Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas


De saída
Visitante russa de Bolshoi Zayatski deixa um dos labirintos da ilha.
No caminho da Ortodoxia
Passadiço conduz à velha igreja também de madeira de Bolshoi Zayatski.
Bi-Espiral
Visitante de Bolshoi Zayatski contorna um dos vários labirintos da ilha.
Ilha Pedregosa
Calhaus de Bolshoi Zayatski bem maiores que aqueles que formam os labirintos vavilons.
Ortodoxia a Bordo
Monja ortodoxa segue a bordo do barco Pechak que liga Solovetsky a Bolshoi Zayatski.
Cenário Outonal
Visitante da ilha percorre um trilho de madeira ao longo de uma paisagem de Outono
Lenha & outros
Parte de trás de uma casa de apoio de Bolshoi Zayatski.
Ortodoxia Outonal
Igreja ortodoxa russa num cenário do curto Outono do arquipélago Solovetsky.
Conversa a bordo
Casal de visitantes russo conversa na popa do navio Pechak, a caminho de Bolshoi Zayatski.
Ancoradouro conveniente
O barco Pechak aguarda o regresso dos visitantes de Bolshoi Zayatski.
Para lá do Litoral pedregoso
Igreja ortodoxa e edifícios de apoio acima do litoral pedregoso de Bolshoi Zayatsky.
Retorno ao convés
Monja ortodoxa deixa o interior aquecido do "Pechak" para o convés gélido.
Ortodoxia Insular
Cruzes ortodoxas no litoral da ilha Bolshoi Zayatski, arquipélago Solovetsky
Momento fotográfico
Passageiros do Pechak fotografam o litoral insular do arquipélago Solovetsky.
Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.

Despertamos na ressaca de uma noite de convívio na casa partilhada por Andrey Ignatiev e Alexey Sidnev, originários de Arkhangelsk, moradores temporários de Solovetsky, um arquipélago disperso pela Baía de Onega do Mar Branco, o mesmo mar que acolhia Bolshoi Zayatsky.

Andrey e Alexey são ambos engenheiros geólogos. Preparavam uma rede de canalização de que a ilha há muito carecia. O duo só falava russo. Fluente em inglês, Alexey Kravchenko, o cicerone de São Petersburgo que nos acompanhava e guiava, apoiava-nos como tradutor e elo relacional.

Teve a ajuda do incontornável vodka, claro está. Nem conscientes de que tínhamos que acordar às 7h30, nos ocorreu rejeitar a oferta genuína e generosa de bebida dos anfitriões. A vodka que nos serviram só podia ser de excelente qualidade.

Os gherkins de pepinos e outros vegetais, parte dos acepipes com que os russos em geral se habituaram a acompanhar e a mitigar o álcool, concederam-nos uma alvorada sem grandes dramas, o que não significa fácil, muito menos bem disposta.

Alvorada e a Navegação Rumo a Bolshoi Zayatsky

Também o novo dia amanhecia assim: cinzento como há dois dias não o víamos. Arrumamos as mochilas. Tomamos um pequeno-almoço improvisado com as mercearias que nos acompanhavam. Batemos a porta do apartamento soviético e entregamo-nos à labuta.

É com as faces apertadas pelo frio da madrugada que caminhamos em direcção ao pequeno porto local, pouco mais que um paredão reforçado que limitava uma água espelho. Quando lá chegamos, já um grupo de visitantes russos aguardava na galhofa, nas imediações do “Pechak”, um barco baptizado com o nome de um dos cabos emblemáticos do arquipélago.

Dois tripulantes que aparecem do interior dão ordem de embarque. Pouco depois, zarpamos para o Mar Branco.

Monja ortodoxa, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Monja ortodoxa segue a bordo do barco Pechak que liga Solovetsky a Bolshoi Zayatski.

O vento fraco pouco ou nada agitava a vastidão neutral que sulcávamos. Mas só a deslocação da embarcação chegava para nos enregelar os ossos e a alma de turistas ocidentais e acidentais de que os restantes passageiros se esforçavam para compreender a proveniência.

Passageiros barco Pechak, Mar Branco, ilhas Solovetsky

Passageiros do Pechak fotografam o litoral insular do arquipélago Solovetsky.

Quase uma hora após a partida, avistamos o recorte de edifícios numa das ilhas quase rasas que se sucediam. Com a aproximação do “Pechak”, percebemos que o mais alto e irregular era uma velha igreja ortodoxa de madeira instalada para lá de uma faixa litoral repleta de grandes calhaus arredondados e troncos. Logo ao lado, duas casas de tijolinho e pedra pareciam servir o templo. Estávamos em Bolshoi Zayatsky.

Igreja ortodoxa, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Igreja ortodoxa e edifícios de apoio acima do litoral pedregoso de Bolshoi Zayatsky.

O Desembarque e os Primeiros Passos

O “Pechak” atraca na extremidade de um pontão de madeira. Um jovem tripulante alto, esguio, alourado e enfiado num uniforme militar camuflado concretiza a amaragem e nova ordem de soltura.

Um a um, todos percorremos o passadiço instalado sobre uma base de pedras e que ligava o pontão à entrada da igreja. À frente, segue o único passageiro em trajes destoantes, aconchegado num oleado amarelo de corpo inteiro.

Forma-se um grupo mais composto que o do embarque. O jovem do oleado assume o seu papel de guia e dá início a uma longa dissertação em russo. De início, mantemo-nos no grupo, atentos às explicações traduzidas que Alexey Kravchenko nos transmitia.

Pouco depois, a comitiva divide-se. Nós tresmalhamo-nos também de Alexey. Ficamos entregues à nossa própria descoberta sensorial de Bolshoi Zayatsky que, apesar da adjectivação (bolshoi = grande) tem apenas 1.25 km2

Igreja Ortodoxa de Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Passadiço conduz à velha igreja também de madeira de Bolshoi Zayatski.

Uma Misteriosa Ilha Sub-Árctica

Uma vegetação multicolor forrava a ilha. Arbustos avermelhados e amarelados destacavam-se acima do verde predominante. E uma colónia desgarrada de pedras salpicavam o tapete formado por uma espécie de tojo viçoso da tundra.

Regressamos ao grupo. Tinham-se detido uma vez mais junto do guia, numa área da ilha em que a vegetação verde e rasteira formava um enredo intrincado de sulcos.

O líder volta à sua carga verbal. Nós, juntamo-nos a Alexey que, por sua vez, se mostra intrigado. De tal maneira que se limita a escutar e pouco ou nada nos transmite. “Isto é realmente muito muito bizarro!” solta por fim, atónito com o que o que o guia não conseguia explicar.

É essa a manifestação normal de quem se confronta com aqueles estranhos monumentos agora lítico-vegetais ou ouve descrições fidedignas sobre eles. Não é só a sua composição esotérica que espanta.

Também está por apurar a razão porque os labirintos se concentram numa área de apenas 400m2 do oeste de Bolshoi Zayatsky, enquanto que cerca de 850 moledos surgem sobretudo a leste. Como é, aliás, enigmática a própria dispersão de ambos os elementos megalíticos por várias ilhas do arquipélago de Solovetsky.

Em Bolshoi Zayatsky, os labirintos são catorze. No cômputo geral das ilhas Solovetsky, contam-se trinta e cinco, todos eles feitos com pedras locais. O mais pequeno tem seis metros de diâmetro. O diâmetro do maior mede vinte e cinco metros. À parte dos labirintos e dos moledos, existem ainda diversos petróglifos.

Igreja ortodoxa no Outono, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Igreja ortodoxa russa num cenário do curto Outono do arquipélago Solovetsky.

Questões que os Labirintos não Respondem: Quem? Como? Porquê

O cerne desta questão espiralada é óbvio: quem os construiu? Quando? Para quê? Em qualquer caso, as tentativas de explanação vêm de há muito e são díspares, um pouco à imagem da paragens boreais em que labirintos de pedra do mesmo tipo podem ser encontrados: Inglaterra, Islândia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Estónia e Rússia.

Na maior parte dos casos, foram criados em ilhas, penínsulas, estuários e fozes de rios, com formas uniespirais, biespirais, concêntricas e radiais. As suas formas envolventes são circulares ou ovais. Só em raros casos, quadradas.

A distribuição europeia destes labirintos remeteu vários dos cientistas intrigados pelo fenómeno para o perfil étnico dos povos nórdicos, no caso particular da Península da Kola e da zona em redor do Mar Branco, para os antecedentes do actual povo Sami que habita, hoje, o norte da Noruega, da Finlândia e o noroeste da Rússia.

Cruzes ortodoxas, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Cruzes ortodoxas no litoral da ilha Bolshoi Zayatski, arquipélago Solovetsky

Os Saivos e Outras Teorias Para todos os Gostos

Em 1920, o cientista russo N. Vinogradov teorizou que os labirintos eram Saivo, montanhas sagradas em que as almas dos falecidos deambulavam. No entretanto, a definição de Saivo recebeu sérios complementos. A Encyclopedia Britannica define-os como “uma das regiões Sami dos mortos, em que os saivoolmak (falecidos) viviam vidas felizes no mundo saivo sobrenatural com as suas famílias e ancestrais.

Os Sami acreditavam que os saivoolmak construíam tendas, caçavam, pescavam e viviam tal e qual tinham vivido à face da Terra. Os saivo eram considerados sagrados e fontes de poder que podiam ser usados pelos xamanes. Quando os xamanes desejavam entrar em transe, convocavam os espíritos guardiões dos saivo.”

Interpretou-se, assim, que os labirintos funcionavam com uma espécie de fronteira entre o mundo dos vivos e dos espíritos e que eram usados em rituais levados a cabo para ajudar as almas a passar de um mundo para o outro.

Labirinto de pedras e arbustos, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Visitante russa de Bolshoi Zayatski deixa um dos labirintos da ilha.

A Caminhada Labírintica de Vlad Abramov

Estivemos sobretudo entretidos em achar as melhores perspectivas e a documentá-los. Mas, foram já várias as pessoas que se deram ao trabalho de seguir os seus trilhos místicos. Vlad Abramov, um investigador dedicado aos labirintos de Bolshoi Zayatsky, experimentou percorrê-los.

Descreveu assim o que sentiu. “Depois de entrar num labirinto e andar repetidamente em volta do centro, deixa-se o centro pela mesma entrada. Depois de várias voltas, torna-se pouco claro quanto é que já se andou e quanto falta caminhar. Em termos subjectivos, o tempo pára mas, num relógio, o grande labirinto percorre-se em quinze minutos.

É difícil ser distraído; o trilho é estreito. Requer que se olhe para os pés. O trilho gira tanto no sentidos dos ponteiros do relógio como ao contrário. Por fim, aparece a saída e fica-se contente por a jornada ter terminado.”

Labirinto milenar, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Visitante de Bolshoi Zayatski contorna um dos vários labirintos da ilha.

O guia do peculiar oleado amarelo prosseguia as suas explicações em russo. Estas, exigiam de tal forma a concentração de Alexey, que continuávamos sem a sua transmissão do conhecimento. Para nós, como para todos os mortais, o mistério prolongava-se. A teoria dos saivo é uma. Contradita por várias outras gradualmente mais terrenas.

Calendários? Armadilhas Para Peixes ?

Alguns estudiosos defendem que os labirintos foram construídos por pescadores durante dias de tempestade, de maneira a encurralarem maus espíritos, ou uma espécie de duendes mitológicos que traziam má sorte. Neste contexto, os pescadores caminhavam até ao centro dos labirintos e atraíam os espíritos até os despistarem no mar.

O matemático ex-soviético, agora russo Yuri Yershov, chegou a uma terceira explicação, mista: que os labirintos serviam como espécie de espelhos esquemáticos da órbita da lua e da órbita aparente do sol, usados como úteis calendários.

Segundo outra postulação, de 1970, da autoria da historiadora e antropóloga Nina Nikolaevna Gurina (1909-1990), em vez de servirem para afugentarem os maus espíritos para o mar, os labirintos de Bolshoi Zayatsky não passavam de armadilhas para os peixes.

Lenha em casa de apoio, ilha Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

Parte de trás de uma casa de apoio de Bolshoi Zayatski.

Seria essa a razão porque quase todos eles foram erguidos junto ao mar, em zonas que, entre há três a cinco milénios atrás, eram abrangidas pelo avanço e recuo das marés. De acordo com Gurina N.N., os peixes nadavam pela entrada e ficavam aprisionados nos labirintos o que facilitava a sua captura pelos nativos.

Um Mistério Para Durar

Seja qual for a sua verdadeira razão de ser, milénios depois, os labirintos de Bolshoi Zayatsky, das ilhas Solovetsky e do norte pré-Árctico da Europa em geral continuam a seduzir viajantes e cientistas ávidos por resolverem o enigma.

Vários, publicam obras e mantêm blogues dedicados ao tema, alguns repletos de esquemas gráficos e análises e fórmulas geométricas. Em qualquer dos casos, estas obras e blogues são fontes de conhecimento tão herméticas como os dédalos que abordam. E geram acesos debates.

Invertemos a direcção sobre o passadiço e voltamos às imediações da igreja. O templo antigo, foi ali erguido também como forma de afirmação cristã face às crendices pagãs que os povos ancestrais tinham disseminado em Bolshoi Zayatsky e  pela região.

Foi de tal forma castigado pelo clima rigoroso destas partes da Rússia que se encontra frágil. Mesmo assim, o guia abre-nos a porta para que todos, religiosamente todos, pudéssemos espreitar o interior.

Barco Pechak, Bolshoi Zayatski, ilhas Solovetsky, Rússia

O barco Pechak aguarda o regresso dos visitantes de Bolshoi Zayatski.

Através de uma janela logo embaciada do templo, percebemos que a tripulação do “Pechak” já recolhia as cordas que retinham o navio. Pouco depois, zarpamos de Bolshoi Zayatsky rumo à ilha Solovetsky, também ela senhora dos seus segredos.

 

A TAP www.flytap.com voa de Lisboa para Moscovo à 2ª, 3ª, 5ª, 6ª e sábados às 23h10, chegada às 06h20. E voa de Moscovo para Lisboa à 3ª, 4ª, 6ª, sábados e domingos, às 07h15, chegada às 11h10.

Ilhas Solovetsky, Rússia

A Ilha-Mãe do Arquipélago Gulag

Acolheu um dos domínios religiosos ortodoxos mais poderosos da Rússia mas Lenine e Estaline transformaram-na num gulag. Com a queda da URSS, Solovestky recupera a paz e a sua espiritualidade.
Novgorod, Rússia

A Avó Viking da Mãe Rússia

Durante quase todo o século que passou, as autoridades da U.R.S.S. omitiram parte das origens do povo russo. Mas a história não deixa lugar para dúvidas. Muito antes da ascensão e supremacia dos czares e dos sovietes, os primeiros colonos escandinavos fundaram, em Novgorod, a sua poderosa nação.
Rostov Veliky, Rússia

Sob as Cúpulas da Alma Russa

É uma das mais antigas e importantes cidades medievais, fundada durante as origens ainda pagãs da nação dos czares. No fim do século XV, incorporada no Grande Ducado de Moscovo, tornou-se um centro imponente da religiosidade ortodoxa. Hoje, só o esplendor do kremlin moscovita suplanta o da cidadela da tranquila e pitoresca Rostov Veliky.
São Petersburgo, Rússia

Na Pista de "Crime e Castigo"

Em São Petersburgo, não resistimos a investigar a inspiração para as personagens vis do romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski: as suas próprias lástimas e as misérias de certos concidadãos.
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Suzdal, Rússia

Mil Anos de Rússia à Moda Antiga

Foi uma capital pródiga quando Moscovo não passava de um lugarejo rural. Pelo caminho, perdeu relevância política mas acumulou a maior concentração de igrejas, mosteiros e conventos do país dos czares. Hoje, sob as suas incontáveis cúpulas, Suzdal é tão ortodoxa quanto monumental.
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Bolshoi Solovetsky, Rússia

Uma Celebração do Outono Russo da Vida

Na iminência do oceano Ártico, a meio de Setembro, a folhagem boreal resplandece de dourado. Acolhidos por cicerones generosos, louvamos os novos tempos humanos da grande ilha de Solovetsky, famosa por ter recebido o primeiro dos campos prisionais soviéticos Gulag.
Moscovo, Rússia

A Fortaleza Suprema da Rússia

Foram muitos os kremlins erguidos, ao longos dos tempos, na vastidão do país dos czares. Nenhum se destaca, tão monumental como o da capital Moscovo, um centro histórico de despotismo e prepotência que, de Ivan o Terrível a Vladimir Putin, para melhor ou pior, ditou o destino da Rússia.
Kronstadt, Rússia

O Outono da Ilha-Cidade Russa de Todas as Encruzilhadas

Fundada por Pedro o Grande, tornou-se o porto e base naval que protegem São Petersburgo e o norte da grande Rússia. Em Março de 1921, rebelou-se contra os Bolcheviques que apoiara na Revolução de Outubro. Neste Outubro que atravessamos, Kronstadt volta a cobrir-se do mesmo amarelo exuberante da incerteza.
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Delta do Okavango, Nem todos os rios Chegam ao Mar, Mokoros
Safari
Delta do Okavango, Botswana

Nem Todos os Rios Chegam ao Mar

Terceiro rio mais longo do sul de África, o Okavango nasce no planalto angolano do Bié e percorre 1600km para sudeste. Perde-se no deserto do Kalahari onde irriga um pantanal deslumbrante repleto de vida selvagem.
Monte Lamjung Kailas Himal, Nepal, mal de altitude, montanha prevenir tratar, viagem
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Casario tradicional, Bergen, Noruega
Arquitectura & Design
Bergen, Noruega

O Grande Porto Hanseático da Noruega

Já povoada no início do século XI, Bergen chegou a capital, monopolizou o comércio do norte norueguês e, até 1830, manteve-se uma das maiores cidades da Escandinávia. Hoje, Oslo lidera a nação. Bergen continua a destacar-se pela sua exuberância arquitectónica, urbanística e histórica.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Aventura
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Danca dragao, Moon Festival, Chinatown-Sao Francisco-Estados Unidos da America
Cerimónias e Festividades
São Francisco, E.U.A.

Com a Cabeça na Lua

Chega a Setembro e os chineses de todo o mundo celebram as colheitas, a abundância e a união. A enorme sino-comunidade de São Francisco entrega-se de corpo e alma ao maior Festival da Lua californiano.
city hall, capital, oslo, noruega
Cidades
Oslo, Noruega

Uma Capital (sobre) Capitalizada

Um dos problemas da Noruega tem sido decidir como investir os milhares milhões de euros do seu fundo soberano recordista. Mas nem os recursos desmedidos salvam Oslo das suas incoerências sociais.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Big Freedia e bouncer, Fried Chicken Festival, New Orleans
Cultura
New Orleans, Luisiana, Estados Unidos

Big Freedia: em Modo Bounce

New Orleans é o berço do jazz e o jazz soa e ressoa nas suas ruas. Como seria de esperar, numa cidade tão criativa, lá emergem novos estilos e actos irreverentes. De visita à Big Easy, aventuramo-nos à descoberta do Bounce hip hop.
arbitro de combate, luta de galos, filipinas
Desporto
Filipinas

Quando só as Lutas de Galos Despertam as Filipinas

Banidas em grande parte do Primeiro Mundo, as lutas de galos prosperam nas Filipinas onde movem milhões de pessoas e de Pesos. Apesar dos seus eternos problemas é o sabong que mais estimula a nação.
Passageira agasalhada-ferry M:S Viking Tor, Aurlandfjord, Noruega
Em Viagem
Flam a Balestrand, Noruega

Onde as Montanhas Cedem aos Fiordes

A estação final do Flam Railway, marca o término da descida ferroviária vertiginosa das terras altas de Hallingskarvet às planas de Flam. Nesta povoação demasiado pequena para a sua fama, deixamos o comboio e navegamos pelo fiorde de Aurland abaixo rumo à prodigiosa Balestrand.
Cacau, Chocolate, Sao Tome Principe, roça Água Izé
Étnico
São Tomé e Príncipe

Roças de Cacau, Corallo e a Fábrica de Chocolate

No início do séc. XX, São Tomé e Príncipe geravam mais cacau que qualquer outro território. Graças à dedicação de alguns empreendedores, a produção subsiste e as duas ilhas sabem ao melhor chocolate.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Luderitz, Namibia
História
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores, quarto de arco-íris
Ilhas
Aldeia da Cuada, Ilha das Flores, Açores

O Éden Açoriano Traído pelo outro Lado do Mar

A Cuada foi fundada, estima-se que em 1676, junto ao limiar oeste das Flores. Já em pleno século XX, os seus moradores juntaram-se à grande debandada açoriana para as Américas. Deixaram para trás uma aldeia tão deslumbrante como a ilha e os Açores.
Oulu Finlândia, Passagem do Tempo
Inverno Branco
Oulu, Finlândia

Oulu: uma Ode ao Inverno

Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Preikestolen, Rocha do Púlpito, trono arriscado
Natureza
Preikestolen - Rocha do Púlpito, Noruega

Peregrinação ao Púlpito de Rocha da Noruega

Não faltam cenários grandiosos à Noruega dos fiordes sem fim. Em pleno fiorde de Lyse, o cimo destacado, alisado e quase quadrado de uma falésia com mais de 600 metros forma um inesperado púlpito rochoso. Subir às suas alturas, espreitar os precipícios e apreciar os panoramas em redor tem muito de revelação.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Parques Naturais
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Património Mundial UNESCO
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
ilha Martinica, Antilhas Francesas, Caraíbas Monumento Cap 110
Praias
Martinica, Antilhas Francesas

Caraíbas de Baguete debaixo do Braço

Circulamos pela Martinica tão livremente como o Euro e as bandeiras tricolores esvoaçam supremas. Mas este pedaço de França é vulcânico e luxuriante. Surge no coração insular das Américas e tem um delicioso sabor a África.
Djerba, Ilha, Tunísia, Amazigh e os seus camelos
Religião
Djerba, Tunísia

A Ilha Tunisina da Convivência

Há muito que a maior ilha do Norte de África acolhe gentes que não lhe resistiram. Ao longo dos tempos, Fenícios, Gregos, Cartagineses, Romanos, Árabes chamaram-lhe casa. Hoje, comunidades muçulmanas, cristãs e judaicas prolongam uma partilha incomum de Djerba com os seus nativos Berberes.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Sociedade
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Manada de búfalos asiáticos, Maguri Beel, Assam, Índia
Vida Selvagem
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.