Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna – A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake


Pista budista
Estandartes budistas dão mais cor à margem semi-gelada do Ice Lake.
Varandim de Buda
A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente "riscada" pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.
O Longo Vale Marsyangdi
Mais bandeirolas budistas ramificam na direcção do trilho para o Ice Lake, com o vale longo do Marsyangdi em vista.
Estacionamento nas alturas
Cavalo do proprietário do Ice Lake aguarda pelo regresso a casa.
Vertentes diferentes
A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente "riscada" pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.
Derradeiras arrumações
Casal prestes a deixar o Ice Lake, de regresso a Braga (Brakka) ou a Manang.
Regresso a Braga
Caminhantes no início do trilho de volta a Braga (Brakka).
Budismo iluminado
Estupa budista numa margem do Ice Lake.
Ice Lake Tea House
Letreiro sinaliza aos caminhantes a chegada reconfortante à "tea house" do Ice Lake.
Caminho de volta
Sara Wong no início do regresso a Brakka, nas profundezas do vale do rio Marsyangdi.
Lago Gelado à Vista
Indicação envelhecida do Ice Lake, um lago em boa parte do ano gelado, a 4600 metros de altitude.
Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.

Já faz parte do senso comum do circuito Annapurna.

Ficar alguns dias em Braga ou Manang era essencial para percebermos se estávamos mesmo em condições físicas. Ideal mesmo seria testá-lo num dos percursos que partem das margens do Marsyangdi para lugares bem acima nas encostas de um ou outro lado do vale.

O Ice Lake era um dos mais aconselhados. O trilho partia logo ali da frente do casario de Braga. Por mais que calculássemos o que nos custaria, não tínhamos como nos esquivarmos.

Tínhamos pedido o pequeno-almoço para as 7h30. Já despertámos vinte minutos depois disso. A tempo de vermos o sempre madrugador grupo teutónico deixar a frente do New Yak Hotel, apontados ao caminho que tomaríamos.

Despachamos o pequeno-almoço em três tempos. Voltamos ao quarto e reempacotamos  as mochilas com mais isto e mais aquilo. São quase nove quando saímos, com aquela impressão tão portuguesa de estarmos atrasados, mesmo se ninguém estabeleceu horários.

Passamos pela base do mosteiro de Braga, seguimos os contornos da povoação e entramos pelo seu casario adentro, como o tínhamos feito no dia anterior. Numa das ruelas sombrias, encontrarmos uma primeira tabuleta a indicar o destino final. Tomamos essa direcção até que o caminho nos faz deixar para trás o casario, encosta acima.

Vista a partir do trilho para o Ice Lake, acima de Braga.

A geologia caprichosa dos Annapurnas. Uma vertente “riscada” pela erosão faz de escala aos picos mais altos da cordilheira.

De Braga (Brakka), Pela Montanha Acima

Pouco depois, damos com o trilho principal que retrocedia na direcção do Mosteiro de Karma Samtem Ling e na de Ngawal, a aldeia de que tínhamos chegado a Braga.

Quanto mais o percorremos, mais panorâmica se torna a vista de Braga e da espécie de ranhura geológica que a acolhera e do vale principal do Marsyangdi. Víamo-lo serpentear desde Manang e ainda mais para montante.

Pouco ou nada recuamos. Uma indicação pintada numa rocha alerta-nos de que estava na hora de ascender a sério. Cortamos para a encosta e iniciamos um ziguezaguear inclinado por ela acima.

Duzentos metros depois, o nosso custoso avanço é travado por uma grande fila de caminhantes com mais idade que ocupava todo o estreito trilho. Passamo-los agitados por uma discussão sem fôlego de se o devíamos fazer à pressa ou aguardarmos retidos ao ritmo deles não sabíamos por quanto tempo.

Acabou por vencer a lei do que ia à frente. Ultrapassamo-los em óbvio sobreaquecimento. Recuperamos a respiração o mais que podemos e tranquilizamo-nos.  Regressamos à nossa passada normal, durante todo o resto do percurso sem mais trânsito digno de registo.

A determinada altura, o trilho ajusta-se a uma aresta sobressaída da vertente. A posição desta aresta revela um cenário mais aberto que nunca, tanto para o lado de Manang como para o oposto.

A Primeira Escala Panorâmica do Trilho

Sensíveis à sua bênção contemplativa e a de que seria lugar perfeito para um primeiro descanso mais longo, os nativos instalaram lá uma um longo estendal multicolor esvoaçante de bandeirolas budistas.

Estandartes budistas, trilho para o Ice Lake, circuito Annapurna, Nepal

Sequência de estandartes budistas marcam um ponto de contemplação do vale do rio Marsyangdi, com vista para Manang e mais além.

Sentamo-nos em rochas mais lisas, devoramos as primeiras barritas energéticas e ficamos a louvar o privilégio algo esotérico de podermos apreciar tais paisagens. De Braga, que ficava logo abaixo, já só vislumbrávamos uma ponta mais próxima do Marsyangdi.

Em jeito de compensação, todo o vale para leste surgia exposto. O casario mais moderno de Manang sobre a sua excêntrica meseta aluvial, o lago Gangapurna um pouco abaixo num contacto íntimo com o Marsyangdi.

No dia seguinte, haveríamos de caminhar paralelos ao rio, até nos instalarmos em Manang. Mas, para diante, tal como o víamos, o vale do rio bifurcava. Queríamos perceber ao certo qual dos desfiladeiros seguintes a Manang nos levaria ao ansiado Thorong La Pass.

A olho nu, ainda era demasiado complicado percebê-lo. Como tal, suspendemos o estudo do vale. Já com as coxas arrefecidas, tiramos umas derradeiras fotos e regressamos à subida.

Vale do rio Marsyangdi, circuito Annapurna,

Mais bandeirolas budistas ramificam na direcção do trilho para o Ice Lake, com o vale profundo do Marsyangdi em vista.

Nova Paragem. Os Sintomas Bem Audíveis do Mal da Montanha

Um quarto de hora depois, voltamos a deter-nos num ponto similar mais acima. Com vista para o vale, mas também para o miradouro das bandeiras budistas anteriores. Nesse preciso momento, a fila de caminhantes que tínhamos ultrapassado chega ao ponto de descanso.

O vento sopra na nossa direcção. Ouvimos dois ou três deles tossirem desalmadamente. Sabíamos que era um péssimo prenúncio e sentíamo-nos seguros por não nos ter ainda acontecido o mesmo. Auguramos que os seus guias não permitiriam que aqueles seus três clientes prosseguissem.

O sucedido extravasou ou que esperávamos que acontecesse. Os guias até eram dois e, segundo nos parecia, um deles poderia descer com o trio com sintomas de mal da montanha. O outro, assim pensávamos, tinha condições para prosseguir com o resto do grupo. Ainda hoje continuamos sem perceber porquê. Em vez, desceram os dois guias e os dez ou doze caminhantes por eles guiados.

Nós, continuávamos sem nenhum contratempo. Encosta acima.

Às tantas, somos prendados com a visão súbita do cume nevado  e supremo da Annapurna, recortado por uma aresta acima do nosso plano.

Um bando de veados selvagens que pastava sobre essa aresta servia-nos de escala para a montanha avassaladora que ali se insinuava. Entusiasmamo-nos de tal maneira a majestosidade do seu cume que quase nos esquecemos do que as pernas sofriam.

Retomamos os passos. Os meus, mais de rebenta e recupera, os da Sara, quase sempre uniformes e bem medidos.

Ice Lake Restaurant na subida para o Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Letreiro sinaliza aos caminhantes a chegada reconfortante à “tea house” do Ice Lake.

A Visão Reconfortante da Tea House do Ice Lake

Vencemos mais umas centenas de metros. A meio de nova rampa, o trilho revela-nos uma casa. Por fim, tínhamos chegado ao “Ice Lake Restaurant, Tea & Coffee Shop”, assim indicava uma placa branca e azul colocada a um canto, junto ao telhado de zinco.

Oposta ao cavalo que o proprietário montava todos os dias para de descolar entre o seu lar no já distante vale e o estabelecimento em que ganhava a vida.

Sopra um vento gélido pelo que nos sentamos no interior. O dono dá-nos as boas-vindas e instala-nos. Pedimos chás de gengibre, limão e mel acompanhados de chapatas com queijo de iaque.

Saboreamo-los com o prazer redobrado do esforço e metemos conversa com o nativo que, tem que fazer na cozinha e não está para aí virado.

Por muito que nos apetecesse arrastar a recompensa, não nos retivemos mais que vinte minutos. Com a desistência do grande grupo mais abaixo, tínhamos a sensação que ninguém nos seguia.

A placa no exterior do edifício também anunciava que estávamos a 1h30 do Ice Lake.

Sermos os últimos a descer era sempre de evitar. De acordo, pusemo-nos uma vez mais mexer.

Cavalo do dono do Ice Lake Restaurant, a caminho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Cavalo do proprietário do Ice Lake Restaurant aguarda pelo regresso a casa.

Nós a Chegarmos, Quase todos a Iniciarem o Regresso.

Nessa hora e pouco (não chegou a 1h30) que demoraríamos até ao topo, cruzámo-nos com os restantes do dia. Todos os grupos tinham saído bem mais cedo que nós. Cada qual descia do lago à sua maneira e na forma que a saúde e forma física lhes permitia.

Sara Peréz e Edo, o casal hispano-italiano com quem já tínhamos convivido antes, desciam a grande velocidade, sem qualquer problema. Também encontrámos os alemães. Um deles estava com mal de montanha, zonzo, com dor de cabeça e dificuldade para descer. Acompanhavam-no dois deles. Outros dois tinham-se demorado mais acima.

Num esticão adicional, entramos numa secção em que o trilho se mostrava enlameado pelo descongelar diurno da neve. A lama escura, obrigou-nos a refrear os passos.

Não impediu que, mais pausa menos pausa, mais fotografia menos fotografia, chegássemos ao destino final.

Sinalização do Ice Lake, à entrada do lago, Circuito Annapurna, Nepal

Indicação envelhecida do Ice Lake, um lago em boa parte do ano gelado, a 4600 metros de altitude.

Por fim, o Gelado e Ansiado Ice Lake

Quase cinco horas após a partida de Braga, tínhamos conquistado os 4.600 do Ice Lake. Assim provava uma estupa branca e dourada, decorada com bandeirolas budistas.

Estupa junto ao Ice Lake, acima de Braga (Brakka), Nepal

Estupa budista numa margem do Ice Lake.

Bem mais que o lago em si. Tal como o nome deixava antever e, em Março, o lago pouco passava de uma superfície nevada com limites difusos. Já só lá encontramos um casal a tirar as suas derradeiras fotos, apressados para iniciarem o caminho de volta.

Percebemos então que éramos os últimos. Conscientes de que muitas das tempestades do circuito chegam, fulminantes, mais para o fim dia. Sem vontade de sermos apanhados por uma delas, sozinhos, àquela altitude, num trilho exíguo com precipícios de quilómetros de altura à direita, apreciámos os cenários em redor.

Caminhantes junto ao Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Casal prestes a deixar o Ice Lake, de regresso a Braga (Brakka) ou a Manang.

Respiramos bem fundo. Fazemos as derradeiras imagens, as nossas e as do casal, a afastar-se sobre o solo branco, ínfimo, contra o fundo avassalador das Annapurnas. Findo esse ritual do habitual, inauguramos a descida. Agraciados com a misericórdia da gravidade, aceleramos a bom acelerar.

A Descida Apressada de Volta a Braga

Temos as coxas, os gémeos e todos os músculos fortes das anteriores caminhadas e da subida o que nos permite travar em pouco tempo.

Vemos nuvens escuras aproximarem-se dos lados de Chame, apontadas aos lados de Manang e o seu tom desagrada-nos.

A vista já a tínhamos apreciado na subida.

Caminhantes no trilho do Ice Lake, Circuito Annapurna, Nepal

Caminhantes no início do trilho de volta a Braga (Brakka).

Optamos por descer em modo de quase corrida, pelo menos até que os joelhos reagem à sobrecarga e nos começam a doer. Passamos pelo casal que saíra antes de nós.

E por outro pequeno grupo. Tinham sido cinco horas a subir. Foram só duas a descer. De volta a Brakka, recebemos o merecido galardão.

Tínhamos subido e descido sem quaisquer sintomas do mal da montanha. Estávamos bem mais aclimatizados que antes para a travessia dos 5.416m do Thorong La Pass.

Celebrámos, de imediato, a reconfortarmo-nos com  chás de gengibre com mel e limão e um par de pães tibetanos.

Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas

Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Safari
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Yak Kharka a Thorong Phedi, Circuito Annapurna, Nepal, iaques
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Arquitectura & Design
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Totems, aldeia de Botko, Malekula,Vanuatu
Aventura
Malekula, Vanuatu

Canibalismo de Carne e Osso

Até ao início do século XX, os comedores de homens ainda se banqueteavam no arquipélago de Vanuatu. Na aldeia de Botko descobrimos porque os colonizadores europeus tanto receavam a ilha de Malekula.
Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Cerimónias e Festividades
Ilha da Páscoa, Chile

A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
Vilanculos, Moçambique, Dhows percorrem um canal
Cidades
Vilankulos, Moçambique

Índico vem, Índico Vai

A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Tombola, bingo de rua-Campeche, Mexico
Cultura
Campeche, México

Um Bingo tão lúdico que se joga com bonecos

Nas noites de sextas um grupo de senhoras ocupam mesas do Parque Independencia e apostam ninharias. Os prémios ínfimos saem-lhes em combinações de gatos, corações, cometas, maracas e outros ícones.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Fuga de Seljalandsfoss
Em Viagem
Islândia

Ilha de Fogo, Gelo, Cascatas e Quedas de Água

A cascata suprema da Europa precipita-se na Islândia. Mas não é a única. Nesta ilha boreal, com chuva ou neve constantes e em plena batalha entre vulcões e glaciares, despenham-se torrentes sem fim.
Tambores e tatoos
Étnico
Taiti, Polinésia Francesa

Taiti Para lá do Clichê

As vizinhas Bora Bora e Maupiti têm cenários superiores mas o Taiti é há muito conotado com paraíso e há mais vida na maior e mais populosa ilha da Polinésia Francesa, o seu milenar coração cultural.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Selfie, Muralha da china, Badaling, China
História
Badaling, China

A Invasão Chinesa da Muralha da China

Com a chegada dos dias quentes, hordas de visitantes Han apoderam-se da Muralha da China, a maior estrutura criada pelo homem. Recuam à era das dinastias imperiais e celebram o protagonismo recém-conquistado pela nação.
Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe, equador, enseada
Ilhas
Ilhéu das Rolas, São Tomé e Príncipe

Ilhéu das Rolas: São Tomé e Principe a Latitude Zero

Ponto mais austral de São Tomé e Príncipe, o Ilhéu das Rolas é luxuriante e vulcânico. A grande novidade e ponto de interesse desta extensão insular da segunda menor nação africana está na coincidência de a cruzar a Linha do Equador.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Inverno Branco
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Glaciar Mendenhall, Alasca, Juneau
Natureza
Glaciar Mendenhall, Juneau, Alasca

O Glaciar por detrás de Juneau

Os nativos Tlingit denominavam assim este que é um dos mais de 140 glaciares do campo de gelo de Juneau. Mais conhecido por Mendenhall, nos últimos três séculos, o aquecimento global fez a sua distância para a capital diminuta do Alasca aumentar mais de quatro quilómetros.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Thingvelir, Origens Democracia Islândia, Oxará
Parques Naturais
PN Thingvellir, Islândia

Nas Origens da Remota Democracia Viking

As fundações do governo popular que nos vêm à mente são as helénicas. Mas aquele que se crê ter sido o primeiro parlamento do mundo foi inaugurado em pleno século X, no interior enregelado da Islândia.
Ruínas, Port Arthur, Tasmania, Australia
Património Mundial UNESCO
À Descoberta de Tassie,  Parte 2 - Hobart a Port Arthur, Austrália

Uma Ilha Condenada ao Crime

O complexo prisional de Port Arthur sempre atemorizou os desterrados britânicos. 90 anos após o seu fecho, um crime hediondo ali cometido forçou a Tasmânia a regressar aos seus tempos mais lúgubres.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Aula de surf, Waikiki, Oahu, Havai
Praias
Waikiki, OahuHavai

A Invasão Nipónica do Havai

Décadas após o ataque a Pearl Harbor e da capitulação na 2ª Guerra Mundial, os japoneses voltaram ao Havai armados com milhões de dólares. Waikiki, o seu alvo predilecto, faz questão de se render.
Rocha Dourada de Kyaikhtiyo, Budismo, Myanmar, Birmania
Religião
Monte Kyaiktiyo, Myanmar

A Rocha Dourada e em Equilíbrio de Buda

Andamos à descoberta de Rangum quando nos inteiramos do fenómeno da Rocha Dourada. Deslumbrados pelo seu equilíbrio dourado e sagrado, juntamo-nos à peregrinação já secular dos birmaneses ao Monte Kyaiktyo.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Substituição de lâmpadas, Hidroelétrica de Itaipu watt, Brasil, Paraguai
Sociedade
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
saksun, Ilhas Faroé, Streymoy, aviso
Vida Quotidiana
Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
Tartaruga recém-nascida, PN Tortuguero, Costa Rica
Vida Selvagem
PN Tortuguero, Costa Rica

Uma Noite no Berçário de Tortuguero

O nome da região de Tortuguero tem uma óbvia e antiga razão. Há muito que as tartarugas do Atlântico e do Mar das Caraíbas se reunem nas praias de areia negro do seu estreito litoral para desovarem. Numa das noites que passamos em Tortuguero assistimos aos seus frenéticos nascimentos.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.