Circuito Annapurna: 2º - Chame a Upper PisangNepal

(I)Eminentes Annapurnas


Um “pequeno” Himalaia
Vista do Monte Lamjung Kailas Himal, um irmão mais novo das Annapurnas, mesmo se se eleva a uns imponentes 6.983 metros. A partir de Chame.
Caminhada solitária
Caminhante aproxima-se do monte Swargadwari Danda (4800m) e de Dhukurpokhari, a meio caminho para Pisang.
Chame
Casario de Chame e a vista longínqua dos Annapurnas a surgirem no V apertado de um vale do rio Marsyangdi.
Abençoada viagem
Pai e filho percorrem a rua principal de Chame junto ao muro de rodas de oração da povoação.
Om mani padme hum
Pedras de oração tibetanas empilhadas saída de Chame.
Dhukurpokhari
As pousadas de Dhukurpokhari, providenciais mais ou menos a meio do caminho entre Chame e Pisang.
De olho na mesa
Corvos espreitam a sua oportunidade sobre o terraço de uma das pousadas de Dhukurpokhari.
Descanso
Moradora de Chame faz uma pausa na tarefa de arrumar a lenha que lhe aquecerá a casa ou pousada.
Travessia
Mochileiro cruza a ponte suspensa sobre o rio Marsyangdi e aproxima-se de Dhukurpokhari.
Descanso
Moradora de Chame faz uma pausa na tarefa de arrumar a lenha que lhe aquecerá a casa ou pousada.
Upper vs Lower
Tabuletas marcam o lugar à saída de Dhukurpokhari em que o trilho ramifica rumo às desniveladas Pisangs.
Despertamos em Chame, ainda abaixo dos 3000m. Lá  avistamos, pela primeira vez, os picos nevados e mais elevados dos Himalaias. De lá partimos para nova caminhada do Circuito Annapurna pelos sopés e encostas da grande cordilheira. Rumo a Upper Pisang.

A ansiedade acumulada no dia anterior do Circuito dos Annapurnas, a hora tardia a que nos deitámos e o aconchego dos sacos-cama de penas para 20º negativos aliaram-se num efeito soporífero.

Prolongaram-nos o sono mais do que contávamos. Despertamos curiosos quanto ao que a meteorologia nos reservava.

Casario de Chame, Nepal

Casario de Chame e a vista longínqua dos Annapurnas a surgirem no V apertado de um vale do rio Marsyangdi.

Recolhemos os cortinados e abrimos as janelas semi-pintadas de madeira. Um sol radiante invade-nos os aposentos. Expõe, mais nua que tínhamos até então podido admirar, o encanto espartano do Himalayan Hotel.

Deixamos o quarto apostados na vista panorâmica da varanda acima do pátio de entrada. O dia anterior tinha-se retirado mal disposto, nublado, ventoso, a ameaçar chuvada ou nevão.

O nevão caiu durante a madrugada, se bem que só nas alturas. Para diante e acima, empoleirado sobre encostas mundanas, insinuava-se o cume do Lamjung Kailas Himal, um irmão mais novo das Annapurnas, mesmo se se eleva a uns imponentes 6.983 metros.

A neve nocturna havia-lhe renovado a alvura. Fazia o Lamjung Himal brilhar contra o céu azulão como um chamamento a que não podíamos mais resistir.

Monte Lamjung Kailas Himal, Nepal

Vista do Monte Lamjung Kailas Himal, um irmão mais novo das Annapurnas, mesmo se se eleva a uns imponentes 6.983 metros. A partir de Chame.

Àquela hora que se fazia tardia, sucediam-se na rua abaixo pelotões de mochileiros entusiasmados. Desejosos por nos juntarmos à sua peregrinação, arrumamos as mochilas meio à pressa e descemos para a sala de refeições.

Na noite anterior, tínhamos deixado pedidos papas de aveia e chás de gengibre com mel e limão. Dois ou três minutos depois de nos sentarmos, já os estávamos a devorar.

A Manhã Solarenga de Chame

Acertamos as contas. Saímos para explorar melhor Chame sob a luminosidade radiante da manhã. Duas mulheres à beira do empedrado que atravessava a povoação rachavam lenha a um ritmo impressionante.

Uma avó e os seus netos aqueciam-se na base da escadaria, debaixo do alpendre do lar, entre duas enormes pilhas de gravetos empilhados com sério rigor geométrico.

Moradora de Chame racha lenha, Circuito Annapurna, Nepal

Moradora de Chame faz uma pausa na tarefa de arrumar a lenha que lhe aquecerá a casa ou pousada.

Desprovidos de electricidade e combustíveis baratos ou de tecnologia, os nepaleses daquelas terras altas apenas para os nossos padrões, careciam de tudo o que mantivesse os fornos e salamandras acessos durante as noites gélidas. Essa necessidade fazia-se sentir na nudez crescente das encostas em redor, em tempos bem mais apetrechadas de pinheiros e outras árvores.

Mais abaixo, um riacho fazia girar uma grande roda de oração tibetana. Precedia várias outras colocadas de ambos os lados de um paredão central, manuais em vez de hídricas, que os crentes de passagem e muitos dos mochileiros faziam rodar à laia de oração centrífuga e muda.

Pai e filho, em Chame, Circuito Annapurna, Nepal

Pai e filho percorrem a rua principal de Chame junto ao muro de rodas de oração da povoação

Ao longo da ruela repetiam-se os domicílios de madeira, boa parte deles convertidos nas pousadas que disputavam os forasteiros recém-chegados. Nem tudo em Chame, era espiritualidade e sustento.

A Complexa Nomenclatura dos Partidos Políticos Nepaleses

Nas imediações da descida que conduzia ao pórtico de entrada na povoação, uma das fachadas distinguia-se das demais. Identificava a sede do partido CPN-UML Communist Party of Nepal- Unified Marxist-Leninist, um dos principais partidos comunistas nepaleses, até à sua fusão de 17 de Maio passado com o CPN (Communist Party of Nepal – Maoist Center) que redundou no NCP (Nepal Communist Party).

Inflamados de comunismo, o intrincado cenário político da nação e o da povoação fizeram-nos lembrar a famosa cena Monty Python de “A Vida de Bryan” em que várias frentes políticas – Judeans People Front, People’s Front of Judea, Judean Popular People’s Front e afins se confundiam e confundiam os seus membros na disputa do poder rival ao dos colonos romanos.

Como os devíamos conceber, era suposto os partidos nepaleses serem incompatíveis com o budismo que se insinuava por toda a parte. Tal coexistência intrigava-nos.

Não nos preocupava como sucederia noutras zonas do Nepal – por exemplo, em áreas em redor do Monte Evereste – em que forças maoistas continuam activas e subtraem doações aos forasteiros que entram nos seus domínios.

Por ali, por Chame e restante Circuito Annapurna, os nativos veneravam os estrangeiros itinerantes como a fonte de rendimento legal, garantida e fácil que representavam.

Faziam-nos contribuir quando pagavam as refeições mais dispendiosas do país, mesmo assim, justas e acessíveis no ver de quase todos os hóspedes, tendo em conta a localização remota das povoações.

Pedras de oração tibetanas empilhadas saída de Chame, Nepal

Pedras de oração tibetanas empilhadas saída de Chame

Chegamos ao pórtico de Chame e damos meia-volta. Regressamos ao Himalayan Hotel. Despedimo-nos dos rapazes que arrumavam os quartos recém-vagados.

A Caminhada Rumo a Pisang

Colocamos as mochilas às costas, sentimos o seu peso excessivo como uns Atlas caminhantes rendidos à pena imposta pelo fascínio da cordilheira. Com os ombros e as costas já sensibilizados para o castigo, pomo-nos, por fim, em marcha Annapurnas acima.

Àquela hora, o sobe-e-desce enlameado da rua no seguimento do Himalayan acolhia os mais distintos modos de vida de Chame. Todas as suas lojinhas estavam abertas. Impingiam aos transeuntes uma panóplia de mercancias Made in China e Made in Nepal, ou os vegetais, carnes e restantes produtos da horta e do campo fornecidos pelas redondezas.

Os proprietários de jipes e motorizadas aguardavam pelos derradeiros passageiros e fretes do dia, atentos às condições físicas dos viajantes que, como nós, passavam tarde e a más horas.

Apreciamos a azáfama comercial sem nos determos. Umas centenas de metros para cima, passamos sobre o Marsyangdi por uma ponte suspensa de ferro repleta de estandartes budistas coloridos que esvoaçavam ao vento.

Entre as suas últimas casas dispostas no sopé da vertente rochosa do lado de lá do rio, e galináceos ziguezagueantes, a derradeira ruela da povoação conduz-nos à estupa que abençoava a entrada e saída norte da aldeia. Quando a cruzamos, Chame para fica de uma vez por todas para trás.

Entregues a um Cenário Majestoso de Visual Alpino

Continuámos o caminho pela margem esquerda do Marsyangdi, ora rasa e pouco elevada, ora íngreme e sobranceira ao leito repleto de rápidos.

Sem povoações a salpicá-lo, o cenário tornou-se cem por cento alpino, preenchido por abetos, faias e pinheiros encavalitados nas encostas do vale que o rio aprofundava.

Caminhante à beira do rio Marsyangdi, Circuito Annapurna, Nepal

Caminhante aproxima-se do monte Swargadwari Danda (4800m) e de Dhukurpokhari, a meio caminho para Pisang.

Duas horas depois, damos entrada em Bhratang, um lugarejo agrícola ocupado por um grande pomar de macieiras, pelo seu armazém e por uma pousada recente e moderna, que carecia da alma nepalesa de tantas outras e, talvez por isso, estava às moscas.

Outros caminhantes recuperavam energias no pátio ajardinado. Como alguns  deles, compramos um saco de maças encarquilhadas, sobras da já vencida época da colheita. Como eles, roemos duas ou três, reabastecemo-nos de água e alongamos os músculos ainda a estranharem o inesperado massacre. Após o que regressamos ao caminho.

O trecho seguinte revelou-se longo e bem mais extenuante. Sobe acima do Marsyangdi por um trilho que os nepaleses conquistaram à falésia quase vertical por meio de dinamite e muita picareta.

Volta a cruzar o Marsyangdi por duas pontes vizinhas, uma suspensa e estreita, outra mais pesadona, em estilo de campanha.

Ponte suspensa sobre o rio Marsyangdi, Nepal

Mochileiro cruza a ponte suspensa sobre o rio Marsyangdi e aproxima-se de Dhukurpokhari.

Prosseguimos na base da montanha Swargadwari Danda (4800m), um enorme paredão arredondado surreal, com a sua metade superior coberta de neve, sobre o amplo sopé rochoso.

Superamos as primeiras subidas dignas desse nome, mesmo assim, sem comparação com outras que viríamos a vencer.

Dhukurpokhari e o inesperado dilema: Lower or Upper Pisang?

Duas horas e várias paragens fotográficas depois, um meandro no seguimento de um vasto pinhal silvestre revela-nos Dhukurpokhari, o lugarejo em que tínhamos planeado deter-nos para novo descanso e almoço.

Saídos de um nada arbóreo e sombrio, avistamos um arruamento preenchido por edifícios modulares elaborados com escadarias que conduziam a terraços protegidos por vedações, tudo embelezado por pinturas listadas, como se ali tivesse lugar uma qualquer competição de carpintaria.

Dhukurpokhari, Circuito Annapurna, Nepal

As pousadas de Dhukurpokhari, providenciais mais ou menos a meio do caminho entre Chame e Pisang

Mal nos veem aproximar, várias proprietárias-empresárias nepalesas colocam-se a postos à entrada das suas estalagens. “Instalem-se, descansem.

A nossa comida é mesmo muito boa” tenta a primeira deter a nossa marcha. “Temos tarte de maça e queijo de iaque!” acrescenta a anunciar a disponibilidade de dois dos petiscos mais reputados do Circuito Annapurna.

Numa situação normal, normal seria que não nos instalássemos no primeiro estabelecimento, sem antes darmos uma olhada nos seguintes. Dois factores determinaram que assim acontecesse: estávamos a ficar de rastos.

E lá encontrámos Fevzi e Josua, a dupla turco-germânica com quem tínhamos partilhado o jipe entre Syange e Chame. Saudamo-nos satisfeitos pela surpresa.

Um Descanso Providencial

Eles convidam-nos para a mesa. Mesmo se mal nos conhecíamos, “almoçamos” chapatis e chá, em grande galhofa, com a companhia adicional de Sara Perez e Edoardo Berto, um casal hispano-itálico amigo de Fevzi.

Os quatro tinham já decidido passar ali a noite e, só no dia seguinte se fazerem a Pisang.

Corvos sobre uma Tea House de Dhukurpokhari, Nepal

Corvos espreitam a sua oportunidade sobre o terraço de uma das pousadas de Dhukurpokhari.

Do nosso lado, o plano inicial era dormirmos em Pisang. Durante o almoço, Josua e Fevzi informam-nos que Pisang se dividia em duas áreas – uma “Lower” e uma “Upper”.

“Toda a gente nos diz que a Upper é mais difícil mas que tem vistas fabulosas.” afiançam-nos. “Nós não temos pressa, seguimos por lá amanhã cedo.”

O termo “Upper” não ia bem com o peso excessivo que o equipamento fotográfico e outros itens nos forçavam a carregar. Começa por nos deixar de pé atrás. Mas estava na altura de nos vacinarmos para as ladeiras bem mais exigentes que o percurso nos traria.

Porque não à conquista da inesperada Upper Pisang?

Terminamos o repasto. Conversamos outra meia-hora.

Logo, deixamos os compinchas mochileiros entregues aos seus afazeres de fim de caminhada e ganhamos-lhes avanço.

Upper vs Lower Pisang, Circuito Annapurna, Nepal

Tabuletas marcam o lugar à saída de Dhukurpokhari em que o trilho ramifica rumo às desniveladas Pisangs

Cinco minutos de descida para lá de Dhukurpokhari, duas tabuletas douradas à entrada de um vale amplo sinalizavam as direcções opostas das distintas Pisangs.

Upper Pisang. A Decisão Acertada.

Ao contrário do receávamos, o trilho da direita prova-se brando. Sobe aos poucos para meia encosta do vale e desvenda-nos a Lower Pisang nas suas entranhas, disposta por ambas as margens do Marsyangdi que nos continuava a escoltar.

Upper Pisang não tarda, estendida encosta acima, bastante acima da irmã.

Desde a base da povoação que nos deparamos com as suas pousadas mas, uma vez que tínhamos escolhido Upper Pisang pelas vistas, entregamo-nos a um derradeiro esforço.

Pedra mani, Upper Pisang, Nepal

Elementos religiosos budistas dispostas na parede de oração mani de Upper Pisang.

Partilhamos um dos trilhos exíguos da povoação com iaques e cães felpudos.

Espreitamos as hospedarias instaladas no seu cimo que pareceriam oferecer os melhores panoramas: a “New Tibet”, a “Teluche” a “Annapurna” a “Mount Kailash”.

Cada qual com a sua varanda ou terraço destacados acima do casario de pedra.

Soltura matinal do gado em Upper Pisang, Nepal

Nativa de Upper Pisang faz sair o seu gado para um deambulação acima e abaixo da povoação.

Eram quase cinco da tarde. O céu punha-se ainda mais fechado e tempestuoso do que já estava à saída de Dhukurpokhari. Mesmo se lá éramos os únicos hóspedes, decidimo-nos pela “Mount Kailash”.

Mila, o gerente, acende a salamandra da sala de refeições e chama uma familiar para ajudar a nos tratar do jantar. Naquele momento, falta a electricidade e, claro está, o Wifi que, para não variar, o estabelecimento promovia à entrada.

Jantamos à conversa com o anfitrião. Quando este se ausenta, deixamo-nos adormecer sobre os bancos em redor da salamandra.

Uma hora depois, arrastamo-nos para o quarto gélido, aninhamo-nos nos sacos-cama e dormimos tanto quanto conseguimos. Upper Pisang não tardaria a compensar-nos por a termos preferido.

Mais informação sobre trekking no Nepal no site do Nepal Tourism Board

Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
Circuito Annapurna: 3º- Upper Pisang, Nepal

Uma Inesperada Aurora Nevada

Aos primeiros laivos de luz, a visão do manto branco que cobrira a povoação durante a noite deslumbra-nos. Com uma das caminhadas mais duras do Circuito Annapurna pela frente, adiamos a partida tanto quanto possível. Contrariados, deixamos Upper Pisang rumo a Ngawal quando a derradeira neve se desvanecia.
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Circuito Annapurna: 7º - Braga - Ice Lake, Nepal

Circuito Annapurna - A Aclimatização Dolorosa do Ice Lake

Na subida para o povoado de Ghyaru, tivemos uma primeira e inesperada mostra do quão extasiante se pode provar o Circuito Annapurna. Nove quilómetros depois, em Braga, pela necessidade de aclimatizarmos ascendemos dos 3.470m de Braga aos 4.600m do lago de Kicho Tal. Só sentimos algum esperado cansaço e o avolumar do deslumbre pela Cordilheira Annapurna.
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Circuito Annapurna 10º: Manang a Yak Kharka, Nepal

A Caminho das Terras (Mais) Altas dos Annapurnas

Após uma pausa de aclimatização na civilização quase urbana de Manang (3519 m), voltamos a progredir na ascensão para o zénite de Thorong La (5416 m). Nesse dia, atingimos o lugarejo de Yak Kharka, aos 4018 m, um bom ponto de partida para os acampamentos na base do grande desfiladeiro.
Wanaka, Nova Zelândia

Que Bem que Se Está no Campo dos Antípodas

Se a Nova Zelândia é conhecida pela sua tranquilidade e intimidade com a Natureza, Wanaka excede qualquer imaginário. Situada num cenário idílico entre o lago homónimo e o místico Mount Aspiring, ascendeu a lugar de culto. Muitos kiwis aspiram a para lá mudar as suas vidas.
Ilha do Pico, Açores

Ilha do Pico: o Vulcão dos Açores com o Atlântico aos Pés

Por um mero capricho vulcânico, o mais jovem retalho açoriano projecta-se no apogeu de rocha e lava do território português. A ilha do Pico abriga a sua montanha mais elevada e aguçada. Mas não só. É um testemunho da resiliência e do engenho dos açorianos que domaram esta deslumbrante ilha e o oceano em redor.
PN Torres del Paine, Chile

A Mais Dramática das Patagónias

Em nenhuma outra parte os confins austrais da América do Sul se revelam tão arrebatadores como na cordilheira de Paine. Ali, um castro natural de colossos de granito envolto de lagos e glaciares projecta-se da pampa e submete-se aos caprichos da meteorologia e da luz.
Bhaktapur, Nepal

As Máscaras Nepalesas da Vida

O povo indígena Newar do Vale de Katmandu atribui grande importância à religiosidade hindu e budista que os une uns aos outros e à Terra. De acordo, abençoa os seus ritos de passagem com danças newar de homens mascarados de divindades. Mesmo se há muito repetidas do nascimento à reencarnação, estas danças ancestrais não iludem a modernidade e começam a ver um fim.
Circuito Annapurna 11º: Yak Karkha a Thorong Phedi, Nepal

A Chegada ao Sopé do Desfiladeiro

Num pouco mais de 6km, subimos dos 4018m aos 4450m, na base do desfiladeiro de Thorong La. Pelo caminho, questionamos se o que sentíamos seriam os primeiros problemas de Mal de Altitude. Nunca passou de falso alarme.
Circuito Annapurna: 12º - Thorong Phedi a High Camp

O Prelúdio da Travessia Suprema

Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
Circuito Annapurna: 13º - High Camp a Thorong La a Muktinath, Nepal

No Auge do Circuito dos Annapurnas

Aos 5416m de altitude, o desfiladeiro de Thorong La é o grande desafio e o principal causador de ansiedade do itinerário. Depois de, em Outubro de 2014, ter vitimado 29 montanhistas, cruzá-lo em segurança gera um alívio digno de dupla celebração.
Circuito Annapurna 14º - Muktinath a Kagbeni, Nepal

Do Lado de Lá do Desfiladeiro

Após a travessia exigente de Thorong La, recuperamos na aldeia acolhedora de Muktinath. Na manhã seguinte, voltamos a descer. A caminho do antigo reino do Alto Mustang e da aldeia de Kagbeni que lhe serve de entrada.
Circuito Annapurna 15º - Kagbeni, Nepal

Às Portas do ex-Reino do Alto Mustang

Antes do século XII, Kagbeni já era uma encruzilhada de rotas comerciais na confluência de dois rios e duas cordilheiras em que os reis medievais cobravam impostos. Hoje, integra o famoso Circuito dos Annapurnas. Quando lá chegam, os caminhantes sabem que, mais acima, se esconde um domínio que, até 1992, proibia a entrada de forasteiros.
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São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Graciosa, Açores, Monte da Ajuda
Parques Naturais
Graciosa, Açores

Sua Graça a Graciosa

Por fim, desembarcarmos na Graciosa, a nossa nona ilha dos Açores. Mesmo se menos dramática e verdejante que as suas vizinhas, a Graciosa preserva um encanto atlântico que é só seu. Quem tem o privilégio de o viver, leva desta ilha do grupo central uma estima que fica para sempre.
Jipe cruza Damaraland, Namíbia
Património Mundial UNESCO
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
ora de cima escadote, feiticeiro da nova zelandia, Christchurch, Nova Zelandia
Personagens
Christchurch, Nova Zelândia

O Feiticeiro Amaldiçoado da Nova Zelândia

Apesar da sua notoriedade nos antípodas, Ian Channell, o feiticeiro da Nova Zelândia não conseguiu prever ou evitar vários sismos que assolaram Christchurch. Com 88 anos de idade, após 23 anos de contrato com a cidade, fez afirmações demasiado polémicas e acabou despedido.
Promessa?
Praias
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
cavaleiros do divino, fe no divino espirito santo, Pirenopolis, Brasil
Religião
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
white pass yukon train, Skagway, Rota do ouro, Alasca, EUA
Sobre Carris
Skagway, Alasca

Uma Variante da Febre do Ouro do Klondike

A última grande febre do ouro norte-americana passou há muito. Hoje em dia, centenas de cruzeiros despejam, todos os Verões, milhares de visitantes endinheirados nas ruas repletas de lojas de Skagway.
Vista para ilha de Fa, Tonga, Última Monarquia da Polinésia
Sociedade
Tongatapu, Tonga

A Última Monarquia da Polinésia

Da Nova Zelândia à Ilha da Páscoa e ao Havai nenhuma outra monarquia resistiu à chegada dos descobridores europeus e da modernidade. Para Tonga, durante várias décadas, o desafio foi resistir à monarquia.
Retorno na mesma moeda
Vida Quotidiana
Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Pesca, Caño Negro, Costa Rica
Vida Selvagem
Caño Negro, Costa Rica

Uma Vida à Pesca entre a Vida Selvagem

Uma das zonas húmidas mais importantes da Costa Rica e do Mundo, Caño Negro deslumbra pelo seu ecossistema exuberante. Não só. Remota, isolada por rios, pântanos e estradas sofríveis, os seus habitantes encontraram na pesca um meio embarcado de fortalecerem os laços da sua comunidade.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.