Sheki, Azerbaijão

Outono no Cáucaso


Aposentos dourados
O velho palácio do Khan, entre dois enormes plátanos, por altura do Outono, dourados.
Um artista fotogénico
Mahmud, jovem que divertiu dois amigos com poses hilariantes para a fotografia.
Avenida Lada
Velhos Ladas na avenida principal de Sheki, uma herança colorida dos tempos da U.R.S.S.
Lares de Outono
Casario tradicional de Sheki, salpicado de copas de árvores amareladas.
Diálogo da frente p’atrás
Vassif Davudov, o professor de matemática que nos deu boleia na sua própria viagem de taxi Lada e que conhecia inúmeros clubes de futebol portugueses menores.
Ocaso no Cáucaso
Sol põe-se sobre o Cáucaso e tinge os cenários de tons crepusculares.
Ao sol
Clientes de um café junto à estação de autocarros local apanham ar fresco e convivem na esplanada.
Vale dourado
Vista mais ampla do casario de Sheki, espalhado no sopé das montanhas azeris do Cáucaso.
Cicloturista cazaque
Askar Syzbayev, acabado de chegar a Sheki num projecto patrocinado de cicloturismo entre Paris e o Casaquistão.
Cores de caravanserai
Responsável do caravanserai de Sheki entra no átrio histórico da velha estalagem.
Memorial de Guerra
Memorial das vítimas da guerra Azerbaijão-Arménia alimentada sobretudo pela situação "rebelde" do enclave de Nagorno Karabakh.
A caminho de Kis
Passageiras de um autocarro local da região de Sheki.
Veterano de Sheki
Morador de Sheki
Ao sol e ao vento
Estendal de roupa à moda soviética, esticado entre dois prédios com uma enorme amplitude.
Um Soldado Conhecido
Lápide de um dos jovens soldados mortos na guerra entre a Arménia e o Azerbaijão, um conflito ainda hoje latente.
Às compras
Senhoras reflectidas na montra de uma loja peculiar na avenida principal de Sheki.
Vítimas azeris
Memorial colectivo de vítimas da guerra entre a Arménia e o Azerbaijão, no seu auge alguns anos após o término da U.R.S.S.
Perdida entre as montanhas nevadas que separam a Europa da Ásia, Sheki é uma das povoações mais emblemáticas do Azerbaijão. A sua história em grande parte sedosa inclui períodos de grande aspereza. Quando a visitámos, tons pastéis de Outono davam mais cor a uma peculiar vida pós-soviética e muçulmana.

Detém-nos a fronteira da Geórgia com o Azerbaijão.

A atmosfera da viagem madrugadora, até então fluída e agradável, degrada-se. Apressamo-nos a percorrer o longo corredor desnivelado e dotado de repetidos degraus que separa as duas aduanas.

Entramos no edifício azeri atrás de um grupo de passageiros que seguiam numa marshukta um pouco mais rápida que a nossa. Enquanto esperamos que os militares processem a sua entrada, surgem dois homens em trajes rurais conspurcados.

Vinham a bordo de um camião que transportava vacas e empestam o ambiente da sala sem apelo nem agravo. Os oficiais passam-nos à nossa frente. É, assim, prendados por aquele aroma da pecuária georgiana que nos submetemos ao seu aturado escrutínio.

“Uhmmm… portugueses. Já jogámos convosco várias vezes. Ganham-nos sempre mas uma vez quase que conseguíamos… Bom…vemos aqui que estiveram há poucos dias na Arménia. Porque é que foram à Arménia? Estiveram em Nagorno Karabakh?”, interroga-nos o único funcionário que falava inglês. “Se foram, é melhor dizerem-nos já!”

Não tínhamos ido. Explicamos da forma o mais paciente e inocente possível o que tínhamos feito na Arménia. Isso não impede que nos abram as mochilas e as vasculhem de forma aturada, concentrados em encontrarem documentos, programas e mapas de viagem que nos incriminassem.

Fazem-no em vão mas para desespero dos restantes passageiros da nossa marshukta e de outras que se tinham entretanto acumulado.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, caminho de Kis

Passageiras de um autocarro local da região de Sheki.

Por fim, lá nos concedem a entrada no Azerbaijão.

Em Pleno Azerbeijão. E a Caminho de Sheki

Regressamos à marshukta e prosseguimos viagem até Zaqatala. Nesta cidade, negociamos a derradeira viagem até Sheki. Uma hora e meia depois, já estamos à procura do lar de Ilgar Agayev, com o condutor a fazer-se a mais alguns manats (moeda azeri) por a casa ser meio afastada do centro e o empedrado irregular lhe danificar a suspensão.

Metemo-nos por uma ruela apertada que termina num portão. Abrimo-lo e passamos para um quintal pitoresco, adornado por um diospireiro e outras árvores. Duas mulheres descem a escadaria da vivenda e dão-nos umas boas-vindas tímidas, sob os olhares curiosos de algumas familiares.

Instalamo-nos no quarto que nos tinham reservado. Reparamos, de imediato, num enorme tapete azeri a cobrir boa parte da parede. Chega Ilgar.

Partilhamos um chá e conversamos sobre as suas aspirações e os planos para o turismo em Sheki. Entretanto, Ilgar desculpa-se mas tem que ir.

A tarde já vai a meio. Pouco depois de o anfitrião sair, fazemo-nos à povoação. Começamos por espreitar o palácio de Verão do Khan.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Aposentos dourados

O velho palácio do Khan, entre dois enormes plátanos, por altura do Outono, dourados.

Os Tempos da Seda, do Fausto e da União Soviética de Sheki

Foi erguido no término do século XVIII, numa altura em que a produção e processamento da seda em Sheki, e o respectivo rendimento atingiam números impressionantes, cerca de dez milhões de rublos em 1910.

Apesar da prosperidade, Sheki situava-se numa encruzilhada de poderes. Os seus sucessivos khans procuraram a segurança que só o império russo poderia garantir sob a forma de protectorado. Só que o feitiço virou-se contra o feiticeiro.

O khanato foi abolido e a área anexada por uma província russa caucasiana, o Caspian Oblast.

Por volta de 1922, já fazia parte da República Federativa Soviética Socialista do TransCáucaso que não tardou a integrar-se na U.R.S.S.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Avenida Lada

Velhos Ladas na avenida principal de Sheki, uma herança colorida dos tempos da U.R.S.S.

Hoje, o monumento histórico mais impressionante da povoação, o palácio é apenas a estrutura que subsiste de um complexo muito mais vasto protegido pelas muralhas da fortaleza de Sheki.

Chegou a incluir um palácio de Inverno, residências da família do Khan e os aposentos dos servos.

Do que sobra, encanta-nos acima de tudo a curiosa posição do edifício com visual de “Mil e Uma Noites”, disposto entre dois enormes plátanos com copas douradas, tão imponentes que parecem elevar-se acima das montanhas por detrás.

Abdulah, Elvia e a Boa Disposição Juvenil do Azerbaijão

Dedicamos-lhe algum tempo e ao seu passado glorioso. Depois, saímos para o exterior das muralhas por uma porta no cimo da encosta. Mal a cruzamos, esbarramos em Abdulah Axundov e em Elvia Xamedov, dois jovens amigos aparentemente vestidos segundo uma mesma inspiração azeri.

Abdulah trajava uma camisa aos quadradinhos por debaixo de um blusão de cabedal negro e calças de ganga também pretas. Elvia trazia uma camisa vermelha sob um blazer de cetim azul-escuro e calças parecidas com as do compincha. O duo usufruía de uma folga dos seus estudos.

Queria aproveitar essa benesse e registar a farra. De acordo, quando demos por nós, estávamos a fotografá-los junto a um Lada grená e contra as muralhas. Não tardámos a perceber que não eram os únicos nas redondezas com vagar para aquele entretém.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, morador

Morador de Sheki

Duzentos metros abaixo, três outros parceiros de tempo livre, também eles vestidos com predomínio de negro, apreciavam o evento.

Quando deles nos aproximamos a caminho do centro, metem-se connosco e inauguram a sua própria sessão particular, liderados por Mahmud que a, coberto da sua boina achatada, ensaia sucessivas poses cómicas que levam os companheiros à lágrima.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Um artista fotogénico

Mahmud, jovem que divertiu dois amigos com poses hilariantes para a fotografia.

O Lada Taxi do Perito em Futebol (Português) Vassif Davudov

Dali, ainda nos dispusemos a espreitar uma igreja albanesa do século XII ou XIII cercada de mais diospireiros. Apanhamos primeiro um autocarro, depois um Lada táxi conduzido por um jovem que nos deixa à porta.

No regresso, já sobre o pôr-do-sol, caminhamos por ruelas apertadas daquela povoação até que um outro Lada se detém e nos oferece boleia.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Ocaso no Cáucaso

Sol põe-se sobre o Cáucaso e tinge os cenários de tons crepusculares.

Já nele seguia Vassif Davudov, professor de matemática que tinha dois dos seus filhos numa das turmas que lecionava e falava um pouco de turco, de inglês, de francês e de russo.

Ora, o facto de Vassif ser apaixonado por futebol e até pelo futebol português não nos surpreendeu.

O que nos desarmou foi quando começou a desbobinar, orgulhoso, nomes de clubes menores dos nossos campeonatos. “Santa Clara, Leixões… ah, esperem como se chama o outro… Paços de Ferreira!”.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão,, Diálogo da frente p'atrás

Vassif Davudov, o professor de matemática que nos deu boleia na sua própria viagem de taxi Lada e que conhecia inúmeros clubes de futebol portugueses menores.

Ilgar tinha-nos recomendado jantarmos no restaurante de um amigo. Ficava meio escondido numa ruela afastada da estrada principal pelo que tivemos dificuldade em achá-lo.

O Antro Masculino Fumarento do Café Bahar de Sheki

Quando, encontrámos, por fim o Café Bahar, demos com um estabelecimento lúgubre e fumarento, frequentado apenas por homens que fumavam e bebiam chá de pequenos pires mais fundos que o normal.

Pouco habituados a forasteiros, espantam-se com a entrada de um casal que em termos, étnicos, tinham dificuldade em compreender. Ignorámos a sua estranheza e a total inaptidão dos jovens empregados para falar outra língua que não o azeri.

Instalamo-nos, comemos duas sopas tradicionais consistentes (piti e bors) acompanhadas de kompot, um sumo de frutas mistas com cor de groselha. Por volta das dez e meia, rendemo-nos ao cansaço e regressamos ao quarto que Ilgar já algum tempo nos aquecia.

Toda a sua família convivia na sala logo ao lado que comunicava com o quarto através de uma janela fechada. Mas, estávamos de tal forma exaustos pelo despertar madrugador e pela viagem de Tbilisi que nem a ruidosa confraternização nos importunou o sono.

Às Voltas pelo Outono Colorido da Pitoresca Sheki

Despertámos e demos com um pequeno-almoço já pronto na mesa da cozinha logo à frente do quarto. Devorámos o repasto matinal e voltámos a sair à descoberta.

Tínhamos curiosidade em perceber como pareceria Sheki vista de uma das encostas acima.

Demorámos algum tempo para acertar com uma via que nos permitisse deixar a cidade. Sem termos ideia de para onde prosseguíamos, conseguimo-lo primeiro por ruelas repletas de folhas amarelas, vítimas da queda outonal. Logo, através do vasto cemitério da cidade.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Lares de Outono

Casario tradicional de Sheki, salpicado de copas de árvores amareladas.

Continuamos a subir por entre as campas e jazigos aglomerados dentro de gradeamentos familiares. Até que, a determinada altura, se revela, lá em baixo, o casario abundante disposto em redor do edifício mais gráfico e emblemático de Sheki, o seu caravancerai (estalagem) secular.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Vale dourado

Vista mais ampla do casario de Sheki, espalhado no sopé das montanhas azeris do Cáucaso.

Dali, o conjunto formado pelos telhados em tons de terra e pela derradeira folhagem multicolor, ligeiramente retocados pelo fumo branco de algumas fogueiras e chaminés, formavam um deslumbrante cenário outonal.

Sem vivalma por perto, apreciamo-lo na paz eterna dos falecidos e durante o tempo que nos apetece que passe.

Caravancerai de Sheki. A Tradição das Grandes Estalagens do Cáucaso

Até que descemos ao vale e, entre os cada vez mais Ladas que percorrem as suas calçadas, não tardamos a dar com o grande caravancerai que em tempos alojava os mercadores que passavam pela cidade e os animais e a carga com que seguiam.

A porta principal está aberta. Entramos e investigamos o vasto edifício, com quase 250 quartos dispostos atrás de sucessivos arcos erguidos em redor de um pátio principal.

Cores de caravanserai

Responsável do caravanserai de Sheki entra no átrio histórico da velha estalagem.

Naquela ocasião, como em grande parte do ano, o caravancerai estava praticamente vazio mesmo se, em época mais que baixa, alguns viajantes visitavam a cidade.

À saída da estalagem, detemo-nos a fotografar uma longa fila de Ladas disposta ao lado de um grande outdoor com a fotografia do presidente do Azerbaijão. Sem o esperarmos, constatamos que não éramos os únicos forasteiros nas redondezas.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Ao sol

Clientes de um café junto à estação de autocarros local apanham ar fresco e convivem na esplanada.

Um ciclista surge derreado do fundo da calçada.

Quando chega perto de nós, aproveita para descansar o corpo e a alma da viagem que já seria longa. Apercebemo-nos da bandeirinha que tinha instalada sobre o volante.

Conversa puxa conversa, confirmamos que Askar Syzbayev era cazaque. Ainda algo ofegante, o cicloturista conta-nos o que andava a fazer. “Tive a minha sorte. Consegui um patrocínio e planeei uma viagem de 8000 km entre a França e o Cazaquistão.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão Cicloturista cazaque

Askar Syzbayev, acabado de chegar a Sheki num projecto patrocinado de cicloturismo entre Paris e o Casaquistão.

Tem sido cansativo mas, ao mesmo tempo, maravilhoso.” Continuamos a falar por mais algum tempo mas Askar estava derreado e farto de pernoitar na tenda que transportava.

Tinha decidido que, em Sheki, dormiria mais confortável mas precisava de encontrar um lugar com preços compatíveis com o seu orçamento.

Bastou-lhe examinar a fachada e a entrada do edifício histórico para concluir que não poderia contar com o caravancerai.

Os Arredores Soviéticos e o Memorial da Guerra de Nagorno Karabakh

Despedimo-nos. Continuamos a explorar o centro da cidade. Deliciamo-nos em particular com os grandes estendais soviéticos de roupa dispostos entre andares opostos de blocos de prédio distantes e em que as mulheres estendiam ou apanhavam a roupa operando as enormes cordas rotativas.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Ao sol e ao vento

Estendal de roupa à moda soviética, esticado entre dois prédios com uma enorme amplitude.

Antes de deixarmos Sheki em direcção à capital Baku, ainda encontramos outros pontos com vistas distintas sobre o casario e os minaretes que dele se projectavam.

Nas imediações de um desses lugares, damos de caras com um monumento que lembrava os filhos de Sheki, vítimas da guerra entre o Azerbaijão e a Arménia, um conflito sempre latente e que, devido à nossa visita da Arménia, quase nos impedira de entrar no Azerbaijão.

Sheki, Outono no Cáucaso, Azerbaijão, Vítimas azeris

Memorial colectivo de vítimas da guerra entre a Arménia e o Azerbaijão, no seu auge alguns anos após o término da U.R.S.S.

Erevan, Arménia

Uma Capital entre o Leste e o Ocidente

Herdeira da civilização soviética, alinhada com a grande Rússia, a Arménia deixa-se seduzir pelos modos mais democráticos e sofisticados da Europa Ocidental. Nos últimos tempos, os dois mundos têm colidido nas ruas da sua capital. Da disputa popular e política, Erevan ditará o novo rumo da nação.
Kazbegi, Geórgia

Deus nas Alturas do Cáucaso

No século XIV, religiosos ortodoxos inspiraram-se numa ermida que um monge havia erguido a 4000 m de altitude e empoleiraram uma igreja entre o cume do Monte Kazbek (5047m) e a povoação no sopé. Cada vez mais visitantes acorrem a estas paragens místicas na iminência da Rússia. Como eles, para lá chegarmos, submetemo-nos aos caprichos da temerária Estrada Militar da Geórgia.
Tbilisi, Geórgia

Geórgia ainda com Perfume a Revolução das Rosas

Em 2003, uma sublevação político-popular fez a esfera de poder na Geórgia inclinar-se do Leste para Ocidente. De então para cá, a capital Tbilisi não renegou nem os seus séculos de história também soviética, nem o pressuposto revolucionário de se integrar na Europa. Quando a visitamos, deslumbramo-nos com a fascinante mixagem das suas passadas vidas.
Alaverdi, Arménia

Um Teleférico Chamado Ensejo

O cimo da garganta do rio Debed esconde os mosteiros arménios de Sanahin e Haghpat e blocos de apartamentos soviéticos em socalcos. O seu fundo abriga a mina e fundição de cobre que sustenta a cidade. A ligar estes dois mundos, está uma cabine suspensa providencial em que as gentes de Alaverdi contam viajar na companhia de Deus.
Arménia

O Berço do Cristianismo Oficial

Apenas 268 anos após a morte de Jesus, uma nação ter-se-á tornado a primeira a acolher a fé cristã por decreto real. Essa nação preserva, ainda hoje, a sua própria Igreja Apostólica e alguns dos templos cristãos mais antigos do Mundo. Em viagem pelo Cáucaso, visitamo-los nos passos de Gregório o Iluminador, o patriarca que inspira a vida espiritual da Arménia.
Uplistsikhe e Gori, Geórgia

Do Berço da Geórgia à Infância de Estaline

À descoberta do Cáucaso, exploramos Uplistsikhe, uma cidade troglodita antecessora da Geórgia. E a apenas 10km, em Gori, damos com o lugar da infância conturbada de Joseb Jughashvili, que se tornaria o mais famoso e tirano dos líderes soviéticos.

Istambul, Turquia

Onde o Oriente encontra o Ocidente, a Turquia Procura um Rumo

Metrópole emblemática e grandiosa, Istambul vive numa encruzilhada. Como a Turquia em geral, dividida entre a laicidade e o islamismo, a tradição e a modernidade, continua sem saber que caminho seguir

Khinalig, Azerbaijão

A Aldeia no Cimo do Azerbaijão

Instalado aos 2300 metros rugosos e gélidos do Grande Cáucaso, o povo Khinalig é apenas uma de várias minorias da região. Manteve-se isolado durante milénios. Até que, em 2006, uma estrada o tornou acessível aos velhos Ladas soviéticos.
Baku, Azerbaijão

A Metrópole que Despontou com o Petróleo do Cáspio

Em 1941, Hitler ditou o Azerbaijão um dos objectivos da Operação Barbarossa. O motivo foi a mesma abundância de ouro negro e gás natural que propulsionou a opulência da capital azeri sobre o Mar Cáspio. Baku tornou-se a grande metrópole do Cáucaso. Numa longa fusão entre Comunismo e Capitalismo. Entre o Leste e o Ocidente.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Rinoceronte, PN Kaziranga, Assam, Índia
Safari
PN Kaziranga, Índia

O Baluarte dos Monocerontes Indianos

Situado no estado de Assam, a sul do grande rio Bramaputra, o PN Kaziranga ocupa uma vasta área de pântano aluvial. Lá se concentram dois terços dos rhinocerus unicornis do mundo, entre em redor de 100 tigres, 1200 elefantes e muitos outros animais. Pressionado pela proximidade humana e pela inevitável caça furtiva, este parque precioso só não se tem conseguido proteger das cheias hiperbólicas das monções e de algumas polémicas.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
planicie sagrada, Bagan, Myanmar
Arquitectura & Design
Bagan, Myanmar

A Planície dos Pagodes, Templos e Redenções Celestiais

A religiosidade birmanesa sempre assentou num compromisso de redenção. Em Bagan, os crentes endinheirados e receosos continuam a erguer pagodes na esperança de conquistarem a benevolência dos deuses.
O pequeno farol de Kallur, destacado no relevo caprichoso do norte da ilha de Kalsoy.
Aventura
Kalsoy, Ilhas Faroé

Um Farol no Fim do Mundo Faroês

Kalsoy é uma das ilhas mais isoladas do arquipélago das faroés. Também tratada por “a flauta” devido à forma longilínea e aos muitos túneis que a servem, habitam-na meros 75 habitantes. Muitos menos que os forasteiros que a visitam todos os anos atraídos pelo deslumbre boreal do seu farol de Kallur.
Parada e Pompa
Cerimónias e Festividades
São Petersburgo, Rússia

A Rússia Vai Contra a Maré. Siga a Marinha

A Rússia dedica o último Domingo de Julho às suas forças navais. Nesse dia, uma multidão visita grandes embarcações ancoradas no rio Neva enquanto marinheiros afogados em álcool se apoderam da cidade.
St. Augustine, Cidade da Flórida, EUA, a ponte dos Leões
Cidades
Saint Augustine, Florida, E.U.A.

De Regresso aos Primórdios da Florida Hispânica

A disseminação de atracções turísticas de gosto questionável, torna-se superficial se tivermos em conta a profundidade histórica em questão. Estamos perante a cidade dos E.U.A. contíguos há mais tempo habitada. Desde que os exploradores espanhóis a fundaram, em 1565, que St. Augustine resiste a quase tudo.
Comida
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
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Bolshoi Zayatsky, Rússia

Misteriosas Babilónias Russas

Um conjunto de labirintos pré-históricos espirais feitos de pedras decoram a ilha Bolshoi Zayatsky, parte do arquipélago Solovetsky. Desprovidos de explicações sobre quando foram erguidos ou do seu significado, os habitantes destes confins setentrionais da Europa, tratam-nos por vavilons.
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Homem, uma Espécie Sempre à Prova

Está-nos nos genes. Pelo prazer de participar, por títulos, honra ou dinheiro, as competições dão sentido ao Mundo. Umas são mais excêntricas que outras.
Cruzeiro Navimag, Puerto Montt a Puerto-natales, Chile
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Cruzeiro num Cargueiro

Após longa pedinchice de mochileiros, a companhia chilena NAVIMAG decidiu admiti-los a bordo. Desde então, muitos viajantes exploraram os canais da Patagónia, lado a lado com contentores e gado.
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Étnico
Little India, Singapura

Little Índia. A Singapura de Sari

São uns milhares de habitantes em vez dos 1.3 mil milhões da pátria-mãe mas não falta alma à Little India, um bairro da ínfima Singapura. Nem alma, nem cheiro a caril e música de Bollywood.
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O Terreno e o Celestial

Península Iucatão, Cidade Mérida, México, Cabildo
História
Mérida, México

A Mais Exuberante das Méridas

Em 25 a.C, os romanos fundaram Emerita Augusta, capital da Lusitânia. A expansão espanhola gerou três outras Méridas no mundo. Das quatro, a capital do Iucatão é a mais colorida e animada, resplandecente de herança colonial hispânica e vida multiétnica.
Camponesa, Majuli, Assam, India
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Uma Ilha em Contagem Decrescente

Majuli é a maior ilha fluvial da Índia e seria ainda uma das maiores à face da Terra não fosse a erosão do rio Bramaputra que há séculos a faz diminuir. Se, como se teme, ficar submersa dentro de vinte anos, mais que uma ilha, desaparecerá um reduto cultural e paisagístico realmente místico do Subcontinente.
Era Susi rebocado por cão, Oulanka, Finlandia
Inverno Branco
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Um Lobo Pouco Solitário

Jukka “Era-Susi” Nordman criou uma das maiores matilhas de cães de trenó do mundo. Tornou-se numa das personagens mais emblemáticas da Finlândia mas continua fiel ao seu cognome: Wilderness Wolf.
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Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Natal na Austrália, Platipus = ornitorrincos
Natureza
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A Milhas do Natal (parte II)

A 25 Dezembro, exploramos o interior elevado, bucólico mas tropical do norte de Queensland. Ignoramos o paradeiro da maioria dos habitantes e estranhamos a absoluta ausência da quadra natalícia.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
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Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
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Parques Naturais
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Thingvelir, Origens Democracia Islândia, Oxará
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Nas Origens da Remota Democracia Viking

As fundações do governo popular que nos vêm à mente são as helénicas. Mas aquele que se crê ter sido o primeiro parlamento do mundo foi inaugurado em pleno século X, no interior enregelado da Islândia.
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Nos Passos do Grizzly Man

Timothy Treadwell conviveu Verões a fio com os ursos de Katmai. Em viagem pelo Alasca, seguimos alguns dos seus trilhos mas, ao contrário do protector tresloucado da espécie, nunca fomos longe demais.
Balo Praia Creta, Grécia, a Ilha de Balos
Praias
Balos a Seitan Limani, Creta, Grécia

O Olimpo Balnear de Chania

Não é só Chania, a pólis secular, repleta de história mediterrânica, no extremo nordeste de Creta que deslumbra. Refrescam-na e aos seus moradores e visitantes, Balos, Stavros e Seitan, três dos mais exuberantes litorais da Grécia.

Ilha Maurícia, viagem Índico, queda de água de Chamarel
Religião
Maurícias

Uma Míni Índia nos Fundos do Índico

No século XIX, franceses e britânicos disputaram um arquipélago a leste de Madagáscar antes descoberto pelos portugueses. Os britânicos triunfaram, re-colonizaram as ilhas com cortadores de cana-de-açúcar do subcontinente e ambos admitiram a língua, lei e modos francófonos precedentes. Desta mixagem, surgiu a exótica Maurícia.
Chepe Express, Ferrovia Chihuahua Al Pacifico
Sobre Carris
Creel a Los Mochis, México

Barrancas de Cobre, Caminho de Ferro

O relevo da Sierra Madre Occidental tornou o sonho um pesadelo de construção que durou seis décadas. Em 1961, por fim, o prodigioso Ferrocarril Chihuahua al Pacifico foi inaugurado. Os seus 643km cruzam alguns dos cenários mais dramáticos do México.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
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Saksun, StreymoyIlhas Faroé

A Aldeia Faroesa que Não Quer ser a Disneylandia

Saksun é uma de várias pequenas povoações deslumbrantes das Ilhas Faroé, que cada vez mais forasteiros visitam. Diferencia-a a aversão aos turistas do seu principal proprietário rural, autor de repetidas antipatias e atentados contra os invasores da sua terra.
Tombolo e Punta Catedral, Parque Nacional Manuel António, Costa Rica
Vida Selvagem
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O Pequeno-Grande Parque Nacional da Costa Rica

São bem conhecidas as razões para o menor dos 28 parques nacionais costarriquenhos se ter tornado o mais popular. A fauna e flora do PN Manuel António proliferam num retalho ínfimo e excêntrico de selva. Como se não bastasse, limitam-no quatro das melhores praias ticas.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.