Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde


Burrico
Moradores de Cachaço e outros dos muitos burricos da Brava.
Dona di Brava
Moradora anciã da Brava.
Casario & Ilhéus
Núcleo de casas no cimo de uma crista do norte da Brava.
Martins & Martins
Bravenses conversam próximo do Bar Martins & Martins.
Recanto Rugoso
Recanto dramático mas urbanizado da Brava.
Convívio
Moradores de Cachaço conversam em frente a um lar.
Lares no Verde
Casas da Brava envoltas de bananeiras, papaieiras e restante vegetação tropical.
Hiace à Vista
Carrinha Hiace percorre uma das velhas estradas calçadas da Brava.
Burrico II
Burro junto a um depósito de água virado para o oceano a norte da Brava.
Vislumbre Fajã da Água
Primeira vista da Fajã d'Água de quem vem do interior da Brava.
As Curvas da Fajã
Vista mais próxima da Fajã d'Água, com a sua marginal a separar o casario do oceano.
Pescadores da Fajã
Pescadores tentam içar um barco para o cimo da enseada, a salvo das ondas.
Enseada da Fajã da Água
Embarcações ancoradas na enseada da Fajã d'Água.
Marginal da Fajã
Casario da Fajã d'Água ao longo da marginal apertada da povoação.
Trio dos Cabritos
Jovens bravenses junto a cabras e cabritos numa casa do norte da ilha.
Duo-a-Remos
Pescadores a bordo de um barco a remos.
Pouso da Passarinha
Uma passarinha, espécie endémica de algumas ilhas de Cabo Verde, incluindo a Brava, Fogo e Santiago.
Complicações da Pesca
Pescadores da Fajã d'Água preparam-se para colocar um barco de pesca a salvo das vagas.
O Caminho para a água
Morador da Brava conduz um burro carregado de garrafões de água.
Cabritos x2
Jovem bravense segura dois dos cabritos de que cuida, numa casa aterraçada da ilha.
Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.

Cabo Verde tem os seus tempos. O da chegada do ferry “Liberdadi” da Cidade da Praia, ilha de Santiago, acumulou três horas de atraso.

“Escusam de ir já para o porto. Ficam aqui no terraço a apreciar a vista e a beber qualquer coisa. Quando virem o barco aparecer detrás do sul do Fogo, então, descem, sem pressas.”

O conselho dos donos do hotel Xaguate poupa-nos a uma espera desesperante. Não poupou ao balouçar intenso do ferry em boa parte da navegação entre São Filipe e a aldeia piscatória de Furnas.

Fruto de sucessivos percalços, desembarcamos na Brava eram quase onze e meia da noite. Sentíamo-nos cansados a condizer.

Quando descobrimos que, sem a termos pedido, tínhamos uma Hiace da pousada à espera, a inesperada boleia sossega-nos. Já instalados, aproveitamos o embalo do “Liberdadi” no fundo das mentes. Adormecemos num ápice.

Com o amanhecer, retomamos a saga Hiace. Por mais que procurássemos, não havia um único carro para alugar em toda a Brava.

O rapaz da recepção diz-nos que o seu tio Joaquim nos podia safar. Vinte minutos depois, o Sr. Joaquim aparece com uma velha van. Hiace, claro está.

Até então, tínhamos conduzido um pouco de tudo em Cabo Verde, a determinada altura, com preferência para as poderosas pick ups de que, desde a estreia quase forçada, em Santo Antão, tínhamos ficado adeptos.

Reconhecíamos a popularidade das Hiaces, em Cabo Verde. Tinham-nos poupado a diversas caminhadas demasiado longas. Não contávamos era com nos tornarmos condutores de uma, para mais, idosa, cheia de teimosias.

E de manhas.

Ao confirmarmos a falta de alternativas, conformamo-nos. Instalamo-nos, meio perdidos no habitáculo excessivo, receosos de que os travões da carripana cedessem numa das sucessivas ladeiras paredes-meias com precipícios da ilha.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Da Base de Nova Sintra, à Descoberta da Brava

Deixamos Nova Sintra, a capital, para mais tarde.

Numa primeira fase, em plena ascensão das vertentes que sucedem a Cova Rodela, vemos o casario da capital estender-se pelo declive suave do leste, submisso à imponência da montanha-vulcão do Fogo.

São brancas as casas da Brava, as de Nova Sintra e as restantes, adornadas por bananeiras, por papaieiras, agaves e vegetação afim daqueles confins da Macaronésia em que as passarinhas esvoaçam e saltitam.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

São lares feitos de paredes alvas, de telhas de barro cozido, como o de tantas aldeolas e lugarejos da antiga metrópole.

A meio do século XVI, de lá chegaram sobretudo minhotos. Acompanharam-nos madeirenses, também eles aliciados pelo Atlântico ainda mais desconhecido.

Não foram os primeiros moradores da ilha, longe disso.

No final do século XV, os descobridores e comerciantes lusos já usavam a Brava como um entreposto de escravos, complementar do principal da Ribeira Grande, actual Cidade Velha de Santiago.

A Descoberta Portuguesa da Ilha Brava

Ganhou suficientes simpatizantes para se popularizar a ideia de que Dja Braba foi achada no dia 24 de Junho de 1462, por Diogo Afonso, escudeiro de D. Fernando, filho adoptado e herdeiro do Infante D. Henrique e um dos marinheiros ao serviço do Navegador.

Quase no fim de Setembro do mesmo ano, D. Afonso V selou uma carta régia que versava “asi e pela guisa que lhe temos dada a outras sete ilhas que Diego Affomsso, seu escudeiro achou através do Cabo Verde”.

Entre elas, contavam-se as cinco ilhas mais a oeste do arquipélago cabo-verdiano: São Nicolau, São Vicente, Santo Antão, São João (Brava) e os ilhéus Branco e Raso.

Passaram mais de oitenta anos sem que a ilha de São João fosse colonizada de forma organizada. Em 1489, no entanto, já a habitavam alguns aventureiros.

O Povoamento Intensificado com a Migração Forçada da Ilha do Fogo

Um deles foi Lopo Afonso, escudeiro de D. João II. O “Principe Perfeito” doou-lhe e aos seus herdeiros toda e qualquer mina de ouro, prata, cobre ou enxofre lá existente, como recompensa pelos muitos serviços por ele prestados.

Metais preciosos foram coisa que Lopo Afonso e descendentes nunca encontraram na ilha. E abandonaram-na.

Húmida e viçosa, de forma contrastante das ilhas áridas de São Vicente e do Sal, em vez, a ilha de São João provou-se, um reduto imaculado de criação de gado.

Duas décadas mais tarde, D. João III, concedeu a sua exploração para cultivo de algodão, desde que garantissem a protecção do gado que proliferava nas montanhas e vales humedecidos, apascentado por alguns dos escravos que, no entretanto, a ilha passou a traficar.

A determinada altura, a Brava contava com mais de duas mil cabeças de vacas, cabras, ovelhas e cavalos. Por muito que pastassem, pouco ou nada afectavam o seu visual quase luxuriante, o visual que nos remete de volta para o baptismo da capital.

Em pleno século XVII, povoaram-na em catadupa habitantes da vizinha Fogo, em fuga das erupções cada vez mais regulares e ameaçadoras do vulcão massivo da ilha.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Aos Altos e Baixos, em Busca da Esquiva Fajã de Baixo

Na diminuta Brava, o grande calçadão ervado e murado bifurca. Insinuavam-se, a norte, recortes afiados da ilha, marcados contra o anil do Atlântico que o tecto de bruma seca invernal tornava nevoento.

Algures entre o contorno setentrional da Brava e o horizonte, os ilhéus Grande, de Cima, os Secos e o do Rombo salpicavam o oceano.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Casario alvo da Brava disseminado pela paisagem verdejante da illha.

A bifurcação gera em nós indecisão. O desafogo e o apelo azulado do mar acabam por nos seduzir. Seguimos pela direita, na direcção de Sorno a que a estrada nunca chega.

Ao vencermos um de tantos meandros, entre agaves aguçados, cruzamo-nos com um duo inesperado.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Um morador caminhava lado a lado com um burro carregado de bidões de água.

A nossa passagem, na Hiace de que por certo conhecia o proprietário, suscita uma surpresa que prefere dissimular. “Vão até à Fajã?” pergunta-nos. “É bonito, aquilo lá.”

Numa ilha com meros 67km2 seria difícil falharmos um dos seus recantos imperdíveis. Haveríamos de lá descer.

No entretanto, desperta-nos a atenção uma casa sobranceira, branca, de molduras e portadas azuis, também ela espalmada contra o fundo condizente de céu e de mar.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Percebemos movimento sobre o terraço que a completava. Decidimos investigar. Quando lá chegamos, um grupo de jovens bravenses conversa ao sol.

De quando em quando, aconchegam dois cabritos recém-nascidos. Tito, Daniel, Vitinho e Jim trazem erva que as cabras adultas devoram em três tempos.

Brava ilha Cabo Verde, MacaronésiaO calor refractado pelas paredes ajudava a amornar uma tagarelice com que os rapazes não contavam mas que alimentam de uma timidez curiosa.

Entendemos o quão importantes eram as cabras e os cabritos para a sua sobrevivência, como o era o burrico felpudo que nos olhava de soslaio, preso a um velho tanque de água.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Uns minutos depois, chegamos à encosta sobranceira à Ponta Cajau Grande. Após um esse apertado e escavado na vertente rochosa, temos a visão inaugural da Fajã.

Descida à Enseada Abrigada e Quente de Fajã de Baixo

Primeiro, a da enseada escarpada no seu topo.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Mais abaixo, do fundo socalcado, pejado de palmeiras e de coqueiros destacados acima do casario. Completamos os ziguezagues para a marginal que o separa do mar.

Protegida dos alísios pela configuração e profundidade da baía, a Fajã requentava. Mesmo em pleno Inverno, a espécie de estufa que lá constatamos justificava a proliferação e a saúde da vegetação tropical.

Também servia para explicar o facto de a marginal estar quase deserta.

Deviam ser quase duas da tarde. Esfomeados, sondamos os restaurantes e bares mais próximos, o Flowers of the Bay, o Bar dy Nos. E outros.

Ansiávamos por um peixe grelhado, uma cachupa, por uma refeição bravense ou caboverdiana que fosse.

Por fim, aparece alguém do interior escuro de um estabelecimento. “A esta hora? Só temos bebidas. Se tivessem ligado para cá antes de saírem de Nova Sintra, tínhamos preparado algo.

Nós só fazemos comida quando temos clientes garantidos. E vocês estão a chegar em época ainda muito baixa.” Voltamos a conformar-nos. Agradecemos e pedimos bebidas para levar.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Caminhamos marginal fora, até ao velho aeroporto da Esperadinha, inaugurado em 1992, fechado em 2004 quando se percebeu que os ventos que fustigavam aquele norte da Brava eram demasiado traiçoeiros.

Regressamos ao âmago da Fajã. Por essa hora, já anima a baía alguma actividade piscatória.

Acompanhamos um grupo de homens que lutavam contra as vagas, aflitos para depositarem sobre os seixos secos, não rolantes de basalto, um pequeno barco artesanal.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

E vemos outros a estenderem uma rede nas imediações de um veleiro por ali fundeado.

De Regresso às Terras Altas da Ilha da Brava

Com o sol prestes a sumir-se para trás das vertentes a oeste e com tanto da ilha por desbravar, regressamos ao seu cimo.

De novo por terras de Cova Joana, seguimos pela continuação da via que antes tínhamos rejeitado, rumo a Nª Srª do Monte, pelas alturas do Pico das Fontaínhas (976m) que nenhum outro ponto da ilha supera.

Passamos junto a Escovinha e a Campo Baixo. Alguns quilómetros em esforço da Hiace adicionais, damos entrada em Cachaço.

Por onde a estrada se fica.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Casas da Brava envoltas de bananeiras, papaieiras e restante vegetação tropical.

É famoso o queixo de cabra do Cachaço.

Bem mais notório que a casa em que os nativos afiançam que o poeta bravense Eugénio Tavares se refugiava para compor as mornas que Cabo Verde continua a cantarolar.

Eugénio de Paula Tavares terá escrito que “da Brava para qualquer ponto, os ventos são sempre de proa, o mar é sempre picado, as correntes sempre contrárias, o céu sempre toldado e prenhe de ameaças. Mas o regresso é a fresta, o mar é de rosas e os ventos de feição.”

Aos moradores de Cachaço, a névoa que ameaçava velar o povoado, já pouco ou nada inquietava.

Recebem-nos com uma estranheza que se converte em tagarelice desenfreada, com um grupo deles sentado em frente a uma casa, para variar, esverdeada e com um duo de camponeses bem-dispostos, que dá de beber a um burro sedento.

Brava ilha Cabo Verde, Macaronésia

Por fim, a névoa pendente apodera-se da povoação e dos montes.

Com o receio de a termos que completar às cegas, antecipamos a descida para Nova Sintra, a capital assim baptizada devido as alegadas similitudes com a vila saloia.

Fim de Tarde Animado em Nova Sintra

Em Nova Sintra, renovava-se e celebrava-se a sua habitual jovialidade.

Em pleno dia dos namorados, sob os bigodes de bronze de Eugénio de Paula Tavares, adolescentes descarados roubavam flores do jardim público. E, a umas dezenas de metros do lugar do crime, ofereciam-nas às caras-metades.

O Carnaval estava à porta. Nem o romantismo florido do dia, poupava os adolescentes aos ensaios diários para os desfiles de daí a uns dias, animados por bombos, tambores, estranhas pandeiretas rectangulares e por máscaras esculpidas de cascas de cocos.

Nova Sintra, Brava, Cabo Verde, mascaras tropicais

Já à margem desta comoção, devoramos uma cachupa, pobre mas providencial, no restaurante junto ao coreto do centro. Extasiados, rendidos à escuridão que se instalara, refugiamo-nos no bar da pousada.

Lá nos entregamos a um jogo internacional do Benfica que concentrava um público entusiasta. João Gonçalves, o “Jiji” da recepção mostra-se intrigado com a nossa integração.

Quando damos por ela, debatemos com o anfitrião as aventuras e desventuras da colonização e descolonização de Cabo Verde: “Mas, tendo em conta a ligação tão forte que ainda mantemos, achas que tinha feito sentido uma solução como a dos Açores e da Madeira?”, questionamo-lo, desafiados pelo contexto.

Jiji não está com meias medidas. “Não, o que de mau se passou em Cabo Verde e na Guiné nunca foi comparável e foi demasiado para podermos admitir algo assim.”

O Glorioso triunfou por 1-0 sobre o Borussia de Dortmund. Nessa noite, todos bebemos ponchas. Todos celebrámos a complexa Portugalidade.

Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Casario tradicional, Bergen, Noruega
Arquitectura & Design
Bergen, Noruega

O Grande Porto Hanseático da Noruega

Já povoada no início do século XI, Bergen chegou a capital, monopolizou o comércio do norte norueguês e, até 1830, manteve-se uma das maiores cidades da Escandinávia. Hoje, Oslo lidera a nação. Bergen continua a destacar-se pela sua exuberância arquitectónica, urbanística e histórica.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Aventura
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Cerimónias e Festividades
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Fia Fia – Folclore Polinésio de Alta Rotação

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e daqui ao Havai, contam-se muitas variações de danças polinésias. As noites samoanas de Fia Fia, em particular, são animadas por um dos estilos mais acelerados.
city hall, capital, oslo, noruega
Cidades
Oslo, Noruega

Uma Capital (sobre) Capitalizada

Um dos problemas da Noruega tem sido decidir como investir os milhares milhões de euros do seu fundo soberano recordista. Mas nem os recursos desmedidos salvam Oslo das suas incoerências sociais.
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Comida do Mundo

Gastronomia Sem Fronteiras nem Preconceitos

Cada povo, suas receitas e iguarias. Em certos casos, as mesmas que deliciam nações inteiras repugnam muitas outras. Para quem viaja pelo mundo, o ingrediente mais importante é uma mente bem aberta.
Camponesa, Majuli, Assam, India
Cultura
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Eternal Spring Shrine
Em Viagem

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Nas Profundezas de Taiwan

Em 1956, taiwaneses cépticos duvidavam que os 20km iniciais da Central Cross-Island Hwy fossem possíveis. O desfiladeiro de mármore que a desafiou é, hoje, o cenário natural mais notável da Formosa.

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Étnico
Nzulezu, Gana

Uma Aldeia à Tona do Gana

Partimos da estância balnear de Busua, para o extremo ocidente da costa atlântica do Gana. Em Beyin, desviamos para norte, rumo ao lago Amansuri. Lá encontramos Nzulezu, uma das mais antigas e genuínas povoações lacustres da África Ocidental.
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A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
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Ilhas à Beira de Ilhas Plantadas

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O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
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Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Gandoca Manzanillo Refúgio, Baía
Natureza
Gandoca-Manzanillo (Refúgio de Vida Selvagem), Costa Rica

O Refúgio Caribenho de Gandoca-Manzanillo

No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Espectáculo Impressions Lijiang, Yangshuo, China, Entusiasmo Vermelho
Parques Naturais
Lijiang e Yangshuo, China

Uma China Impressionante

Um dos mais conceituados realizadores asiáticos, Zhang Yimou dedicou-se às grandes produções ao ar livre e foi o co-autor das cerimónias mediáticas dos J.O. de Pequim. Mas Yimou também é responsável por “Impressions”, uma série de encenações não menos polémicas com palco em lugares emblemáticos.
Ilha do Norte, Nova Zelândia, Maori, Tempo de surf
Património Mundial UNESCO
Ilha do Norte, Nova Zelândia

Viagem pelo Caminho da Maoridade

A Nova Zelândia é um dos países em que descendentes de colonos e nativos mais se respeitam. Ao explorarmos a sua lha do Norte, inteirámo-nos do amadurecimento interétnico desta nação tão da Commonwealth como maori e polinésia.
Personagens
Sósias, actores e figurantes

Estrelas do Faz de Conta

Protagonizam eventos ou são empresários de rua. Encarnam personagens incontornáveis, representam classes sociais ou épocas. Mesmo a milhas de Hollywood, sem eles, o Mundo seria mais aborrecido.
Vilanculos, Moçambique, Dhows percorrem um canal
Praias
Vilankulos, Moçambique

Índico vem, Índico Vai

A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
Queima de preces, Festival de Ohitaki, templo de fushimi, quioto, japao
Religião
Quioto, Japão

Uma Fé Combustível

Durante a celebração xintoísta de Ohitaki são reunidas no templo de Fushimi preces inscritas em tabuínhas pelos fiéis nipónicos. Ali, enquanto é consumida por enormes fogueiras, a sua crença renova-se.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
imperador akihito acena, imperador sem imperio, toquio, japao
Sociedade
Tóquio, Japão

O Imperador sem Império

Após a capitulação na 2ª Guerra Mundial, o Japão submeteu-se a uma constituição que encerrou um dos mais longos impérios da História. O imperador japonês é, hoje, o único monarca a reinar sem império.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Pesca, Caño Negro, Costa Rica
Vida Selvagem
Caño Negro, Costa Rica

Uma Vida à Pesca entre a Vida Selvagem

Uma das zonas húmidas mais importantes da Costa Rica e do Mundo, Caño Negro deslumbra pelo seu ecossistema exuberante. Não só. Remota, isolada por rios, pântanos e estradas sofríveis, os seus habitantes encontraram na pesca um meio embarcado de fortalecerem os laços da sua comunidade.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.