Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika


Wilkommen in Africa
Casario excêntrico de Luderitz com torres de duas igrejas em destaque sobre a orla do Deserto do Namibe.
Esquadrão Negro
Mergulhões voam contra o vento sobre o padrão de Bartolomeu Dias.
A Berg Street
Mulher desce por um passeio da Berg Street, o antigo núcleo urbano da cidade.
Por aqui passou Bartolomeu Dias
Réplica do padrão de Bartolomeu Dias sobre um promontório no limite da Baía de Luderitz.
Goerke Haus
A casa Goerke com a sua estranha arquitectura de influência da Bavária, destacada junto à Montanha de Diamante.
Um bravo Atlântico
Onda rebenta contra o limiar rochoso do Atlântico selvagem e gélido ao largo da Baía de Luderitz.
Bjs. Auto
Mãe e filha, moradoras da cidade, com traços que exibem a mixagem genética consolidada durante o período colonial de Lüderitz.
Uma Refeição pernalta
Flamingos alimentam-se junto a um barco encalhado nas imediações da cidade.
Novas Cores da velha Lüderitz
O antigo edifício da escola de Luderitz ainda dividido em Lesehalle (salão de leitura) e Turnhalle (salão de exercícios).
O acolhedor Namibe
Casario novo e humilde nos arredores do centro histórico da cidade, ocupado por empregados da unidade de processamento de peixe da Pescanova e noutros negócios.
Esquadrão Negro II
Mergulhões vencem o vendaval acima da névoa densa provocada pela diferênça de temperatura entre o Atlântico gélido e o deserto do Namibe quente.
Mais perto de Deus
A igreja de Felsekirche no seu retiro sobre Luderitz.
Namibe junto ao mar
Farol e casario nas imediações da Angra Pequena.
SSSSs
Meandros de um rio que desagoa entre a Angra Pequena e Luderitz.
Padrão do Descobrimento
Réplica do padrão deixado por Diogo Cão na Angra Pequena, hoje, às portas de Lüderitz.
O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.

A aproximação a Angra Pequena confirma o fenómeno meteorológico que gerou o Namibe.

Para o interior, resistia, indisputado, o calor seco e abrasivo a que nos tinha já habituado o deserto. Quanto mais nos aproximávamos da enseada bravia em frente a Lüderitz, mais o ar refrescava e nos chegava com uma estimulante fragrância de iodo marinho.

Por alguns quilómetros extra, serpenteamos na estrada de terra e sal prensado.

Contornamos o longo braço de mar a sul da cidade para logo voltarmos a apontar a norte, à península exposta ao Atlântico já definida como destino final.

Passamos o farol listado de branco e vermelho e aguçado que o anunciava.

Agra Pequena, Namíbia

Farol e casario nas imediações da Angra Pequena

Daí em diante, o vento ganha um poder avassalador.

Projecta ondas desenfreadas contra as rochas e empurra vagas de névoa costa abaixo, por vezes tão densa que nos leva por completo a visão do litoral agreste.

Ondas do oceano Atlântico ao largo de Luderitz, Namíbia

Onda rebenta contra o limiar rochoso do Atlântico selvagem e gélido ao largo da Baía de Luderitz.

Mesmo difuso naquele manto branco intermitente, vislumbramos um padrão destacado no cimo de um promontório rochoso.

Diogo Cão, Bartolomeu Dias e a Névoa Gélida de Angra Pequena

Não restavam dúvidas. Em 1486, Diogo Cão chegou a zona actual de Cape Cross. Passado um ano, a serviço de D. João II e ao comando de duas caravelas de cinquenta tonéis e de uma naveta de apoio, Bartolomeu Dias ultrapassou, ali mesmo, o limite de Diogo Cão.

Prosseguiu, depois, a navegação em busca do limite meridional de África.

Contornamos uma escada de madeira destruída por marés inclementes e ascendemos pelas rochas. Do cimo, abanados pelas rajadas furibundas, admiramos o poderio das ondas que moldavam os recortes rochosos e faziam oscilar a floresta de kelp que para ali fora arrastada.

Defrontavam-se as vagas, a névoa e o vento. Saído do nada, um esquadrão de mergulhões sobrevoa-nos a grande velocidade. A seguir a esse, um outro. E outros tantos mais, tão juntos quanto o vendaval lhes permitia.

Mergulhões voam sobre o padrão de Bartolomeu Dias, Luderitz, Namibia

Mergulhões voam contra o vento sobre o padrão de Bartolomeu Dias.

Aquela estranha migração que sarapintava de negro o céu esbranquiçado prolonga-se por uns bons vinte minutos.

Nesse tempo, mantemo-nos absortos, de olhos nos ares.

Sem nada que nos apresse, ainda espreitamos outros recantos de uma enseada contígua.

Um deles revela-nos, do lado de lá da grande baía, o casario de Lüderitz. Vêmo-lo empoleirado no litoral ressequido tão comum por toda a Namíbia.

Um templo amarelo destaca-se acima dos telhados vermelhos dos restantes edifícios, não tanto do solo arenoso.

Tratava-se da igreja icónica, evangélica e luterana de Felsenkirche.

Luderitz, Namibia

Casario excêntrico de Luderitz com torres de duas igrejas em destaque sobre a orla do Deserto do Namibe

A Génese Germânica da Velha Lüderitz

Os colonos alemães que a ergueram não perderam tempo em busca de inspiração.

Uma vez que a colina (mais tarde apodada de Montanha de Diamante) em que lançaram as fundações era rochosa, baptizaram-na de Igreja das Rochas.

O nome, como tantas outras influências germânicas, está para durar.

E, no entanto, o domínio teutónico destas paragens esteve para nunca se verificar. Quando, por fim, se concretizou, resultou de uma caricata conjuntura colonial.

Desde a passagem de Diogo Cão e de Bartolomeu Dias que a presença dos europeus no deserto do Namibe se limitava à passagem ou assentamento limitado e célere de navegadores e mercadores. Esta realidade perdurou até 1800.

No início do século XIX, sociedades missionárias alemãs e inglesas estabeleceram-se e ergueram igrejas.

Igreja de Felsekirche, Luderitz, Namibia

A igreja de Felsekirche no seu retiro sobre Luderitz.

Ao mesmo tempo, comerciantes e agricultores instalaram-se e fundaram entrepostos. Alguns, ingleses, concentraram-se em redor da actual Walvis Bay.

Histórica na Europa e já antes projectada para outras partes da Terra, a rivalidade entre a Alemanha e a Grã-Bretanha estendeu-se àquele fim-do-mundo inóspito.

Adolf Lüderitz: fundador de … Lüderitz

Em 1882, Adolf Lüderitz, um mercador de Bremen requereu ao chanceler alemão protecção para uma estação comercial que planeava construir no Sudoeste de África.

Otto von Bismarck fora toda a sua vida contra a expansão colonial do Império Germânico.

Considerava que conquistar, manter e defender as colónias teria um custo superior ao do lucro por elas trazido. Ao que se acresceria o risco de o prejuízo sabotar o poderio que a Alemanha mantinha na Europa.

Contra a sua opinião, estavam milhões de alemães que observavam nações europeias rivais aumentar os seus impérios. Em muitos casos, obter proveitos das colónias.

Estavam ainda mercadores e aventureiros com sonhos e projectos em diversas partes do mundo, como o de Lüderitz.

Este, foi contemplado com a sorte de Bismarck necessitar de ser reeleito e de, como tal, se ter visto obrigado a agradar aos defensores da expansão colonial.

Rio junto a Luderitz, Namibia

Meandros de um rio que desagoa entre a Angra Pequena e Luderitz.

Mal obteve o apoio do chanceler, Lüderitz instruiu Heinrich Vogelsand – um seu empregado – a adquirir terra em Angra Pequena a um chefe de etnia Nama. Pôde, assim, erguer uma povoação a que Lüderitz deu o próprio nome.

De Resto do Continente Africano a Entreposto Germânico

Em 1884, determinado a evitar a intrusão britânica, Lüderitz conseguiu que a área fosse decretada protectorado do Império Germânico. Uns meses depois, a bandeira alemã foi erguida.

De uma forma precipitada e arrogante, os britânicos convenceram-se de que os rivais tinham ficado apenas com uns restos impróprios para consumo do território africano. Anuíram.

Mesmo contra os princípios e a vontade genuína do chanceler Bismarck, Lüderitz – o homem e a povoação – forçaram a criação da colónia do Sudoeste Africano Germânico. Daí em diante, até 1915, a colónia expandiu-se. Sobretudo para norte e para o interior inóspito. Igualou, em dimensão, o Império Germânico na Europa.

Depois, suplantou-o em mais de uma metade. Até 1915, a população ficou-se pelas 2600 almas aventureiras. Lüderitz – a cidade – concentrou uma boa parte.

Os novos habitantes dedicaram-se à caça à baleia e de focas. À pesca e ao comércio de guano produzido em quantidades industriais pela mesma espécie de aves que nos havia sobrevoado – e alvejado – junto ao padrão de Bartolomeu Dias, e por tantas outras.

De Regresso à Excêntrica Cidade

Regressamos ao centro da povoação pelo mesmo caminho que, no entanto, nos parece outro. A maré tinha recuado centenas de metros.

Deixara para trás uma vastidão arenosa antes coberta pelo Atlântico invasivo, um leito sinuoso e sedimentado em que um riacho salobro continuava a fluir para o mar.

Junto ao seu limiar, aquém de um barco encalhado, um bando de flamingos sorvia a água.

Não havia sinal das hienas-castanhas endémicas daquelas partes do Namibe, pelo que se alimentavam sem preocupações.

Flamingos nos arredores de Luderitz, Namibia

Flamingos alimentam-se junto a um barco encalhado nas imediações da cidade

Paramos na orla da cidade para atestar o carro. O dono da gasolineira aparece de dentro de uma cabine e mete conversa. Percebemos de imediato que era de origem germânica, sem qualquer mixagem étnica, dos poucos que resistiram ao tempo e às vicissitudes da história.

“Ah, são portugueses?” Admira-se, ao mesmo tempo que censura a ineficiência dos seus empregados nativos. “Têm vários cá na cidade, informa-nos como que a torcer o nariz e parece-nos que a conter um certo chauvinismo.

Agora até são menos.

Houve uma altura em que estavam por toda a parte.” Não tardaríamos a encontrá-los.

A Imposição Atroz dos Alemães Sobre os Nativos

A tarde chegava ao fim. O sol que se punha a oeste do Atlântico requentava o sortido de cores dos inúmeros edifícios baixos da cidade. Aproveitamos esse estímulo adicional.

Percorremos as ruas quase desertas atentos à arquitectura art- nouveau germânica, que a descoberta de diamantes no deserto em redor, em 1909, permitiu a fundação da povoação vizinha de Kolmanskop, tal como Lüderitz, em breve dotada de caprichos e fantasias de outra forma difíceis de pagar.

Não foram, todavia, só as pedras preciosas mineradas a contribuir. Desde 1903, que o Império Germânico combatia a resistência dos nativos à sua invasão. O conflito agravou-se.

Degenerou nas cruéis Guerras Herero travadas contra esta tribo de criadores de gado que, como os vizinhos Nama, os Khoi e os Namaqua, noutras partes, controlavam aquela zona do Namibe.

No auge do conflito, as tropas alemãs contavam com 20.000 combatentes.

Em 1908, tinham já matado dezenas de milhares de nativos, em pleno conflito, ou em campos de concentração como o da Shark Island em frente à cidade, de onde os prisioneiros só saíam para trabalhar à força na construção de infraestruturas ou nos negócios que enriqueciam os colonos.

Na Berg Street – o antigo coração diagonal da cidade – a linha de casas que ajudaram a erguer mais parece saída de um cenário cinematográfico.

Berg Street, Luderitz, Namibia

Mulher desce por um passeio da Berg Street, o antigo núcleo urbano da cidade.

Uma Estranha Alemanha na Orla do Deserto do Namibe

Apreciamos a pitoresca Haus Grünewald com as suas janelas bávaras, algumas parte de um torreão embutido. Os frontões dos lares seguintes são recortados a condizer. Exibem cores bem garridas: azul quase turquesa, amarelo, laranja. Mais à frente, o tom de salmão do Barrels, um bar-restaurante especializado em marisco e pratos também eles com influência germânica.

Surpreende-nos ou talvez não que várias das mansões apalaçadas mantenham telhados bem inclinados, como se alguma vez caísse neve por aqueles lados.

É o caso da exuberante e emblemática casa Goerke, logo atrás da Felsenkirche, também da estação de comboios e do edifício Krabbenhöft & Lamp.

Este, à imagem das casas Kreplin e Troos, erguido pelos magnatas dos diamantes herdeiros dos de Kolmanskop.

Casa Goerke, Luderitz, Namibia

A casa Goerke com a sua estranha arquitectura de influência da Bavária, destacada junto à Montanha de Diamante.

Ao caminharmos pelo centro reparamos no tom de pele dourado de vários transeuntes, nos seus olhos translúcidos cor de mel, verde-azeitona e até azuis, como os de um vendedor de modos suaves que, à entrada da gare local, quase nos convence a comprar-lhe peixe fumado.

Coincidência ou não, fazemos compras quando damos com o primeiro habitante de origem portuguesa de Lüderitz.

Luís Figueira é dono da única grande mercearia aberta após o anoitecer, o “Portuguese Supermarket”.

Luís Figueira: um de Muitos Portugueses na Namíbia

Apesar de falar inglês, as feições do homem ao balcão, algo rechonchudo e com a barba por fazer, dão-nos indicações promissoras da sua ascendência. “O senhor é que é o português aqui da loja?” perguntamos-lhe.

A questão e a suspeita de que estava perante gente com o seu sangue despertou-lhe um brilho nos olhos e um forte estímulo para nos contar de tudo um pouco. Fá-lo em inglês.

A língua portuguesa, tinha-a perdido quase toda. “Pois os meus avós vieram da Madeira para cá na altura em que havia sempre trabalho na pesca e no processamento do peixe.

Ainda tenho a minha mãe lá em Santana e vou à Madeira uma vez ao ano. Aqui em Lüderitz, casei com uma senhora de cor e cá estamos. Temos quatro filhos, todos com nomes portugueses. Vocês têm que passar lá pela nossa academia do bacalhau! É onde a malta de origem portuguesa convive…”

Quando os avós de Luís Figueira chegaram, Lüderitz fazia parte da África do Sul. Assim o ditou a continuação da história destas paragens. Em plena 1ª Guerra Mundial, a África do Sul ocupou todo o Sudoeste Africano Germânico e deportou muitos alemães.

A Incorporação na África do Sul e na recém-independente Namibia

Com a mudança da prospecção mineira das redondezas para sul, essa deportação contribuiu para o declínio temporário da população. A África do Sul administrou Lüderitz e a antiga colónia germânica – primeiro sob mandato da Liga das Nações e da ONU, mais tarde à revelia da ONU – até 1990.

Nesse ano, o movimento SWAPO (SouthWest African People Organization) forçou a independência da Namíbia, com uma estratégia de confrontação militar a partir do sul da Angola recém-libertada do jugo português.

Passou um século sem que o território actual da Namíbia estivesse sujeito a um domínio germânico efectivo. Contam-se mais de 30.000 os seus habitantes com ascendência alemã e a falarem alemão.

Formam uma audiência compacta de uma estação de rádio em alemão, de um serviço noticiário televisivo próprio e do jornal diário Allgemeine Zeitung fundado em 1916 e que resiste ao passar do anos.

Malgrado a génese inusitada do legado teutónico e os esforços das autoridades namibianas para o mitigarem, em Lüderitz como, mais a norte, em Swakopmund, esse zeitgeist está longe de passar.

Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Fish River Canyon, Namíbia

As Entranhas Namibianas de África

Quando nada o faz prever, uma vasta ravina fluvial esventra o extremo meridional da Namíbia. Com 160km de comprimento, 27km de largura e, a espaços, 550 metros de profundidade, o Fish River Canyon é o Grand Canyon de África. E um dos maiores desfiladeiros à face da Terra.
Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor

Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Sossusvlei, Namíbia

O Namibe Sem Saída de Sossusvlei

Quando flui, o rio efémero Tsauchab serpenteia 150km, desde as montanhas de Naukluft. Chegado a Sossusvlei, perde-se num mar de montanhas de areia que disputam o céu. Os nativos e os colonos chamaram-lhe pântano sem retorno. Quem descobre estas paragens inverosímeis da Namíbia, pensa sempre em voltar.
Dunhuang, China

Um Oásis na China das Areias

A milhares de quilómetros para oeste de Pequim, a Grande Muralha tem o seu extremo ocidental e a China é outra. Um inesperado salpicado de verde vegetal quebra a vastidão árida em redor. Anuncia Dunhuang, antigo entreposto crucial da Rota da Seda, hoje, uma cidade intrigante na base das maiores dunas da Ásia.
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Twyfelfontein - Ui Aes, Namíbia

À Descoberta da Namíbia Rupestre

Durante a Idade da Pedra, o vale hoje coberto de feno do rio Aba-Huab, concentrava uma fauna diversificada que ali atraía caçadores. Em tempos mais recentes, peripécias da era colonial coloriram esta zona da Namíbia. Não tanto como os mais de 5000 petróglifos que subsistem em Ui Aes / Twyfelfontein.
Walvis Bay, Namíbia

O Litoral Descomunal de Walvis Bay

Da maior cidade costeira da Namíbia ao limiar do deserto do Namibe de Sandwich Harbour, vai um domínio de oceano, dunas, nevoeiro e vida selvagem sem igual. Desde 1790, que a profícua Walvis Bay lhe serve de portal.
PN Bwabwata, Namíbia

Um Parque Namibiano que Vale por Três

Consolidada a independência da Namíbia, em 1990, para simplificarem a sua gestão, as autoridades agruparam um trio de parques e reservas da faixa de Caprivi. O PN Bwabwata resultante acolhe uma imensidão deslumbrante de ecossistemas e vida selvagem, às margens dos rios Cubango (Okavango) e Cuando.
Spitzkoppe, Damaraland, Namíbia

A Montanha Afiada da Namíbia

Com 1728 metros, o “Matterhorn Namibiano” ergue-se abaixo das dez maiores elevações da Namíbia. Nenhuma delas se compara com a escultura granítica, dramática e emblemática de Spitzkoppe.
PN Etosha, Namíbia

A Vida Exuberante da Namíbia Branca

Um salar vasto rasga o norte namibiano. O Parque Nacional Etosha que o envolve revela-se um habitat árido, mas providencial, de incontáveis espécies selvagens africanas.
Palmwag, Namíbia

Em Busca de Rinocerontes

Partimos do âmago do oásis gerado pelo rio Uniab, habitat do maior número de rinocerontes negros do sudoeste africano. Nos passos de um pisteiro bosquímano, seguimos um espécime furtivo, deslumbrados por um cenário com o seu quê de marciano.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Hipopótamo exibe as presas, entre outros
Safari
PN Mana Pools, Zimbabwé

O Zambeze no Cimo do Zimbabwé

Passada a época das chuvas, o minguar do grande rio na fronteira com a Zâmbia lega uma série de lagoas que hidratam a fauna durante a seca. O Parque Nacional Mana Pools denomina uma região fluviolacustre vasta, exuberante e disputada por incontáveis espécimes selvagens.
Rebanho em Manang, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Arquitectura & Design
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Ilha de Miyajima, Xintoismo e Budismo, Japão, Portal para uma ilha sagrada
Cerimónias e Festividades
Miyajima, Japão

Xintoísmo e Budismo ao Sabor das Marés

Quem visita o tori de Itsukushima admira um dos três cenários mais reverenciados do Japão. Na ilha de Miyajima, a religiosidade nipónica confunde-se com a Natureza e renova-se com o fluir do Mar interior de Seto.
Anoitecer no Parque Itzamna, Izamal, México
Cidades
Izamal, México

A Cidade Mexicana, Santa, Bela e Amarela

Até à chegada dos conquistadores espanhóis, Izamal era um polo de adoração do deus Maia supremo Itzamná e Kinich Kakmó, o do sol. Aos poucos, os invasores arrasaram as várias pirâmides dos nativos. No seu lugar, ergueram um grande convento franciscano e um prolífico casario colonial, com o mesmo tom solar em que a cidade hoje católica resplandece.
Comida
Margilan, Usbequistão

Um Ganha Pão do Uzbequistão

Numa de muitas padarias de Margilan, desgastado pelo calor intenso do forno tandyr, o padeiro Maruf'Jon trabalha meio-cozido como os distintos pães tradicionais vendidos por todo o Usbequistão
Djerbahood, Erriadh, Djerba, Espelho
Cultura
Erriadh, Djerba, Tunísia

Uma Aldeia Feita Galeria de Arte Fugaz

Em 2014, uma povoação djerbiana milenar acolheu 250 pinturas murais realizadas por 150 artistas de 34 países. As paredes de cal, o sol intenso e os ventos carregados de areia do Saara erodem as obras de arte. A metamorfose de Erriadh em Djerbahood renova-se e continua a deslumbrar.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Desporto
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
jet lag evitar voo, jetlag, turbulência
Em Viagem
Jet Lag (Parte 1)

Evite a Turbulência do Pós Voo

Quando voamos através de mais que 3 fusos horários, o relógio interno que regula o nosso organismo confunde-se. O máximo que podemos fazer é aliviar o mal-estar que sentimos até se voltar a acertar.
Capacete capilar
Étnico
Viti Levu, Fiji

Canibalismo e Cabelo, Velhos Passatempos de Viti Levu, ilhas Fiji

Durante 2500 anos, a antropofagia fez parte do quotidiano de Fiji. Nos séculos mais recentes, a prática foi adornada por um fascinante culto capilar. Por sorte, só subsistem vestígios da última moda.
portfólio, Got2Globe, fotografia de Viagem, imagens, melhores fotografias, fotos de viagem, mundo, Terra
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Porfólio Got2Globe

O Melhor do Mundo – Portfólio Got2Globe

Zanzibar, ilhas africanas, especiarias, Tanzania, dhow
História
Zanzibar, Tanzânia

As Ilhas Africanas das Especiarias

Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
Elafonisi, Creta, Grécia
Ilhas
Chania a Elafonisi, Creta, Grécia

Ida à Praia à Moda de Creta

À descoberta do ocidente cretense, deixamos Chania, percorremos a garganta de Topolia e desfiladeiros menos marcados. Alguns quilómetros depois, chegamos a um recanto mediterrânico de aguarela e de sonho, o da ilha de Elafonisi e sua lagoa.
Geotermia, Calor da Islândia, Terra do Gelo, Geotérmico, Lagoa Azul
Inverno Branco
Islândia

O Aconchego Geotérmico da Ilha do Gelo

A maior parte dos visitantes valoriza os cenários vulcânicos da Islândia pela sua beleza. Os islandeses também deles retiram calor e energia cruciais para a vida que levam às portas do Árctico.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Literatura
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
viajantes contemplam, monte fitz roy, argentina
Natureza
El Chalten, Argentina

O Apelo de Granito da Patagónia

Duas montanhas de pedra geraram uma disputa fronteiriça entre a Argentina e o Chile.Mas estes países não são os únicos pretendentes.Há muito que os cerros Fitz Roy e Torre atraem alpinistas obstinados
Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono
Outono
Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso

Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.
Banhista, The Baths, Devil's Bay (The Baths) National Park, Virgin Gorda, Ilhas Virgens Britânicas
Parques Naturais
Virgin Gorda, Ilhas Virgens Britânicas

Os “Caribanhos” Divinais de Virgin Gorda

À descoberta das Ilhas Virgens, desembarcamos numa beira-mar tropical e sedutora salpicada de enormes rochedos graníticos. Os The Baths parecem saídos das Seicheles mas são um dos cenários marinhos mais exuberantes das Caraíbas.
Castelo de Shuri em Naha, Okinawa o Império do Sol, Japão
Património Mundial UNESCO
Okinawa, Japão

O Pequeno Império do Sol

Reerguida da devastação causada pela 2ª Guerra Mundial, Okinawa recuperou a herança da sua civilização secular ryukyu. Hoje, este arquipélago a sul de Kyushu abriga um Japão à margem, prendado por um oceano Pacífico turquesa e bafejado por um peculiar tropicalismo nipónico.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Personagens
PN Oulanka, Finlândia

Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
Tombolo e Punta Catedral, Parque Nacional Manuel António, Costa Rica
Praias
PN Manuel António, Costa Rica

O Pequeno-Grande Parque Nacional da Costa Rica

São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
A Crucificação em Helsínquia
Religião
Helsínquia, Finlândia

Uma Via Crucis Frígido-Erudita

Chegada a Semana Santa, Helsínquia exibe a sua crença. Apesar do frio de congelar, actores pouco vestidos protagonizam uma re-encenação sofisticada da Via Crucis por ruas repletas de espectadores.
Comboio Kuranda train, Cairns, Queensland, Australia
Sobre Carris
Cairns-Kuranda, Austrália

Comboio para o Meio da Selva

Construído a partir de Cairns para salvar da fome mineiros isolados na floresta tropical por inundações, com o tempo, o Kuranda Railway tornou-se no ganha-pão de centenas de aussies alternativos.
San Cristobal de Las Casas, Chiapas, Zapatismo, México, Catedral San Nicolau
Sociedade
San Cristóbal de Las Casas, México

O Lar Doce Lar da Consciência Social Mexicana

Maia, mestiça e hispânica, zapatista e turística, campestre e cosmopolita, San Cristobal não tem mãos a medir. Nela, visitantes mochileiros e activistas políticos mexicanos e expatriados partilham uma mesma demanda ideológica.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Parque Nacional Everglades, Florida, Estados Unidos, voo sobre os canais dos Everglades
Vida Selvagem
Parque Nacional Everglades, Flórida, E.U.A.

O Grande Rio Ervado da Flórida

Quem sobrevoa o sul do 27º estado espanta-se com a vastidão verde, lisa e ensopada que contrasta com os tons oceânicos em redor. Este ecossistema de pântano-pradaria único nos EUA abriga uma fauna prolífica dominada por 200 mil dos 1.25 milhões de jacarés da Flórida.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.