Monte Koya, Japão

A Meio Caminho do Nirvana


Luz de Dia II
Velhas lanternas de rua, entre os templos do Monte Koya.
Vislumbre
Estátua de monge no cemitério de Okunoin, Monte Koya.
Oração noctívaga
Monge Kurt Kubli leva a cabo uma oração madrugadora no templo do mosteiro Moryoko Inn.
Formas entre Formas
A arquitectura arrojada do templo Konpon Daito.
Preces a dois
Fieis oram no interior de um dos templos de Koya San.
Em pleno Outono
Visitantes percorrem uma avenida outonal de Monte Koya.
Hora do Gongo
Monge faz soar os sinos grandiosos do Monte Koya.
Fim do dia
Monge fecha uma grande porta do templo Konpon Daito, no coração do Monte Koya.
Luz de dia
Velhas lanternas entre os velhos templos do Monte Koya.
Montes e mais montes
Silhuetas das serranias em redor do Monte Koya.
Um exército shingon
Monges budistas shingon percorrem uma rua do Monte Koya.
Deambuação Budista
Visitante do Monte Koya caminha entre os templos do Monte Koya.
Fim da Prece
Fieis deixam o templo Konpon Daito, no coração do Monte Koya.
Visita guiada a Okunoin
Monge Kurt Kubli guia visitantes no cemitério de Okunoin, no cimo do Monte Koya.
Legado
Velho tempo de madeira no coração budista-shingon do Monte Koya.
Atalho para o Nirvana
Teleférico chega às alturas do Monte Koya proveniente de Gokurakubashi.
Segundo algumas doutrinas do budismo, são necessárias várias vidas para atingir a iluminação. O ramo shingon defende que se consegue numa só. A partir do Monte Koya, pode ser ainda mais fácil.

A cabine vermelha parte de Gokurakubashi e progride lentamente encosta acima, ao longo da floresta circundante. Segue carregada de habitantes locais, de novos visitantes e da sua bagagem mas, apesar do peso e da inclinação acentuada, termina o percurso nos cinco minutos previstos.

O teleférico é só mais uma evidência de como os tempos mudaram e de como, nas últimas décadas, o antes apartada Monte Koya se entregou ao exterior.

De início, admitiram-se os visitantes nipónicos, a determinada altura, já não necessariamente apenas os peregrinos que chegavam de dias de caminhada.

Teleférico, monte Koya, Japão

Teleférico chega às alturas do Monte Koya proveniente de Gokurakubashi.

Depois, em 2004, quando a UNESCO inscreveu os lugares e rotas de peregrinação circundantes da Cordilheira Kii na lista de património mundial, a fama crescente da “montanha” tornou definitivamente insustentável a sua desgastada reclusão.

Como resumiu Shoto Habukawa o Ajari (sacerdote líder) do templo Muryoko ji: “Nesta era, o Monte Koya vai deixar de ser Monte Koya se não abraçarmos as pessoas de fora … ”.

A Abertura ao Exterior do Antes Esquivo Monte Koya

Assumida e comunicada a alteração de princípios, o organismo nacional de promoção do Japão passou a divulgar o destino também no estrangeiro, uma tarefa que depressa se viria a confirmar recompensadora.

A simpatia ocidental pelo budismo, o enorme interesse por tudo o que é japonês e a beleza das imagens que começaram a circular do complexo de templos e da paisagem circundante criaram uma aura de fascínio que continua a adensar-se sobre Monte Koya, uma ilha de tranquilidade e espiritualidade que observa e analisa o Japão atarefado e consumista das metrópoles.

Visitante e templo, monte koya, Japão

Visitante do Monte Koya caminha entre os templos do Monte Koya.

À boa maneira nipónica, alguns responsáveis religiosos redobraram esforços para cumprir com o voto. Assim se espalhou pelos  mosteiros da vila o fenómeno shukubo, a forma de acolhimento e integração dos visitantes oficial do Monte Koya.

Kurt Kubli: o Improvável Monge Budista e RP Suíço

E assim foi nomeado Relações Públicas da vila Kurt Genso, na realidade, chamado Kurt Kubli, 58 anos, a personagem que viria a transformar a nossa visita, numa experiência ainda mais inesquecível.

Durante cerca de 1200 anos, tudo foi diferente. A ideia do monge Kukai – conhecido por Kôbo Daishi após a sua morte – por detrás da fundação de um centro para o estudo e prática da sua interpretação do budismo Vairocana, era encontrar um refúgio que assegurasse o retiro e a protecção das interferências externas.

A importância deste isolamento manteve-se crucial ao longo dos séculos. Foi de tal maneira respeitada que, até ao fim da era Meiji (1871), as mulheres não eram simplesmente admitidas na povoação, tendo-lhes sido reservado um templo exclusivo, construído à entrada, o Nyonindô.

Lanternas e templos, Monte Koya, Japão

Velhas lanternas entre os velhos templos do Monte Koya.

A Revolução Budista de um Monge Chamado Kukai

Em claro desrespeito de uma directiva imperial japonesa de que deveria permanecer em estudo na China então governada pela dinastia Tang, durante 20 anos, Kukai regressou logo ao fim do segundo. Voltou enriquecido pela sabedoria do Mestre Huiguo – o patriarca da corrente Vairocana – mas foi proibido pelos governantes nipónicos de entrar na capital.

Os seus novos ensinamentos já davam, no entanto, que falar. O perdão foi-lhe concedido ao fim de mais alguns anos assim como a permissão para desenvolver a doutrina e a cultura nipónica que continuava a seguir as novidades do outro lado do estreito.

Assim que obteve autorização do Imperador Saga, em 819, Kukai reuniu um grande número de seguidores e trabalhadores. Deu início à construção gradual do Monte Koya, num vale perdido a 880 metros de altitude, entre os oito picos das montanhas que os habitantes da região de Wakayama denominaram Monte Koya.

Serranias, Monte koya, Japão

Silhuetas das serranias em redor do Monte Koya.

E que os monges consideraram as oito pétalas de um lotus, um simbolismo muito forte do budismo para a natureza real das coisas que ascendem à beleza e à clareza do iluminismo.

De volta ao Muryoko ji, a surpresa não é japonesa, nem chinesa, nem sequer verdadeiramente asiática.

O Acolhimento Religioso no Mosteiro-Pousada Muryoko Ji

“Olá, sejam bem-vindos a Koya San” profere o monge Genso com um sorriso acolhedor. Ao longe, o cabelo rapado engana-nos por algum tempo. Mas a aproximação revela os traços germanófilos requintados de Kurt Kubli, o nome de baptismo do anfitrião.

Um suíço que cortou com um passado mais florentino que helvético de banqueiro, homem de negócios, artista, estudante de ioga, flamengo e de filosofia indiana para se juntar ao fluxo espiritual do Monte Koya. Ali, além da devoção requerida, Kurt é responsável por consolidar a recente  internacionalização do lugar e da religiosidade peculiar que desenvolve.

Templo velho, Monte Koya, Japão

Velho tempo de madeira no coração budista-shingon do Monte Koya.

O Périplo Guiado Pelo Coração do Monte Koya

A nossa visita faz parte das suas incumbências. Como a noite está a cair, o monge começa por sugerir que nos instalemos o mais depressa possível para, em seguida passearmos, entre os templos, ao lusco-fusco.

A noite instala-se e o frio do Inverno japonês aperta sobre o vale. Kurt caminha indiferente à penumbra, pelo meio do Danjô Garan, o conjunto local de templos, pagodes, salões, estátuas e outros monumentos que conhece ao pormenor.

Konpon daito, Monte koya, Japão

A arquitectura arrojada do templo Konpon Daito.

À partida, o objectivo era apenas conduzir-nos ao centro de visitantes mas, em vez de seguir directo, faz um desvio para que possamos começar a sentir a magia do Monte Koya.

Abafado pelos cedros que envolvem a povoação, o silêncio é apenas quebrado pelo grasnar longínquo dos corvos e pela dissertação entusiasmada e multilingue do monge que, entre instruções genéricas relacionadas com a estadia, vai transmitindo os nomes e a razão budista de ser de cada edifício.  

Crentes em oração, Monte Koya, Japão

Fieis oram no interior de um dos templos de Koya San.

O frio intensifica-se à medida que escurece e convida-nos a recolher. Por essa altura, vive-se em frenesim, no Muryoko ji o que obriga Kurt a desdobrar-se para atender um grupo de alunos de fotografia australianos a que nos juntamos. 

De Volta ao Domínio Acolhedor do Muryoko Ji

Os estudantes aussies aguardam sentados no chão de tatami de uma das trinta salas, onde lhes foi servido o jantar. Kurt afasta as portas fusuma de papel, entra sem cerimónias, apresenta-se e pergunta se alguém quer uma cerveja. O espanto apodera-se dos presentes.

“Não façam essa cara. Não é um problema para o templo que bebam cerveja. Aqui nem lhe chamamos cerveja, preferimos tratá-la por erva da sabedoria…” Recusada a sugestão, começa a dissertar sobre o Monte Koya, o budismo e, forçando o tema, outro dos seus assuntos preferidos: ele próprio.

Sinos de templo, monte koya, Japão

Monge faz soar os sinos grandiosos do Monte Koya.

Conta episódios e informações pessoais do passado: que renasceu em Zurique mas que sente uma ausência de laços com o país de origem até porque viveu vinte anos em Florença. “Não retenho nenhuma afeição em especial pela minha pátria. Nem sequer gosto de queijo que é algo com que se cresce na Suíça.

Já vivi em muitos outros lugares e, no meu coração, sou um cidadão do mundo.” Por esta altura, as perguntas que lhe foram sendo colocadas revelaram já experiências como banqueiro, homem de negócios, artista contemporâneo, estudante de ioga e flamenco, de economia e de filosofia indiana, para mencionar apenas uma pequena parte.

A conversa estende-se por mais de uma hora. Antes do final, somos informados que o jantar nos aguarda no quarto e vamos investigar. 

Porta templo Konpon Daito, Monte Koya, Japão

Monge fecha uma grande porta do templo Konpon Daito, no coração do Monte Koya.

A Gastronomia Kaiseki do Muryoko ji

Ao contrário do que aconteceu com outros mosteiros, no Muryoko ji, as refeições shojin-ryori – como os seus horários e os das cerimónias, os banhos tradicionais comuns e o facto do calçado que vem da rua ser substituído por chinelos específicos para diferentes áreas  – são alguns dos elementos indígenas preservados para melhor integrar os visitantes na atmosfera budista.

Muitos chegam a imaginar a comida escassa e sem sabor. A realidade, completamente distinta, é servida, todos os dias, às oito da manhã e as seis da tarde.

As refeições vegetarianas do Monte Koya, Goma-dôfu e Koya-dôfu foram aperfeiçoadas e preservadas desde os tempos da sua fundação graças à longa dedicação dos monges. Baseiam-se nos preceitos da cozinha Sôbô, há muito relacionada com o treino mental budista e que incorpora o sentido das estações do ano combinando cinco métodos, cinco sabores e cinco cores.

A que nos tinham acabado de servir era budista e ao mesmo tempo kaiseki (tradicional japonesa). Encontramos sobre uma mesa baixa dois tabuleiros preenchidos com diferentes pratos, tigelas e outros recipientes de porcelana e plástico. É visto de cima, que os conjuntos, organizados ao milímetro, melhor revelam o seu requinte e  beleza tradicional.

Bento, Moryoko Inn, monte koya, Japão

Uma caixa bento com os diferentes componentes da refeição organizados de forma harmoniosa e funcional à boa maneira japonesa.

Há uma sopa miso e doses apetitosas e com preocupações medicinais de diferentes tofus,  acompanhados de pickles, tempura, feijão adocicado, cogumelos, vegetais cultivados em redor do mosteiro, algas e sésamo. Salvo outras instruções do hóspede, para beber, é servido chá verde.

A infusão  complementa o repasto delicioso e revigorante que o monge Kurt se orgulha de ter reformulado, aniquilando os noodles instantâneos e com MSG (Glutamato Monossódico) antes servidos aos hóspedes.

Quando fazemos o elogio ao monge-aprendiz Fusumi – que viveu dois anos em São Paulo e vem recolher os tabuleiros – , este atreve-se a esclarecer num português abrasileirado mas tímido: “Tinha que ser assim ‘né? Na maior parte do ano, faz muito frio por aqui”.

 Oração Madrugadora e Enigmática de Homa

Na manhã seguinte, aderimos à disciplina monástica e, apesar do frio, madrugamos para assistir ao ritual Homa (Goma em Japonês) do Fogo, um cerimonial de invocação da divindade Acala exclusivo do budismo esotérico que tem como função uma purificação psicológica e espiritual.  

Monge Kurt Kubli, Moryoko Inn, Monte koya, Japão

Monge Kurt Kubli leva a cabo uma oração madrugadora no templo do mosteiro Muryoko Ji.

Espera-se que as suas chamas destruam energias negativas, se oponham a pensamentos e desejos prejudiciais e concretizem preces e orações. 

É realizado numa sala semi-escondida, dourada de apetrechos religiosos e perfumada de incenso. E conduzido por um ajari (mestre) que lê as orações na intimidade de um velho livro.

Durante noventa minutos, acompanham-no vários acharyas (monges instrutores) que, ajoelhados, recitam e cantam alternadamente o sutra gerando coros místicos que, à luz ocre da sala sugerem uma espécie de transe colectivo.

Apesar desta experiência sensorial, em contraste com as normas do budismo exotérico segundo o qual as doutrinas são ensinadas através de escrituras, o ramo shingon segue o princípio Mikkyo (esotérico) de transmissão pessoal e espiritual de conhecimentos e experiências.

E, enquanto no budismo exotérico as leituras são feitas simultaneamente por grandes grupos de monges, no Monte Koya e no restante universo shingon, há um mestre para cada praticante e são tidas em conta as suas  personalidades quando se ensinam os métodos de libertação dos desejos e preocupações mundanas.

Monges budistas, monte Koya, Japão

Monges budistas shingon percorrem uma rua do Monte Koya.

Kurt acaba por desempenhar um pouco de ambos os papéis e, no tempo que resta, continua a mostrar-nos o Monte Koya.

A Descoberta Guiada do Kompon Daito e do Cemitério de Okuno in

Enquanto caminhamos entre a floresta sombria de cedros, explica-nos o passado e a razão de ser budista dos principais edifícios do Danjô Garan, o reduto religioso da povoação. Começamos pelo Kompon Daito, um pagode imponente e exuberante, centro de uma mandala que, segundo a crença shingon, abarca todo o Japão.

Contornamos também templos antigos de madeira agora gasta que, apesar de desactivados, preservam uma certa elegância histórica. E visitamos o Kongobuji, a sede secular e emblemática da corrente.

“O cemitério Okunoin! Já sei para onde vamos agora!” Começa a cair um nevoeiro frio. E Kurt lembra-se do seu sítio predilecto do Monte Koya para quando o tempo assim fica. Na deslocação, ultrapassa-nos, em corrida lenta, um exército de monges shingon embalado para outra das práticas budistas.

Monge Kurt Kubli, monte koya, Japão

Monge Kurt Kubli guia visitantes no cemitério de Okunoin, no cimo do Monte Koya.

Ao nosso ritmo, entramos na alameda estreita do cemitério e durante quase duas horas, ficamos entregues à sabedoria recém-adquirida de Kurt, às inúmeras stupas, jizos (pequenas estátuas), sepulturas e túmulos, em grande parte subsumidas num tapete verdejante de líquenes e musgo.

O Okunoin é o maior cemitério do Japão. E é também o lugar mais sagrado do Monte Koya por abrigar o mausoléu de Kobo Daishi que os crentes acreditam estar em meditação eterna desde 21 de Março de 835.

Estátua de monge, monte koya Japão

Estátua de monge no cemitério de Okunoin, Monte Koya.

Percorrem-no pequenos pelotões de peregrinos apressados, chegados dos trilhos árduos da cordilheira Kii, e ansiosos pela proximidade transcendente do mestre supremo.

Kurt entoa, ali, o sutra indicado para cantar na ocasião especial e espera que o repitamos várias vezes até passarmos o teste.

Em seguida, damos início ao caminho de volta, por zonas limítrofes mas não menos interessantes do vasto cemitério. E entre as sepulturas comuns, e de shoguns e samurais, descobrimos outras, corporativas como as da Komatsu e da Nissan.

Algumas empresas ergueram monumentos fúnebres peculiares aos seus fundadores e empregados e honram-nos com símbolos da actividade ou produção a que se dedicaram.

Destacam-se a enorme chávena de café instalada pela companhia UCC e a escultura simplificada do foguetão Apollo 11 montado em jeito de homenagem pela Shinmaywa Industries (que nada teve a ver com o seu lançamento).

À moda do budismo shingon, em sintonia com a criatividade de cada pessoa, em Koya San, o Nirvana é o derradeiro objectivo.

Nara, Japão

O Berço Colossal do Budismo Nipónico

Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Miyajima, Japão

Xintoísmo e Budismo ao Sabor das Marés

Quem visita o tori de Itsukushima admira um dos três cenários mais reverenciados do Japão. Na ilha de Miyajima, a religiosidade nipónica confunde-se com a Natureza e renova-se com o fluir do Mar interior de Seto.
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Bingling Si, China

O Desfiladeiro dos Mil Budas

Durante mais de um milénio e, pelo menos sete dinastias, devotos chineses exaltaram a sua crença religiosa com o legado de esculturas num estreito remoto do rio Amarelo. Quem desembarca no Desfiladeiro dos Mil Budas, pode não achar todas as esculturas mas encontra um santuário budista deslumbrante.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Lhasa, Tibete

Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
Quioto, Japão

Um Japão Milenar Quase Perdido

Quioto esteve na lista de alvos das bombas atómicas dos E.U.A. e foi mais que um capricho do destino que a preservou. Salva por um Secretário de Guerra norte-americano apaixonado pela sua riqueza histórico-cultural e sumptuosidade oriental, a cidade foi substituída à última da hora por Nagasaki no sacrifício atroz do segundo cataclismo nuclear.
Lhasa, Tibete

Sera, o Mosteiro do Sagrado Debate

Em poucos lugares do mundo se usa um dialecto com tanta veemência como no mosteiro de Sera. Ali, centenas de monges travam, em tibetano, debates intensos e estridentes sobre os ensinamentos de Buda.
Okinawa, Japão

Danças de Ryukyu: têm séculos. Não têm grandes pressas.

O reino Ryukyu prosperou até ao século XIX como entreposto comercial da China e do Japão. Da estética cultural desenvolvida pela sua aristocracia cortesã contaram-se vários estilos de dança vagarosa.
Iriomote, Japão

Iriomote, uma Pequena Amazónia do Japão Tropical

Florestas tropicais e manguezais impenetráveis preenchem Iriomote sob um clima de panela de pressão. Aqui, os visitantes estrangeiros são tão raros como o yamaneko, um lince endémico esquivo.
Nikko, Japão

O Derradeiro Cortejo do Xogum Tokugawa

Em 1600, Ieyasu Tokugawa inaugurou um xogunato que uniu o Japão por 250 anos. Em sua homenagem, Nikko re-encena, todos os anos, a transladação medieval do general para o mausoléu faustoso de Toshogu.
Takayama, Japão

Takayama do Japão Antigo e da Hida Medieval

Em três das suas ruas, Takayama retém uma arquitectura tradicional de madeira e concentra velhas lojas e produtoras de saquê. Em redor, aproxima-se dos 100.000 habitantes e rende-se à modernidade.
Okinawa, Japão

O Pequeno Império do Sol

Reerguida da devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, Okinawa recuperou a herança da sua civilização secular ryukyu. Hoje, este arquipélago a sul de Kyushu abriga um Japão à margem, prendado por um oceano Pacífico turquesa e bafejado por um peculiar tropicalismo nipónico.
Ogimashi, Japão

Uma Aldeia Fiel ao A

Ogimashi revela uma herança fascinante da adaptabilidade nipónica. Situada num dos locais mais nevosos à face da Terra, esta povoação aperfeiçoou casas com verdadeiras estruturas anti-colapso.
Magome-Tsumago, Japão

Magome a Tsumago: o Caminho Sobrelotado Para o Japão Medieval

Em 1603, o xogum Tokugawa ditou a renovação de um sistema de estradas já milenar. Hoje, o trecho mais famoso da via que unia Edo a Quioto é percorrido por uma turba ansiosa por evasão.
Japão

O Império das Máquinas de Bebidas

São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Skipper de uma das bangkas do Raymen Beach Resort durante uma pausa na navegação
Praia
Ilhas Guimaras  e  Ave Maria, Filipinas

Rumo à Ilha Ave Maria, Numas Filipinas Cheias de Graça

À descoberta do arquipélago de Visayas Ocidental, dedicamos um dia para viajar de Iloilo, ao longo do Noroeste de Guimaras. O périplo balnear por um dos incontáveis litorais imaculados das Filipinas, termina numa deslumbrante ilha Ave Maria.
savuti, botswana, leões comedores de elefantes
Safari
Savuti, Botswana

Os Leões Comedores de Elefantes de Savuti

Um retalho do deserto do Kalahari seca ou é irrigado consoante caprichos tectónicos da região. No Savuti, os leões habituaram-se a depender deles próprios e predam os maiores animais da savana.
Rebanho em Manang, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Jardin Escultórico, Edward James, Xilitla, Huasteca Potosina, San Luis Potosi, México, Cobra dos Pecados
Arquitectura & Design
Xilitla, San Luís Potosi, México

O Delírio Mexicano de Edward James

Na floresta tropical de Xilitla, a mente inquieta do poeta Edward James fez geminar um jardim-lar excêntrico. Hoje, Xilitla é louvada como um Éden do surreal.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Parada e Pompa
Cerimónias e Festividades
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Península Iucatão, Cidade Mérida, México, Cabildo
Cidades
Mérida, México

A Mais Exuberante das Méridas

Em 25 a.C, os romanos fundaram Emerita Augusta, capital da Lusitânia. A expansão espanhola gerou três outras Méridas no mundo. Das quatro, a capital do Iucatão é a mais colorida e animada, resplandecente de herança colonial hispânica e vida multiétnica.
Singapura Capital Asiática Comida, Basmati Bismi
Comida
Singapura

A Capital Asiática da Comida

Eram 4 as etnias condóminas de Singapura, cada qual com a sua tradição culinária. Adicionou-se a influência de milhares de imigrados e expatriados numa ilha com metade da área de Londres. Apurou-se a nação com a maior diversidade gastronómica do Oriente.
Sombra de sucesso
Cultura
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
DMZ, Coreia do Sul, Linha sem retorno
Em Viagem
DMZ, Dora - Coreia do Sul

A Linha Sem Retorno

Uma nação e milhares de famílias foram divididas pelo armistício na Guerra da Coreia. Hoje, enquanto turistas curiosos visitam a DMZ, várias das fugas dos oprimidos norte-coreanos terminam em tragédia
Dunas da ilha de Bazaruto, Moçambique
Étnico
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Entrada para a Cidade das Areias de Dunhuang, China
História
Dunhuang, China

Um Oásis na China das Areias

A milhares de quilómetros para oeste de Pequim, a Grande Muralha tem o seu extremo ocidental e a China é outra. Um inesperado salpicado de verde vegetal quebra a vastidão árida em redor. Anuncia Dunhuang, antigo entreposto crucial da Rota da Seda, hoje, uma cidade intrigante na base das maiores dunas da Ásia.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Ilhas
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Casal mascarado para a convenção Kitacon.
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Uma Finlândia Pouco Convencional

As próprias autoridades definem Kemi como ”uma pequena cidade ligeiramente aloucada do norte finlandês”. Quando a visitamos, damos connosco numa Lapónia inconformada com os modos tradicionais da região.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
kings canyon, Red centre, coracao, Australia
Natureza
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
ilha de Praslin, cocos do mar, Seychelles, Enseada do Éden
Parques Naturais

Praslin, Seychelles

 

O Éden dos Enigmáticos Cocos-do-Mar

Durante séculos, os marinheiros árabes e europeus acreditaram que a maior semente do mundo, que encontravam nos litorais do Índico com forma de quadris voluptuosos de mulher, provinha de uma árvore mítica no fundo dos oceanos.  A ilha sensual que sempre os gerou deixou-nos extasiados.
Composição sobre Nine Arches Bridge, Ella, Sri Lanka
Património Mundial UNESCO
PN Yala-Ella-Candia, Sri Lanka

Jornada Pelo Âmago de Chá do Sri Lanka

Deixamos a orla marinha do PN Yala rumo a Ella. A caminho de Nanu Oya, serpenteamos sobre carris pela selva, entre plantações do famoso Ceilão. Três horas depois, uma vez mais de carro, damos entrada em Kandy, a capital budista que os portugueses nunca conseguiram dominar.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
A República Dominicana Balnear de Barahona, Balneário Los Patos
Praias
Barahona, República Dominicana

A República Dominicana Balnear de Barahona

Sábado após Sábado, o recanto sudoeste da República Dominicana entra em modo de descompressão. Aos poucos, as suas praias e lagoas sedutoras acolhem uma maré de gente eufórica que se entrega a um peculiar rumbear anfíbio.
Motociclista no desfiladeiro de Sela, Arunachal Pradesh, Índia
Religião
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
cowboys oceania, Rodeo, El Caballo, Perth, Australia
Sociedade
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Cabo da Cruz, colónia focas, cape cross focas, Namíbia
Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.