Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo


Frota da Ponta das Salinas
A Doca Possível
Vidas de outros tempos
Sepulturas do cemitério de Ponta das Salinas
Trânsito do dia
Habitante de Cova Figueira puxa um pequeno jumento sobre a estrada calçada.
Casario de Cova Figueira
No Limiar da Lava
Verde de Mosteiros
Casario Mal Acabado de Mosteiros
O casario mal-acabado de Mosteiros, nas imediações de outro trajecto habitual da lava do vulcão Fogo.
Fogo Oriental
Pastor emerge, entre agaves, nas imediações da vertente leste do vulcão Fogo.
Venda de rua
Vendedores de bolachas, biscoitos e rebuçados à beira da estrada, nas imediações de Cova Figueira.
Lava às Camadas
Lava estratificada pende da vertente leste do vulcão Fogo.
Fogo: a Ilha. o Vulcão
Ilha e vulcão do Fogo como vistos de um avião.
Equipa de Vendas
Vendedores de artesanato à entrada do Parque Natural do Fogo
Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.

São Filipe, a capital do Fogo que há dias nos acolhia faz de ponto de partida.

Deixamo-la o mais cedo que conseguimos, ainda moídos do despertar madrugador em Chã das Caldeiras, da ascensão dolorosa ao cume do vulcão Fogo e da não menos erosiva descida da Chã até à beira-mar de Mosteiros.

Passa um pouco das nove da manhã. A névoa quase seca característica do Inverno da ilha permanece em estado embrionário. A clareza e frescura efémeras incitam-nos a fazermo-nos ao caminho.

Contornamos o aeródromo em que tínhamos dado os passos inaugurais na ilha. Prosseguimos pela estrada que circunda o Fogo não pela sua beira-mar, como seria de esperar, ali, na costa sul, por uma quota acima, mais plana e estável, a que o velho empedrado da via se agarrava com rigor redobrado e melhor resistia aos sucessivos caprichos geológicos e tectónicos do lugar.

Ilha do Fogo Acima, Rumo à Grande Caldeira do Vulcão

O plano inicial era progredirmos para leste. Fazemo-lo com passagem por Talho e por Vicente Dias. Cruzamos a aldeola de Penteada e abordamos a de Patim, de onde uma ramificação rodoviária encaixada entre as ribeiras de Patim e de Fundo, trepa rumo a Monte Grande, logo ao Monte Largo e, na Achada Furna, ganha embalo para atingir as alturas da caldeira massiva do vulcão Fogo.

A subida de uns dias antes à caldeira havia sido nocturna. O escuro, tinha-nos furtado o privilégio de admirarmos a imponência enegrecida da sua entrada, os paredões, rochedos e sulcos de lava abrasiva e o basalto polido que a compõem, em jeito de monumento dantesco.

Atingimos a famosa placa que dá as boas-vindas ao Parque Natural do Fogo, à beira de um meandro da estrada, no aparente fundo do cone quase-perfeito do vulcão. Momentos depois de deixarmos a pick-up, um grupo de artesãos aborda-nos com uma suavidade bem cabo-verdiana.

Mini-Casas de Lava: o Artesanato Criativo da Caldeira

Exibem-nos uma série de casinhas tradicionais da caldeira feitas de magma, de palha e sementes a enfeitar o tecto cónico. Umas são elementares. Outras, contam com dois pisos e estruturas mais complexas.

Sabemos que evocam os edifícios genuínos e pitorescos que a lava das últimas erupções do Fogo soterraram. Temos consciência do quanto a destruição provocada por essas erupções fragilizou os seus habitantes.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Vendedores de artesanato à entrada do Parque Natural do Fogo

Por isso e porque gostávamos de oferecer presentes o mais caboverdianos possível a familiares e amigos, damos connosco a admirar a colecção que nos propõem, e a comprarmos cinco mil escudos de casinhas de lava, parte de um sortido mini-arquitectónico escolhido a dedo.

Desse preâmbulo administrativo, avançamos ladeira acima e em redor do arco inicial da caldeira. Para cá e para lá, intimidados com a opressão tenebrosa do domínio vulcânico. Quando nos vemos à entrada da já nossa conhecida Portela, revertemos para a entrada da caldeira.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Estrada que desce da caldeira do vulcão Fogo para o fundo da vertente sul da ilha do Fogo.

Descida da Caldeira, Para Leste, Rumo a Cova Figueira

Abundam os moradores apeados, por estas paragens. À medida que descemos por entre fumarolas e crateras secundárias ressequidas, damos-lhes uma primeira boleia. Logo outra. E outra ainda.

Às tantas, temos cinco passageiros na pick up.

Com o combustível a baixar demasiado, aproveitamos o seu conhecimento da zona. Deixamo-nos orientar até um pequeno revendedor da beira da estrada que nos vende combustível engarrafado. O suficiente até chegarmos à bomba que menos distava.

Pouco depois de Figueira Pavão, ainda antes de Cova Figueira – Kóba Figuera, em crioulo – as estradas circulares de quotas diferentes fundem-se na Circular do Fogo.

O seu empedrado empoeirado conduz-nos ao casario garrido da última das povoações, estendido pela encosta murcha abaixo, no mesmo sentido que qualquer nova torrente de lava levaria.

Vulcão Fogo, Cova Figueira, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Cume do vulcão Fogo destacado acima do casario de Cova Figueira.

Depois de vinte quilómetros percorridos sem sinal do seu cone, eis que o vulcão se volta a insinuar. Detectamo-lo, tão sobranceiro como é suposto, já que se trata do tecto de Cabo Verde.

Acima do casario, da vertente terrosa e até da névoa sulfurosa que mantinha em seu redor.

Ao nível de Kóba Figuera, o dia aquecia e desenrolava-se sem percalços. Um jovem casal aguardava pela Hiace responsável pela rota da Praia da Fajã.

Um ancião puxava um burrico por uma corda.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Habitante de Cova Figueira puxa um pequeno jumento sobre a estrada calçada.

Vendedores de bolachas, rebuçados e outros petiscos embalados mantinham-se a postos na sua banca improvisada, contra uma velha casa de pedra-lava, à sombra de chapéus de praia providenciais.

Após Cova Figueira, a Circular do Fogo entra em pleno na vertente leste da ilha e do vulcão, a que se sabe que, há 73 mil anos atrás, colapsou sobre o Atlântico.

Passagem pela Vertente Oriental e Monumental do Vulcão Fogo

E que assim gerou um maremoto de mais de 150 metros de altura que atingiu o ocidente da vizinha Santiago com enorme impacto. De tal maneira que se podem encontrar no litoral de Santiago enormes calhaus provindos do Fogo.

Malgrado a dimensão do evento geológico, tanto a ilha do Fogo como Santiago subsistiram e estão para durar. Na iminência da fronteira dos concelhos de São Filipe e de Santa Catarina do Fogo, a Circular ziguezagueia por uma meia-encosta pejada de agaves exuberantes, de um verde resplandecente que contrasta com o azulão do Atlântico.

Vertente leste do vulcão, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Pastor emerge, entre agaves, nas imediações da vertente leste do vulcão Fogo.

Ali, o cone do Fogo eleva-se e aproxima-se do Atlântico mais que nunca. Fuma a condizer e produz uma névoa acinzentada que turva o azul-celeste.

A sua lava solidificada lista a paisagem de verde e amarelo vegetal, faixas intercaladas com outras zonas tostadas pelas torrentes das sucessivas erupções que obrigaram ainda a um mesmo número de reconstruções da via por que progredíamos.

Após nova curva, já entre os agaves afiados, ficamos acima de um enorme desnível da vertente. Um rebanho multicolor de cabras espanta-se pela nossa presença em tal território montês.

Por instantes, admiramos o seu equilíbrio acrobático. Num ápice, a imponência do Fogo reconquista-nos a atenção para o cerco de negrume que o vulcão fizera ao lugarejo lá em baixo, para a cinza escura que continuava a deslizar da cratera e para as incontáveis camadas de lava estratificada que se repetiam mesmo até ao cimo do colosso.

Estratos de lava, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Lava estratificada pende da vertente leste do vulcão Fogo.

A esforço, lá quebramos o feitiço que nos mantinha captivos daquela vista. Prosseguimos para norte. Voltamos a deter-nos na aldeola da Tinteira.

Espanta-nos a visão de um grupo de crianças entregues a brincadeiras e traquinices, sobre lava sólida, entre enormes calhaus basálticos e com a névoa sulfúrea intimidante a pairar em fundo.

A Emigração Cíclica da Ilha do Fogo para o Leste dos Estados Unidos

Surpreende-nos também a miragem real de bandeiras dos Estados Unidos a ondularem ao vento, mesmo que o fenómeno de estranho pouco tenha.

São mais os caboverdianos expatriados que aqueles a morar no seu arquipélago. A instabilidade gerada pelo potencial de novas erupções do Fogo contribui para que muitos nativos da ilha partam para além-mar.

As regiões de Boston e de New Bedford, onde se contam já em redor de 250.000 caboverdianos, são destinos de eleição dos foguenses, até mais que Portugal e a Holanda. Os foguenses que ficam, sujeitam-se à aridez e aos caprichos não só do vulcão mas também da meteorologia.

Mesmo se na zona de Mosteiros, à sombra da única floresta da ilha, o Fogo concede plantações férteis de vegetais e frutas tropicais, até mesmo de café e de vinho, o Fogo passa por períodos aflitivos de seca. Ao longo da história, vários destes estios provaram-se mais prejudiciais que o próprio vulcão.

A estrada entra no maior dos rios de lava que o Fogo fez chegarem ao mar. A espaços, afunda e ganha enormes paredões laterais dessa mesma lava.

Um ciclista percorre-a no sentido contrário, protegido do sol da tarde e da poeira por um boné e uma máscara que lhe dão um visual de tuaregue mal-amanhado.

Não tarda, o calçadão da Circular cruza a linha imaginária que separa os domínios de Santa Catarina do Fogo dos de Mosteiros. Passamos Relva e Corvo. Com Corvo para trás, cruzamos a derradeira torrente de lava legada pelo vulcão, ainda inóspita.

Mosteiros: uma Povoação a Paredes-Meias com a Lava do Vulcão

Fazemo-nos ao casario de Fonsaco e chegamos às traseiras de Mosteiros, uma povoação inconfundível pelo seu casario instalado ora sobre uma vasta fajã de lava, ora noutra forrada por prado verdejante, no sopé da Floresta de Monte Velha.

Tal como tínhamos constatado em Cova Figueira, os moradores com posses para tal, rebocam e pintam as suas casas de cores bem vivas, intuímos que de maneira a combaterem a ditadura do negro imposta pelo vulcão.

Quando a cor é financeiramente inviável, os seus lares permanecem em blocos de cimento, feitos, em boa parte, com a areia e cinza vulcânica da ilha.

Mosteiros ,Ilha do Fogo, Cabo Verde

O casario mal-acabado de Mosteiros, nas imediações de outro trajecto habitual da lava do vulcão Fogo.

São quase dez mil os habitantes dos Mosteiros, agricultores, pescadores, se a oportunidade permitir, pequenos empresários que aproveitam as visitas de curiosos como nós.

Basta dizer que uma das caminhadas mais populares da ilha do Fogo é a descida de Chã das Caldeiras para Mosteiros.

Que muitos dos caminhantes a completam já depois de terem ascendido, em esforço, ao Pico do Fogo e que chegam a Mosteiros doridos, tanto pela subida massacrante para as coxas, como pela descida que castiga os joelhos. Também nós passámos por essa provação.

De Mosteiros, malgrado uma óbvia intensificação dos esses da estrada, tardamos pouco a atingir o norte do Fogo, entre a Fajãzinha e Atalaia.

O Fim da Volta a Ilha, com Escala em Ponta da Salina

Com a tarde a caminhar para o fim, neste trecho, várias comunidades de amigos e vizinhos entregavam-se a convívios de beira-estrada, animados por música cabo-verdiana popularucha, regados por cerveja e vinho do da ilha. À nossa passagem, acenam e saúdam-nos.

Quando chegamos a São Jorge, cortamos para a Ponta da Salina. Lá espreitamos o pequeno porto natural, moldado pela lava e animado por uma dezena de pequenos barcos garridos de pesca, cada qual com direito a um armazém de utensílios dedicado.

Ilha do Fogo, Cabo Verde

Um cavaleiro e o seu cavalo preparam-se para deixar a Ponta das Salinas.

Um homem lava, com água do mar, um cavalo castanho que mantém atado a um poste dos telefones. Logo ao lado, numa mini-enseada de areia negra, o único trecho arenoso da praia, um grupo de amigos piquenica e conversa indiferente à subida iminente da maré.

Mais volta, menos volta, damos com outra das curiosidades históricas da Salina, o seu pequeno cemitério, com pequenas torres coroadas de cruzes a fazer de lápides, orientadas para o mar.

Cemitério Ponta das Salinas, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Sepulturas do cemitério de Ponta das Salinas

Sobre uma delas, mal cimentada, um pequeno anjo da eternidade contempla o Atlântico sem fim.

Cemitério Ponta das Salinas, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Pormenor de uma das sepulturas do cemitério da Ponta das Salinas.

Da Ponta da Salina, sempre a ziguezaguear e aos altos e baixos, completamos os 20km que nos separavam do regresso à capital

São Filipe. Neste derradeiro trecho, enquanto anoitecia, vimos as luzinhas da ilha a ocidente do canal acenderem-se e formarem linhas incandescentes.

A Brava chamava por nós. Mais três dias de voltas pelo Fogo e haveríamos de ceder ao seu apelo.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Arquitectura & Design
Cemitérios

A Última Morada

Dos sepulcros grandiosos de Novodevichy, em Moscovo, às ossadas maias encaixotadas de Pomuch, na província mexicana de Campeche, cada povo ostenta a sua forma de vida. Até na morte.
lagoas e fumarolas, vulcoes, PN tongariro, nova zelandia
Aventura
Tongariro, Nova Zelândia

Os Vulcões de Todas as Discórdias

No final do século XIX, um chefe indígena cedeu os vulcões do PN Tongariro à coroa britânica. Hoje, parte significativa do povo maori reclama aos colonos europeus as suas montanhas de fogo.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Cerimónias e Festividades
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
praca registao, rota da seda, samarcanda, uzbequistao
Cidades
Samarcanda, Uzbequistão

Um Legado Monumental da Rota da Seda

Em Samarcanda, o algodão é agora o bem mais transaccionado e os Ladas e Chevrolets substituíram os camelos. Hoje, em vez de caravanas, Marco Polo iria encontrar os piores condutores do Uzbequistão.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Tatooine na Terra
Cultura
Matmata, Tataouine:  Tunísia

A Base Terrestre da Guerra das Estrelas

Por razões de segurança, o planeta Tatooine de "O Despertar da Força" foi filmado em Abu Dhabi. Recuamos no calendário cósmico e revisitamos alguns dos lugares tunisinos com mais impacto na saga.  
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Desporto
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Iguana em Tulum, Quintana Roo, México
Em Viagem
Iucatão, México

A Lei de Murphy Sideral que Condenou os Dinossauros

Cientistas que estudam a cratera provocada pelo impacto de um meteorito há 66 milhões de anos chegaram a uma conclusão arrebatadora: deu-se exatamente sobre uma secção dos 13% da superfície terrestre suscetíveis a tal devastação. Trata-se de uma zona limiar da península mexicana de Iucatão que um capricho da evolução das espécies nos permitiu visitar.
Encontro das águas, Manaus, Amazonas, Brasil
Étnico
Manaus, Brasil

Ao Encontro do Encontro das Águas

O fenómeno não é único mas, em Manaus, reveste-se de uma beleza e solenidade especial. A determinada altura, os rios Negro e Solimões convergem num mesmo leito do Amazonas mas, em vez de logo se misturarem, ambos os caudais prosseguem lado a lado. Enquanto exploramos estas partes da Amazónia, testemunhamos o insólito confronto do Encontro das Águas.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, de capital histórica a Património Mundial, arte urbana
História
Angra do Heroísmo, Terceira, Açores

Heroína do Mar, de Nobre Povo, Cidade Valente e Imortal

Angra do Heroísmo é bem mais que a capital histórica dos Açores, da ilha Terceira e, em duas ocasiões, de Portugal. A 1500km do continente, conquistou um protagonismo na nacionalidade e independência portuguesa de que poucas outras cidades se podem vangloriar.
Barcos fundo de vidro, Kabira Bay, Ishigaki
Ilhas
Ishigaki, Japão

Inusitados Trópicos Nipónicos

Ishigaki é uma das últimas ilhas da alpondra que se estende entre Honshu e Taiwan. Ishigakijima abriga algumas das mais incríveis praias e paisagens litorais destas partes do oceano Pacífico. Os cada vez mais japoneses que as visitam desfrutam-nas de uma forma pouco ou nada balnear.
Quebra-Gelo Sampo, Kemi, Finlândia
Inverno Branco
Kemi, Finlândia

Não é Nenhum “Barco do Amor”. Quebra Gelo desde 1961

Construído para manter vias navegáveis sob o Inverno árctico mais extremo, o quebra-gelo Sampo” cumpriu a sua missão entre a Finlândia e a Suécia durante 30 anos. Em 1988, reformou-se e dedicou-se a viagens mais curtas que permitem aos passageiros flutuar num canal recém-aberto do Golfo de Bótnia, dentro de fatos que, mais que especiais, parecem espaciais.
silhueta e poema, cora coralina, goias velho, brasil
Literatura
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Oásis do Atlas Tunisino, Tunísia, chebika, Palmeiras
Natureza
Chebika, Tamerza, Mides, Tunísia

Onde o Saara Germina da Cordilheira do Atlas

Chegados ao limiar noroeste de Chott el Jérid, o grande lago de sal revela-nos o término nordeste da cordilheira do Atlas. As suas encostas e desfiladeiros ocultam quedas d’água, torrentes sinuosas de palmeiras, aldeias abandonadas e outras inesperadas miragens.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Parques Naturais
Moçamedes ao PN Iona, Namibe, Angola

Entrada em Grande na Angola das Dunas

Ainda com Moçâmedes como ponto de partida, viajamos em busca das areias do Namibe e do Parque Nacional Iona. A meteorologia do cacimbo impede a continuação entre o Atlântico e as dunas para o sul deslumbrante da Baía dos Tigres. Será só uma questão de tempo.
Caiaquer no lago Sinclair, Cradle Mountain - Lake Sinclair National Park, Tasmania, Austrália
Património Mundial UNESCO
À Descoberta de Tassie, Parte 4 -  Devonport a Strahan, Austrália

Pelo Oeste Selvagem da Tasmânia

Se a quase antípoda Tazzie já é um mundo australiano à parte, o que dizer então da sua inóspita região ocidental. Entre Devonport e Strahan, florestas densas, rios esquivos e um litoral rude batido por um oceano Índico quase Antárctico geram enigma e respeito.
Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe
Personagens
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Sesimbra, Vila, Portugal, Vista do alto
Praias
Sesimbra, Portugal

Uma Vila Tocada por Midas

Não são só a Praia da Califórnia e a do Ouro que a encerram a sul. Abrigada das fúrias do ocidente atlântico, prendada com outras enseadas imaculadas e dotada de fortificações seculares, Sesimbra é, hoje, um porto de abrigo piscatório e balnear precioso.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Religião
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Train Fianarantsoa a Manakara, TGV Malgaxe, locomotiva
Sobre Carris
Fianarantsoa-Manakara, Madagáscar

A Bordo do TGV Malgaxe

Partimos de Fianarantsoa às 7a.m. Só às 3 da madrugada seguinte completámos os 170km para Manakara. Os nativos chamam a este comboio quase secular Train Grandes Vibrations. Durante a longa viagem, sentimos, bem fortes, as do coração de Madagáscar.
Mini-snorkeling
Sociedade
Ilhas Phi Phi, Tailândia

De regresso à Praia de Danny Boyle

Passaram 15 anos desde a estreia do clássico mochileiro baseado no romance de Alex Garland. O filme popularizou os lugares em que foi rodado. Pouco depois, alguns desapareceram temporária mas literalmente do mapa mas, hoje, a sua fama controversa permanece intacta.
O projeccionista
Vida Quotidiana
Sainte-Luce, Martinica

Um Projeccionista Saudoso

De 1954 a 1983, Gérard Pierre projectou muitos dos filmes famosos que chegavam à Martinica. 30 anos após o fecho da sala em que trabalhava, ainda custava a este nativo nostálgico mudar de bobine.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Vida Selvagem
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.