Table Mountain, África do Sul

À Mesa do Adamastor


South African Geographic
Moldura na Waterfront da Cidade do Cabo enquadra a Table Mountain que serve de fundo à cidade.
Repouso bellevue
Trabalhador das docas da Cidade do Cabo repousa sobre um navio, com a toalha de mesa de nuvens posta sobre a Table Mountain, em fundo.
Luzes de mesa
A noitinha cerca a Table Mountain, vista do cimo da Lion's Head.
Foto Ioga
Visitantes da Table Mountain fazem uma pausa fotográfica num dos trilhos que percorre o cimo da Montanha da Mesa.
Table vs Table
O perfil integral da Table Mountain de um areal da Table Bay, a norte da Cidade do Cabo.
Decoração Balnear
Homem inscreve grafismos no areal da Glen Beach com os Twelve Apostles em fundo.
Mesa posta
A famosa tablecloth (toalha de mesa de nuvens) cobre a Table Mountain, como vista da Waterfront da Cidade do Cabo.
Moldura náutica
Passageiros do ferry que liga a Cidade do Cabo à Robben Island onde Nelson Mandela esteve aprisionado durante os anos do Apartheid sul-africano contemplam a Table Mountain a distanciar-se.
Um imponente fundo urbano
Parte do Devil's Peak surge por detrás dos edifícios comerciais que preenchem a zona da Waterfront da Cidade do Cabo.
Rei das alturas
Explorador da Table Mountain manifesta a sensação de liberdade e vastidão sentida no cimo da Montanha da Mesa.
12 Apóstolos
Os cumes de arenito e vegetação dos Twelve Apostles, a antecederem a longa Península do Cabo que termina no Cabo da Boa Esperança e na sua Ponta do Cabo.
Meseta para dois
Dois visitantes da Table Mountain sobre um dos seus inúmeros rochedos e contra o Atlântico do Sul prateado pelo início do ocaso.
Urbo deslumbre
Jovem visitante da Table Mountain contempla a paisagem urbana da Cidade do Cabo de um dos vários miradouros instalados no cimo da montanha.
Acima abaixo
O teleférico com cabines giratórias que liga a base ao topo da Table Mountain.
Comunidade da silhueta
Vultos de visitantes partilham o cimo rochoso da Montanha da Mesa.
Dos tempos primordiais das Descobertas à actualidade, a Montanha da Mesa sempre se destacou acima da imensidão sul-africana e dos oceanos em redor. Os séculos passaram e a Cidade do Cabo expandiu-se a seus pés. Tanto os capetonians como os forasteiros de visita se habituaram a contemplar, a ascender e a venerar esta meseta imponente e mítica.

Uma Mesa Omnipresente

Não há como escapar à Montanha da Mesa. Embrenhados no labirinto de docas, varandas e passadiços de Waterfront ou das Cape Docks.

Nas sucessivas enseadas a leste e a sul que o Atlântico do Sul fustiga sem clamor e cobre de enormes algas: Sea Point, Bantry Bay, Clifton, Camps Bay, também outras mais distantes, para norte, Table View e Bloubergstrand.

O mesmo se passa para o interior intrincado da cidade, seja o colorido de Bo-Kaap ou o mais sério e composto em redor de De Waterkant ou de ZonneBloem.

Montanha da Mesa vista da Table Tay, Cidade do Cabo, África do Sul

O perfil integral da Table Mountain de um areal da Table Bay, a norte da Cidade do Cabo.

Desde que a meteorologia não contemple nuvens baixas, a Table Mountain insinua-se à Cidade do Cabo e aos vastos arredores como a guardiã secular da grande urbe sul-africana que se tornou.

Esta montanha achatada protege-a dos ventos sul e de boa parte das variantes. Durante séculos, facilitou a sua defesa e, não menos importante, concedeu aos colonos e actuais cidadãos da Cidade do Cabo uma das moradas mais deslumbrantes à face da Terra.

A primeira tarde, passamo-la na mesma Victoria & Alfred Waterfront que funcionou como molhe de mercadorias nos tempos da Companhia Holandesa das Índias Orientais, quando a zona a norte da Cidade do Cabo (Table Bay) ficou conhecida como “A Taverna dos Mares” pela preponderância que tinha no abastecimento dos navios holandeses mas não só.

A Deslumbrante Toalha de Mesa

Uma névoa densa sub-reptícia, avançara Atlântico do Sul acima. Pairava sobre a zona portuária e mantinha cobertos até os telhados dos prédios mais elevados.

Só quase ao fim do dia, um vento providencial a soprou para outras paragens e nos deixou vislumbrar as escarpas sobranceiras da Montanha da Mesa, do Devil’s Peak no limite leste dos seus quase 3km de extensão à Lion’s Head, no extremo oposto.

Da névoa, persistia apenas uma réstia que pendia do cimo da meseta, mais ou menos extensa, consoante a intensidade do vento sudoeste e a densidade das nuvens orográficas já formadas.

Montanha da Mesa vista da Waterfront, Cidade do Cabo, África do Sul

A famosa tablecloth (toalha de mesa de nuvens) cobre a Table Mountain, como vista da Waterfront da Cidade do Cabo.

Os nativos já se habituaram ao surgimento desta que apelidaram de Table Cloth e ao seu movimento mágico sobre a montanha. Têm-na apreciado, retratado e qualificado de formas apuradas com o tempo. Alguns, dizem que é Deus, ele próprio, que estende a toalha.

Entre a comunidade de malaios radicados na Cidade do Cabo, popularizou-se o mito de que o efeito resulta de uma peculiar competição de fumo. Van Hunks, um pirata holandês retirado, nunca largava o seu cachimbo. Fumava junto ao sopé do Devil’s Peak quando um estranho se aproximou e o desafiou para um duelo de cachimbada.

Após um longo dia de fumaças (diz-se até que o duelo terá durado vários dias) uma enorme nuvem de fumo tinha-os envolvido e à Table Mountain. Van Hunks apercebeu-se não só de que ganhara o duelo mas também de que o rival era o Diabo. Os dois desapareceram no clarão de um relâmpago. Deixaram para trás a toalha de mesa que é, hoje, de quando em quando, visível.

Por norma, quando a “mesa está posta”, e o vento ou a chuva são demasiado fortes, as autoridades fecham os acessos ao topo da montanha. Chegamos, assim, à noite curiosos quanto ao que aconteceria no dia seguinte. Estávamos supostamente a chegar ao fim do Outono da região.

Contra toda a lógica, a Cidade do Cabo mantinha temperaturas máximas bem acima dos 25º e dias de céu limpo numa sequência anacrónica demasiado longa que a conduziria à situação de seca drástica em que se manteve.

À Conquista da Montanha da Mesa

A nova aurora confirmou-nos mais um desses dias de céu azulão e calor inusitado. Nem sequer hesitámos. Deixámos a pousada de Sea Point, devorámos um pequeno-almoço à pressa e metemo-nos no autocarro. Meia-hora depois, estávamos a bordo do teleférico rotativo que conduzia ao topo da Table Mountain.

Teleférico de acesso ao topo da Table Mountain, Cidade do Cabo, África do Sul

O teleférico com cabines giratórias que liga a base ao topo da Table Mountain

À medida que sobe, a cabine desvenda os panoramas impressionantes no sopé da montanha: a Lion’s Head do lado oposto do desfiladeiro.

Aos poucos, o casario da Cidade do Cabo a aumentar de dimensão, com os arranha-céus do CBD a destacarem-se acima dos demais; a zona da Waterfront, as suas docas, a Table Bay e, já quase num perder de vista prateado, a silhueta da Robben Island em que as autoridades sul-africanas do Apartheid mantiveram aprisionado Nelson Mandela.

Passados esses tempos atrozes, a África do Sul preocupa-se com a aparência de uma justiça social de primeiro mundo que deve ser ainda mais insuspeitável num contexto turístico.

Ao contrário do que acontece em tantos teleféricos por esse planeta fora, em vez de as pessoas se acotovelarem e disputarem as janelas viradas para o lado mais fotogénico, a cabine rodava enquanto subia. A tecnologia resolvia, assim, de forma igualitária, a ansiedade partilhada a bordo.

No topo, a mais de 1000 metros – 1,086m são a altitude máxima da Table Mountain – o vento soprava violento, mas não o suficiente ou, talvez numa direcção distinta da que forçava as autoridades a suspender as viagens do teleférico, por vezes, dias a fio.

Os Cenários Grandiosos e a Mitologia dos Fundos de África

De varandins que faziam de miradouros, deslumbramo-nos pela primeira vez com a sumptuosidade geológica e a complexidade dos cenários em redor. Para sul, um longo promontório de arenito tingido por vegetação rasa estendia-se até um horizonte marinho distante. Era a Península do Cabo.

12 Apóstolos da Montanha da Mesa, Cidade do Cabo, África do Sul

Os cumes de arenito e vegetação dos Twelve Apostles, a antecederem a longa Península do Cabo que termina no Cabo da Boa Esperança e na sua Ponta do Cabo.

De um lado, encontrava o Atlântico do Sul, numa encosta de início abrupta que logo se amansava e se entregava ao oceano num suave declive verdejante.

Do lado oposto, a Península dava para a False Bay, a que os marinheiros portugueses começaram a chamar de Cabo Falso por, quando regressavam do Oriente, naquela intrincada configuração dos fundos de África, confundirem amiúde o Cabo Hangklip com a Ponta do Cabo da Boa Esperança, o mais mal afamado e temido dos pontos costeiros porque passavam, não obstante o re-baptismo da autoria de Bartolomeu Dias.

Malgrado o sucesso da travessia pioneira para o Índico, nos seus imaginários, a Table Mountain, a Península do Cabo, o Cabo da Boa Esperança, a Ponta do Cabo e as tempestades furiosas que tantas vezes os obrigavam a atravessar, continuavam a justificar um imaginário medonho.

Camões atribuiu-o à mágoa de Adamastor, um dos gigantes da mitologia grega, banido para o Cabo pela ninfa Doris, por se ter apaixonado pela sua filha Tethis.

Pois, segundo, Camões, Adamastor aparecia agora nos domínios do Cabo sob a forma de tempestade. Apesar do sucesso de Bartolomeu Dias, continuou por muito tempo a afundar muitas das embarcações que procuravam atravessar do Atlântico para o Índico.

Sem Sinais Meteorológicos do Adamastor

Nesse dia glorioso, não vislumbrámos sinal do monstro. Bem mais próximos, detectámos a chamada “Back Table”, os seus cumes geminados conhecidos por “Twelve Apostles” e as praias arredondadas de Bantry Bay, Clifton e Camps Bay.

Glen Beach e Twelve Apostles, Cidade do Cabo, África do Sul

Homem inscreve grafismos no areal da Glen Beach com os Twelve Apostles em fundo

Também a baía de Sea Point em que estávamos alojados e a profusão de vivendas e moradias de luxo, algumas entre as propriedades mais valiosas da Cidade do Cabo.

Logo abaixo dos varandins, indiferentes a três montanheiros que preparavam uma descida em rappel, uma colónia de híraxes combatia o frio húmido trazido pelo vento, a absorver o calor solar atrás de uma barreira de rochas. Do nada, outros tantos caminhantes surgem de um trilho dissimulado.

Tinham seguido o exemplo pioneiro de António de Saldanha – mas um caminho distinto – e ascendido a montanha a pé. Este português que se crê de origem castelhana, foi um capitão e navegador integrante da armada de 1503 de Afonso de Albuquerque.

Nessa expedição, ficou incumbido de levar as três embarcações que comandava a juntarem-se à armada que tinha zarpado à frente. Para diante no percurso, Saldanha e os seus homens patrulhariam e predariam o comércio árabe no Mar Vermelho.

Saldanha e a Primeira Ascensão Europeia

Não necessariamente pelas melhores razões, Saldanha ancorou na Baía da Mesa e foi o primeiro europeu a ascender à Table Mountain. Desde a partida de Lisboa que as embarcações por ele comandadas padeciam de má pilotagem.

Na eminência do Cabo, Saldanha terá errado no cálculo da sua travessia e ancorou num local precoce. Confuso com o que se passava, desembarcou na zona de Table Bay.

Subiu à montanha adjacente e deu-lhe o nome de Taboa do Cabo. Do topo, pôde verificar que a Ponta do Cabo da Boa Esperança se encontrava para sul, ainda por cruzar.

Visitante no cimo da Montanha da Mesa com a Cidade do Cabo em fundo, África do Sul

Explorador da Table Mountain manifesta a sensação de liberdade e vastidão sentida no cimo da Montanha da Mesa.

Saldanha e a tripulação abasteceram-se ali de água, escavaram uma grande cruz que pode ser encontrada nas imediações de Lion’s Head e envolveram-se numa pequena disputa com indígenas Khoikhoi, a etnia africana dominante aquando da chegada dos europeus. Saldanha sofreu apenas ferimentos ligeiros. Pôde regressar à embarcação e prosseguir a sua atabalhoada viagem.

Na actualidade, os encontros com os nativos da Cidade do Cabo são afáveis e recomendam-se. Tanto a travessia do oceano Atlântico para o Índico como a navegação em redor da Table Mountain, a subida à montanha e as caminhadas sobre a sua meseta estão facilitadas.

Mesmo se a fauna selvagem residente é bastante mais prolífica que os simples híraxes que se exibem aos recém-chegados.

Além destes pachorrentos hiracóides, habitam a montanha porcos-espinhos, lagartos, tartarugas, mangustos e suas arqui-rivais cobras de várias espécies. Até 1990, os babuínos também marcavam presença. Hoje, as suas acções de guerrilha anti-turistas centram-se sobretudo na Ponta do Cabo.

Uma série de trilhos com diferentes amplitudes partem da frente da “Shop of the Top” e percorrem o cimo da meseta.

Metemo-nos por um que avançava pelo interior até ao Maclear’s Beacon, uma pilha de pedras erguida pelo médico-astrónomo irlandês Sir Thomas Maclear, em 1865, para auxiliar na medição da curvatura da Terra.

Dali, cortamos para as imediações do Devil’s Peak e, logo, para junto do precipício norte da Table Mountain, onde o cimo vertiginoso das falésias nos volta a revelar o casario da Cidade do Cabo, a sua Waterfront e a vasta Table Bay.

O Ocaso Místico sobre o velho Fim da Terra

Nesta zona, vários grupos detêm-se e entregam-se a fotos e a selfies demasiadas demasiado arriscadas, sobre calhaus que espreitam o abismo eminente.

No trecho que precede o regresso ao teleférico, com o sol a começar a pôr-se para oeste, reparamos na profusão de silhuetas humanas que usavam esses calhaus como pedestais e se eternizavam naquele lugar tão memorável. Mais que convencidos no que dizia respeito ao cenário, sentamo-nos por momentos a admirar as suas intrigantes coreografias casuais.

Vultos de visitantes da Montanha da Mesa, Cidade do Cabo, África do Sul

Vultos de visitantes que partilham o cimo rochoso da Montanha da Mesa

Mas, tínhamos planeado subir à Lion’s Head a tempo de apreciarmos a Table Mountain em formato panorâmico sob a derradeira luz crepuscular. Apressamo-nos, assim, a descer num dos últimos teleféricos e apontamos à colina. Por essa hora, já um pelotão de outros trekkers disputavam os dois trilhos assinalados.

Enganamo-nos e metemo-nos pelo mais dissimulado e longo. O erro obriga-nos a galgar a montanha a um ritmo cruel. Atingimos o alto encharcados em suor e com os corações a um rimo que pensávamos humanamente impossível. Fosse como fosse, estávamos no mais fulcral dos pontos panorâmicos da cidade.

Podíamos andar em sua volta e admirar e fotografar a Table Mountain, do Devils Peak às profundezas da Cape Península. Para trás, o casario da Cidade do Cabo, em toda a sua diversidade e riqueza dispunha-se e ganhava cor e dramatismo à medida que a iluminação eléctrica e a réstia requentada do arrebol nele incidiam.

Montanha da Mesa vista do cimo da Lion's Head, Cidade do Cabo, África do Sul

A noitinha cerca a Table Mountain, vista do cimo da Lion’s Head.

Até o breu se instalar, rodopiamos sobre aquele cabeço de leão exuberante vezes sem conta, ofegantes, extenuados, indecisos sobre o que mais nos impressionava e queríamos registar de tão monstruosos cenários.

Mais informações sobre a Montanha da Mesa e dicas para a sua descoberta no site do Turismo da Cidade do Cabo (em inglês).

Ilha Ibo, Moçambique

Ilha de um Moçambique Ido

Foi fortificada, em 1791, pelos portugueses que expulsaram os árabes das Quirimbas e se apoderaram das suas rotas comerciais. Tornou-se o 2º entreposto português da costa oriental de África e, mais tarde, a capital da província de Cabo Delgado, Moçambique. Com o fim do tráfico de escravos na viragem para o século XX e a passagem da capital para Porto Amélia, a ilha Ibo viu-se no fascinante remanso em que se encontra.
Graaf-Reinet, África do Sul

Uma Lança Bóer na África do Sul

Nos primeiros tempos coloniais, os exploradores e colonos holandeses tinham pavor do Karoo, uma região de grande calor, grande frio, grandes inundações e grandes secas. Até que a Companhia Holandesa das Índias Orientais lá fundou Graaf-Reinet. De então para cá, a quarta cidade mais antiga da nação arco-íris prosperou numa encruzilhada fascinante da sua história.
Ilha de Moçambique, Moçambique  

A Ilha de Ali Musa Bin Bique. Perdão, de Moçambique

Com a chegada de Vasco da Gama ao extremo sudeste de África, os portugueses tomaram uma ilha antes governada por um emir árabe a quem acabaram por adulterar o nome. O emir perdeu o território e o cargo. Moçambique - o nome moldado - perdura na ilha resplandecente em que tudo começou e também baptizou a nação que a colonização lusa acabou por formar.
Cape Cross, Namíbia

A Mais Tumultuosa das Colónias Africanas

Diogo Cão desembarcou neste cabo de África em 1486, instalou um padrão e fez meia-volta. O litoral imediato a norte e a sul, foi alemão, sul-africano e, por fim, namibiano. Indiferente às sucessivas transferências de nacionalidade, uma das maiores colónias de focas do mundo manteve ali o seu domínio e anima-o com latidos marinhos ensurdecedores e intermináveis embirrações.
Lüderitz, Namibia

Wilkommen in Afrika

O chanceler Bismarck sempre desdenhou as possessões ultramarinas. Contra a sua vontade e todas as probabilidades, em plena Corrida a África, o mercador Adolf Lüderitz forçou a Alemanha assumir um recanto inóspito do continente. A cidade homónima prosperou e preserva uma das heranças mais excêntricas do império germânico.
Santa Lucia, África do Sul

Uma África Tão Selvagem Quanto Zulu

Na eminência do litoral de Moçambique, a província de KwaZulu-Natal abriga uma inesperada África do Sul. Praias desertas repletas de dunas, vastos pântanos estuarinos e colinas cobertas de nevoeiro preenchem esta terra selvagem também banhada pelo oceano Índico. Partilham-na os súbditos da sempre orgulhosa nação zulu e uma das faunas mais prolíficas e diversificadas do continente africano.
Cabo da Boa Esperança - Cape of Good Hope NP, África do Sul

À Beira do Velho Fim do Mundo

Chegamos onde a grande África cedia aos domínios do “Mostrengo” Adamastor e os navegadores portugueses tremiam como varas. Ali, onde a Terra estava, afinal, longe de acabar, a esperança dos marinheiros em dobrar o tenebroso Cabo era desafiada pelas mesmas tormentas que lá continuam a grassar.
Malealea, Lesoto

A Vida no Reino Africano dos Céus

O Lesoto é o único estado independente situado na íntegra acima dos mil metros. Também é um dos países no fundo do ranking mundial de desenvolvimento humano. O seu povo altivo resiste à modernidade e a todas as adversidades no cimo da Terra grandioso mas inóspito que lhe calhou.
Elmina, Gana

O Primeiro Jackpot dos Descobrimentos Portugueses

No séc. XVI, Mina gerava à Coroa mais de 310 kg de ouro anuais. Este proveito suscitou a cobiça da Holanda e da Inglaterra que se sucederam no lugar dos portugueses e fomentaram o tráfico de escravos para as Américas. A povoação em redor ainda é conhecida por Elmina mas, hoje, o peixe é a sua mais evidente riqueza.
Robben Island, África do Sul

A Ilha ao Largo do Apartheid

Bartolomeu Dias foi o primeiro europeu a vislumbrar a Robben Island, aquando da sua travessia do Cabo das Tormentas. Com os séculos, os colonos transformaram-na em asilo e prisão. Nelson Mandela deixou-a em 1982, após dezoito anos de pena. Decorridos outros doze, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
Cidade do Cabo, África do Sul

Ao Fim e ao Cabo

A dobragem do Cabo das Tormentas, liderada por Bartolomeu Dias, transformou esse quase extremo sul de África numa escala incontornável. E, com o tempo, na Cidade do Cabo, um dos pontos de encontro civilizacionais e urbes monumentais à face da Terra.
Garden Route, África do Sul

O Litoral Jardim da África do Sul

Estendida por mais de 200km de costa natural, a Garden Route ziguezagueia por florestas, praias, lagos, desfiladeiros e parques naturais esplendorosos. Percorremo-la de leste para oeste, ao longo dos fundos dramáticos do continente africano.
Moradores percorrem o trilho que sulca plantações acima da UP4
Cidade
Gurué, Moçambique, Parte 1

Pelas Terras Moçambicanas do Chá

Os portugueses fundaram Gurué, no século XIX e, a partir de 1930, inundaram de camelia sinensis os sopés dos montes Namuli. Mais tarde, renomearam-na Vila Junqueiro, em honra do seu principal impulsionador. Com a independência de Moçambique e a guerra civil, a povoação regrediu. Continua a destacar-se pela imponência verdejante das suas montanhas e cenários teáceos.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
Serengeti, Grande Migração Savana, Tanzania, gnus no rio
Safari
PN Serengeti, Tanzânia

A Grande Migração da Savana Sem Fim

Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
Bandeiras de oração em Ghyaru, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 4º – Upper Pisang a Ngawal, Nepal

Do Pesadelo ao Deslumbre

Sem que estivéssemos avisados, confrontamo-nos com uma subida que nos leva ao desespero. Puxamos ao máximo pelas forças e alcançamos Ghyaru onde nos sentimos mais próximos que nunca dos Annapurnas. O resto do caminho para Ngawal soube como uma espécie de extensão da recompensa.
Uma Cidade Perdida e Achada
Arquitectura & Design
Machu Picchu, Peru

A Cidade Perdida em Mistério dos Incas

Ao deambularmos por Machu Picchu, encontramos sentido nas explicações mais aceites para a sua fundação e abandono. Mas, sempre que o complexo é encerrado, as ruínas ficam entregues aos seus enigmas.
Salto Angel, Rio que cai do ceu, Angel Falls, PN Canaima, Venezuela
Aventura
PN Canaima, Venezuela

Kerepakupai, Salto Angel: O Rio Que Cai do Céu

Em 1937, Jimmy Angel aterrou uma avioneta sobre uma meseta perdida na selva venezuelana. O aventureiro americano não encontrou ouro mas conquistou o baptismo da queda d'água mais longa à face da Terra
Verificação da correspondência
Cerimónias e Festividades
Rovaniemi, Finlândia

Da Lapónia Finlandesa ao Árctico, Visita à Terra do Pai Natal

Fartos de esperar pela descida do velhote de barbas pela chaminé, invertemos a história. Aproveitamos uma viagem à Lapónia Finlandesa e passamos pelo seu furtivo lar.
Templo Nigatsu, Nara, Japão
Cidades
Nara, Japão

Budismo vs Modernismo: a Face Dupla de Nara

No século VIII d.C. Nara foi a capital nipónica. Durante 74 anos desse período, os imperadores ergueram templos e santuários em honra do Budismo, a religião recém-chegada do outro lado do Mar do Japão. Hoje, só esses mesmos monumentos, a espiritualidade secular e os parques repletos de veados protegem a cidade do inexorável cerco da urbanidade.
Moradora obesa de Tupola Tapaau, uma pequena ilha de Samoa Ocidental.
Comida
Tonga, Samoa Ocidental, Polinésia

Pacífico XXL

Durante séculos, os nativos das ilhas polinésias subsistiram da terra e do mar. Até que a intrusão das potências coloniais e a posterior introdução de peças de carne gordas, da fast-food e das bebidas açucaradas geraram uma praga de diabetes e de obesidade. Hoje, enquanto boa parte do PIB nacional de Tonga, de Samoa Ocidental e vizinhas é desperdiçado nesses “venenos ocidentais”, os pescadores mal conseguem vender o seu peixe.
Capacete capilar
Cultura
Viti Levu, Fiji

Canibalismo e Cabelo, Velhos Passatempos de Viti Levu, ilhas Fiji

Durante 2500 anos, a antropofagia fez parte do quotidiano de Fiji. Nos séculos mais recentes, a prática foi adornada por um fascinante culto capilar. Por sorte, só subsistem vestígios da última moda.
Natação, Austrália Ocidental, Estilo Aussie, Sol nascente nos olhos
Desporto
Busselton, Austrália

2000 metros em Estilo Aussie

Em 1853, Busselton foi dotada de um dos pontões então mais longos do Mundo. Quando a estrutura decaiu, os moradores decidiram dar a volta ao problema. Desde 1996 que o fazem, todos os anos. A nadar.
Rebanho em Manang, Circuito Annapurna, Nepal
Em Viagem
Circuito Annapurna: 8º Manang, Nepal

Manang: a Derradeira Aclimatização em Civilização

Seis dias após a partida de Besisahar chegamos por fim a Manang (3519m). Situada no sopé das montanhas Annapurna III e Gangapurna, Manang é a civilização que mima e prepara os caminhantes para a travessia sempre temida do desfiladeiro de Thorong La (5416 m).
Manhã cedo no Lago
Étnico

Nantou, Taiwan

No Âmago da Outra China

Nantou é a única província de Taiwan isolada do oceano Pacífico. Quem hoje descobre o coração montanhoso desta região tende a concordar com os navegadores portugueses que baptizaram Taiwan de Formosa.

tunel de gelo, rota ouro negro, Valdez, Alasca, EUA
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

Sensações vs Impressões

Vila Velha Paraná, Rota do Tropeirismo do Paraná
História
Parque Vila Velha a Castro, Paraná

Na Rota do Tropeirismo do Paraná

Entre Ponta Grossa e Castro, viajamos nos Campos Gerais do Paraná e ao longo da sua história. Pelo passado dos colonos e tropeiros que colocaram a região no mapa. Até ao dos imigrantes neerlandeses que, em tempos mais recentes e, entre tantos outros, enriqueceram o sortido étnico deste estado brasileiro.
Ponta de São Lourenço, Madeira, Portugal
Ilhas
Ponta de São Lourenço, Madeira, Portugal

A Ponta Leste, algo Extraterrestre da Madeira

Inóspita, de tons ocres e de terra crua, a Ponta de São Lourenço surge, com frequência, como a primeira vista da Madeira. Quando a percorremos, deslumbramo-nos, sobretudo, com o que a mais tropical das ilhas portuguesas não é.
Barcos sobre o gelo, ilha de Hailuoto, Finlândia
Inverno Branco
Hailuoto, Finlândia

Um Refúgio no Golfo de Bótnia

Durante o Inverno, a ilha de Hailuoto está ligada à restante Finlândia pela maior estrada de gelo do país. A maior parte dos seus 986 habitantes estima, acima de tudo, o distanciamento que a ilha lhes concede.
Sombra vs Luz
Literatura
Quioto, Japão

O Templo de Quioto que Renasceu das Cinzas

O Pavilhão Dourado foi várias vezes poupado à destruição ao longo da história, incluindo a das bombas largadas pelos EUA mas não resistiu à perturbação mental de Hayashi Yoken. Quando o admirámos, luzia como nunca.
Twelve Apostles, Great Ocean Road, Victoria, Austrália
Natureza
Great Ocean Road, Austrália

Oceano Fora, pelo Grande Sul Australiano

Uma das evasões preferidas dos habitantes do estado australiano de Victoria, a via B100 desvenda um litoral sublime que o oceano moldou. Bastaram-nos uns quilómetros para percebermos porque foi baptizada de The Great Ocean Road.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Lago Manyara, parque nacional, Ernest Hemingway, girafas
Parques Naturais
PN Lago Manyara, Tanzânia

África Favorita de Hemingway

Situado no limiar ocidental do vale do Rift, o parque nacional lago Manyara é um dos mais diminutos mas encantadores e ricos em vida selvagem da Tanzânia. Em 1933, entre caça e discussões literárias, Ernest Hemingway dedicou-lhe um mês da sua vida atribulada. Narrou esses dias aventureiros de safari em “As Verdes Colinas de África”.
Em espera, Mauna Kea vulcão no espaço, Big Island, Havai
Património Mundial UNESCO
Mauna Kea, Havai

Mauna Kea: um Vulcão de Olho no Espaço

O tecto do Havai era interdito aos nativos por abrigar divindades benevolentes. Mas, a partir de 1968 várias nações sacrificaram a paz dos deuses e ergueram a maior estação astronómica à face da Terra
Ooty, Tamil Nadu, cenário de Bollywood, Olhar de galã
Personagens
Ooty, Índia

No Cenário Quase Ideal de Bollywood

O conflito com o Paquistão e a ameaça do terrorismo tornaram as filmagens em Caxemira e Uttar Pradesh um drama. Em Ooty, constatamos como esta antiga estação colonial britânica assumia o protagonismo.
Cabana de Bay Watch, Miami beach, praia, Florida, Estados Unidos,
Praias
Miami Beach, E.U.A.

A Praia de Todas as Vaidades

Poucos litorais concentram, ao mesmo tempo, tanto calor e exibições de fama, de riqueza e de glória. Situada no extremo sudeste dos E.U.A., Miami Beach tem acesso por seis pontes que a ligam ao resto da Florida. É parco para o número de almas que a desejam.
Religião
Circuito Annapurna: 5º - Ngawal a BragaNepal

Rumo a Braga. A Nepalesa.

Passamos nova manhã de meteorologia gloriosa à descoberta de Ngawal. Segue-se um curto trajecto na direcção de Manang, a principal povoação no caminho para o zénite do circuito Annapurna. Ficamo-nos por Braga (Braka). A aldeola não tardaria a provar-se uma das suas mais inolvidáveis escalas.
De volta ao sol. Cable Cars de São Francisco, Vida Altos e baixos
Sobre Carris
São Francisco, E.U.A.

Cable Cars de São Francisco: uma Vida aos Altos e Baixos

Um acidente macabro com uma carroça inspirou a saga dos cable cars de São Francisco. Hoje, estas relíquias funcionam como uma operação de charme da cidade do nevoeiro mas também têm os seus riscos.
Uma espécie de portal
Sociedade
Little Havana, E.U.A.

A Pequena Havana dos Inconformados

Ao longo das décadas e até aos dias de hoje, milhares de cubanos cruzaram o estreito da Florida em busca da terra da liberdade e da oportunidade. Com os E.U.A. ali a meros 145 km, muitos não foram mais longe. A sua Little Havana de Miami é, hoje, o bairro mais emblemático da diáspora cubana.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Vida Quotidiana
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Fogueira ilumina e aquece a noite, junto ao Reilly's Rock Hilltop Lodge,
Vida Selvagem
Santuário de Vida Selvagem Mlilwane, eSwatini

O Fogo que Reavivou a Vida Selvagem de eSwatini

A meio do século passado, a caça excessiva extinguia boa parte da fauna do reino da Suazilândia. Ted Reilly, filho do colono pioneiro proprietário de Mlilwane entrou em acção. Em 1961, lá criou a primeira área protegida dos Big Game Parks que mais tarde fundou. Também conservou o termo suazi para os pequenos fogos que os relâmpagos há muito geram.
Pleno Dog Mushing
Voos Panorâmicos
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.