Uma Busca solitária
Avestruz juvenil percorre a areia branca à procura dos progenitores.
Dias Beach
Ondas pujantes, correntes, ventos poderosos e uma água gélida fazem da Praia de Dias impraticável para banhos. Mas há sempre quem o tente...
É assim o Cabo
O Cabo da Boa Esperança, bem desenhado para lá da Praia de Dias.
Para mais tarde recordar
Grupo de visitantes faz-se fotografar atrás da placa emblemática do Cabo da Boa Esperança
Litoral selvagem
Calhaus de basalto e uma densa colónia de algas troncosas preenchem boa parte da costa a norte do Cabo.
Uma Busca solidária
Jovens avestruzes douradas pelo luz do derradeiro sol do dia, mantêm-se juntas na aflição de verem bloqueado o acesso para junto dos progenitores.
Luz à navegação
O farol da Ponta do Cabo, sobre um dos pontos litorais mais elevados da Península do Cabo.
Cabo Dourado
Avestruz percorre o areal de uma praia próxima do Cabo da Boa Esperança, ao fim do dia.
Dias Beach II
Outra perspectiva da Dias Beach, com o farol da Ponta do Cabo em fundo.
História d’Ouro
O pelourinho de Bartolomeu Dias ao pôr-do-sol. Não muito longe, está o dedicado ao navegador Vasco da Gama. Foram ambos mandados erigir pelo estado português
Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.

Pelas contas do calendário, quando damos entrada na Cidade do Cabo, vindos de uma longa travessia sul-africana a bordo de um camião, já o Inverno se devia ter instalado.

E, no entanto, os dias sucedem-se com céu limpo e calor a roçar os 30º, nada que aquecesse as águas frígidas, sempre repletas de algas troncudas que castigam as falésias e areais hiperbólicos destas paragens. Agradecidos ao Adamastor pela benevolência meteorológica, deliciamo-nos com o seu temido território.

Mesmo se a atmosfera é soalheira, o vento sopra furibundo de cada vez que nos aproximamos dos abismos para que espreita a Table Mountain, a meseta imponente e crua que o continente negro exibe como a sua derradeira obra orográfica.

Prenda-nos com resquícios da cacimba soprada do horizonte meridional, de onde a montanha se desdobra em formas ainda mais caprichosas e se mete, como quem não quer nem saber, nos embates dolorosos do mar.

Lá, onde numa não menos pungente missão, a História as uniu num longo e esforçado abraço.

Era-nos impossível resistir ao apelo daquele outro lugar. Não tardaríamos a persegui-lo.

Avestruz, Cabo Boa Esperança, África do Sul

Avestruz juvenil percorre a areia branca à procura dos progenitores.

A Epopeia Lusitana da Passagem do Cabo das Tormentas

Na viragem do século XV para o XIV, os homens lusos embarcados com rumo austral receavam a silhueta desta meseta como nenhuma outra elevação por que passavam.

Confrontavam-na como mau augúrio de aflições e de mais que prováveis desventuras causadas pela batalha entre os dois vastos oceanos: o Atlântico que já domavam; e, para leste, o Índico de que pouco ou nada podiam supor.

O medo exacerbado da Terra Incognita abaixo do Cabo Bojador suscitava, nas suas mentes, uma panóplia de miragens e paranóias. Aos poucos, à custa de muita vivência e resiliência colectiva, os marinheiros portugueses aprenderam a defender-se.

Com Bartolomeu Dias ao comando, dobraram o Cabo das Tormentas e assim começaram a desmistificar o desconhecido. O feito teve a continuidade que merecia. Nem por isso a travessia se tornou fácil.

Tinham passado quarenta e cinco anos desde o feito de Dias. O medo era já secular. A meio do recém-aberto Caminho para as Índias, a costa quase sobrenatural que há tanto o causava também deixou Luís de Camões em apuros.

Decorria a Primavera de 1533. Camões seguia a bordo da nau “São Bento”, parte da frota de Fernão Álvares Cabral que navegava a rota antes percorrida por Vasco da Gama.

Por altura do Cabo da Boa Esperança, a “São Bento” e três outras embarcações viram-se envoltas numa tempestade brutal.

Só a “São Bento” se salvou.

A Homenagem de Luís Camões à Travessia Pioneira do Cabo das Tormentas

Camões teve a fortuna do seu lado mas sentiu na pele gélida e arrepiada a inspiração para eternizar, no canto V dos “Lusíadas”, o imaginário monstruoso que atemorizava até os mais intrépidos lobos do mar.

39

Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.

40 (…)
C’um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.

Continuamos na demanda do que, ao longo dos séculos de Descobertas, o havia causado.

Da Cidade do Cabo ao Cabo que lhe Dá o Nome

Partimos do bairro costeiro de Sea Point numa manhã de Sábado enevoada. Percorremos a estrada que serpenteia, quase sempre junto ao oceano, pela base das falésias a sul da Cidade do Cabo.

Desviamos para a enseada ampla de Hout Bay, àquela hora, repleta de desportistas compenetrados em se livrarem das más energias da semana.

Prosseguimos estrada M6 acima. Atravessamos para o leste, apontados a Simons Town, uma povoação que atrai hordas de forasteiros intrigados pelas colónias de pinguins residentes em redor da Boulders Beach.

Dali, atentos aos repetidos avisos de travessia de babuínos e à eventual presença dos símios, progredimos costa leste abaixo.

Farol do Cabo, Cabo Boa Esperança, África do Sul

O farol da Ponta do Cabo, sobre um dos pontos litorais mais elevados da Península do Cabo.

O primeiro indício que temos do Cabo é o farol vermelho e branco sobre o mais elevado dos promontórios. Ascendemos às suas alturas. Durante a subida, em cada varandim em que tentamos espreitar o cenário abaixo, quase somos varridos pelo vento insano que castiga a vertente oeste.

Voltamos a descer os degraus antes vencidos e atalhamos para o trilho que conduzia à secção norte do Cabo, aquela por que os marinheiros primeiro tinham que passar.

Dias Beach II, Cabo Boa Esperança, África do Sul

Outra perspectiva da Dias Beach, com o farol da Ponta do Cabo em fundo.

A Tormentosa Praia de Bartolomeu Dias

Não tarda, chegamos ao cimo da Praia de Dias. Um aviso alerta para o perigo atroz de qualquer tentativa de banho naquelas águas. Esse mesmo perigo estava desenhado no mar como em poucos outros lugares o tínhamos constatado.

Ondas magistrais precipitavam-se sobre o areal com uma violência desconcertante e o vento empurrava a água que lhes ficava atrás mar-adentro de forma tão intensa que a sua acção produzia grandes radiais brancas, semelhantes às deixadas pelos helicópteros quando planam, rasos, sobre a água.

Dias Beach, Cabo Boa Esperança, África do Sul

Ondas pujantes, correntes, ventos poderosos e uma água gélida fazem da Praia de Dias impraticável para banhos. Mas há sempre quem o tente…

Sentamo-nos a apreciar a tão deslumbrante selvajaria marítima.

Enquanto o fazemos, vêm-nos de novo à mente as agruras vividas por Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e por todos os navegadores e marinheiros que os seguiram. Bartolomeu Dias, o pioneiro, acabou por entregar a sua vida ao Cabo.

D. João II e a Missão Crucial de Bartolomeu Dias

Em 1488, D. João II encarregou-o de procurar o rei cristão Prestes João e de encontrar uma rota para as Índias. As duas caravelas de cerca de cinquenta toneladas que comandava navegaram sem sobressaltos de maior ao largo da sempre agitada Angra dos Ilhéus (junto à actual cidade namibiana de Lüderitz) e do Cabo das Tormentas.

Mas, em seguida, entraram num dos terríveis temporais característicos da zona.

Rezam as crónicas que as embarcações ficaram treze dias sem controle, a debater-se com o vento e as ondas. Chegada a bonança, Bartolomeu Dias ordenou navegação para leste, em busca da costa. Só encontrou mar e decidiu rumar a norte.

Farol, Cabo Boa Esperança, África do Su

O pelourinho de Bartolomeu Dias ao pôr-do-sol. Não muito longe, está o dedicado ao navegador Vasco da Gama. Foram ambos mandados erigir pelo estado português

Nesse acerto, detectou diversos portos da costa da África do Sul de hoje. Passada a baía da actual Port Elisabeth, deu com um rio. Bartolomeu Dias baptizou-o de rio do Infante. Então, desgastada pelos muitos dias de agonia que havia vivido, a tripulação forçou-o a voltar a Portugal.

No regresso, Dias apercebeu-se que tinha contornado o extremo sul de África.

O rei D. João II decretou a famosa alteração do nome Cabo das Tormentas para Cabo da Boa Esperança. A epopeia das Descobertas portuguesas continuou a fluir, apontada como nunca antes ao Oriente.

O feito de Bartolomeu Dias provou-se de tal forma revolucionário para a ordem mercantil que vigorava entre o Velho Mundo, África e Ásia que o Cabo da Boa Esperança foi alvo de todas as atenções e a sua visita por viajantes – marinheiros ou meros leigos do mar – ainda hoje é celebrada à altura.

Cabo Boa Esperança, África do Sul

O Cabo da Boa Esperança, bem desenhado para lá da Praia de Dias.

Os Confins do Cabo da Boa Esperança

Deixamos a Praia de Dias. Prosseguimos novo promontório acima. Quanto mais subimos, mais o vento recupera a agressividade que já nos revelara na Ponta do Cabo.

Ainda assim, os turistas imitavam-se em fotografias arrepiantes, nos recantos mais arriscados daquela paisagem extrema.

Apenas um outro longo trilho os separava da base do Cabo, onde os menos aptos a caminhadas íngremes ou sobre penhascos aguçados se contentavam com as fotos da praxe atrás da placa de madeira que identifica, em afrikaans e em inglês, o derradeiro ponto sudoeste do continente africano, não o sul.

Cabo Boa Esperança, África do Sul, foto de grupo

Grupo de visitantes faz-se fotografar atrás da placa emblemática do Cabo da Boa Esperança

Esse, situa-se no muito menos exuberante e badalado Cabo Agulhas, a 150 km para leste.

Na senda descobridora de Dias, Vasco da Gama habituou-se a vencer as sucessivas tempestades e o Cabo da Boa Esperança em geral: uma, duas, três vezes, o mesmo número de viagens que levou a bom porto para a Índia.

Acabou por falecer em Cochim, com cinquenta e cinco anos. Já no que disse respeito a Bartolomeu Dias, o destino e o Cabo da Boa Esperança provaram-se cruéis. Em 1500, Dias era um dos capitães da segunda expedição “indiana” liderada por Pedro Alvares Cabral que veio a descobrir o Brasil e prosseguiu para leste, em direcção à Índia.

Pois, a 29 de Maio, quatro dos barcos desta expedição confrontaram-se com nova enorme tempestade ao largo do Cabo. Todos desapareceram, incluindo o capitaneado por Bartolomeu Dias, então com cinquenta anos. Para Dias, o Cabo nunca deixou de ser das Tormentas.

Avestruzes na Praia. Convívio Inesperado com a Fauna do Cabo

Quando relembramos este facto, guardamos por ambos, admiração a dobrar. Continuamos a explorar os cenários daqueles confins até que as trevas nos levassem o privilégio.

Litoral selvagem

Calhaus de basalto e uma densa colónia de algas troncosas preenchem boa parte da costa a norte do Cabo.

Uma floresta de grandes algas, como as que víramos ao largo da Cidade do Cabo, preenchia o mar ali bem mais acinzentado e alisado que na praia de Dias.

Com o sol prestes a pôr-se, deixamos a zona da placa sempre concorrida e dirigimo-nos à saída do parque.

Não fazemos sequer trezentos metros.

Duas avestruzes percorriam a beira-mar em busca de alimento. Detemo-nos e fotografamo-las à distância, não tanta como aquela em que vislumbramos várias mais, a tentarem ultrapassar uma barreira rochosa que as separava dos progenitores.

Um trilho de surfistas conduz-nos às suas imediações e permite-nos apreciar o seu comportamento naquela situação de desconforto.

Sempre o mais juntas possível, as jovens aves alinhavam-se e esticavam as cabeças de forma tão sincronizada que nos parecem uma única assustada criatura, uma espécie de deusa indiana Shakti asada.

Avestruzes, Cabo Boa Esperança, África do Sul

Jovens avestruzes douradas pelo luz do derradeiro sol do dia, mantêm-se juntas na aflição de verem bloqueado o acesso para junto dos progenitores.

O sol começa a livrar-se das nuvens roxas que o aprisionavam. Incide na praia e no bando de aves. Estas, agrupadas pela Natureza, exibem-se, também por ela amareladas.

Quando o grande astro se liberta de vez, tinge toda a praia de um dourado resplandecente e gera silhuetas mágicas das aves.

Foram as derradeiras e insólitas imagens que guardámos do Cabo.

Avestruz no ocaso, Cabo Boa Esperança, África do Sul

Avestruz percorre o areal de uma praia próxima do Cabo da Boa Esperança, ao fim do dia.

Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Galle, Sri Lanka

Nem Além, Nem Aquém da Lendária Taprobana

Camões eternizou o Ceilão como um marco indelével das Descobertas onde Galle foi das primeiras fortalezas que os portugueses controlaram e cederam. Passaram-se cinco séculos e o Ceilão deu lugar ao Sri Lanka. Galle resiste e continua a seduzir exploradores dos quatro cantos da Terra.
Mactan, Cebu, Filipinas

O Atoleiro de Magalhães

Tinham decorrido quase 19 meses de navegação pioneira e atribulada em redor do mundo quando o explorador português cometeu o erro da sua vida. Nas Filipinas, o carrasco Datu Lapu Lapu preserva honras de herói. Em Mactan, uma sua estátua bronzeada com visual de super-herói tribal sobrepõe-se ao mangal da tragédia.
Elmina, Gana

O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
Ushuaia, Argentina

A Última das Cidades Austrais

A capital da Terra do Fogo marca o limiar austral da civilização. De Ushuaia partem inúmeras incursões ao continente gelado. Nenhuma destas aventuras de toca e foge se compara à da vida na cidade final.
Canal Beagle, Argentina

Darwin e o Canal Beagle: no Rumo da Evolução

Em 1833, Charles Darwin navegou a bordo do "Beagle" pelos canais da Terra do Fogo. A sua passagem por estes confins meridionais moldou a teoria revolucionária que formulou da Terra e das suas espécies
Robben Island, África do Sul

A Ilha ao Largo do Apartheid

Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a vislumbrar a Robben Island, aquando da sua travessia do Cabo das Tormentas. Com os séculos, os colonos transformaram-na em asilo e prisão. Nelson Mandela deixou-a em 1982, após dezoito anos de pena. Decorridos outros doze, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
Cidade do Cabo, África do Sul

Ao Fim e ao Cabo

A dobragem do Cabo das Tormentas, liderada por Bartolomeu Dias, transformou esse quase extremo sul de África numa escala incontornável. E, com o tempo, na Cidade do Cabo, um dos pontos de encontro civilizacionais e urbes monumentais à face da Terra.
Garden Route, África do Sul

O Litoral Jardim da África do Sul

Estendida por mais de 200km de costa natural, a Garden Route ziguezagueia por florestas, praias, lagos, desfiladeiros e parques naturais esplendorosos. Percorremo-la de leste para oeste, ao longo dos fundos dramáticos do continente africano.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Leões juvenis num braço arenoso do rio Chire
Safari
PN Liwonde, Malawi

A Reanimação Prodigiosa do PN Liwonde

Durante largo tempo, a incúria generalizada e o alastrar da caça furtiva vitimaram esta reserva animal. Em 2015, a African Parks entrou em cena. Em pouco tempo, também beneficiário da água abundante do lago Malombe e do rio Chire, o Parque Nacional Liwonde tornou-se um dos mais vivos e exuberantes do Malawi.
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Sombra vs Luz
Arquitectura & Design
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Alturas Tibetanas, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Aventura

Mal de Altitude: não é mau. É péssimo!

Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
Celebração newar, Bhaktapur, Nepal
Cerimónias e Festividades
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
mao tse tung, coracao dragao, praca tianamen, Pequim, China
Cidades
Pequim, China

O Coração do Grande Dragão

É o centro histórico incoerente da ideologia maoista-comunista e quase todos os chineses aspiram a visitá-la mas a Praça Tianamen será sempre recordada como um epitáfio macabro das aspirações da nação
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Comida
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Noiva entra para carro, casamento tradicional, templo Meiji, Tóquio, Japão
Cultura
Tóquio, Japão

Um Santuário Casamenteiro

O templo Meiji de Tóquio foi erguido para honrar os espíritos deificados de um dos casais mais influentes da história do Japão. Com o passar do tempo, especializou-se em celebrar bodas tradicionais.
Fogo artifício de 4 de Julho-Seward, Alasca, Estados Unidos
Desporto
Seward, Alasca

O 4 de Julho Mais Longo

A independência dos Estados Unidos é festejada, em Seward, Alasca, de forma modesta. Mesmo assim, o 4 de Julho e a sua celebração parecem não ter fim.
Em Viagem
Chefchouen a Merzouga, Marrocos

Marrocos de Cima a Baixo

Das ruelas anis de Chefchaouen às primeiras dunas do Saara revelam-se, em Marrocos, os contrastes bem marcados das primeiras terras africanas, como sempre encarou a Ibéria este vasto reino magrebino.
Jingkieng Wahsurah, ponte de raízes da aldeia de Nongblai, Meghalaya, Índia
Étnico
Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes

A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

A Vida Lá Fora

Pequena súbdita
História

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Vista Miradouro, Alexander Selkirk, na Pele Robinson Crusoe, Chile
Ilhas
Ilha Robinson Crusoe, Chile

Alexander Selkirk: na Pele do Verdadeiro Robinson Crusoe

A principal ilha do arquipélago Juan Fernández foi abrigo de piratas e tesouros. A sua história fez-se de aventuras como a de Alexander Selkirk, o marinheiro abandonado que inspirou o romance de Dafoe
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Inverno Branco
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Na pista de Crime e Castigo, Sao Petersburgo, Russia, Vladimirskaya
Literatura
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de “Crime e Castigo”

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Walter Peak, Queenstown, Nova Zelandia
Natureza
Nova Zelândia  

Quando Contar Ovelhas Tira o Sono

Há 20 anos, a Nova Zelândia tinha 18 ovinos por cada habitante. Por questões políticas e económicas, a média baixou para metade. Nos antípodas, muitos criadores estão preocupados com o seu futuro.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Enriquillo, Grande lago das Antilhas, República Dominicana, vista da Cueva das Caritas de Taínos
Parques Naturais
Lago Enriquillo, República Dominicana

Enriquillo: o Grande Lago das Antilhas

Com entre 300 e 400km2, situado a 44 metros abaixo do nível do mar, o Enriquillo é o lago supremo das Antilhas. Mesmo hipersalino e abafado por temperaturas atrozes, não pára de aumentar. Os cientistas têm dificuldade em explicar porquê.
vale profundo, socalcos arroz, batad, filipinas
Património Mundial UNESCO
Batad, Filipinas

Os Socalcos que Sustentam as Filipinas

Há mais de 2000 anos, inspirado pelo seu deus do arroz, o povo Ifugao esquartejou as encostas de Luzon. O cereal que os indígenas ali cultivam ainda nutre parte significativa do país.
femea e cria, passos grizzly, parque nacional katmai, alasca
Personagens
PN Katmai, Alasca

Nos Passos do Grizzly Man

Timothy Treadwell conviveu Verões a fio com os ursos de Katmai. Em viagem pelo Alasca, seguimos alguns dos seus trilhos mas, ao contrário do protector tresloucado da espécie, nunca fomos longe demais.
Vista da Casa Iguana, Corn islands, puro caribe, nicaragua
Praias
Corn Islands-Ilhas do Milho, Nicarágua

Puro Caribe

Cenários tropicais perfeitos e a vida genuína dos habitantes são os únicos luxos disponíveis nas também chamadas Corn Islands ou Ilhas do Milho, um arquipélago perdido nos confins centro-americanos do Mar das Caraíbas.
Templo Kongobuji
Religião
Monte Koya, Japão

A Meio Caminho do Nirvana

Segundo algumas doutrinas do budismo, são necessárias várias vidas para atingir a iluminação. O ramo shingon defende que se consegue numa só. A partir do Monte Koya, pode ser ainda mais fácil.
Trem do Serra do Mar, Paraná, vista arejada
Sobre Carris
Curitiba a Morretes, Paraná, Brasil

Paraná Abaixo, a Bordo do Trem Serra do Mar

Durante mais de dois séculos, só uma estrada sinuosa e estreita ligava Curitiba ao litoral. Até que, em 1885, uma empresa francesa inaugurou um caminho-de-ferro com 110 km. Percorremo-lo, até Morretes, a estação, hoje, final para passageiros. A 40km do término original e costeiro de Paranaguá.
Sociedade
Margilan, Usbequistão

Um Ganha Pão do Uzbequistão

Numa de muitas padarias de Margilan, desgastado pelo calor intenso do forno tandyr, o padeiro Maruf'Jon trabalha meio-cozido como os distintos pães tradicionais vendidos por todo o Usbequistão
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Parque Nacional Gorongosa, Moçambique, Vida Selvagem, leões
Vida Selvagem
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.