram que o mineral ali predominante é mais comum na Lua que na Terra. Vários dos cenários que exploramos no vasto Magma Geopark da região parecem tirados do nosso grande satélite natural.
Fuga de Seljalandsfoss
Património Mundial UNESCO
Islândia

Ilha de Fogo, Gelo, Cascatas e Quedas de Água

A cascata suprema da Europa precipita-se na Islândia. Mas não é a única. Nesta ilha boreal, com chuva ou neve constantes e em plena batalha entre vulcões e glaciares, despenham-se torrentes sem fim.
Visitantes da casa de Ernest Hemingway, Key West, Florida, Estados Unidos
Personagens
Key West, Estados Unidos

O Recreio Caribenho de Hemingway

Efusivo como sempre, Ernest Hemingway qualificou Key West como “o melhor lugar em que tinha estado...”. Nos fundos tropicais dos E.U.A. contíguos, encontrou evasão e diversão tresloucada e alcoolizada. E a inspiração para escrever com intensidade a condizer.
Lifou, Ilhas Lealdade, Nova Caledónia, Mme Moline popinée
Praias
Lifou, Ilhas Lealdade

A Maior das Lealdades

Lifou é a ilha do meio das três que formam o arquipélago semi-francófono ao largo da Nova Caledónia. Dentro de algum tempo, os nativos kanak decidirão se querem o seu paraíso independente da longínqua metrópole.
Cabo Espichel, Santuário da Senhora do Cabo, Sesimbra,
Religião
Lagoa de Albufeira ao Cabo Espichel, Sesimbra, Portugal

Romagem a um Cabo de Culto

Do cimo dos seus 134 metros de altura, o Cabo Espichel revela uma costa atlântica tão dramática como deslumbrante. Com partida na Lagoa de Albufeira a norte, litoral dourado abaixo, aventuramo-nos pelos mais de 600 anos de mistério, misticismo e veneração da sua aparecida Nossa Senhora do Cabo.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Sociedade
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Cabo da Cruz, colónia focas, cape cross focas, Namíbia
Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.