Forte Christianvaern entre árvores portentosas e o oceano Atlântico.
Munição
Balas de canhão guardas como testemunho da era de disputa colonial das Antilhas e das Caraíbas em geral.
ChristianGade
Casario de Christiansted, erguido em madeira e pintado de todos os tons pastel.
Mangueirada
Casal rega o jardim da sua casa de Christiansted.
Kirke Gade vs Church Street
A "rua da igreja" de Christiansted.
Relvado e Casario
Um relvado desafogado separa o forte Christianvaern do casario histórico de Christiansted.
Em 1733, a Dinamarca comprou a ilha de Saint Croix à França, anexou-a às suas Índias Ocidentais em que, com base em Christiansted, lucrou com o trabalho de escravos trazidos da Costa do Ouro. A abolição da escravatura tornou as colónias inviáveis. E uma pechincha histórico-tropical que os Estados Unidos preservam.
Texto: Marco C. Pereira
Imagens: Marco C. Pereira-Sara Wong
Ao darmos entrada na Waterfront de Charlotte Amalie partilhamos um inevitável espanto.
O ferry que temos pela frente e em que estamos prestes a embarcar parece saído de uma qualquer ficção científica de terceira categoria.
Denomina-se “QE IV”. A sua cabine centrada, repleta de janelas redondas de aquário, assenta em quatro flutuadores independentes, os frontais, elevados face aos posteriores, em jeito de grandes socas náuticas.
Olhamos para a embarcação e um para o outro com vontade de nos beliscarmos. Vivemos essa incredulidade quando os restantes passageiros começam a embarcar e nos trazem à realidade.
Estávamos no fim de Outubro, em plena época dos furacões das Antilhas e Caraíbas. Como se não bastasse, a Saint Croix que tínhamos como destino era a única das Ilhas Virgens Americanas isolada das restantes, 70 km para sul do Mar das Caraíbas.
A Navegação Suavizada do Excêntrico Ferry “QE IV”
Eram motivos para ficarmos de pé atrás e até de nos arrependermos. Em vez, subimos a bordo, instalamo-nos e esperamos para ver.
Contados vinte minutos, o “QE IV” deixa a enseada protegida de Charlotte Amalie e a sombra marinha da ilha de Saint Thomas. Tal como receávamos, o barco passou a enfrentar um mar cavado. De tal maneira, que, a espaços, pelas janelas de aquário, dele tínhamos uma perspectiva quase subaquática.
Onda após onda, percebemos melhor a excentricidade da embarcação. O “QE IV” subia. O “QE IV” descia. Pouco ou nada oscilava para os lados ou sofria embates das vagas. Navegava com uma elegância e suavidade que pensávamos impossível.
Muitas ondas, duas horas depois, atracamos. São cinco da tarde.
O Acolhimento Providencial da Família Shelley
Na doca da Baía de Gallows, esperam-nos os anfitriões Stewart e Sarah Shelley, um casal de origem mórmon que deixou o Utah e, mais tarde os Estados Unidos continentais, dispostos a disseminarem a sua fé e a viverem uma aventura caribenha, com tudo o que daí viesse, incluindo alguns dos piores tufões porque as Ilhas Virgens Americanas passaram.
Os Shelleys conduzem-nos à sua vivenda semi-perdida no meio de Saint Croix. Lá nos apresentam Miles e Gabe, os seus miúdos, e oferecem-nos um jantar em comunhão, em que os conhecemos e começamos a admirar a todos, pelas mais variadas razões.
Na manhã seguinte, Stewart tinha um serviço religioso matinal para conduzir. Dá-nos boleia até ao âmago histórico de Christiansted.
Às 8h30, já estamos à descoberta da capital secular de Saint Croix.
Na sua génese, Christiansted desenvolveu-se colonial, esclavagista e tenebrosa, como quase todas as Índias Ocidentais em redor.
Christiansted: a Capital Bela e Amarela de Saint Croix
Nesse dia, àquela hora, exibia-se solarenga, bela e amarela, a cor actual do Forte Christiansvaern e, por alguma obsessão de harmonia urbana, de vários outros edifícios históricos da cidade.
Quando o vimos pela primeira vez das janelas do “QE IV”, o amarelo-torrado da sua estrutura contrastava com o azul denso do Mar das Caraíbas a que quase se sobrepunha.
À segunda, encontramo-lo além do mar de relva aparada que atapeta boa parte do Christiansted National Historic Site.
Dela se projectam palmeiras e outras árvores tropicais com copas massivas, pousos de umas poucas iguanas esquivas.
Enquanto o calcorreamos percebemos que escasseavam os visitantes.
Os do forte e, dava-nos cada vez mais a sensação, os de Christiansted e até de Saint Croix em geral.
Os 70 km para sul da ilha, desviavam-na da rota dos cruzeiros que navegam as Antilhas, que vimos ancorados ao largo de Charlotte Amalie – a capital da ilha de Saint Thomas e das Ilhas Virgens Americanas – e que, por norma, percorrem o arquipélago de cima a baixo.
Hoje, a realidade destas paragens é de uma tranquilidade e peculiaridade afro-caribenha que deslumbra quem tem o privilégio de as visitar.
Só os forasteiros mais interessados no passado se inteiram de forma condigna das atrocidades por detrás dos monumentos e da civilização com que se deparam.
No caso das Ilhas Virgens Americanas, a história oculta um protagonista improvável.
A Inusitada Presença da Dinamarca nas Caraíbas-Antilhas
Das viagens de Cristóvão Colombo em diante (entre 1492 e 1504), as potências coloniais habituais das Caraíbas foram a Espanha, a Holanda, a França e a Inglaterra.
Menos conhecida é a acção do reino da Dinamarca-Noruega e, mais tarde, do da Dinamarca, tanto nestas partes das Américas como na Costa do Ouro africana.
Decorria a segunda metade do século XVII quando o reino da Dinamarca-Noruega logrou coordenar ambas as expansões.
Por essa altura, uma fatia significativa do comércio de escravos provinha da Costa do Ouro de África em que, a partir de 1452, com a fundação da fortaleza de São Jorge da Mina, os portugueses abriram caminho às futuras rivais coloniais.
O Comércio Triangulado: Dinamarca – Costa do Ouro – Índias Ocidentais Dinamarquesas
Ao mesmo tempo que se apoderavam de parte das actuais Ilhas Virgens Americanas, os dinamarqueses-noruegueses apreenderam aos holandeses o Castelo de Osu, (mais tarde Castelo de Christianborg) e o de Carlsborg, hoje, em Acra, a capital do Gana.
Entre 1680 e 1682, o primeiro ainda passou para a posse dos portugueses. Numa fase inicial, as duas fortalezas asseguraram aos dinamarqueses-noruegueses o sucesso das transacções sobretudo de ouro e marfim.
Quando a concorrência se revelou demasiada e estas comodidades escassearam, o reino escandinavo aderiu ao comércio de escravos. Em simultâneo, nas Américas, consolidou as suas próprias Índias Ocidentais.
Durante quase 250 anos – de 1672 a 1917 – os dinamarqueses encheram-nas de plantações de algodão, de café e, sobretudo, de cana-de-açúcar.
O Trabalho Forçado nas Plantações Caribenhas
A mão-de-obra, foi assegurada por outras Companhias dinamarquesas e nórdicas, dedicadas ao fornecimento de escravos, mas não só, que realizaram para cima de sessenta expedições de comércio triangular.
Estima-se que, parte dos “bens” transacionados, os dinamarqueses-noruegueses e a independentizada Dinamarca tenham transportado de África para as Caraíbas, em redor de 120.000 mil escravos.
Em grandes plantações como as de La Grange e Bethelem de Saint Croix, ilha mais plana que as restantes, devido às condições execráveis de sobrevivência e às doenças tropicais, morreram sempre mais escravos do que nasceram.
Assim aconteceu até que, em 1848, confrontados com uma revolta contra um recém-deliberado abolicionismo faseado, os colonos dinamarqueses se viram obrigados a conceder aos escravos a liberdade.
De imediato, as plantações e o comércio, até então, altamente rentáveis, tornaram-se inviáveis. Como insustentável se provou a manutenção das longínquas Índias Ocidentais Dinamarquesas.
Os dinamarqueses partiram. Os ex-escravos ficaram. À imagem do sucedido nas restantes Índias Ocidentais, os seus descendentes constituem a maioria dos habitantes de cada ilha.
Quando encerramos a deambulação pelo forte e percorremos a Kirke Gade (Church Street), depressa testemunhamos uma expressão religiosa do que é, hoje, a sua vida.
Missa em Ritmo Gospel, na Velha Igreja Luterana de Christiansted
De entre as sucessivas moradias de madeira colorida da rua, destacava-se a torre da antiga Igreja Luterana da cidade, o actual Steeple Building.
Como a víamos do exterior da arcada que antes garantia sombra aos enriquecidos proprietários, uma bandeira Stars ‘n Stripes ondulava, invertida pelo vento morno.
Fotografávamos o seu frenesim azul-vermelho quando jovens afro-acólitas trajadas de vestidos e albas brancas e faixas vermelhas se agruparam à entrada.
Cruzamos a rua. Metemos conversa.
Apuramos que estava prestes a ter início uma missa.
Na sua génese, a igreja pode ter sido dinamarquesa e luterana. A cerimónia desenrolar-se-ia ao ritmo Baptista-Pentecostal característico do sul dos Estados Unidos.
Subimos ao coro. Admiramos a veemência do pastor e os Gospels contagiantes entoados pelos fiéis que complementavam o seu, já de si, semi-cantado, sermão.
De regresso à Church Street e à Christiansted em volta, cruzamo-nos com famílias estadounidenses.
Umas com casas veraneantes em Saint Croix, outras, como os Shelleys, residentes em pleno, apostados numa existência mais simples, suave ou aventureira que a proporcionada pelos E.U.A. continentais.
Passado mais de um século, a capital de Saint Croix mantém o nome dinamarquês e o colapso caribenho da Dinamarca continua a favorecer os americanos.
O Abandono da Dinamarca e a Aquisição Oportunista dos Estados Unidos
Em 1916, o resultado de um referendo nacional ditou que 64.2% dos dinamarqueses eram a favor da venda das suas Índias Ocidentais.
Os Estados Unidos concordaram em pagar 25 milhões de dólares, em ouro. A transferência das ilhas oficializou-se em 1917. Dez anos depois, os nativos das recém-renomeadas Virgin Islands conquistaram a cidadania dos E.U.A.
Saint Croix faz parte do Território Organizado e Não-Incorporado das U.S.Virgin Islands.
Enquanto caminhamos pela boardwalk da cidade, as distintas eras de Christiansted continuam a insinuar-se.
Uma velha torre de moinho de cana-de-açúcar que resistiu à destruição dos furacões Irma e Maria, remete para os tempos dinamarqueses da escravatura.
Logo ao lado, no The Mill Boardwalk Bar e no Shupe’s Boardwalk, americanos em modo tropical, emborcam cervejas a ver futebol-americano na TV.
Aqui e ali, distraídos pelos mergulhos dos pelicanos a rasar as esplanadas dos estabelecimentos.
À descoberta das Ilhas Virgens, desembarcamos numa beira-mar tropical e sedutora salpicada de enormes rochedos graníticos. Os The Baths parecem saídos das Seicheles mas são um dos cenários marinhos mais exuberantes das Caraíbas.
No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
Com meros 13km2, Saba passa despercebida até aos mais viajados. Aos poucos, acima e abaixo das suas incontáveis encostas, desvendamos esta Pequena Antilha luxuriante, confim tropical, tecto montanhoso e vulcânico da mais rasa nação europeia.
Os porto-riquenhos irrequietos e inventivos fizeram de San Juan a capital mundial do reggaeton. Ao ritmo preferido da nação, encheram a sua “Cidade Muralhada” de outras artes, de cor e de vida.
San Juan é a segunda cidade colonial mais antiga das Américas, a seguir à vizinha dominicana de Santo Domingo. Entreposto pioneiro da rota que levava o ouro e a prata do Novo Mundo para Espanha, foi atacada vezes sem conta. As suas fortificações incríveis ainda protegem uma das capitais mais vivas e prodigiosas das Caraíbas.
Destacados acima de um litoral exuberante, os picos irmãos Pitons são a imagem de marca de Saint Lucia. Tornaram-se de tal maneira emblemáticos que têm lugar reservado nas notas mais altas de East Caribbean Dollars. Logo ao lado, os moradores da ex-capital Soufrière sabem o quão preciosa é a sua vista.
Santo Domingo é a colónia há mais tempo habitada do Novo Mundo. Fundada, em 1498, por Bartolomeu Colombo, a capital da República Dominicana preserva intacto um verdadeiro tesouro de resiliência histórica.
Circulamos pela Martinica tão livremente como o Euro e as bandeiras tricolores esvoaçam supremas. Mas este pedaço de França é vulcânico e luxuriante. Surge no coração insular das Américas e tem um delicioso sabor a África.
Em 1900, a capital económica das Antilhas era invejada pela sua sofisticação parisiense, até que o vulcão Pelée a carbonizou e soterrou. Passado mais de um século, Saint-Pierre ainda se regenera.
Na capital da Martinica confirma-se uma fascinante extensão caribenha do território francês. Ali, as relações entre os colonos e os nativos descendentes de escravos ainda suscitam pequenas revoluções.
Guadalupe tem a forma de uma mariposa. Basta uma volta por esta Antilha para perceber porque a população se rege pelo mote Pas Ni Problem e levanta o mínimo de ondas, apesar das muitas contrariedades.
Abundam, nas Antilhas, os vulcões denominados Soufrière. O de Montserrat, voltou a despertar, em 1995, e mantém-se um dos mais activos. À descoberta da ilha, reentramos na área de exclusão e exploramos as áreas ainda intocadas pelas erupções.
Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.
Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Chegamos à (i) eminência da Galiza, a 1000m de altitude e até mais. Castro Laboreiro e as aldeias em redor impõem-se à monumentalidade granítica das serras e do Planalto da Peneda e de Laboreiro. Como o fazem as suas gentes resilientes que, entregues ora a Brandas ora a Inverneiras, ainda chamam casa a estas paragens deslumbrantes.
Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.
Até à chegada dos conquistadores espanhóis, Izamal era um polo de adoração do deus Maia supremo Itzamná e Kinich Kakmó, o do sol. Aos poucos, os invasores arrasaram as várias pirâmides dos nativos. No seu lugar, ergueram um grande convento franciscano e um prolífico casario colonial, com o mesmo tom solar em que a cidade hoje católica resplandece.
Reza a história que, em tempos, uma praga devastou a população da Cape Coast do actual Gana. Só as preces dos sobreviventes e a limpeza do mal levada a cabo pelos deuses terão posto cobro ao flagelo. Desde então, os nativos retribuem a bênção das 77 divindades da região tradicional Oguaa com o frenético festival Fetu Afahye.
Quando nada o faz prever, uma vasta ravina fluvial esventra o extremo meridional da Namíbia. Com 160km de comprimento, 27km de largura e, a espaços, 550 metros de profundidade, o Fish River Canyon é o Grand Canyon de África. E um dos maiores desfiladeiros à face da Terra.
Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Já povoada no início do século XI, Bergen chegou a capital, monopolizou o comércio do norte norueguês e, até 1830, manteve-se uma das maiores cidades da Escandinávia. Hoje, Oslo lidera a nação. Bergen continua a destacar-se pela sua exuberância arquitectónica, urbanística e histórica.
Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.
Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
A imensidão de colinas de calcário afiadas em redor é de tal forma majestosa que as autoridades de Pequim a imprimem no verso das notas de 20 yuans. Quem a explora, passa quase sempre por Guilin. E mesmo se esta cidade da província de Guangxi destoa da natureza exuberante em redor, também lhe achámos os seus encantos.
São mais de 5 milhões as caixas luminosas ultra-tecnológicas espalhadas pelo país e muitas mais latas e garrafas exuberantes de bebidas apelativas. Há muito que os japoneses deixaram de lhes resistir.
Durante 2500 anos, a antropofagia fez parte do quotidiano de Fiji. Nos séculos mais recentes, a prática foi adornada por um fascinante culto capilar. Por sorte, só subsistem vestígios da última moda.
Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Trazido de Fiji para navegar nas Maldivas, o Princess Yasawa adaptou-se bem aos novos mares. Por norma, bastam um ou dois dias de itinerário, para a genuinidade e o deleite da vida a bordo virem à tona.
De Kayenta a Page, com passagem pelo Marble Canyon, exploramos o sul do Planalto do Colorado. Dramáticos e desérticos, os cenários deste domínio indígena recortado no Arizona revelam-se esplendorosos.
Durante o século XVIII, foi a cidade que mais prata produziu no mundo e uma das mais opulentas do México e da Espanha colonial. Várias das suas minas continuam activas mas a riqueza de Guanuajuato que impressiona está na excentricidade multicolor da sua história e património secular.
Quarenta anos passados sobre o fim da sua pena, a ex-prisão de Alcatraz recebe mais visitas que nunca. Alguns minutos da sua reclusão explicam porque o imaginário do The Rock arrepiava os piores criminosos.
São exclusivas dos píncaros da Terra as auroras boreais ou austrais, fenómenos de luz gerados por explosões solares. Os nativos Sami da Lapónia acreditavam tratar-se de uma raposa ardente que espalhava brilhos no céu. Sejam o que forem, nem os quase 30º abaixo de zero que se faziam sentir no extremo norte da Finlândia nos demoveram de as admirar.
Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Por um capricho geológico, Sorvagsvatn é muito mais que o maior lago das ilhas Faroé. Falésias com entre trinta a cento e quarenta metros limitam o extremo sul do seu leito. De determinadas perspectivas, dá a ideia de estar suspenso sobre o oceano.
À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Abel Janszoon Tasman explorava mais da recém-mapeada e mítica "Terra Australis" quando um equívoco azedou o contacto com nativos de uma ilha desconhecida. O episódio inaugurou a história colonial da Nova Zelândia. Hoje, tanto a costa divinal em que o episódio se sucedeu como os mares em redor evocam o navegador holandês.
Nara deixou, há muito, de ser capital e o seu templo Todai-ji foi despromovido. Mas o Grande Salão mantém-se o maior edifício antigo de madeira do Mundo. E alberga o maior buda vairocana de bronze.
Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Numa região multiétnica coberta de arrozais socalcados, as mulheres de Huang Luo renderam-se a uma mesma obsessão capilar. Deixam crescer os cabelos mais longos do mundo, anos a fio, até um comprimento médio de 170 a 200 cm. Por estranho que pareça, para os manterem belos e lustrosos, usam apenas água e arrôz.
Fianarantsoa foi fundada em 1831 por Ranavalona Iª, uma rainha da etnia merina então predominante. Ranavalona Iª foi vista pelos contemporâneos europeus como isolacionista, tirana e cruel. Reputação da monarca à parte, quando lá damos entrada, a sua velha capital do sul subsiste como o centro académico, intelectual e religioso de Madagáscar.
No fundo do seu litoral sudeste, na iminência do Panamá, a nação “tica” protege um retalho de selva, de pântano e de Mar das Caraíbas. Além de um refúgio de vida selvagem providencial, Gandoca-Manzanillo revela-se um deslumbrante éden tropical.