Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda


Agaves
Agaves destacados do cimo do Delgadinho, a passagem mais apertada da estrada da Corda.
Em Doca Seca
Barcos de pesca garridos nas imediações de Porto Novo.
Burrico
Burrico estacionado numa berma da Estrada da Corda.
Trabalho do campo
Camponeses trabalham no fundo da Cova do Paul.
Em Reparação
Avaria motorizada em pleno Delgadinho.
Tarde quase noite
Ocaso como visto do cimo do Delgadinho para norte.
A caminho da Ribeira Grande
Carrinha desce a calçada estreita do Delgadinho.
Burrico carregado
Morador guia um burrico, na orla da montanha, acima de Porto Novo.
Cova do Paul
A caldeira sempre cultivada da Cova do Paul.
A Ribeira Grande e profunda
Meandro do desfiladeiro profundo da Ribeira Grande, como visto do Delgadinho.
Corda (de Estendal)
Pick up desce em direcção à Corda, e abaixo de uma corda de estendal.
Feijão-Pedra
Mãos que descascam feijão-pedra, um alimento tradicional de Santo Antão.
Feijão pedra para duas
Mãe e filha descascam feijão-pedra na sua casa à beira da Estrada da Corda.
A caminho
Carro vende mais uma ladeira da Estrada da Corda, ainda entre Porto Novo e a Corda.
José Cabral, da Corda
José Cabral, morador da Corda que chegou a trabalhar em Portugal.
“Mar d’Canal”
Ferry "Mar d'Canal" durante mais uma das travessias agitadas entre o Mindelo e Porto Novo.
Mar de Névoa
Névoa avança e recua na vertente o Lombo da Figueira.
Névoa monitorizada
Névoa sobe para o Lombo de Figueira e quase cobre o radar local.
Ocaso Escarlate
Outra vista do ocaso, de outro ponto da Estrada da Corda.
Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.

A génese vulcânica e uma geomorfografia caprichosa moldaram a exuberância verde-árida de Santo Antão. Mas não só. Ditaram também uma inacessibilidade por ar e respectivo isolamento que só a irmandade de São Vicente, logo ali do lado contrário do canal homónimo, parece aliviar.

Não fosse São Vicente, Santo Antão viveria um outro nível de solidão atlântica.

São Vicente confirmou-se o nosso ponto de aterragem inaugural em Cabo Verde. Sem surpresa, foi do Mindelo, a sua capital, que zarpámos para o canal, rumo ao Porto Novo de Santo Antão.

Quase residentes no arquipélago, há meses que os ventos Alísios castigavam tanto uma ilha como a outra. De maneira tal que, quando visitamos as instalações das companhias de navegação no porto de São Vicente, estavam por confirmar as travessias seguintes.

Por fim, com a tarde a meio, a ventania dá de si. O suficiente para permitir a navegação, afectada por uma turbulência a que os comandantes e os passageiros estavam já habituados. Quando embarcamos no “Mar d’Canal”, uma das primeiras medidas da tripulação é dotar os passageiros de sacos de enjoo. Mesmo se se tratava de um procedimento padrão, o Atlântico não tardou dar-lhe sentido.

O “Mar d’Canal” deixa a baía do Porto Grande para trás. Desliza, com suavidade, na direcção do ilhéu dos Pássaros. À medida que víamos definir-se os recortes do cimo do Monte Cara, as vagas do canal formavam altos e baixos cada vez mais cavados.  Agitavam o ferry e faziam-no adornar sem misericórdia. A espaços, de tal forma que, no convés superior em que seguíamos, qualquer esboço de deslocação se revelava uma aventura.

Ferry Mar d'Canal, Santo Antão, Cabo Verde

Ferry “Mar d’Canal” durante mais uma das travessias agitadas entre o Mindelo e Porto Novo.

Prosseguimos neste embalo violento por uns bons quarenta minutos, à mercê do Atlântico azulão mas encrespado,  salpicado de grandes cristas de espuma.

Aos poucos, Santo Antão usurpou o protagonismo de São Vicente. As vertentes imponentes, repletas de sulcos da costa sudeste da ilha ganharam volume, recorte e cor. Como ganhou o casario multicolor estendido entre a Ribeira do Tortolho e o porto do Porto Novo em que se encerrou a travessia.

À hora do desembarque, o sol já desaparecia para o oeste da ilha. Demos entrada no hotel. Pouco depois, voltamos a sair, esperançados de ainda resolvermos o eterno problema do cartão SIM e mais uma ou duas chatices essenciais ao périplo por Cabo Verde a que nos íamos dedicar.

Caminhamos pelas ruelas da cidade mais próximas do mar, entre casas e negócios enfiados em edifícios de tons pastel que, destacados do solo de asfalto ou de areia e poeira vulcânica, se disfarçavam de garridos.

Entretanto escurece. Se até os Alísios se rendiam a umas tréguas e repouso nocturno, quem éramos nós para destoar.

A Ascensão Vertiginosa de Porto Novo a Lombo da Figueira

Despertamos antes do vento. Regressamos à marginal de Porto Novo, apostados em arranjarmos um carro à altura da montanha-russa natural de Santo Antão. A primeira viatura que alugamos fica sem bateria pouco depois. Na segunda tentativa, fazemos finca-pé numa pick up, mais dispendiosa mas que sabíamos estar noutro nível de resistência e fiabilidade.

Com o transporte resolvido, confirmamos que a secção mais urbanizada e transitável da ilha se situava no seu terço superior. Só duas estradas permitiam viajar da maior cidade, Porto Novo, até aos polos urbanos da costa nordeste do Paul, Janela, Ribeira Grande e Ponta do Sol.

Uma dessas estradas avançava contra os ponteiros do relógio, pelo sopé das montanhas do norte. A outra, ascendia, sem grandes rodeios, mas por incontáveis meandros, a uma crista que coincidia com o limite da municipalidade do Porto Novo.

Ainda antes de partirmos, passeamos pela praia vulcânica em que desagua a Ribeira do Tortolho, entretidos com o contraste entre os grandes seixos negros e polidos de basalto e as cores vivas dos barcos de pesca. Apreciamo-los, alinhados no cimo do pedregal, em harmonia com o firmamento e com três ou quatro acácias verdejantes, como uma bem ponderada instalação piscatória.

Barcos pesca, Santo Antão, Cabo Verde

Barcos de pesca garridos nas imediações de Porto Novo.

Dali, voltamos a embrenhar-nos no casario do Porto Novo, até encontrarmos a perpendicular da cidade de que partia a Estrada da Corda.

Numa primeira secção, o empedrado ondulado da via leva-nos encosta acima, de forma gradual e pouco sinuosa, numa ascensão suave que a poderosa pick up vence sem esforço.

A determinada altura, a estrada chega a sectores da vertente bem mais íngremes. A Corda enrola-se em sucessivos ziguezagues murados, entre arbustos espinhosos e mais acácias.

Estrada da Corda, Santo Antao, Cabo Verde

Carro vende mais uma ladeira da Estrada da Corda, ainda entre Porto Novo e a Corda.

Mais esse, menos esse, atingimos o Lombo da Figueira. E um entroncamento já sobre a fronteira das municipalidades de Porto Novo e de Paul.

A Deslumbrante Caldeira Agrícola de Cova do Paul

Para diante no caminho, ficava a intrigante Cova de Paul. Para leste, a via conduzia ao miradouro de Paul e ao Pico da Cruz, estes pontos, como a estrada em si, com algumas das melhores vistas sobre o sul de Santo Antão e o Atlântico abaixo.

Damos prioridade ao desvio. Detemo-nos no miradouro de Paul. Dali, fascinamo-nos com os avanços e recuos subtis da névoa, a afagar e irrigar a falda arborizada abaixo, uma das mais frondosas de toda a ilha, viríamos mais tarde a concluir. Passamos a capela da Nª Srª da Graça.

Burrico carregado, Santo Antão, Cabo Verde

Morador guia um burrico, na orla da montanha, acima de Porto Novo.

No lugarejo abaixo, confraternizamos com alguns santoantonenses encasacados para o fresco e húmido das alturas, que se abasteciam no depósito de água potável local.

Regressamos à Estrada da Corda. Contados uns poucos quilómetros, achamos a abertura na vegetação que concedia o Miradouro da Cova.

Cova do Paul ,Santo Antão, Cabo Verde

A caldeira sempre cultivada da Cova do Paul.

A Cova é uma das várias caldeiras que aprofundam o perfil vulcânico de Santo Antão. Quando a espreitamos da beira da estrada, em vez de um ar sulfúrico, paira sobre ela uma névoa inócua, uma espécie de extensão interior das nuvens que tínhamos avistado do miradouro do Paul.

Essa névoa é vital para a actividade agrícola minifundiária e pitoresca com que os santoantonenses preenchem a quase totalidade do quilómetro de diâmetro da caldeira. Com milho, cana-de-açúcar, mandioca e, claro está, feijão-pedra. Descemos. Cirandamos por ali, entre as sebes de cana-de-açúcar com que os camponeses salpicam a terra fértil.

Camponeses, Cova do Paul, Santo Antão, Cabo Verde

Camponeses trabalham no fundo da Cova do Paul.

Quando as nuvens a cobrem na íntegra, uma chuvinha molha-tolos encharca-nos. Regressamos à Corda.

Arlinda, Kelly e o Castigo do Feijão-Pedra

Já em pleno domínio de Paul, atravessamos a Fajã de Cima. À passagem, atrai-nos a visão de uma mãe e filha, sentadas, lado a lado, ao sol, a descascarem feijão-pedra de cestos de vime para pequenas latas.

Feijão-Pedra, Santo Antão, Cabo Verde

Mãos que descascam feijão-pedra, um alimento tradicional de Santo Antão.

Chamam-se Arlinda Neves, a mãe.

E Kelly Neves, a filha. “Tenho o meu irmão e a minha nora a morarem lá ao pé de Lisboa…onde é… ah é na Baixa da Banheira” informa-nos Kelly. “Só os vemos uma vez por ano. Este ano, ainda não é certo.” acrescenta e mostra-nos uma fotografia emoldurada do casal.

Feijão-Pedra, Santo Antao, Cabo Verde

Mãe e filha descascam feijão-pedra na sua casa à beira da Estrada da Corda.

A conversa e o sol suave amornavam o convívio pelo que à conversa nos deixámos ficar. Isto, até que as interlocutoras terminam o afazer e percebemos que se queriam dedicar a outro.

Estrada da Corda Abaixo, com Passagem pela Corda

Voltamos uma vez mais à Estrada da Corda. Serpenteamos por uma floresta de pinheiros e cipreste volumosos. Contornamos uma caldeira secundária, bem mais pequena que a do Paul e entramos nos domínios da Ribeira Grande.

Daí em diante, ainda a uma cota de 1000 metros, até à Corda que lhe havia cedido o nome, a estrada desce aos poucos.

Corda, Santo Antão, Cabo Verde

Pick up desce em direcção à Corda, e abaixo de uma corda de estendal.

A 13km para o interior do ponto de partida de Porto Novo, mais que uma povoação, Corda mantem atadas diversas aldeolas e lugarejos de que se destacam Chã de Corda e Esponjeiro. Estabelece uma comunidade agrícola de altitude, acima de outra das crateras profundas de Santo Antão.

No entretanto, a estrada solta-se da Corda. Ganha embalo pelo alto do desfiladeiro da Ribeira Grande, a espaços, entre socalcos ora plantados ora ressequidos e colónias de agaves aguçados e exuberantes.

Agaves, Santo Antao, Cabo Verde

Agaves destacados do cimo do Delgadinho, a passagem mais apertada da estrada da Corda.

O Prodígio Rodoviário do Delgadinho

Por esta altura, em comunhão com tal flora intrépida, chegamos à entrada do Delgadinho, um ponto alto panorâmico da Estrada da Corda.

Umas espreitadelas para um lado e para o outro depois, confirmamos que se tratava de um dos lugares que melhor revelavam o esplendor geológico de Santo Antão.

Na prática, é o improvável Delgadinho que concede à Estrada da Corda a sua continuidade. Não fosse aquela crista morfológica modelada nas lavas de há milhões de anos, bem acima dos vales profundos da Ribeira da Torre e da Ribeira Grande, e o atalho da montanha entre Porto Novo e a cidade da Ribeira Grande teria sido impossível.

Paramos à sua entrada. Percorremo-lo a pé, indecisos sobre se nos haveríamos de deslumbrar primeiro com a escultura geológica de um lado ou do outro, incrédulos com ambas.

Ribeira Grande , Santo Antao, Cabo Verde

Meandro do desfiladeiro profundo da Ribeira Grande, como visto do Delgadinho.

Até que, do nada, aparecem dois santoantonenses. De cima, surge um morador das redondezas, com um grande molho de pasto debaixo do braço. No sentido ascendente, um motociclista empurrava a sua motorizada emperrada.

Enfiado num fato de macaco e à sombra de um boné da Super Bock, José Cabral, um nativo de Corda, percebia que bastasse de mecânica. Bastaram uns minutos de cooperação para o duo dar a volta à mota. O motociclista agradece a ajuda, despede-se, some-se no castigo da ladeira.

Avaria no Delgadinho, Santo Antão, Cabo Verde

Avaria motorizada em pleno Delgadinho.

Enquanto limpa o óleo das mãos a uma meda de erva improvisada, José Cabral explica-nos que trabalhou muitos anos em Portugal, na manutenção de barragens.

Morador da Corda, Santo Antão, Cabo Verde

José Cabral, morador da Corda que chegou a trabalhar em Portugal.

Gabamos-lhe a terra natal: a Corda, o Delgadinho. Santo Antão no seu todo abençoado. José Cabral retribui a gentileza. Aconselha-nos a continuarmos o percurso sempre em mudanças baixas.

A Descida Vertiginosa Rumo a Ribeira Grande

Nos 7km que nos separavam do destino final, de meandro para meandro, a pendente agravava-se. Só os nós e contra-nós da Estrada da Corda colaboravam com a pick up a refrear o ímpeto da gravidade.

Carrinha no Delgadinho, Santo Antão, Cabo Verde

Carrinha desce a calçada estreita do Delgadinho.

Aos poucos, o leito de gravilha então seco da Ribeira Grande torna-se mais largo. Vislumbramos os primeiros núcleos habitacionais na sua base, já suficientemente próximos da costa para suavizar a dureza espartana do seu retiro.

Sem aviso, voltamos a avistar o Atlântico e no fundo do V que o parecia sustentar, edifícios mal-acabados, demasiado altos para pertencerem a uma aldeia. Estávamos na iminência da segunda cidade de Santo Antão.

Quase 40km depois, tínhamos chegado à outra ponta da Estrada da Corda e ao norte de Santo Antão.

Ocaso, Santo Antão, Cabo Verde

Ocaso como visto do cimo do Delgadinho para norte.

São Vicente, Cabo Verde

O Deslumbre Árido-Vulcânico de Soncente

Uma volta a São Vicente revela uma aridez tão deslumbrante como inóspita. Quem a visita, surpreende-se com a grandiosidade e excentricidade geológica da quarta menor ilha de Cabo Verde.
Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal

Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.
São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Parque Nacional Amboseli, Monte Kilimanjaro, colina Normatior
Safari
PN Amboseli, Quénia

Uma Dádiva do Kilimanjaro

O primeiro europeu a aventurar-se nestas paragens masai ficou estupefacto com o que encontrou. E ainda hoje grandes manadas de elefantes e de outros herbívoros vagueiam ao sabor do pasto irrigado pela neve da maior montanha africana.
Braga ou Braka ou Brakra, no Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 6º – Braga, Nepal

Num Nepal Mais Velho que o Mosteiro de Braga

Quatro dias de caminhada depois, dormimos aos 3.519 metros de Braga (Braka). À chegada, apenas o nome nos é familiar. Confrontados com o encanto místico da povoação, disposta em redor de um dos mosteiros budistas mais antigos e reverenciados do circuito Annapurna, lá prolongamos a aclimatização com subida ao Ice Lake (4620m).
Arquitectura & Design
Napier, Nova Zelândia

De volta aos Anos 30 – Calhambeque Tour

Numa cidade reerguida em Art Deco e com atmosfera dos "anos loucos" e seguintes, o meio de locomoção adequado são os elegantes automóveis clássicos dessa era. Em Napier, estão por toda a parte.
Bungee jumping, Queenstown, Nova Zelândia
Aventura
Queenstown, Nova Zelândia

Queenstown, a Rainha dos Desportos Radicais

No séc. XVIII, o governo kiwi proclamou uma vila mineira da ilha do Sul "fit for a Queen". Hoje, os cenários e as actividades radicais reforçam o estatuto majestoso da sempre desafiante Queenstown.
Bom conselho Budista
Cerimónias e Festividades
Chiang Mai, Tailândia

300 Wats de Energia Espiritual e Cultural

Os tailandeses chamam a cada templo budista wat e a sua capital do norte tem-nos em óbvia abundância. Entregue a sucessivos eventos realizados entre santuários, Chiang Mai nunca se chega a desligar.
Executivos dormem assento metro, sono, dormir, metro, comboio, Toquio, Japao
Cidades
Tóquio, Japão

Os Hipno-Passageiros de Tóquio

O Japão é servido por milhões de executivos massacrados com ritmos de trabalho infernais e escassas férias. Cada minuto de tréguas a caminho do emprego ou de casa lhes serve para o seu inemuri, dormitar em público.
mercado peixe Tsukiji, toquio, japao
Comida
Tóquio, Japão

O Mercado de Peixe que Perdeu a Frescura

Num ano, cada japonês come mais que o seu peso em peixe e marisco. Desde 1935, que uma parte considerável era processada e vendida no maior mercado piscícola do mundo. Tsukiji foi encerrado em Outubro de 2018, e substituído pelo de Toyosu.
Cultura
Mercados

Uma Economia de Mercado

A lei da oferta e da procura dita a sua proliferação. Genéricos ou específicos, cobertos ou a céu aberto, estes espaços dedicados à compra, à venda e à troca são expressões de vida e saúde financeira.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Erika Mae
Em Viagem
Filipinas

Os Donos da Estrada Filipina

Com o fim da 2ª Guerra Mundial, os filipinos transformaram milhares de jipes norte-americanos abandonados e criaram o sistema de transporte nacional. Hoje, os exuberantes jeepneys estão para as curvas.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Étnico
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Portfólio, Got2Globe, melhores imagens, fotografia, imagens, Cleopatra, Dioscorides, Delos, Grécia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

O Terreno e o Celestial

Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, Nova Caledonia, Grande Calhau, Pacifico do Sul
História
Grande Terre, Nova Caledónia

O Grande Calhau do Pacífico do Sul

James Cook baptizou assim a longínqua Nova Caledónia porque o fez lembrar a Escócia do seu pai, já os colonos franceses foram menos românticos. Prendados com uma das maiores reservas de níquel do mundo, chamaram Le Caillou à ilha-mãe do arquipélago. Nem a sua mineração obsta a que seja um dos mais deslumbrantes retalhos de Terra da Oceânia.
Zanzibar, ilhas africanas, especiarias, Tanzania, dhow
Ilhas
Zanzibar, Tanzânia

As Ilhas Africanas das Especiarias

Vasco da Gama abriu o Índico ao império luso. No século XVIII, o arquipélago de Zanzibar tornou-se o maior produtor de cravinho e as especiarias disponíveis diversificaram-se, tal como os povos que as disputaram.
Corrida de Renas , Kings Cup, Inari, Finlândia
Inverno Branco
Inari, Finlândia

A Corrida Mais Louca do Topo do Mundo

Há séculos que os lapões da Finlândia competem a reboque das suas renas. Na final da Kings Cup - Porokuninkuusajot - , confrontam-se a grande velocidade, bem acima do Círculo Polar Ártico e muito abaixo de zero.
Recompensa Kukenam
Literatura
Monte Roraima, Venezuela

Viagem No Tempo ao Mundo Perdido do Monte Roraima

Perduram no cimo do Monte Roraima cenários extraterrestres que resistiram a milhões de anos de erosão. Conan Doyle criou, em "O Mundo Perdido", uma ficção inspirada no lugar mas nunca o chegou a pisar.
António do Remanso, Comunidade Quilombola Marimbus, Lençóis, Chapada Diamantina
Natureza
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Geisers El Tatio, Atacama, Chile, Entre o gelo e o calor
Parques Naturais
El Tatio, Chile

Géiseres El Tatio – Entre o Gelo e o Calor do Atacama

Envolto de vulcões supremos, o campo geotermal de El Tatio, no Deserto de Atacama surge como uma miragem dantesca de enxofre e vapor a uns gélidos 4200 m de altitude. Os seus géiseres e fumarolas atraem hordas de viajantes.
Aloés excelsa junto ao muro do Grande Cercado, Great Zimbabwe
Património Mundial UNESCO
Grande Zimbabwe

Grande Zimbabué, Mistério sem Fim

Entre os séculos XI e XIV, povos Bantu ergueram aquela que se tornou a maior cidade medieval da África sub-saariana. De 1500 em diante, à passagem dos primeiros exploradores portugueses chegados de Moçambique, a cidade estava já em declínio. As suas ruínas que inspiraram o nome da actual nação zimbabweana encerram inúmeras questões por responder.  
Monumento do Heroes Acre, Zimbabwe
Personagens
Harare, Zimbabwe

O Último Estertor do Surreal Mugabué

Em 2015, a primeira-dama do Zimbabué Grace Mugabe afirmou que o presidente, então com 91 anos, governaria até aos 100, numa cadeira-de-rodas especial. Pouco depois, começou a insinuar-se à sua sucessão. Mas, nos últimos dias, os generais precipitaram, por fim, a remoção de Robert Mugabe que substituiram pelo antigo vice-presidente Emmerson Mnangagwa.
Promessa?
Praias
Goa, Índia

Para Goa, Rapidamente e em Força

Uma súbita ânsia por herança tropical indo-portuguesa faz-nos viajar em vários transportes mas quase sem paragens, de Lisboa à famosa praia de Anjuna. Só ali, a muito custo, conseguimos descansar.
Ilha Maurícia, viagem Índico, queda de água de Chamarel
Religião
Maurícias

Uma Míni Índia nos Fundos do Índico

No século XIX, franceses e britânicos disputaram um arquipélago a leste de Madagáscar antes descoberto pelos portugueses. Os britânicos triunfaram, re-colonizaram as ilhas com cortadores de cana-de-açúcar do subcontinente e ambos admitiram a língua, lei e modos francófonos precedentes. Desta mixagem, surgiu a exótica Maurícia.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Graffiti deusa creepy, Haight Ashbury, Sao Francisco, EUA, Estados Unidos America
Sociedade
The Haight, São Francisco, E.U.A.

Órfãos do Verão do Amor

O inconformismo e a criatividade ainda estão presentes no antigo bairro Flower Power. Mas, quase 50 anos depois, a geração hippie deu lugar a uma juventude sem-abrigo, descontrolada e até agressiva.
Vendedores de fruta, Enxame, Moçambique
Vida Quotidiana
Enxame, Moçambique

Área de Serviço à Moda Moçambicana

Repete-se em quase todas as paragens em povoações de Moçambique dignas de aparecer nos mapas. O machimbombo (autocarro) detém-se e é cercado por uma multidão de empresários ansiosos. Os produtos oferecidos podem ser universais como água ou bolachas ou típicos da zona. Nesta região a uns quilómetros de Nampula, as vendas de fruta eram sucediam-se, sempre bastante intensas.
Curieuse Island, Seychelles, tartarugas de Aldabra
Vida Selvagem
Île Felicité e Île Curieuse, Seychelles

De Leprosaria a Lar de Tartarugas Gigantes

A meio do século XVIII, continuava inabitada e ignorada pelos europeus. A expedição francesa do navio “La Curieuse” revelou-a e inspirou-lhe o baptismo. Os britânicos mantiveram-na uma colónia de leprosos até 1968. Hoje, a Île Curieuse acolhe centenas de tartarugas de Aldabra, o mais longevo animal terrestre.
Napali Coast e Waimea Canyon, Kauai, Rugas do Havai
Voos Panorâmicos
NaPali Coast, Havai

As Rugas Deslumbrantes do Havai

Kauai é a ilha mais verde e chuvosa do arquipélago havaiano. Também é a mais antiga. Enquanto exploramos a sua Napalo Coast por terra, mar e ar, espantamo-nos ao vermos como a passagem dos milénios só a favoreceu.