Namibe, Angola

Incursão ao Namibe Angolano


A Gruta
Numa Pilha
Colinas de Curoca
Sinal de Vida
Deserto do Namibe
No Cimo
Rio Curoca em Pediva
Museu dos Camiões
Estrada de Lixa
Colina de Curoca
Última Morada, em Curoca
Árvore Cabeluda
Arco da Lagoa
MPLA
Vale do Espírito
Estádio dos Arcos
Acácia
Monte Cársico II
Desfiladeiro
Ocaso de Curoca
À descoberta do sul de Angola, deixamos Moçâmedes para o interior da província desértica. Ao longo de milhares de quilómetros sobre terra e areia, a rudeza dos cenários só reforça o assombro da sua vastidão.

Deixamos Moçâmedes mais tarde do que estávamos a contar.

Apontados ao sul, sulcamos a paisagem inóspita, numa corrida contra o declínio do sol. Iminente, o ocaso dourava e embelezava aquele grande nada sem apelo.

Quando o astro, por fim, se despede, subimos o primeiro dos morros em que se encaixa o casario de Curoca.

Homónima de um outro município angolano situado sobre a fronteira com a Namíbia, este povoado adaptou o nome do rio efémero que por ali passa, pouco antes de se entregar ao Atlântico.

Mesmo humilde e algo incaracterística, Curoca esconde os seus encantos. Haveríamos de lá regressar.

Conscientes do muito que faltava para o destino final, cruzamos o povoado. Prosseguimos EN100 abaixo, à velocidade possível.

O piso provisório revelava-se de tal maneira áspero que, Alexandre Rico, o guia que nos conduzia, preferia tomar escapatórias arenosas, paralelas à estrada.

Chegada ao Acampamento da Orca de Gilberto Passos

Nativo da província, filho de pai angolano e mãe da Namíbia, Alexandre conhecia o terreno.

Malgrado o escuro e, a determinada altura, uma certa indefinição do caminho gerada pelo movimento das areias, 150km e mais de três horas depois, chegamos ao domínio do acampamento Orca e da sua famosa Gruta.

Lá nos recebem o sr. Gilberto Passos e a esposa Isabel. Corteses, aceitam as desculpas devidas pelo atraso. Logo, inauguram um périplo explicativo.

O acampamento Orca fica situado no extremo norte do imenso Iona, o maior parque nacional de Angola. Angolano natural de Malange, Gilberto foi, durante 15 anos, o concessionário exclusivo e administrador.

A sua administração durou o que durou. De 1975 em diante, o alastrar e agravar da Guerra Civil Angolana ditou a captura sistemática de animais do parque, enquanto meio de alimentação de tropas e de caça furtiva geradora de rendimentos.

A guerra arrastou-se até 2002. Mesmo após o seu término, o extermínio da fauna prosseguiu. Só a partir de 2010 começaram a estabelecer-se parcerias financeiras e operacionais com instituições da União Europeia e outras, na esperança de que o parque recuperasse a anterior riqueza animal.

No entretanto, Gilberto preservou o direito de explorar o acampamento Orca, ainda disposto em redor de uma colina formada por incontáveis rochedos ocres e arredondados.

Uns poucos, situados na frente de quem chega e mais emblemáticos, formam a Gruta, o albergue lítico e reputado em que iríamos pernoitar.

Gilberto e Isabel mostram-nos distintos quartos, que nos dão a escolher.

Na sequência, conduzem a comitiva à sala de jantar. Enquanto inspeccionamos várias fotografias de encontros com personalidades de visita à Gruta, os anfitriões ultimam uma surpreendente refeição.

Estávamos bem para o interior do inóspito Namibe.

Não obstante, apoiado por uns poucos funcionários, o casal prenda-nos com uma cataplana digna das melhores marisqueiras, seguida de deliciosas peras doces.

Noite aquecida e Animada em Volta da Fogueira

À entrada do Inverno do Hemisfério Sul e do Cacimbo, faz frio no deserto. Gilberto e Isabel convidam-nos a continuarmos à conversa junto de uma grande fogueira que acendem ali por perto.

Gilberto conta-nos episódios e peripécias da sua já longa vida angolana.

A sua carreira de músico e como lhe permitiu conviver com outros músicos de renome e entreter e animar os militares angolanos, em distintos lugares de Angola e da Guerra Colonial.

Toca-nos e canta alguns êxitos de Zeca Afonso, de Cesária Évora, Duo Ouro Negro e outros.

Derreados da viagem desde a longínqua Moçâmedes, embalados pelas suas melodias, cedo nos entregamos ao sono.

Adormecemos sem nos decidirmos sobre o que era mais especial, se aquele lugar só por si, ou a honra de assim o descobrirmos.

Fosse como fosse, esforçamo-nos por despertar antes da aurora.

Aurora do Cimo do Monte Cársico de “A Gruta”

A essa hora, já uns poucos funcionários tratavam de uma bomba d’água. Indicam-nos a melhor maneira de subirmos ao cimo do monte cársico em que se enquadrava a Gruta.

Afugentamos uns poucos damões-do-cabo (hyraxes) surpresos.

Do topo, contemplamos, a 360º, o Namibe a perder de vista.

Não tarda, apreciamos o Sol emergente dourá-lo e às suas linhas de acácias.

Na distância, três ou quatro burros percorriam a vastidão em busca de água.

Estendemos a contemplação tanto quanto podemos.

Quando regressamos ao solo, pela vertente oposta à da subida, ficamos de frente para uma espécie de estacionamento-museu do acampamento.

Lá se alinhavam quatro velhos camiões, usados, amiúde, durante os anos em que Gilberto foi responsável pelo PN Iona.

Animado pelo expectável convívio e por um debate aceso sobre qual a melhor sequência para o itinerário que íamos seguir, o pequeno-almoço retém-nos para lá hora estimada.

Despedimo-nos, agradecidos por tudo, de Gilberto e de Isabel.

Em Busca do Rio Curoca e das Termas de Pediva

Revertemos na EN100. Por pouco tempo. Instantes depois, Alexandre flecte para leste. Entramos num desfiladeiro arenoso e, por comparação, apertado.

Esse desfiladeiro leva-nos a um trecho distinto do rio Curoca, uma das suas poucas secções que, abastecida por nascentes, se mantinha com caudal.

Brotavam, dali águas quentes.

O pequeno oásis fluvial ladeado de palmeiras ficou assim conhecido como Termas de Pediva. As suas águas, tanto as termais como as convencionais, sustentam um ecossistema, em tempos, prolífico.

Como parte do esforço internacional de recuperação, as autoridades instalaram nas imediações uma estação de rangers do PN Iona.

São dois rangers de serviço, fardados a condizer, que registam a nossa visita e passagem.

De Pediva, inauguramos o regresso, por um caminho, em parte diferente em que nos cruzamos, com vacas, com burros, umas poucas zebras e gazelas que sulcavam um raro feno ondulante, legado por chuvas recentes.

Dois furos aborrecedores voltam a atrasar-nos.

Mesmo assim, por volta das quatro da tarde, estamos de regresso a Curoca.

Algum vento areja a povoação.

Refresca os angolanos que a habitam, gente simples, habituada a que jipes apareçam e deambulem entre o seu casario, em busca de informações, mantimentos ou, como acabou por também nos acontecer, uns jipes aos outros.

As Colinas Descomunais e o Oásis de Curoca

Convergimos para uma das atracções geológicas que deram fama a povoação, as Colinas de Curoca ou, como são igualmente tratadas, Vale do Espírito.

São na prática, um alinhamento colossal de desfiladeiros.

De canyons multicolores de que se destacam formações peculiares, pejados de fósseis que o recuo dos oceanos por ali deixou.

Um tesouro a que moradores de Curoca estão por dar o devido valor.

Cruzamo-nos com um trio de moças que carrega pilhas de galhos sobre as cabeças, fontes de fogo, de aquecimento e de comida cozinhada que substituem outras mais modernas e fáceis.

Atravessamos toda a povoação.

Espantamo-nos ao constatarmos como o leito do rio a torna um oásis, retalhado em pequenos hortos e plantações abastecedores de Moçâmedes e até, mais a sul, de Tongwa, a velha Porto Alexandre colonial.

Num caminho terciário, arenoso e estreito, uma manada de vacas bloqueia-nos a passagem.

Com esse tempo adicional perdido, ao chegarmos aos Arcos, a formação já está a sombra.

Da lagoa, demasiado usada para incontáveis irrigações, nem sinal.

Ainda batidos pelo sol, dezenas de jovens disputam uma partida de futebol poeirenta, na base de falésias opostas.

Voltamos a Moçâmedes.

Recuperamos os pneus e do cansaço.

Na manhã seguinte, retomaríamos a deambulação pelo Namibe, com reentrada Parque Nacional Iona pela entrada norte que dá acesso ao seu imenso domínio dunal.

 

COMO IR

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Quedas d'água de Kalandula, Angola

Angola em Catadupa

Consideradas as segundas maiores de África, as quedas d’água de Kalandula banham de majestade natural a já de si grandiosa Angola. Desde os tempos coloniais em que foram baptizadas em honra de D. Pedro V, Duque de Bragança, muito rio Lucala e história por elas fluiu.
Lubango, Angola

A Cidade no Cimo de Angola

Mesmo barradas da savana e do Atlântico por serras, as terras frescas e férteis de Calubango sempre prendaram os forasteiros. Os madeirenses que fundaram Lubango sobre os 1790m e os povos que se lhes juntaram, fizeram dela a cidade mais elevada e uma das mais cosmopolitas de Angola.
Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Damaraland, Namíbia

Namíbia On the Rocks

Centenas de quilómetros para norte de Swakopmund, muitos mais das dunas emblemáticas de Sossuvlei, Damaraland acolhe desertos entrecortados por colinas de rochas avermelhadas, a maior montanha e a arte rupestre decana da jovem nação. Os colonos sul-africanos baptizaram esta região em função dos Damara, uma das etnias da Namíbia. Só estes e outros habitantes comprovam que fica na Terra.
Fish River Canyon, Namíbia

As Entranhas Namibianas de África

Quando nada o faz prever, uma vasta ravina fluvial esventra o extremo meridional da Namíbia. Com 160km de comprimento, 27km de largura e, a espaços, 550 metros de profundidade, o Fish River Canyon é o Grand Canyon de África. E um dos maiores desfiladeiros à face da Terra.
Sossusvlei, Namíbia

O Namibe Sem Saída de Sossusvlei

Quando flui, o rio efémero Tsauchab serpenteia 150km, desde as montanhas de Naukluft. Chegado a Sossusvlei, perde-se num mar de montanhas de areia que disputam o céu. Os nativos e os colonos chamaram-lhe pântano sem retorno. Quem descobre estas paragens inverosímeis da Namíbia, pensa sempre em voltar.
Twyfelfontein - Ui Aes, Namíbia

À Descoberta da Namíbia Rupestre

Durante a Idade da Pedra, o vale hoje coberto de feno do rio Aba-Huab, concentrava uma fauna diversificada que ali atraía caçadores. Em tempos mais recentes, peripécias da era colonial coloriram esta zona da Namíbia. Não tanto como os mais de 5000 petróglifos que subsistem em Ui Aes / Twyfelfontein.
Walvis Bay, Namíbia

O Litoral Descomunal de Walvis Bay

Da maior cidade costeira da Namíbia ao limiar do deserto do Namibe de Sandwich Harbour, vai um domínio de oceano, dunas, nevoeiro e vida selvagem sem igual. Desde 1790, que a profícua Walvis Bay lhe serve de portal.
Cidade do Cabo, África do Sul

Ao Fim e ao Cabo

A dobragem do Cabo das Tormentas, liderada por Bartolomeu Dias, transformou esse quase extremo sul de África numa escala incontornável. E, com o tempo, na Cidade do Cabo, um dos pontos de encontro civilizacionais e urbes monumentais à face da Terra.
Robben Island, África do Sul

A Ilha ao Largo do Apartheid

Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a vislumbrar a Robben Island, aquando da sua travessia do Cabo das Tormentas. Com os séculos, os colonos transformaram-na em asilo e prisão. Nelson Mandela deixou-a em 1982, após dezoito anos de pena. Decorridos outros doze, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
Moçamedes ao PN Iona, Namibe, Angola

Entrada em Grande na Angola das Dunas

Ainda com Moçâmedes como ponto de partida, viajamos em busca das areias do Namibe e do Parque Nacional Iona. A meteorologia do cacimbo impede a continuação entre o Atlântico e as dunas para o sul deslumbrante da Baía dos Tigres. Será só uma questão de tempo.
Cabo Ledo, Angola

O Cabo Ledo e a Baía do Regozijo

A apenas a 120km a sul de Luanda, vagas do Atlântico caprichosas e falésias coroadas de moxixeiros disputam a terra de musseque. Partilham a grande enseada forasteiros rendidos ao cenário e os angolanos residentes que o mar generoso há muito sustenta.
Serra da Leba, Angola

Aos Esses. Pela História de Angola.

Uma estrada ousada e providencial inaugurada nas vésperas da Revolução dos Cravos liga a planura do Namibe às alturas verdejantes da Serra da Leba. As suas sete curvas em gancho surgem no enfiamento de um passado colonial atribulado. Dão acesso a alguns dos cenários mais grandiosos de África.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

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Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Safari
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O Pantanal das Pampas

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Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
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Onde o Pecado tem Sempre Perdão

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