Castro Laboreiro, Portugal  

Do Castro de Laboreiro à Raia da Serra Peneda – Gerês


Correria equina
Manada de garranos galopa no Planalto acima de Castro Laboreiro, com a Galiza à vista.
E – P
Marco em granito assinala um ponto em que Portugal e Espanha se encontram.
Vislumbre de gente
O casario de Castro Laboreiro além da fraga que acolheu o velho castelo da agora vila.
Sara & Ramon
Dª Sara Domingues e Ramon, um cachorro castro-laboreiro, na Aldeia de Pontes, uma povoação Inverneira abaixo de Castro Laboreiro.
Cabras pseudo-montesas
Cabras domésticas com comportamento montesas refrescam-se num dia abafado, sobre os penhascos acima de Castro Laboreiro.
Puro canyoning
João Barroso desliza pela Ribeira da Varziela abaixo, na frente de um grupo de visitantes espanhóis.
Gente mais próxima
O casario do centro histórico de Castro Laboreiro, ao longe na sua maioria feito de granito e telha avermelhada.
Mãos de trabalho
Mãos rurais repousam sobre um cabo de enxada.
Entre montes e vales
Visitante contempla os cenários silvestres das serras da Peneda e de Laboreiro.
Castro-Laboreiro
Ramon, um cachorro da raça autóctone castro-laboreiro, à entrada de uma das casas da Aldeia de Pontes.
Confins do dia
Pôr-do-sol exuberante acima da serra da Peneda e da vila de Castro Laboreiro.
Tradição III
Sara Domingues, trajada à moda castreja na Aldeia de Pontes.
Safari no asfalto
Manada de vacas cachenas numa estrada de Castro Laboreiro faz parar o trânsito.
Gente (ainda) mais próxima
Telhados do núcleo histórico de Castro Laboreiro, uma povoação milenar do extremo norte de Portugal.
Confins do dia II
Ocaso enche de cor a silhueta da Serra da Peneda.
Nª Sª de (A) Numão
O púlpito exterior de granito da Capela da Senhora de Anumão, em que os noivos de fora pediam a mão às donzelas da terra. nbsp;
Travessias sem igual
Sara Wong atravessa a Ponte de Dorna, uma de várias pontes com origem romana ou até celta na região da Peneda-Gerês.
Fauna de pedra local
Pedra-tartaruga, uma estranha visão geológica no trilho que conduz ao castro da povoação.
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O casario de telha vermelha de Castro Laboreiro.
Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.

São oito e meia da manhã. Faz já algum tempo que o alvor estival se impinge às montanhas que cercam Castro Laboreiro e incita os castrejos a retomarem a sua labuta.

A nós, impunha-se uma distinta missão matinal: conquistar o castro sobranceiro da vila que, depois de séculos de regência visigótica, leonesa, muçulmana, portucalense e, por fim, portuguesa, resiste à ditadura do tempo, da chuva, da neve e do vento.

Pedra-tartaruga, a caminho do Castelo de Castro Laboreiro, Minho, Portugal

Pedra-tartaruga, uma estranha visão geológica no trilho que conduz ao castro da povoação.

Tomamos o trilho que parte do extremo sul da povoação. Entre rochedos, tojos, giestas, fetos e silvas que nos prendam com amoras, ascendemos à colina que o acolheu o velho, desgastado castelejo. Uma escadaria cavada no granito leva-nos a atravessar uma das portas ogivais e às alturas do reduto muralhado.

Um Castelo entre as origens Portuguesas e o Minho de hoje

Lá nos damos a uma disputa aguerrida entre a visão e a imaginação. A norte, no vale de pedra e telhas abaixo, estendia-se o casario cinzento-avermelhado da Castro Laboreiro de agora.

Muralha do Castelo de Castro Laboreiro, Minho, Portugal

O casario do centro histórico de Castro Laboreiro, ao longe na sua maioria feito de granito e telha avermelhada

Nos nossos imaginários, desenrolavam-se as aventuras e desventuras do conde Hermenegildo (Mendo) Guterres e de um tal de Dux Vitiza que se rebelou contra Afonso III das Astúrias.

A mando do monarca, o mayordomo Dom Mendo aglutinou a nobreza, pôs cobro à revolta já com sete anos que sabotava a solidez do reino da Galiza e aprisionou o renegado. Como recompensa, decorria a primeira metade do século X, foi prendado com os domínios ainda repletos de encanto medieval que, a muito custo, deixamos de contemplar.

Anos depois, os muçulmanos vindos do norte de África tomaram-nos.

Só em 1141, Afonso Henriques os conseguiu reconquistar para o lado cristão, reforçou o antigo castelo de Mendo Guterres e transformou-o numa fortaleza chave da linha de defesa na da cada vez menos embrionária nação portuguesa.

A Vida Empreendedora de um Castrejo dos Nossos Tempos

Neste encanto, as nove da manhã tinham por nós passado. Regressamos ao sopé do castro e deixamo-nos fluir na história e nas estórias de Castro Laboreiro.

Encontramo-nos com o anfitrião e cicerone Paulo Azevedo junto ao restaurante “Miradouro do Castelo” que os seus pais construíram, após quinze anos de emigração prolífica noutro dos territórios anciãos do topo montanhoso da Ibéria: Andorra.

Paulo nasceu e viveu até aos oito anos nas terras mais fundas de Ribeiro de Baixo, em pleno desfiladeiro no sopé das Serras da Peneda e da Laboreiro, com a fronteira e a aldeia espanhola de Olelas à vista.

De um lado para o outro daquela raia, constrangedora só para os menos industriosos, como tantas outras, a sua família encontrou sustento: “O meu avô levou muitas vacas para Espanha. E de lá trouxe café e chocolate tão raros e valiosos por aqueles lados. Nessa altura, sair daqui era uma aventura.

Nós sonhávamos em ir nem que fosse só até Melgaço. Na 4ª classe lembrei-me de inventar uma dor para ter que ir lá ir ao médico, mas a brincadeira fugiu-me ao controle.

Quando dei por ela, o médico estava a mandar-me para Viana do Castelo. Na escola, já eram quase heróis os que iam a Melgaço. Sem saber bem como, eu era o único que tinha chegado a Viana do Castelo.”

Ponte de Dorna, Castro Laboreiro, PN Peneda-Gerês, Minho, Portugal

Sara Wong atravessa a Ponte de Dorna, uma de várias pontes com origem romana ou celta na região da Peneda-Gerês

Desde cedo que Paulo e a sua industriosa família aprenderam a estabelecer pontes. Com ele serpenteamos na estrada e, uma vez mais, no tempo. Até encontrarmos uma das muitas sobre os rios e riachos que sulcam os montes e vales da Peneda e de Laboreiro.

Pontes de Castro Laboreiro: de um Lado ao Outro do Tempo

A da Varziela surge-nos sobre a ribeira homónima, envolta de uma daquelas pequenas lagoas fluviais em que apetece de imediato mergulhar. Crê-se ter sido reformulada entre os séculos XII a XIV, a partir de uma base erguida muito antes pelos romanos, parte da rede de Vias que ligavam Bracara Augusta (Braga) a Astúrica Augusta (Astorga) e tantas outras.

A Rómulo, que nos conduzia e acompanhava desde a primeira das urbes, uma pausa para banhos parecia ali fazer tanto sentido como a origem mitológica do seu nome.

Na era há muito latina em que nos deslumbrávamos com os sucessivos cenários idílicos e cristalinos de Castro Laboreiro, a ponte de Varziela resistia tão arredondada e firme como havia sido esboçada.

À falta dos comitatenses e limitanei que antes cruzavam a região rica em ouro, um pequeno destacamento espanhol de praticantes de canyoning liderado pelo guia português João Barroso, desfilava pelo caudal imaculado em uniformes contemporâneos de neopreno e capacetes garridos. Invejamo-los por alguns instantes.

A Ponte Nova, e de Volta ao Miradouro do Castelo

Após o que retomamos a nossa bem mais enxuta jornada em busca de algumas vizinhas, a ponte Nova. E, nas imediações, a ponte da Cava da Velha, ou da Cavada Velha, erguida com surpreendente engenho anti-gravitacional sobre o rio Castro Laboreiro que, mais acima, a ribeira Varziela abastece, no século I, pelos romanos.

Apesar da solidez dos factos, também chamada pelo povo de Ponte Nova.

Interrompemos o périplo para um almoço revigorante no “Miradouro do Castelo” onde Paulo nos prenda com novas estórias e com deliciosas especialidades gastronómicas castrejas. À saída do restaurante, passamos os olhos pelo castelo e pelo fraguedo massivo que coroa a serrania em redor.

Reparamos que, das brenhas longínquas, se destacam vultos animais. Paulo diz-nos que são cabras. Vamos buscar a nossa objectiva mais poderosa e examinamos os espécimes. De facto, eram cabras.

Mas domésticas, não as montesas que abundam no Parque Nacional Peneda-Gerês. “Quando formos ao Planalto, é provável vermos das outras.”

Cabras sobre uma fraga acima de Castro Laboreiro, PN Peneda-Gerês, Portugal

Cabras domésticas com comportamento montesas refrescam-se num dia abafado, sobre os penhascos acima de Castro Laboreiro.

A Benção Apícola da Nª Sª de (A) Numão

Subimos a encosta da Serra de Laboreiro em direcção a outras enormes fragas, território de águias-reais que vemos pairar num inesperado bando de sete ou oito. Mais abaixo na estrada de terra batida, na base de uma dessas penhas, damos com uma capela de granito.

Um enxame de abelhas silvestres instalava-se de armas e bagagens numa fenda sobre a porta fechada. A capela tinha sido erguida para celebrar um milagre. Nem um milagre salvou Paulo de uma fatídica ferrada.

Ainda que os mais ateus e incrédulos clamem que eram os próprios crentes que lá colocavam as figuras, reza a lenda que, aquando da perfuração de um penedo, terá sido encontrada uma imagem de Nª Senhora, logo levada para a Igreja Matriz de Castro Laboreiro.

A Teimosia Mística da Nª Senhora de (A) Numão

Reza ainda que de lá escapava e voltava onde havia sido achada ou às imediações, mesmo após ser reconduzida à igreja-mãe. Tal terá sido a persistência dessa Nª Senhora que mereceu o seu próprio santuário de Nª Senhora de (A) Numão.

Permanece envolto de rochedos de granito e de um púlpito peculiar acrescentado à face de um deles. E adornado com um uma flor de água asturiana, de provável raiz celta.

Uma rosácea de seis pétalas simbolizadora de pureza e de beleza associada às janas (fadas asturianas) e à restante mitologia que, vinda do norte próximo, chegou a estas paragens.

Púlpito da capela de Nossa Senhora de Numão, Castro Laboreiro, PN Peneda-Gerês, Portugal

O púlpito exterior de granito da Capela da Senhora de Anumão, em que os noivos de fora pediam a mão às donzelas da terra.

Várias missas foram ditas na capela. Algumas em tempo gélido quando, de acordo com o livro Santuário Mariano, de 1712, da autoria de Frei Agostinho de Santa Maria “…para prova de frialdade da terra, baste que o vinho congelasse no Inverno, de modo que para a Missa é necessário aquentá-lo”.

Segundo nos descreve Paulo do imaginário popular de Castro Laboreiro, o púlpito também foi usado para selar uniões em que o noivo oriundo de outras paragens se propunha a donzelas da terra.

Nesses casos, a donzela subia ao púlpito. E de lá escutava as palavras que o noivo proferia a partir do chão.

Do Barreiro ao Planalto Raiano da Serra de Laboreiro

De Anumão regressamos a zonas povoadas da encosta de Laboreiro. Passamos pela aldeia de Barreiro. E por duas anciãs em trajes negros tradicionais que lá trabalham campos geminados separados por vedações modernas que impedem que o seu gado se tresmalhe.

Num deles, dona Maria da Conceição, de 85 anos, colhe batatas para a única de várias sacas por encher. “Boa tarde, foi a senhora que já apanhou essas todas?” metemos assim conversa. “Não, acham que sim. Com a minha idade já não dá para aquilo tudo. Foi a minha filha que tratou de boa parte delas.”

Continuamos a falar e não tardamos a pedir-lhe permissão para a fotografar, o que fazemos em alternância e com bastante persistência. “Ai que estes senhores de Lisboa são mesmo malandrecos”, queixa-se Dª Maria da Conceição, sem nunca desistir da sua paciência, simpatia e bondade.

Alzira de Fátima, a sua filha entra campo a dentro à frente de um rebanho. As ovelhas não perdem tempo. Atiram-se à rama e também às batatas.

Paulo tinha-se juntado a nós e afiançava à senhora que era lá da terra. “Ah! já estou a ver!”, diz-lhe Maria da Conceição, tu és o filho da Maria dos Prazeres, do restaurante. Casasteis com uma brasileira não foi?”  A anciã e a filha alternam esforços.

Ora interrogam Paulo para porem a coscuvilhice em dia, ora se viram para atrás e apedrejam as ovelhas que insistiam em devorar as batatas. Como se diz com lógica acrescida no campo, alguém tem que trabalhar. Não queríamos atrapalhar mais a lida das senhoras.

Visitante admira o pôr-do-sol na serrania acima de Castro Laboreiro, Gerês, Portugal

Visitante contempla os cenários silvestres das serras da Peneda e de Laboreiro

Comunicamos-lhes que íamos subir ao Planalto e despedimo-nos. “Planalto? E isso fica onde?” questiona Maria da Conceição intrigada, que nunca ouvira tratar por tal nome as terras mais planas acima da sua aldeia e de Castro Laboreiro.

O Planalto: entre as cachenas e os garranos de Castro Laboreiro

Regressamos ao jipe. Atravessamos Curral do Gonçalo que, a quase 1200 m, é a povoação mais elevada da freguesia de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro, uma das mais altas de Portugal. Conquistamos a encosta íngreme da Serra de Laboreiro.

Damos entrada num mundo inabitado e silvestre bem destacado acima da realidade que vínhamos a viver, mas há muito percorrido pelos povos que por ali se sucederam.

Detemo-nos na pequena Ponte dos Portos que se crê ter sido erguida pelos Celtas parte da rede viária que ligava estas paragens ao iminente norte da Galiza.

Algumas centenas de metros depois, o verde dá lugar a um vasto prado multicolor de tojo em flor verde-amarelo, de feto e de urze roxa.

Nas zonas de nascente, manadas de vacas cachenas e barrosãs partilham os pastos tenros com outras de garranos semi-selvagens e ariscos. Alguns de tal forma avessos a incursões humanas que, para nos evitarem, galopam, desalmados, de crinas ao vento.

Garranos galopam pelo planalto acima de Castro Laboreiro, PN Peneda-Gerês, Portugal

Manada de garranos galopa no Planalto acima de Castro Laboreiro, com a Galiza à vista.

A fauna não se fica por aí. Num outro meandro do trilho, já com a Galiza à vista, deparamo-nos com uma família de javalis também eles apressados. Após alguma discussão, concordamos que, pelo menos até se sumirem nos fetos altos, os perseguia um lobo juvenil.

Prosseguimos ao largo da raia planáltica com Espanha. Espreitamos uma das antas que dotam o prolífico campo megalítico.

Conformamo-nos com a ausência de cabras montesas.

E apreciamos o ocaso de um promontório fronteiriço com vista para a armada de hélices eólicas que agora giram sobre os cumes das Serras da Peneda e Laboreiro.

Ocaso sobre a serra da Peneda, Portugal

Ocaso enche de cor a silhueta da Serra da Peneda.

Os autores agradecem às seguintes entidades o apoio prestado à criação deste artigo:

Turismo Porto e Norte

Montes de Laboreiro

Reserve o seu passeio e actividades na Região da Peneda-Gerês no site, Facebook e App Montes de Laboreiro

Campos de Gerês -Terras de Bouro, Portugal

Pelos Campos do Gerês e as Terras de Bouro

Prosseguimos num périplo longo e ziguezagueante pelos domínios da Peneda-Gerês e de Bouro, dentro e fora do nosso único Parque Nacional. Nesta que é uma das zonas mais idolatradas do norte português.
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do "Pequeno Tibete Português" às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Montalegre, Portugal

Pelo Alto do Barroso, Cimo de Trás-os-Montes

Mudamo-nos das Terras de Bouro para as do Barroso. Com base em Montalegre, deambulamos à descoberta de Paredes do Rio, Tourém, Pitões das Júnias e o seu mosteiro, povoações deslumbrantes do cimo raiano de Portugal. Se é verdade que o Barroso já teve mais habitantes, visitantes não lhe deviam faltar.
Ilha Terceira, Açores

Ilha Terceira: Viagem por um Arquipélago dos Açores Ímpar

Foi chamada Ilha de Jesus Cristo e irradia, há muito, o culto do Divino Espírito Santo. Abriga Angra do Heroísmo, a cidade mais antiga e esplendorosa do arquipélago. São apenas dois exemplos. Os atributos que fazem da ilha Terceira ímpar não têm conta.
Ilha das Flores, Açores

Os Confins Atlânticos dos Açores e de Portugal

Onde, para oeste, até no mapa as Américas surgem remotas, a Ilha das Flores abriga o derradeiro domínio idílico-dramático açoriano e quase quatro mil florenses rendidos ao fim-do-mundo deslumbrante que os acolheu.
São Miguel, Açores

Ilha de São Miguel: Açores Deslumbrantes, Por Natureza

Uma biosfera imaculada que as entranhas da Terra moldam e amornam exibe-se, em São Miguel, em formato panorâmico. São Miguel é a maior das ilhas portuguesas. E é uma obra de arte da Natureza e do Homem no meio do Atlântico Norte plantada.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
Santa Maria, Açores

Santa Maria: Ilha Mãe dos Açores Há Só Uma

Foi a primeira do arquipélago a emergir do fundo dos mares, a primeira a ser descoberta, a primeira e única a receber Cristovão Colombo e um Concorde. Estes são alguns dos atributos que fazem de Santa Maria especial. Quando a visitamos, encontramos muitos mais.
Porto Santo, Portugal

Louvada Seja a Ilha do Porto Santo

Descoberta durante uma volta do mar tempestuosa, Porto Santo mantem-se um abrigo providencial. Inúmeros aviões que a meteorologia desvia da vizinha Madeira garantem lá o seu pouso. Como o fazem, todos os anos, milhares de veraneantes rendidos à suavidade e imensidão da praia dourada e à exuberância dos cenários vulcânicos.
Pico do Arieiro - Pico Ruivo, Madeira, Portugal

Pico Arieiro ao Pico Ruivo, Acima de um Mar de Nuvens

A jornada começa com uma aurora resplandecente aos 1818 m, bem acima do mar de nuvens que aconchega o Atlântico. Segue-se uma caminhada sinuosa e aos altos e baixos que termina sobre o ápice insular exuberante do Pico Ruivo, a 1861 metros.
Paul do Mar a Ponta do Pargo a Achadas da Cruz, Madeira, Portugal

À Descoberta da Finisterra Madeirense

Curva atrás de curva, túnel atrás de túnel, chegamos ao sul solarengo e festivo de Paul do Mar. Arrepiamo-nos com a descida ao retiro vertiginoso das Achadas da Cruz. Voltamos a ascender e deslumbramo-nos com o cabo derradeiro de Ponta do Pargo. Tudo isto, nos confins ocidentais da Madeira.
Vereda Terra Chã e Pico Branco, Porto Santo

Pico Branco, Terra Chã e Outros Caprichos da Ilha Dourada

No seu recanto nordeste, Porto Santo é outra coisa. De costas voltadas para o sul e para a sua grande praia, desvendamos um litoral montanhoso, escarpado e até arborizado, pejado de ilhéus que salpicam um Atlântico ainda mais azul.
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Corvo, Açores

O Abrigo Atlântico Inverosímil da Ilha do Corvo

17 km2 de vulcão afundado numa caldeira verdejante. Uma povoação solitária assente numa fajã. Quatrocentas e trinta almas aconchegadas pela pequenez da sua terra e pelo vislumbre da vizinha Flores. Bem-vindo à mais destemida das ilhas açorianas.
São Jorge, Açores

De Fajã em Fajã

Abundam, nos Açores, faixas de terra habitável no sopé de grandes falésias. Nenhuma outra ilha tem tantas fajãs como as mais de 70 da esguia e elevada São Jorge. Foi nelas que os jorgenses se instalaram. Nelas assentam as suas atarefadas vidas atlânticas.
Funchal, Madeira

Portal para um Portugal Quase Tropical

A Madeira está situada a menos de 1000km a norte do Trópico de Câncer. E a exuberância luxuriante que lhe granjeou o cognome de ilha jardim do Atlântico desponta em cada recanto da sua íngreme capital.
Ponta de São Lourenço, Madeira, Portugal

A Ponta Leste, algo Extraterrestre da Madeira

Inóspita, de tons ocres e de terra crua, a Ponta de São Lourenço surge, com frequência, como a primeira vista da Madeira. Quando a percorremos, deslumbramo-nos, sobretudo, com o que a mais tropical das ilhas portuguesas não é.
Vale das Furnas, São Miguel

O Calor Açoriano do Vale das Furnas

Surpreendemo-nos, na maior ilha dos Açores, com uma caldeira retalhada por minifúndios agrícolas, massiva e profunda ao ponto de abrigar dois vulcões, uma enorme lagoa e quase dois mil micaelenses. Poucos lugares do arquipélago são, ao mesmo tempo, tão grandiosos e acolhedores como o verdejante e fumegante Vale das Furnas.
Ilhéu de Cima, Porto Santo, Portugal

A Primeira Luz de Quem Navega de Cima

Integra o grupo dos seis ilhéus em redor da Ilha de Porto Santo mas está longe de ser apenas mais um. Mesmo sendo o ponto limiar oriental do arquipélago da Madeira, é o ilhéu mais próximo dos portosantenses. À noite, também faz do fanal que confirma às embarcações vindas da Europa o bom rumo.
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Thorong Pedi a High Camp, circuito Annapurna, Nepal, caminhante solitário
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Arquitectura & Design
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Aventura
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Sombra de sucesso
Cerimónias e Festividades
Champotón, México

Rodeo Debaixo de Sombreros

Champoton, em Campeche, acolhe uma feira honra da Virgén de La Concepción. O rodeo mexicano sob sombreros local revela a elegância e perícia dos vaqueiros da região.
Kolmanskop, Deserto do Namibe, Namíbia
Cidades
Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Cansaço em tons de verde
Cultura
Suzdal, Rússia

Em Suzdal, é de Pequenino que se Celebra o Pepino

Com o Verão e o tempo quente, a cidade russa de Suzdal descontrai da sua ortodoxia religiosa milenar. A velha cidade também é famosa por ter os melhores pepinos da nação. Quando Julho chega, faz dos recém-colhidos um verdadeiro festival.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Desporto
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A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
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Morondava, Avenida dos Baobás, Madagáscar

O Caminho Malgaxe para o Deslumbre

Saída do nada, uma colónia de embondeiros com 30 metros de altura e 800 anos ladeia uma secção da estrada argilosa e ocre paralela ao Canal de Moçambique e ao litoral piscatório de Morondava. Os nativos consideram estas árvores colossais as mães da sua floresta. Os viajantes veneram-nas como uma espécie de corredor iniciático.
Remadores Intha num canal do Lago Inlé
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A Deslumbrante Birmânia Lacustre

Com uma área de 116km2, o Lago Inle é o segundo maior lago do Myanmar. É muito mais que isso. A diversidade étnica da sua população, a profusão de templos budistas e o exotismo da vida local, tornam-no um reduto incontornável do Sudeste Asiático.
arco-íris no Grand Canyon, um exemplo de luz fotográfica prodigiosa
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E Fez-se Luz na Terra. Saiba usá-la.

O tema da luz na fotografia é inesgotável. Neste artigo, transmitimos-lhe algumas noções basilares sobre o seu comportamento, para começar, apenas e só face à geolocalização, a altura do dia e do ano.
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A Capital Vigente de uma Terra de Boa Gente

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Oulu, Finlândia

Oulu: uma Ode ao Inverno

Situada no cimo nordeste do Golfo de Bótnia, Oulu é uma das cidades mais antigas da Finlândia e a sua capital setentrional. A meros 220km do Círculo Polar Árctico, até nos meses mais frígidos concede uma vida ao ar livre prodigiosa.
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Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Ilha do Principe, São Tomé e Principe
Natureza
Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe

A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
lago ala juumajarvi, parque nacional oulanka, finlandia
Parques Naturais
Kuusamo ao PN Oulanka, Finlândia

Sob o Encanto Gélido do Árctico

Estamos a 66º Norte e às portas da Lapónia. Por estes lados, a paisagem branca é de todos e de ninguém como as árvores cobertas de neve, o frio atroz e a noite sem fim.
Vulcão Teide, Tenerife, Canárias, Espanha
Património Mundial UNESCO
Tenerife, Canárias

O Vulcão que Assombra o Atlântico

Com 3718m, El Teide é o tecto das Canárias e de Espanha. Não só. Se medido a partir do fundo do oceano (7500 m), só duas montanhas são mais pronunciadas. Os nativos guanches consideravam-no a morada de Guayota, o seu diabo. Quem viaja a Tenerife, sabe que o velho Teide está em todo o lado.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Cargueiro Cabo Santa Maria, Ilha da Boa Vista, Cabo Verde, Sal, a Evocar o Sara
Praias
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Religião
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
San Cristobal de Las Casas, Chiapas, Zapatismo, México, Catedral San Nicolau
Sociedade
San Cristóbal de Las Casas, México

O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Ponte de Ross, Tasmânia, Austrália
Vida Selvagem
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.