Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal


Contra o vento
Árvore tombada pelos ventos alísios na Terra Boa da ilha do Sal.
Sal de Cristo
Capela de Nª Senhora da Piedade, padroeira de Pedra de Lume.
Atlântico vs Pedra de Lume
Enseada à entrada de Pedra de Lume, ilha do Sal
Casas como Espargos
Casario semi-colorido de Espargos, a capital da ilha do Sal
Deliciosas Flutuações
Visitantes das Salinas de Pedra de Lume flutuam num retalho de água com grande densidade de sal.
Margem salgada
Margem salgada das Salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal
Convívio caído do céu
Jovem militar contempla uma jovem a alongar no cimo do Monte Curral
Portinho colorido
Barcos artesanais de pesca no porto de Pedra de Lume
Ruínas salgadas II
Estrutura de transporte de sal nas salinas de Pedra de Lume
Sal aos montes
Monte de sal nas Salinas de Pedra de Lume
I Love Sal
Mural evocativo de Amílcar Cabral e da independência de Cabo Verden, no Monte Curral
Salinas: por aqui II
Placa indica a direcção das salinas de Pedra de Lume
Salinas: por aqui
Placa num cenário surreal indica as salinas de Pedra de Lume
Retalhos de sal II
Divisórias das das salinas de Pedra de Lume
Salinização
Pedras de sal, na água marinha no interior da caldeira de Pedra de Lume
Ruínas salgadas
Estrutura de transporte de sal com roldanas, em ruínas
Sal do Sal
Um mar de sal nas salinas de Pedra de Lume
O verde raro da Terra Boa
Uma das raríssimas quase-árvores da planície de Terra Boa, ilha do Sal.
Retalhos de Salina
Visitantes caminham no âmago das salinas de Pedra de Lume.
Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.

Deixamos a piscina natural da Buracona e o litoral castigado pelo vento e pelas vagas do noroeste da ilha do Sal.

Confrontamo-nos com uma vastidão plana, árida e poeirenta. Uma amostra de vegetação rasa e ressequida disfarça o trilho que devíamos seguir.

A bruma seca torna difusos o horizonte e até as formas raras que se destacam daquela campina inóspita, varrida por ondas do calor refractido. Salpicam-na duas ou três árvores deitadas, submissas às ventanias alísias que o Saara há muito para ali envia.

Arbusto e monte, Terra Boa, ilha do Sal, Cabo Verde

Uma das raríssimas quase-árvores da planície de Terra Boa, ilha do Sal.

Mais longe, vislumbramos ainda as silhuetas de elevações caprichosas da ilha do Sal: o Monte Grande – o supremo com 406 metros – e o Monte Curral.

Conformadas com tal penúria climática e vegetal, as gentes chamaram a esta zona da ilha de Terra Boa. Assim dita uma placa saída do nada, tão gasta como a paisagem envolvente mas que, ainda assim, nos concede um rumo.

Árvore tombada pelos ventos alíseos, Terra Boa, ilha do Sal.

Árvore tombada pelos ventos alisios na Terra Boa da ilha do Sal.

À Descoberta da Terra (e Gente) Boa da Ilha do Sal

Avançamos pelo esboço de trilho, Terra Boa adentro. Não tarda, em áreas anda mais arenosas, damos com uma verdadeira estrada, se bem que asfalto, nem vê-lo. Um camião acabado de passar lega um rasto de pó que adensa a atmosfera.

Menos de 1km depois, um grupo de quatro nativos instalados junto a uma carrinha vermelha pedem para nos determos. “Amigos, ficámos sem gasosa. Não vale nem a pena empurrar. Dão-nos só uma boleia para o pé de Espargos ? ” Íamos nessa direcção.

Recebida a nossa aprovação, enfiam-se os quatro no banco de trás. Com a sua ajuda, atravessamos o bairro de lata que se estende até à cintura da capital da ilha, Espargos.

Ainda no limiar da Terra Boa, os lares de lata convivem com pequenos hortos viçosos. Não escondemos aos passageiros a surpresa. “Então quase não se vê um arbusto verde e aqui nasce isto tudo?” “E querem saber mais?” respondem-nos. “Nasce isto tudo e são estas hortas que sustentam boa parte das famílias que cá se instalaram.

É que sai muito mais barato aos hotéis e aos resorts lá de Santa Maria comprarem-lhes os produtos a eles que pagarem outros vindos de longe. Para nós, tem sido uma bênção. Como foi a vossa boleia. Olhem, saímos aqui.”

Despedem-se de nós agradecidos ao ponto de nos passarem um dos seus números de telefone e nos convidarem para uma cachupa à moda do Sal.

Prometem-na “bem melhor que as que inventam nos hotéis e nos restaurantes lá de Portugal.” Despedimo-nos deles, enternecidos. Após o que continuamos a deambulação motorizada em que andávamos desde a hora do almoço.

O Caminho Extraterreno para Pedra de Lume

Contornamos a capital cada vez mais urbana que assim foi baptizada por ali proliferarem os espargos bravos durante a curta época em que chove sobre a ilha do Sal. Passamos entre o limiar sul do seu casario e o extremo norte da pista do Aeroporto Internacional Amílcar Cabral.

Lá permanece, em escala, uma gigantesca aeronave Antonov. Ao longe (mas bem longe) parece-nos um An 225. Mais tarde, os funcionários do aeroporto hão de tentar proibir que a fotografemos, “ordens dos Russos”, ainda e sempre com a mania dos segredos.

Tomamos uma longa recta que nos leva em direcção à costa leste, à Pedra de Lume e à principal razão histórica para a povoação e o desenvolvimento da ilha: as salinas homónimas.

Enseada, Pedra de Lume, ilha do Sal

Enseada à entrada de Pedra de Lume, ilha do Sal

Continuamos pelo norte da imensidão lunar do Feijoal, não tarda, com o Atlântico de novo à vista.

Avançamos lado a lado com uma enseada aberta e, por fim, o termino da via deixa-nos de frente para o pequeno porto local.

Uma comunidade de barcos de pesca salpicam-no de tons garridos que contrastam com o azul-petróleo do mar. Para o interior subido, um grande armazém e o esqueleto semi-desintegrado de uma outra estrutura em tempos recheada de roldanas conferem ao lugar uma aura misteriosa entre o faroeste e o extraterrestre.

barcos de pesca, Pedra de Lume, ilha do Sal, Cabo Verde

Barcos artesanais de pesca no porto de Pedra de Lume

Da Beira Atlântico ao Mar Interior de Pedra de Lume

Abençoa o lugar – e os seus moradores e visitantes – uma igreja branca e azul, com telhas do mesmo tom da paisagem circundante.

Capela de Nª Senhora da Piedade, Pedra de Lume.

Capela de Nª Senhora da Piedade, padroeira de Pedra de Lume.

Trata-se da capela de Nª Srª da Piedade, erguida em 1853 em honra daquela que é, ainda hoje, a Santa Padroeira de Pedra de Lume, celebrada com missa e procissão a cada 15 de Agosto.

Continuamos a ascender. Até que uma cancela nos força de uma vez por todas a estacionar. Metemo-nos por um túnel escuro sempre com a luz do fundo em vista e atravessamos a encosta terrosa do monte.

placa indicativa, salinas de pedra de lume, ilha do sal, cabo verde

Placa indica a direcção das salinas de Pedra de Lume

Ao sairmos do lado de lá, encaramos um brilho difuso que, por momentos, nos cega. Damos mais uns passos. Quando já nos refazemos do inesperado fulgor solar, a visão de um estranho cenário arredondado volta a ofuscar-nos.

Estamos no interior de uma velha caldeira, um dos resquícios pré-históricos do vulcanismo que deu origem à ilha do Sal e ao arquipélago de Cabo verde.

Com o tempo, a água do mar infiltrou-se na base da cratera abatida. Noutro tempo, boa parte dessa água evaporou sob o calor tropical permanente. Sobrou um vasto leito de sal em calda. Seria esta dádiva da Natureza a ditar o destino do Sal.

retalhos das salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal, Cabo Verde

Divisórias das das salinas de Pedra de Lume

A História Salgada da Ilha do Sal

A segunda ilha do Barlavento cabo-verdiano terá sido descoberta a 3 de Dezembro de 1460. Segundo uma carta-régia de Afonso V, o seu descobridor foi o navegador de origem genovesa António da Noli.

Da Noli estava ao serviço do Infante D. Henrique quando, no regresso de uma expedição ao Golfo da Guiné a detectou, já na sequência da ilha de Santiago onde seria fundada Ribeira Grande, a primeira cidade de Cabo Verde.

Impressionou Da Noli o perfil da ilha, lisa, ainda mais se em comparação com a montanhosa Santiago. Chamou-a de Llana.

Até, pelo menos 1720, manteve-se ínfima a população local, inaugurada por escravos chegados de outras ilhas do arquipélago, em pouco mais que o  lugarejo piscatório de Palmeira.

Uns anos mais tarde, um geógrafo holandês de nome Dapper descreveu ter encontrado uma aldeola com 72 marinheiros. Um outro forasteiro de passagem, um tal de aventureiro inglês Dampier, testemunhou que lá se deparou com uma meia dúzia de habitantes a viverem em condições miseráveis.

Que, ainda assim, sobreviviam com recurso ao sal abundante com que salgavam carne de cabra e das tartarugas que ali desovavam em grande número.

Estes moradores pioneiros trocavam com frequência peles de cabra e sacas de sal por outros bens que outros marinheiros que lá aportavam traziam a bordo.

monte de sal, Salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal

Monte de sal nas Salinas de Pedra de Lume

Os Tempos da Extracção e Exportação Pioneira

Por estranho que pareça, terá sido esta a origem do fulcro turístico de Santa Maria, hoje, repleto de hotéis sofisticados que abrigam quase metade dos visitantes-turistas de Cabo Verde.

Em 1796, Manuel António Martins, mercador milionário, governador português do arquipélago, entretanto apodado de Napoleão de Cabo Verde, replicou o que já há algum tempo se fazia na ilha da Boavista.

Instalou nas imediações de Pedra de Lume algumas famílias e escravos trazidos da costa oeste e encetou a exploração local do sal.

Pedras de sal, salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal, Cabo Verde

Pedras de sal, na água marinha no interior da caldeira de Pedra de Lume

Passou a vender e a trocar a matéria-prima por outros bens.

A exportação massiva e híperlucrativa para o Brasil – cerca de 30 mil toneladas por ano – durou até 1887. Nesse ano, o Brasil interditou o uso de sal estrangeiro. A extracção foi suspensa.

Só viria a ser retomada em 1919 quando um homem de negócios de Santa Maria e uma empresa de Bordéus adquiriram as salinas aos descendentes de Manuel António Martins e reinvestiram num sistema de transporte inovador que conduzia vinte e cinco toneladas de sal por hora até ao porto.

estrutura em ruínas, salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal, Cabo Verde

Estrutura de transporte de sal com roldanas, em ruínas

Desse pequeno porto, voltaram a exportar sal em enormes quantidades para países da África Ocidental e Central.  Isto, até 1985, quando a actividade deixou uma vez mais de ser viável.

O Mar Morto Cabo-Verdiano

Hoje, o sal extraído não chega sequer para as necessidades dos muitos lares, hotéis, restaurantes e outros negócios da ilha do Sal.

As salinas têm, todavia, outras inusitadas utilidades.

Aproximamo-nos do fundo alagado da caldeira. Ali, dezenas de visitantes  convivem e relaxam.

Boiam num pequeno retalho marinho com elevada concentração de sal, à laia de Mar Morto cabo-verdiano.

Salinas de Pedra de Lume, Ilha de Sal, Cabo Verde

Visitantes das Salinas de Pedra de Lume flutuam num retalho de água com grande densidade de sal.

Vários mais, chegam do túnel de acesso, ansiosos por se juntarem a estes privilegiados.

Inspecionamos as  estranhas estruturas de processamento e transporte lá deixadas pelos recentes investidores e os montes de sal solidificados, às espera do trabalho das escavadoras por ali estacionadas.

monte de sal, Salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal

Monte de sal nas Salinas de Pedra de Lume

Quando nos damos por satisfeitos, voltamos a atravessar o túnel no sentido contrário. Logo, ascendemos à orla da caldeira.

Desse cimo, contemplamos o panorama surreal a 360º, enquanto a ocidente, o sol se começava a esconder detrás do véu branco formado pela aliança da sua luz com a bruma seca.

Salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal, Cabo Verde

Margem salgada das Salinas de Pedra de Lume, ilha do Sal

Viagem Acelerada para Espargos

Conscientes de que, àquela latitude, anoitecia cedo e num ápice, regressamos ao carro e aceleramos rumo a Espargos. Espargos desenvolveu-se em função do aeroporto que Benito Mussolini lá mandou construir, em 1939, com permissão das autoridades portuguesas e que os portugueses compraram aos italianos, logo após a sua capitulação, na 2ª Guerra Mundial.

Aquando da passagem de meio da tarde, tínhamos já reparado em como o Monte Curral se elevava do meio da povoação. Procuramos pelo caminho que nos levaria ao cimo dos cento e poucos metros do monte e encontramo-lo com relativa facilidade.

Ao subirmos a rampa, passamos por uma jovem moradora entregue a um repetido sobe-e-desce. Estacionamos no topo, paredes meias com a vedação da torre de controlo aéreo usada pelo aeroporto internacional. Guardam-na uns poucos militares da mesma geração da atleta.

Ao chegar ao cume, esta, recupera o fôlego e alonga as pernas e as costas esforçadas. Para deleite dos militares, fartos do castigo do destacamento semi-solitário no alto do morro, saudosos das formas femininas e – é mais que certo – da companhia de donzelas cabo-verdianas.

Um dos soldados não resiste.

Aborda a moça. Inaugura uma conversa com tom de violino que estende o mais que pode.

Monte Curral, Espargos, Ilha do Sal, Cabo Verde

Jovem militar contempla uma jovem a alongar no cimo do Monte Curral

Fim de dia nas Alturas da Ilha do Sal

Nós, percebemos que o sol estava prestes a debandar. Metemo-nos por um trilho que dava a volta à grande torre.

Tal como acontecera sobre a caldeira de Pedra de Lume, voltamos a deslumbrar-nos com o cenário tão ou mais inverosímil em redor, sobretudo o de norte.

Espargos, ilha do Sal, Cabo Verde

Casario semi-colorido de Espargos, a capital da ilha do Sal

Um casario de betão, aqui e ali pintado de cores vivas, surgia anichado na vastidão árida e ocre.

Para lá desse casario humilde, elevavam-se outras colinas pontiagudas subsumidas na bruma seca.

O contraste excêntrico entre o mundo geológico e o humano enfeitiçou-nos. Ficamos a apreciá-lo até que a noite se apresenta para o seu turno.

Quando regressamos ao carro, já não damos com a jovem de Espargos. Nem com os militares que se haviam já refugiado no conforto do aquartelamento.

Mural evocativo de Amílcar Cabral, Monte Curral, ilha do Sal

Mural evocativo de Amílcar Cabral e da independência de Cabo Verden, no Monte Curral

De volta ao fundo da rampa, reparamos, sim, num grafiti vistoso pintado num muro.

Lá constava a face de Amílcar Cabral. Tinha um 75 à sua frente, sob um limiar vermelho, amarelo e verde decorado com três minions intrigados.

O mural incluía ainda um “I Love Sal” gráfico e exuberante. Não tínhamos nada a acrescentar.

 

A TAP – www.flytap.pt  voa todos os dias, excepto 3ª feira, de Lisboa para o aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal.

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Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

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São Nicolau, Cabo Verde

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Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

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Brava, Cabo Verde

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Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

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Santo Antão, Cabo Verde

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Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

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Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

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Soufrière, Saint Lucia

As Grandes Pirâmides das Antilhas

Destacados acima de um litoral exuberante, os picos irmãos Pitons são a imagem de marca de Saint Lucia. Tornaram-se de tal maneira emblemáticos que têm lugar reservado nas notas mais altas de East Caribbean Dollars. Logo ao lado, os moradores da ex-capital Soufrière sabem o quão preciosa é a sua vista.
Vista do topo do Monte Vaea e do tumulo, vila vailima, Robert Louis Stevenson, Upolu, Samoa
Personagens
Upolu, Samoa

A Ilha do Tesouro de Stevenson

Aos 30 anos, o escritor escocês começou a procurar um lugar que o salvasse do seu corpo amaldiçoado. Em Upolu e nos samoanos, encontrou um refúgio acolhedor a que entregou a sua vida de alma e coração.
Machangulo, Moçambique, ocaso
Praias
Machangulo, Moçambique

A Península Dourada de Machangulo

A determinada altura, um braço de mar divide a longa faixa arenosa e repleta de dunas hiperbólicas que delimita a Baía de Maputo. Machangulo, assim se denomina a secção inferior, abriga um dos litorais mais grandiosos de Moçambique.
Cortejo Ortodoxo
Religião
Suzdal, Rússia

Séculos de Devoção a um Monge Devoto

Eutímio foi um asceta russo do século XIV que se entregou a Deus de corpo e alma. A sua fé inspirou a religiosidade de Suzdal. Os crentes da cidade veneram-no como ao santo em que se tornou.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Gatis de Tóquio, Japão, clientes e gato sphynx
Sociedade
Tóquio, Japão

Ronronares Descartáveis

Tóquio é a maior das metrópoles mas, nos seus apartamentos exíguos, não há lugar para mascotes. Empresários nipónicos detectaram a lacuna e lançaram "gatis" em que os afectos felinos se pagam à hora.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Cabo da Cruz, colónia focas, cape cross focas, Namíbia
Vida Selvagem
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.