Atenas, Grécia

A Cidade que Perpetua a Metrópolis


A igreja São Demetrius Loumbardiaris
Render da Guarda na Praça Sintagma
atenas-grecia-acropole-bandeira-grega
Duas Eras Gregas
Vultos do Tempo
Fuste helénico
Discussão com Vista para a Acrópole
Ventos Helénicos
O Velho Estádio Panatenaico
Socas, Saias e Pompons
O Grande Porto de Pireus
Esquina Grega
Crepúsculo Ateniense
Decorridos três milénios e meio, Atenas resiste e prospera. De cidade-estado belicista, tornou-se a capital da vasta nação helénica. Modernizada e sofisticada, preserva, num âmago rochoso, o legado da sua gloriosa Era Clássica.

À imagem de qualquer outro forasteiro que dê entrada na capital grega, sentimos a ansiedade expectável de admirarmos o seu mais icónico conjunto de monumentos.

Vedações próximas da estação de metro Akropoli impedem-nos de o contemplar.

Mesmo ofuscados pela luz intensa do quase estio mediterrânico, reparamos numa inesperada sinaléctica, reorientamo-nos e avançamos pela vertente sul da meseta que acolheu a antiga cidadela.

Embrenhamo-nos numa floresta de oliveiras, pinheiros-mansos e cedros. O trilho Dionysiou Areopagitou revela-nos segredos guardados pela folhagem e pelo tempo: a cisterna romana, a calçada de acesso ao anfiteatro Odeão de Herodes Ático, dissimulado pela vegetação.

Passado o entroncamento com a via Rovertou Galli, a Igreja Sagrada de São Demetrius Loumbardiaris, isolada numa clareira providencial.

Uma Manhã Ortodoxa-Cristã

Nessa manhã de Domingo, a vida germina como nunca na floresta da Acrópole. Sendo o Dia da semana ortodoxo do Senhor, o sacerdote do templo mal tem mãos a medir para os baptismos previstos.

Crentes, familiares e convidados entram na capela, todos eles numa elegância de marca que contrasta com o negrume asceta do padre.

Acendem velas.

Assim reforçam a luz que amarela as imagens dos santos e mártires que enfeitam as paredes de tijolinho.

Quando um novo baptismo deixa o templo à pinha, sentimo-nos em excesso. Voltamos ao exterior verdejante e fresco. E ao rumo inicial.

Uns metros a sul, subsiste a prisão de Sócrates, assim denominada por se crer que o filósofo ali foi detido antes do seu julgamento e da execução por envenenamento, de 399 b.C., acusado de rejeitar os deuses louvados por Atenas e de corromper moralmente a juventude da cidade.

Revertemos. Metemo-nos na via Theorias. Instantes depois, damos com a placa que expõe o sermão que o apóstolo Paulo deu ao Conselho e Tribunal Supremo que funcionava na mesma colina de Ares que buscávamos.

Decorriam 51 anos após o nascimento de Jesus Cristo. Paulo discursou determinado a fazer os atenienses trocarem a idolatria nos seus ídolos pela fé em Deus e no Salvador. Tempos depois, como tínhamos acabado de constatar na Igreja Sagrada de São Demetrius Loumbardiaris, o seu intuito seria cumprido.

Prova-se escorregadio o trilho que conduz ao cimo áspero de Areópago.

Enfim equilibrados e estáveis, deixamo-nos deslumbrar pelo que a colina nos revela.

Acrópole de Atenas, e a Vista para a Grécia Clássica

A leste, destacada acima de uma vaga vegetal, sobrevoada por nuvens densas mas alvas, insinuava-se a Acrópole: o templo Partenon, o santuário de Zeus, o templo de Atena e outros dos santuários e edifícios que compõem o núcleo histórico da civilização ateniense.

Uma frente de casario quase tão branco como as nuvens invadia a floresta contígua.

Deixava-nos perceber o que cercava a Acrópole em quase todas as restantes direcções: o casario moderno da Atenas contemporânea, abrigo de mais de 600.000 cidadãos, se considerada a mera municipalidade.

Para cima de três milhões, se tivermos em conta a área urbana que a envolve e que preenche a região de Ática.

Satisfeitos com a nova conquista, regressamos ao sopé da Acrópole.

Plaka e os Bairros Vizinhos e Destoantes de Atenas

Apontamos ao bairro anexo e quase-pedestre de Plaka, o mais conservado da capital grega, um pedaço pitoresco e colorido de Atenas que levanta o véu ao que qualquer visitante da Grécia encontrará nas ilhas gregas dos mares Egeu e Jónico.

Lá nos deparamos com uma primeira montra, turística até mais não, do alfabeto, da arquitectura, da gastronomia, das moussakas, fasoladas, dos outros cheiros, cores e até tons de vozes característicos da nação helénica.

Isto, ressalvando que, de Creta à Macedónia, tais características se multiplicam e diferenciam em incontáveis variantes.

Nos tempos menos polidos dos anos 70, em vez dos cafés e restaurantes, lojas de recordações e afins, o bairro de Plaka concentrava a vida nocturna de Atenas, repleta de boîtes e clubes nocturnos, suspeitos e barulhentos.

Demasiado ruidosos e repelentes para a estratégia de acolhimento que as autoridades delinearam, almejante de uma cidade agradável e harmoniosa, grandiosa à altura do património milenar que quase todos os forasteiros ansiavam contemplar.

 

Dessa feita, as autoridades levaram a melhor. Nem sempre tais triunfos são fáceis, em Atenas.

Echárchia, um Domínio Sempre Insatisfeito e de Esquerda

Do que conhecemos, com o tempo, os atenienses – sobretudo os seus jovens estudantes – tornaram-se contestatários e irascíveis. Satisfeitos com as buganvílias, as escadarias, as esplanadas e as decorações alegres de Plaka, deixamo-nos levar.

Passamos para os bairros de Monastiraki e de Echárchia.

As ruas tornam-se mais escuras, sujas e opressivas. Os murais criativos dão lugar a pinturas de luta. Não nos lembrarmos de outro lugar à face da Terra com tamanha concentração de protestos grafitados.

Desde há muito, Echárchia acolhe as almas e mentes desenquadradas e inconformadas da cidade. Preserva uma velha fama de reduto esquerdista, socialista, anti-fascista e, amiúde, anarquista. Sem surpresa, também se tornou o domínio preferido dos intelectuais e criadores de Atenas.

Durante a crise financeira de 2008-2009, quando a Grécia sucumbiu à sua gigantesca dívida, sofreu a contestação dos países do norte da Europa e se viu nos braços controladores do FMI, Echárchia e os seus moradores e filhos, mantiveram-se mais activos que nunca.

A Grécia ainda luta para contornar esses tempos. Guia-a, como sempre, a Cidade Europeia da Sabedoria e da Razão. A cidade de Sócrates, de Péricles, de Sófocles e de Platão.

E da democracia ateniense, a forma de governo que permite às gentes de Echárchia, de Monastiraki, de Akadimia e por aí fora, discordarem, debaterem e, até, com frequência – factos acima de qualquer juízo de valor – exagerarem e danificarem Atenas e o estado grego.

Ascensão às Alturas Históricas da Acrópole

Por homenagem à forma de governo respeitadora em que tivemos o privilégio de crescer, empreendemos nova ascensão. Já tínhamos admirado à Acrópole à distância. Estava na altura de a frequentarmos.

Voltamos a contornar a meseta, desta feita pelo caminho Peripatos, e pelo seu sopé norte. Subimos pelo pórtico Beulé, para o socalco entre o templo de Atena Nice e o Monumento de Agrippa.

Cruzamos a entrada monumental do Propileu. Insinuam-se as colunas dóricas e jónicas do templo supremo de Atena, mandado erguer por Péricles.

No extremo oposto da meseta, diante do Templo de Roma e de Augustus, reparamos que as riscas da t-shirt de uma visitante quase emulam as azuis e brancas da bandeira grega.

Acercamo-nos do muro que envolve a plataforma rochosa.

Dali, voltamos a louvar o casario branco-sujo sem fim de Atenas, como que perfurado pela protuberância florestada do Monte Licabeto (277m), o zénite da cidade.

E a Conquista do Monte Licabeto, o Zénite de Atenas

Viríamos de igual maneira a conquistá-lo, com a batota do funicular conveniente que parte de uma meia encosta do bairro de Dexameni.

Atenas poderá não possuir sete colinas, como Roma, a rival da Era Clássica, ou como Lisboa. Tem, no entanto, subidas e descidas que nos mantêm exercitados, desejosos de mussaka e de especialidades helénicas tão ou mais calóricas.

A vista do monte Licabeto revela-nos parte do velho estádio Panatenaico, lugar dos Jogos Olímpicos pioneiros da Era Moderna, de 1896. Desvenda-nos a face norte da Acrópole.

E, a meio da descida, a visão surreal do Partenon sobranceiro a uma comunidade de prédios retalhados em dezenas de varandas floridas, protegidas do sol por toldos brancos e cremes condizentes.

A Praça Sintagma e a Mais Famosa Coreografia da Cidade

Sem sabermos bem como, a descida deixa-nos na Praça Sintagma.

Damos entrada no âmago político e social de Atenas e, por conseguinte, da Grécia, onde, desde 1934, o Parlamento ocupa o velho, faustoso e neoclássico Palácio Real, cercado pelos jardins nacionais.

Por ali, junto ao Túmulo do Soldado Desconhecido, a Guarda Presencial leva a cabo um render da guarda único, grego e helénico até à medula dos militares que têm o privilégio de o executar.

A coreografia repete-se de hora a hora. Afortunados, pouco temos que esperar.

Militares protegidos do sol por barretes com pendentes, enfiados em coletes negro-dourados, em túnicas-saias brancas que oscilam acima de meias-altas e sapatos ocres, com pontas de pompom repetem passos de pé em riste e espingarda angulada.

Um no sentido do outro e, logo, de volta às suas guaridas.

Findo o cerimonial, numa maratona de exploração que insistíamos em ganhar, passamos pelo arco de Adriano e pelo Templo Olímpico de Zeus que Adriano dedicou ao Pai dos Deuses Gregos.

Na manhã seguinte, zarpamos do porto de Pireus para o arquipélago das Cíclades.

Cientes da urgência do regresso e de quanto Atenas ainda tinha por desvelar.

Míconos, Grécia

A Ilha Grega em Que o Mundo Celebra o Verão

Durante o século XX, Míconos chegou a ser apenas uma ilha pobre mas, por volta de 1960, ventos cicládicos de mudança transformaram-na. Primeiro, no principal abrigo gay do Mediterrâneo. Logo, na feira de vaidades apinhada, cosmopolita e boémia que encontramos quando a visitamos.
Iraklio, CretaGrécia

De Minos a Menos

Chegamos a Iraklio e, no que diz respeito a grandes cidades, a Grécia fica-se por ali. Já quanto à história e à mitologia, a capital de Creta ramifica sem fim. Minos, filho de Europa, lá teve tanto o seu palácio como o labirinto em que encerrou o minotauro. Passaram por Iraklio os árabes, os bizantinos, os venezianos e os otomanos. Os gregos que a habitam falham em lhe dar o devido valor.
Fira, Santorini, Grécia

Fira: Entre as Alturas e as Profundezas da Atlântida

Por volta de 1500 a.C. uma erupção devastadora fez afundar no Mar Egeu boa parte do vulcão-ilha Fira e levou ao colapso a civilização minóica, apontada vezes sem conta como a Atlântida. Seja qual for o passado, 3500 anos volvidos, Thira, a cidade homónima, tem tanto de real como de mítico.
Nea Kameni, Santorini, Grécia

O Cerne Vulcânico de Santorini

Tinham decorrido cerca de três milénios desde a erupção minóica que desintegrou a maior ilha-vulcão do Egeu. Os habitantes do cimo das falésias observaram terra emergir no centro da caldeira inundada. Nascia Nea Kameni, o coração fumegante de Santorini.
Chania a Elafonisi, Creta, Grécia

Ida à Praia à Moda de Creta

À descoberta do ocidente cretense, deixamos Chania, percorremos a garganta de Topolia e desfiladeiros menos marcados. Alguns quilómetros depois, chegamos a um recanto mediterrânico de aguarela e de sonho, o da ilha de Elafonisi e sua lagoa.
Chania, Creta, Grécia

Chania: pelo Poente da História de Creta

Chania foi minóica, romana, bizantina, árabe, veneziana e otomana. Chegou à actual nação helénica como a cidade mais sedutora de Creta.
Balos a Seitan Limani, Creta, Grécia

O Olimpo Balnear de Chania

Não é só Chania, a pólis secular, repleta de história mediterrânica, no extremo nordeste de Creta que deslumbra. Refrescam-na e aos seus moradores e visitantes, Balos, Stavros e Seitan, três dos mais exuberantes litorais da Grécia.

Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
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O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
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