Chandor, Goa, Índia

Uma Casa Goesa-Portuguesa, Com Certeza


O Grande Solar
A longa fachada da Casa Menezes Bragança, uma das maiores de Chandor e de Goa em geral.
A Matriarca
Dª A?urea, a matriarca da família Braganc?a Pereira.
À Moda Goesa Antiga
Um dos vários salões da Casa Bragança-Pereira.
Album de Família
Colectânea de recordações da família, sobre um velho toucador.
Assento do Amor
Um assento-do-amor, um dos vários elementos decorativos históricos da casa Menezes-Bragança.
Capela Privada
A capela da casa Menezes-Bragança, em que a família diz guardar uma unha de São Francisco de Xavier.
A Entrada e a Fronteira
Entrada e meio geométrico da A longa fachada da Casa Menezes Bragança, onde começa a divisão actual entre as duas famílias que a ocupam.
O Futuro
Descendentes Fami?lia Braganc?a Pereira em frente à igreja de Chandor.
Os Bragança Pereira
Retrato de parte da família Bragança Pereira, na sua casa de Chandor.
Francisco Xavier Bragança
O retrato de Francisco Xavier Braganc?a, o mais destacado dos anciãos da família Bragança.
Grande Salão
Um dos vários salões da Casa Menezes Braganc?a, decorado com uma mistura de elementos coloniais e goeses.
Um palacete com influência arquitectónica lusa, a Casa Menezes Bragança, destaca-se do casario de Chandor, em Goa. Forma um legado de uma das famílias mais poderosas da antiga província. Tanto da sua ascensão em aliança estratégica com a administração portuguesa como do posterior nacionalismo goês.

A primeira impressão que fazemos da Casa Menezes Bragança é a de que o termo casa estava longe de lhe fazer justiça.

Da beira de um jardim relvado e verdejante, vemo-nos perante a fachada de um solar tropical portentoso, com dois pisos cobertos de um beiral e de um telhado, ambos feitos de telha portuguesa gasta pelo tempo.

Se, como esperado de um domicílio de campo, a altura é comedida, o seu comprimento espanta-nos. Só no primeiro andar, contamos doze janelas altas recortadas, cada qual com o seu varandim de um ocre condizente com as telhas.

No piso térreo, outras tantas, mais pequenas, encerradas por portadas de jeito mais hindu que luso.

Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

A longa fachada da Casa Menezes Bragança, uma das maiores de Chandor e de Goa em geral.

Devemos ainda dizer que conseguíamos admirar apenas um segmento estendido entre um trio de coqueiros e um pinheiro asiático, todos mais altos que o cimo do telhado. Caminhamos um pouco mais.

Percebemos que o pinheiro escondia a entrada de serviço, situada a meio da fachada simétrica do edifício, o que equivale a dizer que, da entrada em diante, as janelas e tudo o resto se repetiam.

O olhar e o tom da interlocutora deixam-nos apreensivos. O remate, em particular, desarma-nos. Por pouco tempo.

Não queríamos aceitar que tínhamos percorrido aqueles 20km (sem contar com a distância para Portugal) em vão. Assim sendo, ripostamos com todos os argumentos e mais alguns, da nacionalidade ao propósito profissional.

Quando a senhora mantém o seu bloqueio, puxamos um trunfo mais alto da manga: se o problema estava em que não tinha instruções para abrir excepção, então que nos deixasse falar com a proprietária.

Dois minutos depois, algo contrariada, Dª Judite passa-nos um papel com um número de telefone. Não havia rede de telemóvel em parte nenhuma da casa, pelo que lhe dissemos que ligaríamos do exterior e regressaríamos a comunicar o resultado da chamada.

Instalamo-nos num prolongamento da mansão, entre o fim do jardim e a Igreja de Chandor. Durante uma boa meia-hora, ou não conseguimos ligar por falta de rede ou ninguém responde. Numa derradeira e desesperada tentativa, por fim, a chamada é atendida por Aida Menezes Bragança. Falava-nos de Bangalore.

Repetimos-lhe os argumentos já explanados a Dª Judite. Acrescentamos mais alguns. A interlocutora sensibilizou-se com a importância que dávamos à nossa visita e trabalho e anuiu. “Esperem só dez minutos para eu ligar lá para casa e falar com a Dª Judite. Depois, subam e façam as fotos que precisarem.”

Regressamos. Guiados por uma empregada da casa, investigamos as sucessivas salas e salões, um deles de baile, em qualquer caso, com recheios seculares intactos: lustres de cristal belgas e venezianos a pender do tecto.

Salão, Casa Menezes Bragança-Chandor-Goa-India

Um dos vários salões da Casa Menezes Bragança, decorado com uma mistura de elementos coloniais e goeses.

Grandes mesas, cadeiras e cadeirões, toucadores de jacarandá e teca, estantes de uma das maiores bibliotecas privadas de Goa com cerca de 5000 livros em várias línguas. Canapés, palanquins e assentos-do-amor.

Assento-do-amor, Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

Um assento-do-amor, um dos vários elementos decorativos históricos da casa Menezes-Bragança.

Escrivaninhas, bibelôs, porcelana de Macau, um serviço de jantar da Companhia das Índias Orientais e até um velho coco-do-mar trazido das Seicheles subsistiam, dispostos em jeito de museu domiciliar, sobre soalhos feitos de grandes tábuas ou pisos de azulejos com padrões bem distintos, a formarem sub-espaços independentes.

Dezenas de fotos de família e alguns quadros espelhavam a árvore genealógica dos moradores e parte da história prolífica da família e da Casa Menezes Bragança.

Antes da chegada de Vasco da Gama a Goa, como quase todos os goenses, os ancestrais dos Bragança eram hindus, dos mais poderosos na região. Integravam a casta superior brâmane e faziam parte do pachayat (concelho) de Chandrapur, a capital de Goa nos séculos XI a XIII. Nessa altura, usavam o sobrenome Desai.

Concretizado o domínio português, a partir de 1542, a missão jesuíta de São Francisco de Xavier, mais tarde também a Inquisição, determinaram a destruição dos templos hindus. Os Desai viram-se forçados a aderir ao cristianismo, a integrar a sociedade portuguesa e a emular os seus modos aristocratas.

Devido à supremacia económica, intelectual e social que já possuíam, durante os 300 anos que se seguiram, alguns Desai ocuparam lugares cimeiros na administração lusa.

Agradados com o contributo desta família e em justiça para com a posição dominante que ocupavam, os portugueses concederam-lhes o nome da última Casa Real, então escrita como Braganza. A Casa Menezes Bragança de Chandor foi erguida a partir do século XVI e aumentada e melhorada em três fases sucessivas, ao longo de trezentos anos.

Francisco Xavier Bragança, Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

O retrato de Francisco Xavier Bragança, o mais destacado dos anciãos da família Bragança.

No século XIX, os Bragança atingiram o ápice. Francisco Xavier Bragança, advogado, aristocrata goês, dono de plantações de arroz e de coqueiros instaladas em terras aforadas pela Coroa portuguesa, recebeu de Fernando II e Maria II, reis de Portugal os títulos de cavaleiro e, do Concelho Nobiliárquico de Lisboa, o escudo-real.

António Elzário Sant’ Anna Pereira, primo de Francisco Xavier, foi agraciado com título idêntico. A partir do século XVI, a transformação arquitectónica da mansão e a sua decoração deveu-se sobretudo à pompa e fausto em que se moviam estas duas personalidades.

Chegada à última década do século XX, Francisco Xavier Bragança falece. Sem filhos, nomeou o primeiro neto Luís Menezes de Bragança como herdeiro. Luís Menezes de Bragança revelou-se também ele letrado e influente e, quanto mais instruído, mais activo na contestação ao domínio colonial português.

Associado a outras figuras intelectuais, fundou o primeiro jornal em língua portuguesa de Goa, “O Heraldo”. Pouco depois, criou o seu próprio periódico: “O Debate” e um bissemanal denominado “Pracasha”. Nos três títulos mas não só, tornou públicas as críticas que reservava ao regime colonial português. Daí em diante, nada seria igual.

A família Bragança fragmentou-se. A casa deu origem a duas, cada qual pertencente a duas irmãs herdeiras dos Bragança, a ocuparem alas opostas do palacete.

Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

Entrada e meio geométrico da Casa Menezes Bragança, onde começa a divisão actual entre as duas famílias que a ocupam.

Deixamos o lado dos Menezes Bragança sem sequer voltarmos a ver Dª Judite, demasiado atrapalhada com os seus afazeres judiciais. Despedimo-nos e voltamos ao átrio em que a mansão se dividia. Tocamos à campainha da porta do lado.

Dá-nos as boas-vindas uma criada da casa Bragança-Pereira que se apressou a chamar um dos filhos da dona. Armando, o nosso cicerone, já pouco português falava: “Eu não falo, mas a minha mãe fala. Ela fica sempre contente por ter visitantes portugueses. Vou buscá-la.”

Dª Áurea Bragança Pereira, Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

Dª Áurea, a matriarca da família Bragança Pereira.

Decorridos uns minutos, Dª Áurea Bragança Pereira, surgiu dos confins de um salão. Áurea era a única sobrevivente da 14ª geração dos Braganças. Desde 1948 que vivia na ala da mansão que herdara com quinze descendentes e consortes.

Conversa puxa conversa, concordamos em tirar uma fotografia da família presente. Entretanto, a anciã confessa-se mais fatigada que o habitual. Armando retoma o périplo.

Conduz-nos à capela e a um segredo algo surreal da casa. À margem dos incontáveis objectos em redor, a capela preservava o que se diz ser uma unha de São Francisco de Xavier, queratina removida do restante corpo que jaz na Basílica do Bom Jesus, em Goa Velha.

Capela, Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

A capela da casa Menezes-Bragança, em que a família diz guardar uma unha de São Francisco de Xavier.

Quatrocentos e trinta e três anos após a fundação da colónia portuguesa de Goa, Salazar chegou a primeiro-ministro da recém imposta república portuguesa, com promessas constitucionais de liberdade civil e de expressão.

De acordo, Menezes Bragança, já membro do parlamento português, propôs uma moção ao Conselho que visava a auto-determinação de Goa. Salazar refutou-a sem apelo. Encerrou o jornal de Menezes de Bragança e ordenou que as suas actividades fossem monitoradas.

A postura intransigente de Salazar gerou em Menezes uma profunda depressão que levou à sua morte em 1938. Tristão de Bragança Cunha (1891-1958), cunhado de Menezes Bragança seguiu-lhe os passos até se tornar o Pai do Nacionalismo Goês.

Fundou o Comité do Congresso Nacional de Goa e publicou um panfleto intitulado Denacionalização de Goa que criticava o Estado Novo por, entre outros pecados, querer exterminar o uso do dialecto konkani. Ambas as publicações se provaram sérios denunciantes da opressão portuguesa.

Nesses tempos, Tristão de Bragança Cunha, Bertha de Menezes Bragança e outros membros do Comité tinham reuniões na Casa Menezes Bragança em que proferiam com frequência o grito Jai Hind que louvava a Victória da Índia. Tais reuniões suscitaram a comparência cada vez mais frequente e castradora da polícia portuguesa.

Ainda assim, os esforços dos Bragança e seguidores sensibilizaram vários políticos indianos influentes e independentistas para a Questão Goesa, entre eles Nehru, futuro ministro da Índia.

A Índia declarou a sua independência da Grã-Bretanha em 1947. Por diversas razões e controvérsias de que o venerado Nehru ainda é acusado, Goa permaneceu posse de Portugal até 1961, quando o exército indiano a liberou.

Apenas um ano antes do encerrar do Raj Britânico, Tristão de Bragança Cunha foi detido e sentenciado a oito anos de encarceramento no Forte de Peniche. Toda a sua família se viu perseguida pelas autoridades portuguesas o que levou à sua fuga para Bangalore, a capital agora tecnológica do estado de Karnataka.

Tristão da Cunha regressou à India em 1953 mas faleceu em exílio em Bombaim, em 1958, a apenas três anos da emancipação de Goa. Quando Aida regressou à Casa Bragança, em 1961, só algumas criadas a habitavam.

Parte da família Bragança-Pereira, Casa Menezes Bragança, Chandor, Goa, India

Retrato de parte da família Bragança Pereira, na sua casa de Chandor.

Boa parte do recheio mais valioso tinha desaparecido e as chuvas das monções danificado o telhado e parte das salas. As reformas políticas indianas de 1962, retiraram aos Bragança as terras granjeadas pela Coroa Portuguesa que até então tinham assegurado o sustento da mansão.

Com pouco ou nenhum apoio dos governos indiano ou goês para a custosa reconstrução e manutenção – só do lado dos Menezes Bragança trabalham seis homens e mulheres de 2ª a Sábado – mas conscientes do valor histórico da casa, ambas as famílias abriram portas ao público.

Segundo Dª Áurea, o lado Bragança-Pereira já há mais de 50 anos, a aceitar apenas doações voluntárias. A ala Menezes Bragança, durante os anos 80, a cobrar entradas fixas.

Enquanto depender apenas da Dª Áurea, a sua parte da Casa Menezes Bragança, demasiado repleta de emoções e recordações, nunca será vendida.

Goa, Índia

O Último Estertor da Portugalidade Goesa

A proeminente cidade de Goa já justificava o título de “Roma do Oriente” quando, a meio do século XVI, epidemias de malária e de cólera a votaram ao abandono. A Nova Goa (Pangim) por que foi trocada chegou a sede administrativa da Índia Portuguesa mas viu-se anexada pela União Indiana do pós-independência. Em ambas, o tempo e a negligência são maleitas que agora fazem definhar o legado colonial luso.
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Jaisalmer, Índia

A Vida que Resiste no Forte Dourado de Jaisalmer

A fortaleza de Jaisalmer foi erguida a partir de 1156 por ordem de Rawal Jaisal, governante de um clã poderoso dos confins hoje indianos do Deserto do Thar. Mais de oito séculos volvidos, apesar da contínua pressão do turismo, partilham o interior vasto e intrincado do último dos fortes habitados da Índia quase quatro mil descendentes dos habitantes originais.
Majuli, Índia

Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Casario

Lares Doces Lares

Poucas espécies são mais sociais e gregárias que a humana. O Homem tende emular outros lares doces lares do mundo. Alguns desses casarios revelam-se impressionantes.
Gangtok, Índia

Uma Vida a Meia-Encosta

Gangtok é a capital de Sikkim, um antigo reino da secção dos Himalaias da Rota da Seda tornado província indiana em 1975. A cidade surge equilibrada numa vertente, de frente para a Kanchenjunga, a terceira maior elevação do mundo que muitos nativos crêem abrigar um Vale paradisíaco da Imortalidade. A sua íngreme e esforçada existência budista visa, ali, ou noutra parte, o alcançarem.
Meghalaya, Índia

Pontes de Povos que Criam Raízes

A imprevisibilidade dos rios na região mais chuvosa à face da Terra nunca demoveu os Khasi e os Jaintia. Confrontadas com a abundância de árvores ficus elastica nos seus vales, estas etnias habituaram-se a moldar-lhes os ramos e estirpes. Da sua tradição perdida no tempo, legaram centenas de pontes de raízes deslumbrantes às futuras gerações.
Shillong, India

Selfiestão de Natal num Baluarte Cristão da Índia

Chega Dezembro. Com uma população em larga medida cristã, o estado de Meghalaya sincroniza a sua Natividade com a do Ocidente e destoa do sobrelotado subcontinente hindu e muçulmano. Shillong, a capital, resplandece de fé, felicidade, jingle bells e iluminações garridas. Para deslumbre dos veraneantes indianos de outras partes e credos.
Guwahati, India

A Cidade que Venera Kamakhya e a Fertilidade

Guwahati é a maior cidade do estado de Assam e do Nordeste indiano. Também é uma das que mais se desenvolve do mundo. Para os hindus e crentes devotos do Tantra, não será coincidência lá ser venerada Kamakhya, a deusa-mãe da criação.
Jaisalmer, Índia

Há Festa no Deserto do Thar

Mal o curto Inverno parte, Jaisalmer entrega-se a desfiles, a corridas de camelos e a competições de turbantes e de bigodes. As suas muralhas, ruelas e as dunas em redor ganham mais cor que nunca. Durante os três dias do evento, nativos e forasteiros assistem, deslumbrados, a como o vasto e inóspito Thar resplandece afinal de vida.
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Dooars, Índia

Às Portas dos Himalaias

Chegamos ao limiar norte de Bengala Ocidental. O subcontinente entrega-se a uma vasta planície aluvial preenchida por plantações de chá, selva, rios que a monção faz transbordar sobre arrozais sem fim e povoações a rebentar pelas costuras. Na iminência da maior das cordilheiras e do reino montanhoso do Butão, por óbvia influência colonial britânica, a Índia trata esta região deslumbrante por Dooars.
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.

Hampi, India

À Descoberta do Antigo Reino de Bisnaga

Em 1565, o império hindu de Vijayanagar sucumbiu a ataques inimigos. 45 anos antes, já tinha sido vítima da aportuguesação do seu nome por dois aventureiros portugueses que o revelaram ao Ocidente.

Dawki, Índia

Dawki, Dawki, Bangladesh à Vista

Descemos das terras altas e montanhosas de Meghalaya para as planas a sul e abaixo. Ali, o caudal translúcido e verde do Dawki faz de fronteira entre a Índia e o Bangladesh. Sob um calor húmido que há muito não sentíamos, o rio também atrai centenas de indianos e bangladeshianos entregues a uma pitoresca evasão.
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Maguri Bill, Índia

Um Pantanal nos Confins do Nordeste Indiano

O Maguri Bill ocupa uma área anfíbia nas imediações assamesas do rio Bramaputra. É louvado como um habitat incrível sobretudo de aves. Quando o navegamos em modo de gôndola, deparamo-nos com muito (mas muito) mais vida que apenas a asada.
Guwahati a Sela Pass, Índia

Viagem Mundana ao Desfiladeiro Sagrado de Sela

Durante 25 horas, percorremos a NH13, uma das mais elevadas e perigosas estradas indianas. Viajamos da bacia do rio Bramaputra aos Himalaias disputados da província de Arunachal Pradesh. Neste artigo, descrevemos-lhe o trecho até aos 4170 m de altitude do Sela Pass que nos apontou à cidade budista-tibetana de Tawang.
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Jabula Beach, Kwazulu Natal, Africa do Sul
Safari
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Jovens percorrem a rua principal de Chame, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 1º - Pokhara a ChameNepal

Por Fim, a Caminho

Depois de vários dias de preparação em Pokhara, partimos em direcção aos Himalaias. O percurso pedestre só o começamos em Chame, a 2670 metros de altitude, com os picos nevados da cordilheira Annapurna já à vista. Até lá, completamos um doloroso mas necessário preâmbulo rodoviário pela sua base subtropical.
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Arquitectura & Design
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Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
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Em viagem, acontece vermo-nos confrontados com a falta de tempo para explorar um lugar tão imperdível como elevado. Ditam a medicina e as experiências prévias com o Mal de Altitude que não devemos arriscar subir à pressa.
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De Volta aos Anos 30

Devastada por um sismo, Napier foi reconstruida num Art Deco quase térreo e vive a fazer de conta que parou nos Anos Trinta. Os seus visitantes rendem-se à atmosfera Great Gatsby que a cidade encena.
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Cidades
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A Pequena Capital do Grande Alasca

De Junho a Agosto, Juneau desaparece por detrás dos navios de cruzeiro que atracam na sua doca-marginal. Ainda assim, é nesta pequena capital que se decidem os destinos do 49º estado norte-americano.
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Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Cultura
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
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O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
Casal Gótico
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Uma Espanha Medieval

De viagem por terras de Aragão e Valência, damos com torres e ameias destacadas de casarios que preenchem as encostas. Km após km, estas visões vão-se provando tão anacrónicas como fascinantes.

Moa numa praia de Rapa Nui/Ilha da Páscoa
Étnico
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A Descolagem e a Queda do Culto do Homem-Pássaro

Até ao século XVI, os nativos da Ilha da Páscoa esculpiram e idolatraram enormes deuses de pedra. De um momento para o outro, começaram a derrubar os seus moais. Sucedeu-se a veneração de tangatu manu, um líder meio humano meio sagrado, decretado após uma competição dramática pela conquista de um ovo.
tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Catedral de Santa Ana, Vegueta, Las Palmas, Gran Canária
História
Vegueta, Gran Canária, Canárias

Às Voltas pelo Âmago das Canárias Reais

O velho e majestoso bairro Vegueta de Las Palmas destaca-se na longa e complexa hispanização das Canárias. Findo um longo período de expedições senhoriais, lá teve início a derradeira conquista da Gran Canária e das restantes ilhas do arquipélago, sob comando dos monarcas de Castela e Aragão.
Albreda, Gâmbia, Fila
Ilhas
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Viagem às Origens do Tráfico Transatlântico de Escravos

Uma das principais artérias comerciais da África Ocidental, a meio do século XV, o rio Gâmbia era já navegado pelos exploradores portugueses. Até ao XIX, fluiu pelas suas águas e margens, boa parte da escravatura perpetrada pelas potências coloniais do Velho Mundo.
Verificação da correspondência
Inverno Branco
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Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
José Saramago em Lanzarote, Canárias, Espanha, Glorieta de Saramago
Literatura
Lanzarote, Canárias, Espanha

A Jangada de Basalto de José Saramago

Em 1993, frustrado pela desconsideração do governo português da sua obra “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, Saramago mudou-se com a esposa Pilar del Río para Lanzarote. De regresso a esta ilha canária algo extraterrestre, reencontramos o seu lar. E o refúgio da censura a que o escritor se viu votado.
Visitante arrisca a vida no cimo das colunas de basalto de Reynisfjara.
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Sul da Islândia vs Atlântico do Norte: uma Batalha Monumental

Vertentes de vulcões e fluxos de lava, glaciares e rios imensos, todos pendem e fluem do interior elevado da Terra do Fogo e Gelo para o oceano frígido e quase sempre irado. Por todas essas e tantas outras razões da Natureza, a Sudurland é a região mais disputada da Islândia.
Estátua Mãe-Arménia, Erevan, Arménia
Outono
Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Maui, Havai, Polinésia,
Parques Naturais
Maui, Havai

Maui: o Havai Divino que Sucumbiu ao Fogo

Maui é um antigo chefe e herói do imaginário religioso e tradicional havaiano. Na mitologia deste arquipélago, o semi-deus laça o sol, levanta o céu e leva a cabo uma série de outras proezas em favor dos humanos. A ilha sua homónima, que os nativos creem ter criado no Pacífico do Norte, é ela própria prodigiosa.
, México, cidade da prata e do Ouro, lares sobre túneis
Património Mundial UNESCO
Guanajuato, México

A Cidade que Brilha de Todas as Cores

Durante o século XVIII, foi a cidade que mais prata produziu no mundo e uma das mais opulentas do México e da Espanha colonial. Várias das suas minas continuam activas mas a riqueza de Guanuajuato que impressiona está na excentricidade multicolor da sua história e património secular.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Praias
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
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Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
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Sociedade
Mérida, Venezuela

A Renovação Vertiginosa do Teleférico mais Alto do Mundo

Em execução a partir de 2010, a reconstrução do teleférico de Mérida foi levada a cabo na Sierra Nevada por operários intrépidos que sofreram na pele a grandeza da obra.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Vida Selvagem
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.