Ilha do Ibo a Ilha QuirimbaMoçambique

Ibo a Quirimba ao Sabor da Maré


Aventuras nauticas
Grupo de crianças diverte-se entre dhows ancorados ao lago da ilha Quirimba.
No caminho do Embondeiro
Pequenos moradores da ilha Quirimba constrante com o grande embondeiro da sua única povoação.
O caminho da beira-mar
Miúdos da ilha Quirimba caminham sobre a recém-chegada maré-cheia.
Navegação fresca
Dhow navega sobre o mar Índico recém chegado da praia-mar da ilha Quirimba.
Uma Ilha de Mangal
Mangal solitário exposto pela maré-vazia ao largo da ilha Quirimba.
Quirimba na maré cheia
Vista da única povoação da ilha Quirimba, situada no extremo norte da ilha.
Corpo e alma
Jovem morador da única povoação da ilha Quirimba, junto ao seu grande embondeiro.
Duo caminhante
Caminhantes em pleno caminho do manguezal, entre a Ilha do Ibo e a de Quirimba.
Moda Mussiro
Moradora da única povoação da ilha de Quirimba protegida do sol com uma máscara de mussiro.
Pelotão do pé descalço
Grupos de mulher dirigem-se à beira-mar da ilha de Quirimba pelo meio do mangal que a separa da ilha do Ibo .
À espera da praia-mar
Coreografia de mangues hirtos no leito despido em frente ao norte da ilha Quirimba.
Trio da pesca
Moradores da ilha Quirimba pescam num canal deixado pela maré vazante.
Pescaria à rede
Grupo de mulheres pesca à rede num riacho da maré vazia do arquipélago das Quirimbas.
A volta de barco
Guia conduz o regresso de barco da ilha Quirimba à ilha do Ibo, pelo meio do manguezal que as separa.
Velha fé de Quirimba
Ruínas da velha igreja colonial legada pelos missionários portugueses à ilha Quirimba.
Longa pescaria
Rapaz pescador da ilha Quirimba.
Mussiro total
Moradora da ilha de Quirimbo protegida do sol tropical por uma máscara de mussiro.
Uma Nativa benfiquista
Mulher da ilha do Ibo em camisola do S.L. Benfica.
Há séculos que os nativos viajam mangal adentro e afora entre a ilha do Ibo e a de Quirimba, no tempo que lhes concede a ida-e-volta avassaladora do oceano Índico. À descoberta da região, intrigados pela excentricidade do percurso, seguimos-lhe os passos anfíbios.

São 8h30. Mohammed espera-nos à porta do Miti Miwiri, entre as duas árvores em que, sem grandes pretensiosismos, se inspirou o nome quimuane do hotel.

Saudamo-nos. Abreviamos uma já de si curta conversa inaugural. Sabíamos que iríamos seguir pelo leito que o recuo do mar nos concedia e que, à sua hora, o mar regressaria sem mercê. Assim mesmo, metemo-nos a caminho, Mohammed na dianteira, nós, seus fiéis seguidores.

Avançamos para sul, ao longo do litoral da enseada mais profunda da Ilha do Ibo, pelo trilho que, adiante, passa em frente ao velho cemitério português. Não chegámos a revê-lo.

Da Terra Firme ao Leito Exposto e aos Canais do Mangue

A determinada altura, Mohammed sinaliza-nos o ponto em que descíamos da estrada de terra para o solo ora estriado ora enlameado, aqui e ali salpicado de poças, legado pela vazante. Pouco depois, entre árvores regadas pelas chuvas e pelos sucessivos ciclos da praia-mar e, logo, por um trilho inundado que serpenteava pela floresta de mangal.

“Isto que estamos a percorrer foi aberto com máquinas pelos portugueses. Daí para cá, como as pessoas o usam todos os dias, não voltou a fechar.”

Aos poucos, o riacho aumentou de largura. Passaram a ladeá-lo rebentos de mangal, projectados do solo como estalagmites vegetais que nos obrigavam a andar e a tagarelar concentrados.

Aqui e ali, o trilho entregava-nos a lagoas temporárias que nos deixavam com a água a meio da canela, entroncamentos do que se revelava, afinal, um vasto labirinto de mangue. Logo, voltava a recambiar-nos no rumo que Mohammed ia validando.

Mangal entre Ibo e ilha Quirimba-Moçambique

Grupos de mulher dirigem-se à beira-mar da ilha de Quirimba pelo meio do mangal que a separa da ilha do Ibo .

Vencido novo meandro, damos com um grupo de seis mulheres, metade delas apertadas em saias de capulanas, outra metade a carregar alguidares e uma saca à cabeça. Uma delas trajava uma velha camisola do Benfica, antiga ao ponto de ter como patrocinador, a famigerada PT.

Mulher em equipamento Benfica, Quirimbas, Moçambique

Mulher da ilha do Ibo em camisola do S.L. Benfica.

Por algum tempo, seguimos na companhia desse mulherio. Instantes depois, cruzamo-nos com outros seres do mangal, distraímo-nos e tresmalhamo-nos. Duas crianças tinham tal avanço no seu percurso que se haviam detido a apanhar camarões e crustáceos.

Pela Frente, um Areal Molhado e Sem Fim

De um momento para o outro, o trilho volta a abrir. Só que em vez de uma lagoa, revela-nos um canal desafogado. Decorava-o um barco de pesca garrido em que um tripulante solitário parecia agastado por ali se ver a seco. Contornamos o barco e saudamos o timoneiro. Umas dezenas de metros para diante, confrontamo-nos com nova vastidão de leito raiado.

Este mar de areia molhada estendia-se a perder de vista, até um vislumbre do Índico que quase só intuíamos como uma linha branca, ténue e difusa, sobreposta à do horizonte.

Pequeno Mangal, ilha Quirimba, Moçambique

Mangal solitário exposto pela maré-vazia ao largo da ilha Quirimba.

Dois ou três mangues resilientes, distantes entre si, ocupavam redutos elevados do leito e formavam ilhéus de verde de que faziam expandir raízes ávidas que agarravam todos os nutrientes que o oceano lhes deixassem.

Desembocavam nesse mar de areia caminhantes vindos de outros trilhos e que percorriam as suas próprias linhas no quase perder de vista. Na sua maioria, dirigiam-se à Quirimba que continuávamos a perseguir.

Pesca à Rede do Que Leva a Maré

Percorrido mais meio quilómetro, deparamo-nos com um rio que drenava a água que a baixa-mar deixara para trás para o oceano, já iminente.

Pesca à rede, ilha Quirimba, Moçambique

Grupo de mulheres pesca à rede num riacho da maré vazia do arquipélago das Quirimbas.

O rio parecia dar que fazer a um conjunto organizado de nativos. Quando nos aproximamos, percebemos que se tratavam das seis mulheres que tínhamos encontrado no mangal e que se haviam adiantado. Os seus baldes carregavam grandes redes. Redes que as vimos estender quase de um lado ao outro do caudal e arrastar contracorrente de maneira a capturarem os peixes apontados ao Índico.

Transpomos o rio mais acima, onde se revelava raso e um esse amplo o acalmava. Mais umas centenas de passos e retêm-nos um novo riacho marinho.

A Entrada Anfíbia em Quirimba

Cruzamo-lo com a água pela cintura. Do lado de lá, encontramo-nos por fim com Quirimba. E com a aldeola costeira solitária que ocupa o extremo-norte dos 6.2km de extensão da ilha.

Pesca à linha, ilha Quirimba, Moçambique

Moradores da ilha Quirimba pescam num canal deixado pela maré vazante.

Compõe-na uma ou duas filas de palhotas erguidas em troncos e macuti, uma cobertura feita de folhas de coqueiro achatadas. Delas se destacava um embondeiro ancião, em plena época seca, grisalho a condizer.

Entretemo-nos a apreciar a frota de dhows ancorada sobre o leito exposto ao largo. Quando damos por ela, temos um bando de crianças da aldeia a desafiarem-nos com tropelias e provocações fotográficas.

Crianças e dhows, ilha Quirimba, Moçambique

Grupo de crianças diverte-se entre dhows ancorados ao lago da ilha Quirimba.

O Passado Colonial das Quirimbas e de Quirimba

Pelas nossas contas, naquele momento, a maré já teria virado e o Índico reconquistava, centímetro a centímetro, o leito amplo que lhe pertencia. Concordámos, assim, em percorrermos a linha de costa para sul. Tanta como a hora de regressarmos a Ibo nos permitisse, mas com as ruínas de uma velha igreja como referência pré-investigada.

O que sobra da igreja de Quirimba integra o espólio do património colonial abundante que os portugueses ergueram no arquipélago.

Durante a sua viagem inicial de busca da Índia, após dobrar o fundo de África que Bartolomeu Dias havia transformado das Tormentas em Boa Esperança, Vasco da Gama passou a percorrer o lado Oriental de África.

Tinha-se detido ao largo da Ilha de Moçambique de que se diz que se viu forçado a fugir por a população ter suspeitado das intenções dos forasteiros. Ao rumar para norte, por certo com a costa à vista, Vasco da Gama fez escala no arquipélago das Quirimbas.

As ilhas já eram conhecidas como Maluane, o nome de um têxtil que os nativos produziam e que exportavam em grande quantidade para o continente. E eram habitadas e controladas por uma população árabe-suaíli, à imagem da população da Ilha de Moçambique, pouco acolhedora. Como tal, o navegador prosseguiu para as escalas seguintes de Mombaça e Melinde.

Jovem morador, ilha Quirimba, Moçambique

Jovem morador da única povoação da ilha Quirimba, junto ao seu grande embondeiro.

Em 1522, os portugueses regressaram determinados em aniquilara o domínio muçulmano. A ilha Quirimba terá sido a primeira a ser ocupada.

Como sempre acontece nas Descobertas, os religiosos apressaram-se a impor o Cristianismo e ordenaram que várias igrejas fossem erguidas. A de Quirimba foi apenas uma de muitas.

Na sua crónica “Ethiopia Oriental e Varia Historia de Cousas no Taueis do Oriente”, o Padre Fr. João dos Santos descreve o que encontrou nas Quirimbas em final de 1586, durante uma sua viagem ao Oriente em que integrou um grupo de missionários.

Segundo narra, João dos Santos navegava em recuperação de uma doença há mais de um mês. Pois, calhou restabelecer-se precisamente nas Quirimbas: “Tanto que fui são desta enfermidade, logo entendi nas cousas necessárias a Cristandade de todas estas ilhas, sujeitas à Freguesia de Quirimba nas quaes vivem muitos Christãos, Gentios & Mouros. E aí si mais fuy tirando, & prohibindo algús abuzos, & ceremónias… mui perjudiciaes a nossa sagrada ley.”

máscara de mussiro, ilha Quirimbo, Moçambique

Moradora da ilha de Quirimbo protegida do sol tropical por uma máscara de mussiro.

Entre estes “abuzos” que João dos Santos procurou combater, contavam-se a circuncisão e as celebrações do fim do Ramadão, que o escandalizaram sobremaneira:  “todos se embebedam, & andao despidos pellas ruas, pintados co almagra, & gesso, pollo corpo, & rosto & cada hu faz de si os mayores momos, que pode.”

Na viragem para o século XVII, com base estratégica na ilha do Ibo em que ergueriam o forte de São João Baptista e onde já possuíam reservatórios de água das chuvas cruciais à criação de animais e reabastecimento das naus, os portugueses eram donos e senhores da maior parte das Quirimbas. A vizinha Ibo depressa conquistou o protagonismo.

Ruínas de igreja, ilha Quirimba, Moçambique

Ruínas da velha igreja colonial legada pelos missionários portugueses à ilha Quirimba.

Quirimba Acima e Abaixo, na Volta do Índico

Na ilha Quirimba própria, à parte da povoação da ponta norte, pouco mais resta desses tempos que a igreja. Volvidos mais vinte minutos de caminhada, encontramo-la sem telhado, com uma metade da sua frente derrubada e as paredes da nave coroadas por cactos e figueiras-da-Índia tentaculares.

A volta, cumprimo-la já com o retorno do Índico à vista, a tingir de azul-esverdeado os cenários costeiros incríveis porque íamos passando: colónias de mangues bem hirtos acima da areia branca que nos pareciam seres vegetais caminhantes aparados por um qualquer Eduardo Mãos de Tesoura da região.

Mangue, ilha Quirimba, Moçambique

Coreografia de mangues hirtos no leito despido em frente ao norte da ilha Quirimba.

Mais para dentro, uma floresta de coqueiros sobranceiros com as suas copas rapadas por um dos ciclones ou tempestades tropicais que, de tempos a tempos, cruzam o Canal de Moçambique.

E árvores que na concorrência desenfreada com os mangais pelos nutrientes, tinham desenvolvido troncos e ramos fortes e ziguezagueantes e uma ramagem densa que servia de lar a garças e outras aves pouco ou nada assustadiças.

Com o regresso do Índico, começam a chegar mais dhows e barcos diminutos. Uns, velejam apontados à povoação de Quirimba, outros, a Ibo e até a paragens mais setentrionais das Quirimbas e do continente.

ilha Quirimba, Moçambique

Dhow navega sobre o mar Índico recém chegado da praia-mar da ilha Quirimba.

Durante um bom tempo da caminhada, acompanham-nos mais crianças que se divertem a desafiar a subida das águas e, como sempre acontece nestas paragens africanas, nos incitam e voltam a incitar a fotografá-los.

Regressamos à povoação. Oferecem-nos rapadura que comemos sem cerimónias, enquanto nos juntamos a uma assistência que acompanhava dois homens numa partida disputada de ntxuva com a tábua assente, quase enterrada na areia.

À medida que os dhows ali rumavam, o lugarejo ganhava vida. Mulheres em grande galhofa afluíam à beira-mar em que tínhamos chegado com baldes e alguidares que haveriam de encher de peixe.

mussiro, ilha Quirimba, Moçambique

Moradora da única povoação da ilha de Quirimba protegida do sol com uma máscara de mussiro.

Algumas, destacavam-se pelos seus mussiros, as máscaras solares naturais de Moçambique. No seu caminho, mercearias diminutas respondiam às derradeiras compras da tarde, enquanto, na avenida arenosa, outro bando de crianças se divertia a esquiar em grupo, com esquis feitos de folhas de coqueiros curvas e paus hirtos, mais altos que eles, a servirem de bastões.

Chegamos à praia do nosso desembarque, nessa altura, com o mar já a uns meros metros das casas destacadas. No meio de uma algazarra de tarefas, espreitadelas e intromissões das crianças, uma comitiva de homens carregava sobre um velho tractor Massey Fergusson, um depósito de água ali levado por um dhow.

Reconhecemos Mohammed. Com o ocaso a esboçar-se, o guia conduziu-nos ao barqueiro que nos levaria de volta a Ibo, numa navegação combinada e complicada por mar semi-aberto e pelo labirinto de manguezal da vinda.

Percorremos os meandros do mangue numa sombra desorientadora que só o conhecimento de Mohammed e a mestria do barqueiro conseguiram vencer.

Barco no mangal, Quirimbas, Moçambique

Guia conduz o regresso de barco da ilha Quirimba à ilha do Ibo, pelo meio do manguezal que as separa.

Uma vez saídos do mangal, vimos o sol desfazer-se sobre o casario da ilha do Ibo. Por conveniência de todos, desembarcamos na prainha em frente à Rua da República e ao abrigo do Miti Miwiri. A noite não tardou a devolver as Quirimbas ao seu já secular retiro.

Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Pemba, Moçambique

De Porto Amélia ao Porto de Abrigo de Moçambique

Em Julho de 2017, visitámos Pemba. Dois meses depois, deu-se o primeiro ataque a Mocímboa da Praia. Nem então nos atrevemos a imaginar que a capital tropical e solarenga de Cabo Delgado se tornaria a salvação de milhares de moçambicanos em fuga de um jihadismo aterrorizador.
Ilha de Goa, Ilha de Moçambique, Moçambique

A Ilha que Ilumina a de Moçambique

A pequena ilha de Goa sustenta um farol já secular à entrada da Baía de Mossuril. A sua torre listada sinaliza a primeira escala de um périplo de dhow deslumbrante em redor da velha Ilha de Moçambique.

Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Galle, Sri Lanka

Nem Além, Nem Aquém da Lendária Taprobana

Camões eternizou o Ceilão como um marco indelével das Descobertas onde Galle foi das primeiras fortalezas que os portugueses controlaram e cederam. Passaram-se cinco séculos e o Ceilão deu lugar ao Sri Lanka. Galle resiste e continua a seduzir exploradores dos quatro cantos da Terra.
Machangulo, Moçambique

A Península Dourada de Machangulo

A determinada altura, um braço de mar divide a longa faixa arenosa e repleta de dunas hiperbólicas que delimita a Baía de Maputo. Machangulo, assim se denomina a secção inferior, abriga um dos litorais mais grandiosos de Moçambique.
PN Gorongosa, Moçambique

O Coração da Vida Selvagem de Moçambique dá Sinais de Vida

A Gorongosa abrigava um dos mais exuberantes ecossistemas de África mas, de 1980 a 1992, sucumbiu à Guerra Civil travada entre a FRELIMO e a RENAMO. Greg Carr, o inventor milionário do Voice Mail recebeu a mensagem do embaixador moçambicano na ONU a desafiá-lo a apoiar Moçambique. Para bem do país e da humanidade, Carr comprometeu-se a ressuscitar o parque nacional deslumbrante que o governo colonial português lá criara.
Bazaruto, Moçambique

A Miragem Invertida de Moçambique

A apenas 30km da costa leste africana, um erg improvável mas imponente desponta do mar translúcido. Bazaruto abriga paisagens e gentes que há muito vivem à parte. Quem desembarca nesta ilha arenosa exuberante depressa se vê numa tempestade de espanto.
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Chandor, Goa, Índia

Uma Casa Goesa-Portuguesa, Com Certeza

Um palacete com influência arquitectónica lusa, a Casa Menezes Bragança, destaca-se do casario de Chandor, em Goa. Forma um legado de uma das famílias mais poderosas da antiga província. Tanto da sua ascensão em aliança estratégica com a administração portuguesa como do posterior nacionalismo goês.
Vilankulos, Moçambique

Índico vem, Índico Vai

A porta de entrada para o arquipélago de Bazaruto de todos os sonhos, Vilankulos tem os seus próprios encantos. A começar pela linha de costa elevada face ao leito do Canal de Moçambique que, a proveito da comunidade piscatória local, as marés ora inundam, ora descobrem.
Parque Nacional de Maputo, Moçambique

O Moçambique Selvagem entre o Rio Maputo e o Índico

A abundância de animais, sobretudo de elefantes, deu azo, em 1932, à criação de uma Reserva de Caça. Passadas as agruras da Guerra Civil Moçambicana, o PN de Maputo protege ecossistemas prodigiosos em que a fauna prolifera. Com destaque para os paquidermes que recentemente se tornaram demasiados.
Tofo, Moçambique

Entre o Tofo e o Tofinho por um Litoral em Crescendo

Os 22km entre a cidade de Inhambane e a costa revelam-nos uma imensidão de manguezais e coqueirais, aqui e ali, salpicados de cubatas. A chegada ao Tofo, um cordão de dunas acima de um oceano Índico sedutor e uma povoação humilde em que o modo de vida local há muito se ajusta para acolher vagas de forasteiros deslumbrados.
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Inhambane, Moçambique

A Capital Vigente de uma Terra de Boa Gente

Ficou para a história que um acolhimento generoso assim fez Vasco da Gama elogiar a região. De 1731 em diante, os portugueses desenvolveram Inhambane, até 1975, ano em que a legaram aos moçambicanos. A cidade mantém-se o cerne urbano e histórico de uma das províncias mais reverenciadas de Moçambique.
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Gurué, Moçambique, Parte 2

Em Gurué, entre Encostas de Chá

Após um reconhecimento inicial de Gurué, chega a hora do chá em redor. Em dias sucessivos, partimos do centro da cidade à descoberta das plantações nos sopés e vertentes dos montes Namuli. Menos vastas que até à independência de Moçambique e à debandada dos portugueses, adornam alguns dos cenários mais grandiosos da Zambézia.
Iloilo, Filipinas

A Cidade Muy Leal y Noble das Filipinas

Em 1566, os espanhóis fundaram Iloilo no sul da ilha de Panay e, até à iminência do século XIX, foi capital das imensas Índias Espanholas Orientais. Mesmo se há quase cento e trinta anos filipina, Iloilo conserva-se uma das cidades mais hispânicas da Ásia.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

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Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

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A Grande Migração da Savana Sem Fim

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Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
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São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Rio Celeste, Parque Nacional Volcan Tenório, Costa Rica
Parques Naturais
PN Volcán Tenório, Costa Rica

O Rio que Espelha o Céu da Costa Rica

Até 2018, boa parte das encostas do vulcão Tenório (1916m) mantinham-se inacessíveis e desconhecidas. Nesse ano, a concretização de uma estrada íngreme abriu caminho à estação ranger de El Pilón. A partir da actual entrada, cumprimos quase 9km luxuriantes ao longo do rio Celeste, suas quedas d’água, lagoas e nascentes termais.
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, de capital histórica a Património Mundial, arte urbana
Património Mundial UNESCO
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

Heroína do Mar, de Nobre Povo, Cidade Valente e Imortal

Angra do Heroísmo é bem mais que a capital histórica dos Açores, da ilha Terceira e, em duas ocasiões, de Portugal. A 1500km do continente, conquistou um protagonismo na nacionalidade e independência portuguesa de que poucas outras cidades se podem vangloriar.
ora de cima escadote, feiticeiro da nova zelandia, Christchurch, Nova Zelandia
Personagens
Christchurch, Nova Zelândia

O Feiticeiro Amaldiçoado da Nova Zelândia

Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
Baie d'Oro, Île des Pins, Nova Caledonia
Praias
Île-des-Pins, Nova Caledónia

A Ilha que se Encostou ao Paraíso

Em 1964, Katsura Morimura deliciou o Japão com um romance-turquesa passado em Ouvéa. Mas a vizinha Île-des-Pins apoderou-se do título "A Ilha mais próxima do Paraíso" e extasia os seus visitantes.
Cortejo Ortodoxo
Religião
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
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Sociedade
Jerusalém, Israel

Em Festa no Muro das Lamentações

Nem só a preces e orações atende o lugar mais sagrado do judaísmo. As suas pedras milenares testemunham, há décadas, o juramento dos novos recrutas das IDF e ecoam os gritos eufóricos que se seguem.
Vida Quotidiana
Profissões Árduas

O Pão que o Diabo Amassou

O trabalho é essencial à maior parte das vidas. Mas, certos trabalhos impõem um grau de esforço, monotonia ou perigosidade de que só alguns eleitos estão à altura.
Vai-e-vem fluvial
Vida Selvagem
Iriomote, Japão

Iriomote, uma Pequena Amazónia do Japão Tropical

Florestas tropicais e manguezais impenetráveis preenchem Iriomote sob um clima de panela de pressão. Aqui, os visitantes estrangeiros são tão raros como o yamaneko, um lince endémico esquivo.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.