Santa Maria, Sal, Cabo Verde

Santa Maria e a Bênção Atlântica do Sal


Santa Maria foi fundada ainda na primeira metade do século XIX, como entreposto de exportação de sal. Hoje, muito graças à providência de Santa Maria, o Sal ilha vale muito que a matéria-prima.

Chegamos a meio da semana. Por mais repletos que estejam os hotéis e resorts da grande enseada por que se espraia Santa Maria, a vida parece centrar-se no pontão da cidade. Com uma riqueza e diversidade para que não estávamos preparados.

Pescadores afluem ali, vindos do Atlântico translúcido e esmeralda ao largo e descarregam o peixe que capturaram para carrinhos de mão, baldes e grandes caldeiros.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, barco

Barco faz uma manobra derradeira antes de atracar no pontão de Santa Maria.

No cimo, peixeiras e peixeiros de há muito, recebem, amanham e pesam a pescaria para as vendas que hão de se seguir.

Parte da madeira do pontão fica escarlate da chacina que ali tem lugar. São esquartejados atuns médios e rolam cabeças de rabilhos.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, peixe

Um leque de peixes acabados de pescar, já amanhados e prontos para consumo.

Partes menos comestíveis de distintos peixes são convertidas em isco.

Geram um aroma piscícola a condizer. Num ciclo fechado de predado e predador em que quase tudo se aproveita, um séquito de jovens pescadores à linha, lança o isco ao mar, em busca de mais peixe.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, pesca em grupo

Pequeno grupo de amigos pescam na extremidade do pontão de Santa Maria.

Fazem-no virados ao sul do arquipélago e ao norte selvagem da praia Atlântida da ilha da Boavista em que, mesmo demasiado distante para dali o vermos, permanece encalhado e castigado pelas ondas, o cargueiro “Cabo Santa Maria”.

Na paz e segurança de Santa Maria, a ilha, atracam outros barcos de passageiros, garridos e com nomes inusitados. Vemos o “Não é Brinquedo Não”. Em seguida, o “Deus Te Guia”. Fazem desembarcar gentes de outras partes do Sal para uma escadaria anfíbia que os eleva à azáfama acima.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, atum

Pescador segura um atum recém-pescado, sobre o pontão de Santa Maria.

Do extremo terrestre do pontão, chegam ainda funcionários dos muitos restaurantes e hotéis em redor. Examinam e negoceiam a pesca exposta com afinco e a concentração possível tendo em conta a abundância de distracções que têm que contornar.

Dezenas de turistas cirandam e metem os narizes e as pequenas máquinas fotográficas e smartphones em tudo o que tenha vida e cor. “Epá, vocês não param quietos!” diz-nos uma peixeira a quem a nossa hiperactividade e proximidade já fazia confusão. “Vocês querem essas fotos para quê mesmo, expliquem me lá que não está fácil perceber.” completa com um sorriso bem salense nos lábios.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, peixeira

Peixeira amanha peixe recém-desembarcado no pontão de Santa Maria.

Admiramos a paciência inesgotável que os pescadores e peixeiras dedicam aos intrusos, munidos de respostas práticas e sorrisos suaves para qualquer que seja a abordagem.

À margem da pesca e do negócio dela derivado, o pontão serve ainda os propósitos recreativos de uma comunidade inquieta de miúdos e adolescentes.

Vemos um deles, de t-shirt vestida, nadar na nossa direcção. Ao constatarem a atenção que lhe dávamos, um pequeno grupo de amigos atira-lhe os chinelos que tinha deixado sobre o pontão.

Primeiro um. Depois o outro. Espaçados, de maneira a atrapalharem a sua natação e o envergonharem.

Mais abaixo, malgrado uma quase total ausência de vagas, dois miúdos entretêm-se a dar rodagem às suas pranchas de bodyboard.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, body board

Rapaz de Santa Maria diverte-se com as ondas formadas junto ao pontão.

O Pontão e a Ponta de Vera Cruz: uma Fronteira no Litoral de Santa Maria

A quem, como nós, chega de longe, o pontão de Santa Maria tem uma função adicional que aprendemos a valorizar. Divide a baía ampla quase pelo meio.

No ponto em que nos entrega ao solo arenoso da ilha, ficamos com a casa branca e vermelha de Viana pela frente. Encontramo-la fechada, uma mera sombra de história que alguns vendedores aproveitam para se protegerem do braseiro seco e salgado da uma da tarde.

Dia após dia, passam por ela milhares de forasteiros que voam para o Sal em busca do oceano morno, do céu sempre azul e do sol que os afaga.

Poucos ficam a par da importância que aquela espécie de palacete avarandado e coroado por um telhado piramidal teve para a Santa Maria e para a ilha.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, Casa Viana II

Transeuntes passam pela Casa Viana, um marco da história de sal e do Sal de Santa Maria.

A Casa Viana e a História de Sal de Santa Maria

Em tempos, a Casa Viana acolheu os escritórios da Companhia de Fomento que controlavam a exportação de sal. O sal era acumulado num barracão instalado por detrás.

Dali, os trabalhadores carregavam-no em vagões e, sobre carris que atravessavam um túnel no âmago do edifício, prosseguia para as embarcações ancoradas no pontão.

Foi o sal abundante do Sal que deu origem à povoação que continuávamos a descobrir.

Se estivermos a encarar o mar, é para oriente do pontão que se estende a verdadeira Santa Maria. Lá se situam a sua igreja do Nazareno e o Mercado Municipal da cidade, por conveniência, instalado a umas meras centenas de metros das plantações agrícolas forçadas a um paul mais vasto, concorrentes das da zona fértil da ilha, da Terra Boa.

À esquerda de quem contempla o oceano, situa-se a grelha geométrica de ruas que, quando por perto de casa, os nativos percorrem, para cá e para lá, entre vizinhos.

E que os forasteiros calcorreiam de olho nas lojinhas de artesanato, entre as esplanadas e bares que dão mais sentido ao calor da ilha.

O meteorológico. E o da Morabeza.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, pintura

Pinturas do pontão de Santa Maria, à venda nesta cidade do sul da ilha do Sal.

Os nomes destas vias evocam o passado da ilha e de Cabo Verde, em várias das suas facetas. Há a Rua da Independência e, claro está, a Rua das Salinas, a inevitável homenagem às “minas de ouro branco” da ilha do Sal, na génese já secular de tudo o que vivíamos.

A Empreitada de Manuel António Martins e a Exportação de Sal a Partir de Santa Maria

Tudo começou com Manuel António Martins, bracarense, colono de Cabo Verde desde 1792, governador do arquipélago e da Guiné de 1833 a 1835 e o agente responsável pela extracção e venda do sal abundante da ilha do Sal.

Manuel António Martins também foi nomeado Conselheiro Real, vice-cônsul honorário dos Estados Unidos. Agraciado com o trunfo dessa relação diplomática, fez chegar da América um lote de casas pré-fabricadas.

Esses lares já prontos a morar permitiram-lhe pôr o seu plano em prática com grande celeridade. Começou por aliciar moradores da ilha vizinha da Boavista a mudarem-se para o Sal.

Na viragem para o século XIX, adquiriu escravos no litoral africano incumbidos do trabalho mais duro.

Ergueu marinas, bombas de vento e instalou o tal caminho-de-ferro que passava sob a Casa Viana e que assegurava a ligação ao ponto de embarque na zona da Ponta de Vera Cruz, junto ao pequeno farol agora incorporado no restaurante Farolim.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, pontão

O Pontão de Santa Maria a entrar pelo Atlântico no sul da cidade adentro.

A partir de 1835, ano após ano, até 30.000 toneladas de sal foram enviadas de Santa Maria, quase na sua totalidade para o Brasil.

Em 1887, os governadores do Brasil decidiram proteger a sua própria produção e impuseram taxas pesadas sobre o sal que chegasse de fora. A ilha do Sal ressentiu-se de imediato.

Santa Maria, a sua grande povoação entrou num marasmo que se agravou até 1920, quando um investidor português retomou a produção e a venda da matéria-prima.

Esta retoma provou-se tão duradoura quanto proveitosa. Permitiu à povoação passar de pequena vila a cidade, o que aconteceu em 1935.

O Hotel Pioneiro e a Metamorfose de Santa Maria

A produção e exportação do sal prosseguiu até 1984. Nas décadas que decorreram, sem que nada o deixasse prever, a ilha viu aliviado o isolamento a que estava votada.

Em 1963, Gaspard Vynckier e a sua esposa Marguerite Massart, engenheiros e investidores belgas, sentiam-se saturados com o clima invernoso de Ghent, a cidade em que viviam.

Marguerite sofria de asma. Decidida a aliviar os sintomas sempre incómodos, precisava de se instalar num clima mais quente e seco. Através de amigos que o casal tinha em Portugal, descobriram o Sal.

Maravilhados com a ilha, lá construíram uma sua segunda casa. Pouco depois, decidiram abrir um resort pioneiro do Sal. De forma a promoverem, entre os visitantes, o espírito de amabilidade, afabilidade e acolhimento de Cabo Verde, chamaram-lhe “Morabeza”.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, Praia

O areal farto que se espraia a sul da cidade de Santa Maria.

Revolucionário, o resort teve, a 13 de Maio de 1967, uma inauguração politizada. Contou com o governador de Cabo Verde e com o administrador da ilha, ladeados por um séquito de outras figuras proeminentes.

Os proprietários chegaram no dia seguinte, a tempo de um almoço oferecido pelo Governador Sacramento Monteiro ao casal belga, aos hóspedes do resort e a vários outros convidados.

Daí em diante, Gaspard e Marguerite passaram os invernos no Sal. Engenheiros como eram, envolveram-se na resolução da falta de água potável na ilha, como no seu saneamento, entre outras iniciativas.

Desde 1962 que o voo entre Joanesburgo e Frankfurt da South African Airways fazia escala no aeroporto de Espargos. Com os anos, várias outras companhias, entre as quais a TAP, a TAAG, a Cubana e a Aeroflot – as três últimas envolvidas na Guerra Civil de Angola – garantiram escalas na ilha.

O resort “Morabeza” expandiu-se de acordo com a procura. Em 1991, as tropas cubanas deixaram Angola. A Cubana, a Aeroflot e outras suspenderam as suas escalas no Sal.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, barco

Barco com passageiros prestes a atracar no pontão de Santa Maria.

Os Anos 90 e a Vaga Turística Que se Continua a Avolumar

Sempre precavido, desde 1986 que Gaspard Vynckier procurava aliciar os turistas europeus a fazerem férias na ilha do Sal. Os primeiros grupos de portugueses terão chegado via agência Abreu. As viagens dos primeiros alemães foram da responsabilidade de uma tal de agência Neckerman.

Com o propósito de solidificar o turismo do Sal, Vynckier fundou ainda agências em Paris e na Bélgica.

Os visitantes aumentaram de forma gradual. Chegados de Portugal e, não tarda, de um sortido de países europeus. A procura justificou a construção de novos hotéis e resorts.

Esta nova realidade leva-nos do Hotel Morabeza, uns meros metros areal afora, de volta ao pontão.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, Ponta do Pontão

Silhuetas na ponta do pontão de Santa Maria.

E, logo, à secção para ocidente da estrutura, aquela que acolheu os estabelecimentos concorrentes, uns atrás dos outros, da Ponta de Vera Cruz, ao limiar arredondado da Ponta do Sinó.

É de um desses resorts que saímos de carro, apostados em desvendarmos outros litorais que não apenas o do sul. Espreitamos primeiro a praia de Ponta Preta que nos dizem ser há já muito um dos Kite Spots do Sal.

A Moda do Kite Surf Trazida pelos Ventos Alísios

Com o tempo, mudam-se as modas. À parte do seu sol, também os ventos alísios fortes e estáveis da ilha conquistaram adeptos. Como resultado, o Sal recebe, todos os anos, milhares de fãs de windsurf e, cada vez mais, de kitesurf.

Por um qualquer capricho meteorológico, só uns poucos praticantes, em óbvia aprendizagem, frequentavam a Ponta Preta. Mandamos um mergulho, que o Atlântico estava ali demasiado aliciante para o conseguirmos evitar.

Ainda por enxugar, regressamos ao carro e atravessamos para a costa oposta (a leste) o mais directo que conseguimos, tendo em conta que da artéria principal da ilha para oriente, o caminho se transforma num caos de estradas de terra e de areia indefinidas e em que nos receávamos atolar.

Interrompemos aquela espécie de Paris-Dakar umas centenas de metros acima da escola de kitesurf 100 Feet. Caminhamos entre dunas amareladas. Por fim, entre duas delas, avistamos o verde-azul do Atlântico, ali bem mais agitado e ventoso que na Ponta Preta.

Ao perscrutarmos a praia, deslumbramo-nos com a magnificência atlântica do cenário.

Santa Maria, ilha do Sal, Cabo Verde, Praia Kitesurf

Multidão de kitesurfers preenche a baía a sul da Ponta da Fragata e da Serra Negra.

Do promontório da Serra Negra e da Ponta da Fragata, para sul, uma profusão multicolor de velas de kitesurf trepidavam no céu esbranquiçado e cruzavam-se para cá e para lá, vezes sem conta. No areal, alguns candidatos a praticantes mais sérios do desporto, ensaiavam a sua entrada em cena.

Refastelamo-nos por momentos contra uma duna e ficamos a assistir àquele estranho bailado.

Conformamo-nos com o facto de ali se exibirem inúmeras manifestações do milagre de Santa Maria do Sal. E desistimos de contar os kites.

Chã das Caldeiras, Ilha do Fogo Cabo Verde

Um Clã "Francês" à Mercê do Fogo

Em 1870, um conde nascido em Grenoble a caminho de um exílio brasileiro, fez escala em Cabo Verde onde as beldades nativas o prenderam à ilha do Fogo. Dois dos seus filhos instalaram-se em plena cratera do vulcão e lá continuaram a criar descendência. Nem a destruição causada pelas recentes erupções demove os prolíficos Montrond do “condado” que fundaram na Chã das Caldeiras.    
Ilha da Boa Vista, Cabo Verde

Ilha da Boa Vista: Vagas do Atlântico, Dunas do Sara

Boa Vista não é apenas a ilha cabo-verdiana mais próxima do litoral africano e do seu grande deserto. Após umas horas de descoberta, convence-nos de que é um retalho do Sara à deriva no Atlântico do Norte.
Cidade Velha, Cabo Verde

Cidade Velha: a anciã das Cidades Tropico-Coloniais

Foi a primeira povoação fundada por europeus abaixo do Trópico de Câncer. Em tempos determinante para expansão portuguesa para África e para a América do Sul e para o tráfico negreiro que a acompanhou, a Cidade Velha tornou-se uma herança pungente mas incontornável da génese cabo-verdiana.

Ilha do Sal, Cabo Verde

O Sal da Ilha do Sal

Na iminência do século XIX, Sal mantinha-se carente de água potável e praticamente inabitada. Até que a extracção e exportação do sal lá abundante incentivou uma progressiva povoação. Hoje, o sal e as salinas dão outro sabor à ilha mais visitada de Cabo Verde.
Mar Morto, Israel

À Tona d'água, nas Profundezas da Terra

É o lugar mais baixo à superfície do planeta e palco de várias narrativas bíblicas. Mas o Mar Morto também é especial pela concentração de sal que inviabiliza a vida mas sustém quem nele se banha.

Nha Trang-Doc Let, Vietname

O Sal da Terra Vietnamita

Em busca de litorais atraentes na velha Indochina, desiludimo-nos com a rudeza balnear de Nha Trang. E é no labor feminino e exótico das salinas de Hon Khoi que encontramos um Vietname mais a gosto.

São Nicolau, Cabo Verde

Fotografia dess Nha Terra São Nicolau

A voz da saudosa Cesária Verde cristalizou o sentimento dos cabo-verdianos que se viram forçados a deixar a sua ilha. Quem visita São Nicolau ou, vá lá que seja, admira imagens que a bem ilustrem, percebe porque os seus lhe chamam, para sempre e com orgulho, nha terra.
Santo Antão, Cabo Verde

Pela Estrada da Corda Toda

Santo Antão é a mais ocidental das ilhas de Cabo Verde. Lá se situa um limiar Atlântico e rugoso de África, um domínio insular majestoso que começamos por desvendar de uma ponta à outra da sua deslumbrante Estrada da Corda.
Ilha do Fogo, Cabo Verde

À Volta do Fogo

Ditaram o tempo e as leis da geomorfologia que a ilha-vulcão do Fogo se arredondasse como nenhuma outra em Cabo Verde. À descoberta deste arquipélago exuberante da Macaronésia, circundamo-la contra os ponteiros do relógio. Deslumbramo-nos no mesmo sentido.
São Nicolau, Cabo Verde

São Nicolau: Romaria à Terra di Sodade

Partidas forçadas como as que inspiraram a famosa morna “Sodade” deixaram bem vincada a dor de ter que deixar as ilhas de Cabo Verde. À descoberta de Saninclau, entre o encanto e o deslumbre, perseguimos a génese da canção e da melancolia.
Chã das Caldeiras a Mosteiros, Ilha do Fogo, Cabo Verde

Chã das Caldeiras a Mosteiros: descida pelos Confins do Fogo

Com o cimo de Cabo Verde conquistado, dormimos e recuperamos em Chã das Caldeiras, em comunhão com algumas das vidas à mercê do vulcão. Na manhã seguinte, iniciamos o regresso à capital São Filipe, 11 km de caminho para Mosteiros abaixo.
Brava, Cabo Verde

A Ilha Brava de Cabo Verde

Aquando da colonização, os portugueses deparam-se com uma ilha húmida e viçosa, coisa rara, em Cabo Verde. Brava, a menor das ilhas habitadas e uma das menos visitadas do arquipélago preserva uma genuinidade própria da sua natureza atlântica e vulcânica algo esquiva.
Santiago, Cabo Verde

Santiago de Baixo a Cima

Aterrados na capital cabo-verdiana de Praia, exploramos a sua pioneira antecessora. Da Cidade Velha, percorremos a crista montanhosa e deslumbrante de Santiago, até ao topo desafogado de Tarrafal.
Santo Antão, Cabo Verde

Porto Novo a Ribeira Grande pelo Caminho do Mar

Desembarcados e instalados em Porto Novo de Santo Antão, depressa constatamos duas rotas para chegar à segunda maior povoação da ilha. Já rendidos ao sobe-e-desce monumental da Estrada da Corda, deslumbramo-nos com o dramatismo vulcânico e atlântico da alternativa costeira.
Ponta do Sol a Fontainhas, Santo Antão, Cabo Verde

Uma Viagem Vertiginosa a Partir da Ponta do Sol

Atingimos o limiar norte de Santo Antão e de Cabo Verde. Em nova tarde de luz radiosa, acompanhamos a azáfama atlântica dos pescadores e o dia-a-dia menos litoral da vila. Com o ocaso iminente, inauguramos uma demanda sombria e intimidante do povoado das Fontainhas.
Mindelo, São Vicente, Cabo Verde

O Milagre de São Vicente

São Vicente sempre foi árida e inóspita a condizer. A colonização desafiante da ilha submeteu os colonos a sucessivas agruras. Até que, por fim, a sua providencial baía de águas profundas viabilizou o Mindelo, a urbe mais cosmopolita e a capital cultural de Cabo Verde.
Nova Sintra, Brava, Cabo Verde

Uma Sintra Crioula, em Vez de Saloia

Quando os colonos portugueses descobriram a ilha de Brava, repararam no seu clima, muito mais húmido que a maior parte de Cabo Verde. Determinados em manterem ligações com a distante metrópole, chamaram a principal povoação de Nova Sintra.
Tarrafal, Santiago, Cabo Verde

O Tarrafal da Liberdade e da Vida Lenta

A vila de Tarrafal delimita um recanto privilegiado da ilha de Santiago, com as suas poucas praias de areia branca. Quem por lá se encanta tem ainda mais dificuldade em entender a atrocidade colonial do vizinho campo prisional.
Ribeira Grande, Santo AntãoCabo Verde

Santo Antão, Ribeira Grande Acima

Na origem, uma Povoação diminuta, a Ribeira Grande seguiu o curso da sua história. Passou a vila, mais tarde, a cidade. Tornou-se um entroncamento excêntrico e incontornável da  ilha de Santo Antão.
El Fuerte, Sinaloa, México

O Berço de Zorro

El Fuerte é uma cidade colonial do estado mexicano de Sinaloa. Na sua história, estará registado o nascimento de Don Diego de La Vega, diz-se que numa mansão da povoação. Na sua luta contra as injustiças do jugo espanhol, Don Diego transformava-se num mascarado esquivo. Em El Fuerte, o lendário “El Zorro” terá sempre lugar.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

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Os Leões Comedores de Elefantes de Savuti

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Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.