À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo


Floresta Cerrada
Enormes fetos dominam a vegetação verdejante do PN Franklin-Gordon.
Calçado Arejado
Estendal de calçado velho aumentado por locais e viajantes num vedação na estrada a caminho do PN Frecynet.
Correio 26, correio 18
Caixas de correio tradicionais da velha vila de Ross, no coração das Midlands.
Pedra Quente
Luz ténue sob um manto de nuvens de tempestade ilumina a ponte de Ross.
Passagem de Equidnas
Sinal de trânsito alerta para a presença de equidnas, um de vários mamíferos austrais da Tasmânia.
Vida Marsupial
Canguru juvenil numa praia selvagem do PN Frecynet.
Mar Antárctico
Litoral selvagem do PN Frecynet, na costa leste da Tasmânia.
Maré de Arte
Listas de água e areia numa praia a sul de Hobart.
Ponte para outro dia
Sol põe-se sobre Ross, uma das povoações seculares das Midlands.
Natação de Águas Frias
Leão-marinho eleva-se do Mar da Tasmânia, nas imediações da ilha Brunet.
Ponte mais antiga
A velha ponte de Richmond, a mais antiga em uso na Austrália.
Florestas de Fetos
Fetos exuberante do PN Franklin-Gordon no interior leste chuvoso da Tasmânia.
Dali à Capital
Indicador histórico de distância para Hobart, destacado na ponte de Richmond.
Iluminação Providencial
Torre da Igreja anglicana de St. John, em Richmond.
Jardins British nos Antipodas
Gazebo elegante no Cataract Gorge Park de Launceston, a segunda cidade da Tasmânia.
Curiosidade Comunal
Colónia de Leões-marinhos ao largo da ilha Brunet na costa sudeste da Tasmânia.
Wineglass Bay
A baía quase perfeita de WineGlass, a mais visitada do Parque Nacional Frecynet.
Prados Sem Chuva
Terras secas das Midlands em pleno Verão austral da Tasmânia.
Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.

Ao fim de vários dias passados nos fundos da Tasmânia, saímos, por fim, apontados a norte.

Em jeito de despedida da cidade, decidimos subir aos 1271 metros do monte Wellington, o cume da cordilheira homónima que barra a expansão do casario da capital e a separa da vastidão insular acima no mapa.

Monte Wellington Acima

Vinte minutos de curvas e contracurvas num cenário meio silvestre, meio rochoso atingimos o cimo, bem identificado por um miradouro com arquitectura destemida. Deixamos o carro.

Subimos a um varandim de madeira sobranceiro. Dali, apreciamos a profusão de calhaus magmáticos rosados que se estende encosta abaixo.

Encosta do Monte Wellington, Hobart, Tasmânia

Laivos de nuvens surgem de mais abaixo da base da encosta do Monte Wellington, a sul norte de Hobart.

Vemos laivos de nuvens ascenderem, de mais abaixo na vertente, sub-reptícios, como que a quererem surpreender os intrusos da sua montanha. Mais que os novelos gasosos, é a meteorologia do monte que nos apanha desprevenidos. Percebemos, sem lugar para dúvidas, como era fulcral para Hobart o abrigo orográfico da cordilheira.

Sem ela, sobretudo durante o Inverno austral, Hobart ficaria exposta aos caprichos dos ventos de sul e sudoeste, provenientes do oceano Antárctico.

Mesmo se os ventos prevalentes sopram de norte, vindos do sempre amornado continente australiano, sempre que as excepções se dessem, os moradores da cidade enregelariam.

Era o que nos estava a acontecer aos poucos, a razão porque nos rendemos às evidências e aos tremeliques cada vez mais intensos. Recolhemos ao interior do edifício envidraçado.

Edifício do miradouro do Monte Wellington

Edifício envidraçado do miradouro do monte Wellington protege os visitantes do vento furioso que varre o cume.

Protegidos das rajadas frígidas e furiosas, apreciamos o panorama por algum tempo mais: o recorte do longo estuário do rio Derwent e, para diante, as terras mais lisas da Península de Tasman que tínhamos explorado por aqueles dias.

Miradouro do Monte Wellington, Hobart, Tasmânia, Austrália

Visitantes sobre o varandim do miradouro do Monte Wellington, bem acima de Hobart.

Das Alturas às Planuras das Midlands

Corremos de volta ao estacionamento. Enfiamo-nos no carro. Dali, descemos rumo às planícies de Midlands.

Tal como o nome deixava antever, identificamo-las na iminência do meio da ilha, dominadas pelos tons de verde e amarelo das plantações de cereais, compartimentadas por sucessivas sebes.

As Midlands tornaram-se rurais logo nos primeiros anos da colonização. Essa realidade e a opulência conseguida pelas famílias de colonos agricultores salta à vista no número de vilas e vilarejos de pedra e de antigas povoações guarnição e correio que ainda abundam.

Oatlands, por exemplo, abriga a maior colecção de arquitectura georgiana da Austrália, com 87 edifícios históricos só na rua principal. Algumas dezenas de quilómetros para norte, Ross irradia charme colonial.

E uma tranquilidade só quebrada pelo grasnar dos corvos e pelo soar do sino da igreja. Nem sempre assim foi.

Caixas de correio em Ross, Tasmânia, Austrália

Caixas de correio antigas de Ross, Midlands da Tasmânia.

A Guarnição Secular de Ross

Ross foi estabelecida por volta de 1812 para proteger dos aborígenes os viajantes que percorriam a ilha de alto a baixo. Nessa altura, a relação com os nativos mantinha-se mais conflituosa que nunca. A guarnição acolhia as carruagens durante a noite. Mantinha os passageiros em segurança.

Ross ainda abriga uma das pontes mais fotografadas da ilha da Tasmânia. À imagem de tantas outras estruturas da ilha, construíram-na os condenados. Até o supervisor dos pedreiros era um deles.

O Desterro e a Obra de Daniel Herbert

Ainda na Grã-Bretanha, Daniel Herbert tinha um pai militar e um emprego. Nem assim resistiu a um dos tachos bem mais lucrativos que lhe eram propostos. Durante um assalto numa estrada, acabou capturado. Reincidente em roubos violentos, foi condenado à morte. Viu a pena ser mudada para degredo para a vida.

Alguns anos de desterro tasmaniano depois, as autoridades decidiram recompensar o seu trabalho exaustivo nos 186 painéis que decoram os arcos da ponte de Ross. Concederam-lhe o perdão.

Mesmo se toda a vila nos parece pitoresca, animada por lojinhas de artesanato e casas de chá aconchegantes, a ponte com a arte de Daniel Herbert preserva-se o monumento dos monumentos.

Ocaso para lá da ponte de Ross, Tasmânia, Austrália

Sol doura a ponte mais emblemática de Ross, uma povoação histórica das Midlands da Tasmânia.

Ainda em Ross, deparamo-nos com um cruzamento com quatro possíveis sentidos para a vida: a Tentação, representada pelo hotel-pub Man O’Ross; a Salvação, oferecida pela igreja católica; a Recreação, proporcionada pelo edifício cultural da câmara local e, por fim, a Condenação da velha cadeia.

Na manhã seguinte, com o tempo para Taz a escoar-se, esquivamo-nos às quatro hipóteses.

Retomamos a estrada 1. Percorridos uns poucos quilómetros, desviamos para leste, apontados à costa oriental da Tasmânia, conhecida como Sun Coast graças ao seu clima suave.

Às Curvas, pela World Road Kill Capital

A estrada, estreita e sinuosa, ondula acima e abaixo de sucessivas colinas. Mas, mais que o seu traçado excêntrico de montanha-russa, é a quantidade de cadáveres animais sobre o asfalto que nos comove.

Árvores secas das Midlands, Tasmânia, Austrália

Árvores ressequidas numa encosta árida das Midlands da Tasmânia.

A proliferação de espécimes com hábitos nocturnos – com predomínio para os marsupiais – e a falta de protecções que barrem as suas travessias sobre o alcatrão, fez da ilha da Tasmânia a World Roadkill Capital, título atribuído e reconhecido entre os povos anglófonos.

As vítimas dos veículos tasmanianos podem, inclusive, ser divididas entre espécies e sub-espécies.

Reconhecemos cangurus, wallabies (pequenos cangurus) e pademelons (cangurus ainda mais pequenos) equidnas, raposas, e opossums (gambás), estes últimos dos mais temidos pelos condutores, por o seu físico robusto provocar enormes danos nos motores e carroçarias.

Sinal de alerta de passagem de equidnas, Tasmânia, Austrália

Sinal alerta para o cruzamento de equidnas, animais endémicos da Austrália demasiadas vezes vítimas dos carros.

A lista de vitimas não se fica por aí. Os atropelamentos são uma causa substancial para a quase extinção dos famosos Diabos da Tasmânia.

A Condenação Demoníaca do Diabo da Tasmânia

Num daqueles desenhos animados apresentados pelo saudoso Vasco Granja, Bugs Bunny é acossado por um deles. Recorre a um dicionário para perceber que estranha espécie o ameaça: “ … aqui está, Diabo da Tasmânia: besta forte, assassina, dotado de maxilares poderosos como uma armadilha de aço.

É insaciável, alimenta-se de tigres, leões, elefantes, búfalos, burros, girafas, polvos, rinocerontes, alces, patos … ao que o predador acrescenta: “E coelhos!”  “Coelhos? Não diz nada aqui.” responde Bugs Bunny.  Com a sua paciência a esgotar-se, o Taz decide-se a impor a sua vontade e completa o dicionário com um lápis.

No mundo real, o Diabo da Tasmânia revela-se um fraco caçador. Necrófago, omnívoro, alimenta-se sobretudo de animais já mortos.

Os seus atropelamentos acontecem, em grande parte, quando devoram os cadáveres sobre as estradas. Como se não bastasse o infortúnio, os “demónios” viram-se assolados por uma epidemia de tumores faciais que, em certas zonas da Tasmânia, os diminuíram em quase 80%.

Após intenso lobby, o governo da Tasmânia obteve autorização da Warner Bros para vender cinco mil peluches do Taz e usar o lucro no combate à epidemia do tumor facial.

Os cientistas e ambientalistas classificaram a oferta de sovinice. É algo de que é difícil discordar, se tivermos em conta que a imagem do animal rende, todos os anos, milhões de dólares à companhia.

Nos últimos tempos, foram feitos esforços adicionais para controlar o número de mortes. Ao mesmo tempo, este mamífero marsupial parece ter reagido ao tumor. Tudo indica que a criatura sobreviverá à sina a que parecia condenada.

E a Extinção Fulminante do Tigre da Tasmânia

O principal predador de outros tempos do Diabo Tasmaniano, o Tigre da Tasmânia, não teve a mesma sorte. O seu visual exótico seduzia os caçadores. Como se não bastasse, o thylacine predava o gado.

Os colonos vitimaram-no em sucessivas caçadas e vinganças. Em 1936, menos de um século após o início da povoação da Tasmânia, já o tinham extinguido.

Como é da praxe nestes casos, subsistem defensores de que alguns espécimes furtivos ainda se escondem na ilha da Tasmânia profunda. Prosseguimos o nosso itinerário de olhos bem abertos.

Condutor junto a estendal de calçado velho na beira da estrada, Tasmânia, Austrália

Condutor detém-se na berma de uma estrada do ocidente da Tasmânia para deixar mais um calçado velho num estendal há muito dedicado.

Do interior rural, avançamos para o litoral leste por um percurso sinuoso que desvenda apenas negócios caseiros de beira de estrada e – a mais inesperada das visões – uma secção de estendais de calçado velho instalados nas suas bermas que os condutores aumentam por piada, e por reverência à tradição inaugurada por um agricultor da região.

A estrada B34 prossegue para norte ao longo do litoral ventoso do leste. Quando chega ao meio da ilha, corta para uma península descaída no mapa.

O Domínio Peninsular de Freycinet

Entra no Parque Nacional Freycinet, um território protegido em que abundam tanto as praias selvagens de areia branca e mar revolto como enseadas tranquilas de águas azuladas que dão para penhascos imponentes e encostas florestadas. Duas destas enseadas quase se tocam na Wineglass Bay.

O duo transformou-se numa paisagem de eleição da ilha da Tasmânia. Determinados a investigar a sua proximidade turquesa, vencemos os mais de 600 degraus que conduzem a um miradouro dedicado. Em vão. Nos últimos tempos, a vegetação crescera.

Wineglass Bay, PN Freycinet, Tasmânia, Austrália

As águas azuladas e gélidas da baía mais arredondada e popular do PN Freycinet.

Daquele alto intermédio, só avistávamos a baía arredondada de Wineglass Bay. Em vez de nos arranharmos de morte a ascender a colina entre arbustos espinhosos, entregamo-nos ao trilho íngreme e longo que descia.

Na baía, deparamo-nos com um mar demasiado gélido e traiçoeiro para nos recompensarmos com um mergulho. E com um wallaby desconfiado.

Wallaby, Wineglass Bay, PN Frecynet, Tasmânia, Austrália

Wallaby intrigado sobre o areal da Wineglass Bay, PN Freycinet.

De Freycinet à Capital do Norte: Launceston

Recuperamos as forças a passearmos pelo limiar da rebentação. Quando o areal se rende às falésias rochosas, revertemos caminho para a via principal da ilha da Tasmânia. Uma vez mais a conduzirmos por ela acima, damos entrada em Launceston.

Chegamos já sobre o anoitecer, de rastos. Quando procuramos um Irish Pub local com alguns dos quartos mais baratos da cidade, um carro de polícia manda-nos encostar. Na atrapalhação de acharmos a morada, tínhamos falhado um pisca. O agente que nos aborda tem tudo menos cara de australiano.

Examina os nossos nomes e nacionalidade nos passaportes. Nós, inspeccionamos o seu baptismo na identificação do uniforme. A nosso pedido, informa-nos que nasceu em El Salvador. “Desculpem lá mas tenho que vos passar um bilhete de aviso. Não têm nada a pagar mas tentem não cometer mais infracções.”

Se tinha que ser, que fosse. Acabamos a falar espanhol e a rir à gargalhada. Ao virar da esquina, damos com o pub. Jantamos. Apesar de algum expectável ruído de convívio alcoolizado, dormimos a bem dormir. Chegada nova manhã, saímos à descoberta de Launceston.

Launceston é a segunda maior urbe da ilha. Ainda a anos luz da capital no que diz respeito ao desenvolvimento e ritmo de vida, a cidade só há pouco reagiu ao frenesim turístico do resto da ilha da Tasmânia.

As suas atracções resumem-se a alguns restaurantes regionais e ao chamariz injustificado de uma tal de Cataract Gorge que nem apreciada de cima, de teleférico, nos enche as medidas.

Gazebo na Cataract Gorge de Launceston, Tasmânia, Austrália

Gazebo integrado no cenário verdejante da Cataract Gorge, em Launceston.

A Costa da Desilusão

Sabíamos que a Tasmânia guardava lugares especiais. Desejosos de os antecipar, abandonamos Launceston.

Almejamos a costa norte da ilha, a virada à Grande Ilha aussie. Lá chegados, percorremos a estrada cimeira rumo a oeste. Umas dezenas de quilómetros depois, percebemos que a proximidade com a ilha-mãe fizera daquele litoral, o principal antro industrial de Taz.

Lá se sucediam enormes tanques de combustíveis e de outros químicos, refinarias e distintas unidades de armazenamento e processamento de produtos, todos à beira de um mar bem mais tranquilo que o da costa leste e o da sul.

Aguentamos aquele panorama repelente por uns quarenta minutos. Sem sinal de que viesse a mudar, por alturas de Devonport, flectimos para sul, na senda da Tasmânia selvagem de todos os sonhos.

Não estávamos longe. Fica para um próximo artigo.

À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime

O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.
À Descoberta de Tassie, Parte 1 - Hobart, Austrália

A Porta dos Fundos da Austrália

Hobart, a capital da Tasmânia e a mais meridional da Austrália foi colonizada por milhares de degredados de Inglaterra. Sem surpresa, a sua população preserva uma forte admiração pelos modos de vida marginais.
Perth a Albany, Austrália

Pelos Confins do Faroeste Australiano

Poucos povos veneram a evasão como os aussies. Com o Verão meridional em pleno e o fim-de-semana à porta, os habitantes de Perth refugiam-se da rotina urbana no recanto sudoeste da nação. Pela nossa parte, sem compromissos, exploramos a infindável Austrália Ocidental até ao seu limite sul.
Cairns a Cape Tribulation, Austrália

Queensland Tropical: uma Austrália Demasiado Selvagem

Os ciclones e as inundações são só a expressão meteorológica da rudeza tropical de Queensland. Quando não é o tempo, é a fauna mortal da região que mantém os seus habitantes sob alerta.
Sydney, Austrália

De Desterro de Criminosos a Cidade Exemplar

A primeira das colónias australianas foi erguida por reclusos desterrados. Hoje, os aussies de Sydney gabam-se de antigos condenados da sua árvore genealógica e orgulham-se da prosperidade cosmopolita da megalópole que habitam.
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Estradas Imperdíveis

Grandes Percursos, Grandes Viagens

Com nomes pomposos ou meros códigos rodoviários, certas estradas percorrem cenários realmente sublimes. Da Road 66 à Great Ocean Road, são, todas elas, aventuras imperdíveis ao volante.
Alice Springs a Darwin, Austrália

Estrada Stuart, a Caminho do Top End da Austrália

Do Red Centre ao Top End tropical, a estrada Stuart Highway percorre mais de 1.500km solitários através da Austrália. Nesse trajecto, o Território do Norte muda radicalmente de visual mas mantém-se fiel à sua alma rude.
Perth, Austrália

A Cidade Solitária

A mais 2000km de uma congénere digna desse nome, Perth é considerada a urbe mais remota à face da Terra. Apesar de isolados entre o Índico e o vasto Outback, são poucos os habitantes que se queixam.
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
Michaelmas Cay, Austrália

A Milhas do Natal (parte I)

Na Austrália, vivemos o mais incaracterístico dos 24os de Dezembro. Zarpamos para o Mar de Coral e desembarcamos num ilhéu idílico que partilhamos com gaivinas-de-bico-laranja e outras aves.
Atherton Tableland, Austrália

A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Melbourne, Austrália

Uma Austrália "Asienada"

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
Perth, Austrália

Cowboys da Oceania

O Texas até fica do outro lado do mundo mas não faltam vaqueiros no país dos coalas e dos cangurus. Rodeos do Outback recriam a versão original e 8 segundos não duram menos no Faroeste australiano.
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Red Centre, Austrália

No Coração Partido da Austrália

O Red Centre abriga alguns dos monumentos naturais incontornáveis da Austrália. Impressiona-nos pela grandiosidade dos cenários mas também a incompatibilidade renovada das suas duas civilizações.
Wycliffe Wells, Austrália

Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
À Descoberta de Tassie, Parte 4 -  Devonport a Strahan, Austrália

Pelo Oeste Selvagem da Tasmânia

Se a quase antípoda Tazzie já é um mundo australiano à parte, o que dizer então da sua inóspita região ocidental. Entre Devonport e Strahan, florestas densas, rios esquivos e um litoral rude batido por um oceano Índico quase Antárctico geram enigma e respeito.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Monte Lamjung Kailas Himal, Nepal, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
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Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
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No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
Cerimónias e Festividades
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Fia Fia – Folclore Polinésio de Alta Rotação

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e daqui ao Havai, contam-se muitas variações de danças polinésias. As noites samoanas de Fia Fia, em particular, são animadas por um dos estilos mais acelerados.
Uma espécie de portal
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A Pequena Havana dos Inconformados

Ao longo das décadas e até aos dias de hoje, milhares de cubanos cruzaram o estreito da Florida em busca da terra da liberdade e da oportunidade. Com os E.U.A. ali a meros 145 km, muitos não foram mais longe. A sua Little Havana de Miami é, hoje, o bairro mais emblemático da diáspora cubana.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Cabine lotada
Cultura
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O Delicioso Calor do Árctico

Diz-se que os finlandeses criaram os SMS para não terem que falar. O imaginário dos nórdicos frios perde-se na névoa das suas amadas saunas, verdadeiras sessões de terapia física e social.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
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Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Cruzeiro Navimag, Puerto Montt a Puerto-natales, Chile
Em Viagem
Puerto Natales-Puerto Montt, Chile

Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
Conversa entre fotocópias, Inari, Parlamento Babel da Nação Sami Lapónia, Finlândia
Étnico
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O Parlamento Babel da Nação Sami

A Nação sami integra quatro países, que ingerem nas vidas dos seus povos. No parlamento de Inari, em vários dialectos, os sami governam-se como podem.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Luz Natural (Parte 1)

E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
Luderitz, Namibia
História
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
La Digue, Seychelles, Anse d'Argent
Ilhas
La Digue, Seicheles

Monumental Granito Tropical

Praias escondidas por selva luxuriante, feitas de areia coralífera banhada por um mar turquesa-esmeralda são tudo menos raras no oceano Índico. La Digue recriou-se. Em redor do seu litoral, brotam rochedos massivos que a erosão esculpiu como uma homenagem excêntrica e sólida do tempo à Natureza.
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Inverno Branco
Lapónia, Finlândia

Em Busca da Raposa de Fogo

São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
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Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
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Natureza
Monteverde, Costa Rica

O Refúgio Ecológico que os Quakers Legaram ao Mundo

Desiludidos com a propensão militar dos E.U.A., um grupo de 44 Quakers migrou para a Costa Rica, nação que havia abolido o exército. Agricultores, criadores de gado, tornaram-se conservacionistas. Viabilizaram um dos redutos naturais mais reverenciados da América Central.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Parques Naturais
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Catedral de Santa Ana, Vegueta, Las Palmas, Gran Canária
Património Mundial UNESCO
Vegueta, Gran Canária, Canárias

Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Barco e timoneiro, Cayo Los Pájaros, Los Haitises, República Dominicana
Praias
Península de Samaná, PN Los Haitises, República Dominicana

Da Península de Samaná aos Haitises Dominicanos

No recanto nordeste da República Dominicana, onde a natureza caribenha ainda triunfa, enfrentamos um Atlântico bem mais vigoroso que o esperado nestas paragens. Lá cavalgamos em regime comunitário até à famosa cascata Limón, cruzamos a baía de Samaná e nos embrenhamos na “terra das montanhas” remota e exuberante que a encerra.
Cabo Espichel, Santuário da Senhora do Cabo, Sesimbra,
Religião
Lagoa de Albufeira ao Cabo Espichel, Sesimbra, Portugal

Romagem a um Cabo de Culto

Do cimo dos seus 134 metros de altura, o Cabo Espichel revela uma costa atlântica tão dramática como deslumbrante. Com partida na Lagoa de Albufeira a norte, litoral dourado abaixo, aventuramo-nos pelos mais de 600 anos de mistério, misticismo e veneração da sua aparecida Nossa Senhora do Cabo.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Dia da Austrália, Perth, bandeira australiana
Sociedade
Perth, Austrália

Dia da Austrália: em Honra da Fundação, de Luto Pela Invasão

26/1 é uma data controversa na Austrália. Enquanto os colonos britânicos o celebram com churrascos e muita cerveja, os aborígenes celebram o facto de não terem sido completamente dizimados.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Gandoca Manzanillo Refúgio, Baía
Vida Selvagem
Gandoca-Manzanillo (Refúgio de Vida Selvagem), Costa Rica

O Refúgio Caribenho de Gandoca-Manzanillo

No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.