Terra do Fogo, Argentina

Uma Fazenda no Fim do Mundo


Picos Gémeos
Picos afiados da Cordilheira Martial, no limiar dos Andes.
Canal WC
Small WC of the Harberton Estancia over the Beagle Channel.
Coroa da estancia
Edifício no cimo de um dos outeiro em que assenta a vasta propriedade.
Curiosidade
Passageiros de catamara observam a colónia de pinguins da ilha Martillo, nas imediações da estancia Harberton.
Fim da viagem
Embarcação aproxima-se de um cais da estancia Harberton,
Floresta morta
Árvores mortas pela inundação do rio Larsiparsabk.
Árbole bandera
Uma lenga inclinada pelo vento forte prevalecente desta região da Terra do Fogo
Furgoneta-ferrugem
Velha carrinha Power Wagon estacionada sobre a erva da estancia Harberton.
Picos Gémeos
Picos afiados da Cordilheira Martial, no limiar dos Andes.
Depósito de peles
Pilha de peles de ovelha guardados num velho armazém da estancia Harberton.
Pinguinagem
Pinguins da ilha Martilho, alguns exemplares de uma comunidade bem mais vasta às margens do Canal Beagle.
Turfeira excêntrica
Uma de várias turfeiras às margens semi-inundadas do rio Larsiparsabk.
Castoreira-Tierra-de-fuego-Argentina
Árvores mortas e seus troncos, um dos habitats preferidos dos castores da zona.
Decoração óssea
Esqueleto de Cetáceo no limiar da Estancia Harberton.
Pato indeciso
Pato prestes a fazer-se às águas gélidas do Canal Beagle.
Secagem ao natural
Pele de cordeiro seca sob o sol ténue das latitudes quase antárcticas das estancia Harberton.
Turfeira excêntrica
Uma de várias turfeiras às margens semi-inundadas do rio Larsiparsabk.
Em, 1886, Thomas Bridges, um órfão inglês levado pela família missionária adoptiva para os confins do hemisfério sul fundou a herdade anciã da Terra do Fogo. Bridges e os descendentes entregaram-se ao fim do mundo. Hoje, a sua Estancia Harberton é um deslumbrante monumento argentino à determinação e à resiliência humana.

O percurso que cumprimos só vem reforçar a noção de quão estranha e extrema é a presença de Ushuaia neste confins quase Antárcticos. Bastam uns poucos quilómetros da ruta 3 para o casario da última das cidades dar lugar à natureza crua da Terra do Fogo.

A via começa por se internar na faixa de Argentina espartilhada entre o grande Lago Fagnano (a norte) e o Canal Beagle (a sul).

Cordilheira Martial, Tierra del Fuego, Argentina

Picos afiados da Cordilheira Martial, no limiar dos Andes.

Aproveita uma abertura mais ampla na sequência quebrada dos Montes Martial e apanha boleia da planura fluvial do Larsiparsabk, um rio que nasce no sopé da cordilheira e se contorce vezes sem conta até que, uns 60 km para leste, desagua no Beagle.

A Viagem de Ushuaia, ao Longo do excêntrico rio Larsiparsabk

Alimentado pelo degelo constante dos picos nevados, o curso do Larsiparsabk é pouco contido. Aqui e ali, extravasa sobre a lisura exuberante em redor. Irriga turfeiras multicolores e pântanos repletos de troncos ressequidos de florestas que sucumbiram a sucessivas inundações.

Turfeira junto ao rio Larsiparsabk, Tierra del Fuego, Argentima

Uma de várias turfeiras às margens semi-inundadas do rio Larsiparsabk.

Têm o seu quê de extraterrestre as terras por que nos movemos.

Confrontados com a abundância de castores e dos diques que os roedores incansáveis com eles erguem, os moradores chamaram-lhes castoreras. A influência dos animais na nomenclatura da região não se fica por aí. Uns quilómetros para diante, passamos na base de um tal de Cerro Castor. Chegámos no Outono destas paragens austrais.

Os primeiros nevões estão por dias. Mais para diante no ano, o Castor e as suas vertentes brancas irão transformar-se em resort de desportos de Inverno e entreter as gentes esquiadoras da região.

Repetem-se as turfeiras. Sucedem-se os pauis e os charcos, ora a norte ora a sul dos meandros descontrolados do Larsiparsabk. Vemo-los ensoparem a paisagem e o percurso até que, a determinada altura, a ruta 3 dá lugar à Ruta Provincial J. Toca um braço do Canal Beagle e volta a internar-se no já quase bico de bota da Terra do Fogo.

Pequena floresta morta

Árvores mortas pela inundação do rio Larsiparsabk.

As arboles Bandera como prenúncio da estancia Harberton

Os cenários mudam. Em vez dos excessos aquáticos, é uma inesperada aridez ventosa que os torna inóspitos. Sentimos as rajadas vindas do Pacífico varrerem o cimo de um alto suave.

São os ventos de há muito, os vendavais milenares constantes que tornam infernal a navegação de leste para oeste a sul do Cabo Horn, logo abaixo no mapa, os mesmo que valorizaram a passagem protegida de quase 600 km que Fernão de Magalhães achou e navegou em 1520.

A força destes ventos é tal que os arbustos pouco se desenvolvem e a erva tem um tom de amarelo desmaiado. Daquele ermo rejeitado pela comum vegetação, algumas lengas (nothofagus pumilio) intrépidas fizeram a sua nação. Saímos do carro. Apreciamo-las com a atenção que nos mereciam.

Árbole bandera, Tierra del Fuego, Argentina

Uma lenga inclinada pelo vento forte prevalecente desta região da Terra do Fogo

Em vez de hirtas, estas árvores submetem-se ao vento e fazem os troncos e galhos crescerem na horizontal, como longos penteados laterais em sustentação. Os argentinos tratam-nas por árboles banderas. Traduzem na perfeição o mote dos colonizadores pioneiros da Terra do Fogo: vergar sim. Nunca quebrar. Estávamos na iminência do mais antigo e notório dos exemplos.

A Ruta J serpenteia por alguns quilómetros adicionais. Contorna outros dois braços de mar do Canal Beagle. Entramos numa península retorcida. Encontramos, por fim, a Estancia Harberton na costa oriental dessa península, mais abrigada do vento, se é que isso existe nestas paragens.

Estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentina

Edifício no cimo de um dos outeiro em que assenta a vasta propriedade.

Por fim a Remota Estancia Harberton

Nuvens arroxeadas pela humidade passam a grande velocidade sobre os prados verdejantes. Filtram a luz já de si suave daquelas latitudes extremas e emprestam ao lugar uma atmosfera bucólica que nos parece anestesiar os sentidos.

Nos seus tempos áureos, muitos milhares de ovelhas salpicavam os pastos e garantiam rendimentos nunca sonhados pelos proprietários.

Desde há duas décadas, Tommy Goodall – o tetraneto do fundador – seguiu a onda que invadiu a última das cidades e converteu a estancia ao turismo. Conservou apenas alguns exemplares de ovinos com o fim de recriar o passado e mostrar aos visitantes as técnicas ancestrais de pastoreio e tosquia.

Armazém de peles, estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentina

Pilha de peles de ovelha guardados num velho armazém da estancia Harberton.

O Súbito Declínio da Era Ovina

Espreitamos para dentro de uma janela com vidros partidos. No interior sombrio, vislumbramos uma grande pilha de peles lanzudas. Cá fora, junto a uma paliçada que serve de curral, uma outra pele, ainda ensanguentada, contrasta com a erva viçosa em que assenta.

Em vez dos ovinos antes abundantes, gansos e patos assumiram o protagonismo faunístico da estancia. Cirandam, elegantes e soberbos. De tal forma comprometidos com o lugar que nem a nossa aproximação os faz mudar de rumo.

Passado, não tarda, um século e meio, os edifícios (casa, celeiro, estábulo, vedações) todos de madeira ou chapa pintada, coroam a paisagem como que a celebrar o triunfo da obstinação sobre a crueza dos elementos. Também um velho camião Power Wagon verde-enferrujado resiste, estacionado num tempo bem distante do dos seus melhores dias.

Carrinha Power Wagon na estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentina

Velha carrinha Power Wagon estacionada sobre a erva da estancia Harberton.

Thomas Brides: missionário e fazendeiro pioneiro

Thomas Bridges, o fundador da estancia foi o primeiro a instalar uma fazenda nos confins da Terra do Fogo. Mas não foi o primeiro a levar a sua vida para a província.

Em 1869, missionários da South America Mission Society britânica fixaram-se na região com propósitos estritamente religiosos. Waite Hockin Stirling, o pioneiro, chegou por sua conta e estabeleceu-se entre os indígenas Yamaná. Outros se lhe juntaram. Thomas Bridges foi um deles.

A história de Bridges não podia ser mais insólita. Ainda bebé, foi encontrado abandonado junto a uma ponte, em Inglaterra, e viu-se adoptado por um missionário. Em 1856, com apenas 13 anos, Bridges foi levado pela sua família adoptiva para as ilhas Falkland (Malvinas), para participar no estabelecimento de uma estação missionária agrícola.

Barco prestes a atracar na estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentina

Embarcação aproxima-se de um cais da estancia Harberton,

Naquele arquipélago austral, aprendeu a falar yaghan, o dialecto dos nativos da Terra do Fogo, muitos deles entretanto deslocados para as Falkland para serem treinados em distintos trabalhos.

Por altura da sua primeira viagem à Terra do Fogo, em 1863, Bridges já comunicava com os nativos. Essa sua virtude foi crucial no assentamento de uma nova missão anglicana em Ushuaia. Num ápice, estimulada por alguns casamentos, a população aumentou. A primeira criança europeia a nascer na colónia, foi um dos filhos de Thomas Bridges.

O Papel Fulcral dos Bridges no Assentamento de Missionários e outros colonos

Os Bridges mantiveram sempre um papel fulcral na integração dos recém-chegados entre os indígenas. Uma das divisões da primeira casa que construíram em Ushuaia foi, aliás, ocupada por um casal Yamaná.

Mas a era de proselitismo tranquilo de Ushuaia não durou o que os Bridges e restantes pioneiros contavam. A partir de 1880 propagaram-se rumores de que os campos em redor de Ushuaia eram ricos em ouro.

Inúmeros prospectores, auxiliares, negociantes e suas famílias afluíram à cidade apenas para se desiludirem. Uns anos mais tarde, começou a ser construído o Ferrocarril Austral Fueguino, hoje denominado Tren del Fin del Mundo.

Em 1884, Bridges acolheu a primeira das expedições argentinas oficiais à Terra do Fogo, levada a cabo com o fim de lá instituir uma subperfeitura.

Decorridos apenas dois anos, em jeito de recompensa pelo seu trabalho com os nativos, pelo apoio a marinheiros naufragados nas imediações do Cabo Horn e a cientistas, exploradores e a outros colonos, recebeu do Congresso Nacional Argentino um talhão de terra e a cidadania argentina.

O Abandono do Proselitismo e o Retiro Rural na Longínqua Harberton

Em desacordo com a missão anglicana que o enviara para o Novo Mundo, demitiu-se das suas funções para se estabelecer numa estancia. Chamou-lhe Harberton, segundo o nome da vila inglesa em que nascera a sua esposa.

Quando por lá passámos, a propriedade pertencia a Will e Lucas, bisnetos de Thomas Bridges. Era gerida por Thomas D. Goodall, um outro bisneto (4ª geração).

Este e a sua família habitavam a casa original dos Bridges, erguida com óbvia influência arquitectónica das cottages de campo britânicas, com excepção para os ossos de maxilar de baleia dispostos em “A” a fazerem de pórtico e para outros, de partes distintas dos cetáceos que encontramos à beira do Canal Beagle, em jeito de decoração de jardim.

Continuamos a desvendar Harberton. Contornamos uma esquina. Do lado de lá, sobre um alpendre atafulhado de utensílios agrários e pecuários, um funcionário septuagenário munido de um facão corta grandes bocados de carne e prende-os a ganchos pendurados do tecto.

Pele de cordeiro seca ao sol na estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentino

Pele de cordeiro seca sob o sol ténue das latitudes quase antárcticas das estancia Harberton.

Nas imediações, um outro corta lenha e aumenta a pilha gigantesca com que as gentes de Harberton se aquecerão nos meses vindouros.

A Incrível Resiliência dos Bridges nos Confins da Terra do Fogo

É coisa séria o Inverno da Terra do Fogo. De um momento para o outro a temperatura mergulha para -20º (ou para menos) enquanto o vento chicoteia a paisagem sem misericórdia. A meteorologia poder revelar-se de tal maneira agreste que, sobretudo os visitantes argentinos e chilenos, conhecedores do clima dos fundos dos seus países, se espantam ao constatar que alguém ali decidiu assentar arraiais.

E ao ver como a família Brigdes não só sobreviveu como prosperou, malgrado surtos de febre tifóide, períodos em que a cotação da lã entrou em queda livre, roubo de gado e ataques de cães selvagens. E, apesar de um Inverno em particular, mais recente, tão frio que exterminou 80% do gado e incentivou a aposta da família no turismo há já bom tempo prodigioso em Ushuaia e um pouco por toda a Terra do Fogo.

Incursão pinguinera à Ilha Martillo e um Regresso Diluviano a Ushuaia

Também a Ilha Martillo, situada diante da estancia, se tornou uma atracção. É lar de uma vasta colónia de pinguins-de-Magalhães. Dizem-nos que começaram a instalar-se na praia pouco depois de os rebanhos desaparecerem dos pastos em redor. Mais tarde, uns poucos operadores turísticos foram autorizados a mostrá-los aos forasteiros.

Caminhamos até um dos pontões que serve a fazenda e subimos a bordo de um semi-rígido veloz. Nuns poucos minutos, desembarcamos sobre o cascalho cinzento que cobre o litoral da ilha. Dão-nos uma oportunidade excepcional de  nos aproximarmos e fotografarmos os animais.

Pinguins da ilha Martillo, Tierra del Fuego, Argentina

Pinguins da ilha Martilho, alguns exemplares de uma comunidade bem mais vasta às margens do Canal Beagle.

Habituados às incursões de diferentes navios, os pinguins já não fogem dos humanos como faziam de início. Alguns espécimes, revelam uma paciência que quase se confunde com vaidade fotográfica.

Começamos por estar só nós e os outros passageiros do semi-rígido. Às tantas, dois catamarãs modernos ancoram na iminência do areal. Uma pequena multidão conflui para a proa e, por uns bons 15 minutos, disputa-a e às melhores perspectivas dos pinguins.

Passageiros em catamarã, Ilha Martillo, Tierra del Fuego, Argentina

Passageiros de catamara observam a colónia de pinguins da ilha Martillo, nas imediações da estancia Harberton.

Regressamos a Harberton antes de estas embarcações zarparem de volta ao Beagle. Debaixo de um céu que arroxeava a olhos vistos. Quando nos enfiamos na carrinha, já caiam algumas gotas. Cumprimos os 80 km do trajecto de volta a Ushuaia debaixo de uma das chuvadas inclementes típicas dos confins do mundo por que andávamos.

Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
Ushuaia, Argentina

A Última das Cidades Austrais

A capital da Terra do Fogo marca o limiar austral da civilização. De Ushuaia partem inúmeras incursões ao continente gelado. Nenhuma destas aventuras de toca e foge se compara à da vida na cidade final.
Canal Beagle, Argentina

Darwin e o Canal Beagle: no Rumo da Evolução

Em 1833, Charles Darwin navegou a bordo do "Beagle" pelos canais da Terra do Fogo. A sua passagem por estes confins meridionais moldou a teoria revolucionária que formulou da Terra e das suas espécies
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
El Calafate, Argentina

Os Novos Gaúchos da Patagónia

Em redor de El Calafate, em vez dos habituais pastores a cavalo, cruzamo-nos com gaúchos criadores equestres e com outros que exibem para gáudio dos visitantes, a vida tradicional das pampas douradas.
Mendoza, Argentina

Viagem por Mendoza, a Grande Província Enóloga Argentina

Os missionários espanhóis perceberam, no século XVI, que a zona estava talhada para a produção do “sangue de Cristo”. Hoje, a província de Mendoza está no centro da maior região enóloga da América Latina.
Colónia Pellegrini, Argentina

Quando a Carne é Fraca

É conhecido o sabor inconfundível da carne argentina. Mas esta riqueza é mais vulnerável do que se imagina. A ameaça da febre aftosa, em particular, mantém as autoridades e os produtores sobre brasas.
San Ignácio Mini, Argentina

As Missões Jesuíticas Impossíveis de San Ignácio Mini

No séc. XVIII, os jesuítas expandiam um domínio religioso no coração da América do Sul em que convertiam os indígenas guarani em missões jesuíticas. Mas as Coroas Ibéricas arruinaram a utopia tropical da Companhia de Jesus.
Cataratas Iguaçu/Iguazu, Brasil/Argentina

O Troar da Grande Água

Após um longo percurso tropical, o rio Iguaçu dá o mergulho dos mergulhos. Ali, na fronteira entre o Brasil e a Argentina, formam-se as cataratas maiores e mais impressionantes à face da Terra.
Mendoza, Argentina

De Um Lado ao Outro dos Andes

Saída da Mendoza cidade, a ruta N7 perde-se em vinhedos, eleva-se ao sopé do Monte Aconcágua e cruza os Andes até ao Chile. Poucos trechos transfronteiriços revelam a imponência desta ascensão forçada
Salta e Jujuy, Argentina

Pelas Terras Altas da Argentina Profunda

Um périplo pelas províncias de Salta e Jujuy leva-nos a desvendar um país sem sinal de pampas. Sumidos na vastidão andina, estes confins do Noroeste da Argentina também se perderam no tempo.
Perito Moreno, Argentina

O Glaciar Que Resiste

O aquecimento é supostamente global mas não chega a todo o lado. Na Patagónia, alguns rios de gelo resistem.De tempos a tempos, o avanço do Perito Moreno provoca derrocadas que fazem parar a Argentina
El Chalten, Argentina

O Apelo de Granito da Patagónia

Duas montanhas de pedra geraram uma disputa fronteiriça entre a Argentina e o Chile.Mas estes países não são os únicos pretendentes.Há muito que os cerros Fitz Roy e Torre atraem alpinistas obstinados
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
Cidade
Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
Anfitrião Wezi aponta algo na distância
Praia
Cobué; Nkwichi Lodge, Moçambique

O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
O rio Zambeze, PN Mana Poools
Safari
Kanga Pan, Mana Pools NP, Zimbabwe

Um Manancial Perene de Vida Selvagem

Uma depressão situada a 15km para sudeste do rio Zambeze retém água e minerais durante toda a época seca do Zimbabué. A Kanga Pan, como é conhecida, nutre um dos ecossistemas mais prolíficos do imenso e deslumbrante Parque Nacional Mana Pools.
Fieis acendem velas, templo da Gruta de Milarepa, Circuito Annapurna, Nepal
Annapurna (circuito)
Circuito Annapurna: 9º Manang a Milarepa Cave, Nepal

Uma Caminhada entre a Aclimatização e a Peregrinação

Em pleno Circuito Annapurna, chegamos por fim a Manang (3519m). Ainda a precisarmos de aclimatizar para os trechos mais elevados que se seguiam, inauguramos uma jornada também espiritual a uma caverna nepalesa de Milarepa (4000m), o refúgio de um siddha (sábio) e santo budista.
Lençóis da Bahia, Diamantes Eternos, Brasil
Arquitectura & Design
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Pleno Dog Mushing
Aventura
Seward, Alasca

O Dog Mushing Estival do Alasca

Estão quase 30º e os glaciares degelam. No Alasca, os empresários têm pouco tempo para enriquecer. Até ao fim de Agosto, o dog mushing não pode parar.
religiosos militares, muro das lamentacoes, juramento bandeira IDF, Jerusalem, Israel
Cerimónias e Festividades
Jerusalém, Israel

Em Festa no Muro das Lamentações

Nem só a preces e orações atende o lugar mais sagrado do judaísmo. As suas pedras milenares testemunham, há décadas, o juramento dos novos recrutas das IDF e ecoam os gritos eufóricos que se seguem.
Emma
Cidades
Melbourne, Austrália

Uma Austrália “Asienada”

Capital cultural aussie, Melbourne também é frequentemente eleita a cidade com melhor qualidade de vida do Mundo. Quase um milhão de emigrantes orientais aproveitaram este acolhimento imaculado.
jovem vendedora, nacao, pao, uzbequistao
Comida
Vale de Fergana, Usbequistão

Uzbequistão, a Nação a Que Não Falta o Pão

Poucos países empregam os cereais como o Usbequistão. Nesta república da Ásia Central, o pão tem um papel vital e social. Os Uzbeques produzem-no e consomem-no com devoção e em abundância.
Eswatini, Ezulwini Valley, Mantenga Cultural Village
Cultura
Vale de Ezulwini, eSwatini

Em Redor do Vale Real e Celestial de Eswatini

Estendido por quase 30km, o vale de Ezulwini é o coração e a alma da velha Suazilândia. Lá se situa Lobamba, a capital tradicional e assento da monarquia, a pouca distância da capital de facto, Mbabane. Verdejante e panorâmico, profundamente histórico e cultural, o vale mantém-se ainda o cerne turístico do reino de eSwatini.
Espectador, Melbourne Cricket Ground-Rules footbal, Melbourne, Australia
Desporto
Melbourne, Austrália

O Futebol em que os Australianos Ditam as Regras

Apesar de praticado desde 1841, o Futebol Australiano só conquistou parte da grande ilha. A internacionalização nunca passou do papel, travada pela concorrência do râguebi e do futebol clássico.
mural de extraterrestre, Wycliffe Wells, Australia
Em Viagem
Wycliffe Wells, Austrália

Os Ficheiros Pouco Secretos de Wycliffe Wells

Há décadas que os moradores, peritos de ovnilogia e visitantes testemunham avistamentos em redor de Wycliffe Wells. Aqui, Roswell nunca serviu de exemplo e cada novo fenómeno é comunicado ao mundo.
Efate, Vanuatu, transbordo para o "Congoola/Lady of the Seas"
Étnico
Efate, Vanuatu

A Ilha que Sobreviveu a “Survivor”

Grande parte de Vanuatu vive num abençoado estado pós-selvagem. Talvez por isso, reality shows em que competem aspirantes a Robinson Crusoes instalaram-se uns atrás dos outros na sua ilha mais acessível e notória. Já algo atordoada pelo fenómeno do turismo convencional, Efate também teve que lhes resistir.
Portfólio, Got2Globe, melhores imagens, fotografia, imagens, Cleopatra, Dioscorides, Delos, Grécia
Portfólio Fotográfico Got2Globe
Portfólio Got2Globe

O Terreno e o Celestial

Alasca, de Homer em Busca de Whittier
História
Homer a Whittier, Alasca

Em Busca da Furtiva Whittier

Deixamos Homer, à procura de Whittier, um refúgio erguido na 2ª Guerra Mundial e que abriga duzentas e poucas pessoas, quase todas num único edifício.
Ilha do Pico, a oeste da montanha, Açores, lajes do Pico
Ilhas
Ilha do Pico, Açores

A Ilha a Leste da Montanha do Pico

Por norma, quem chega ao Pico desembarca no seu lado ocidental, com o vulcão (2351m) a barrar a visão sobre o lado oposto. Para trás do Pico montanha, há todo um longo e deslumbrante “oriente” da ilha que leva o seu tempo a desvendar.
Maksim, povo Sami, Inari, Finlandia-2
Inverno Branco
Inari, Finlândia

Os Guardiães da Europa Boreal

Há muito discriminado pelos colonos escandinavos, finlandeses e russos, o povo Sami recupera a sua autonomia e orgulha-se da sua nacionalidade.
Almada Negreiros, Roça Saudade, São Tomé
Literatura
Saudade, São Tomé, São Tomé e Príncipe

Almada Negreiros: da Saudade à Eternidade

Almada Negreiros nasceu, em Abril de 1893, numa roça do interior de São Tomé. À descoberta das suas origens, estimamos que a exuberância luxuriante em que começou a crescer lhe tenha oxigenado a profícua criatividade.
Terraços de Sistelo, Serra do Soajo, Arcos de Valdevez, Minho, Portugal
Natureza
Sistelo, Peneda-Gerês, Portugal

Do “Pequeno Tibete Português” às Fortalezas do Milho

Deixamos as fragas da Srª da Peneda, rumo a Arcos de ValdeVez e às povoações que um imaginário erróneo apelidou de Pequeno Tibete Português. Dessas aldeias socalcadas, passamos por outras famosas por guardarem, como tesouros dourados e sagrados, as espigas que colhem. Caprichoso, o percurso revela-nos a natureza resplandecente e a fertilidade verdejante destas terras da Peneda-Gerês.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Camiguin, Filipinas, manguezal de Katungan.
Parques Naturais
Camiguin, Filipinas

Uma Ilha de Fogo Rendida à Água

Com mais de vinte cones acima dos 100 metros, a abrupta e luxuriante, Camiguin tem a maior concentração de vulcões que qualquer outra das 7641 ilhas filipinas ou do planeta. Mas, nos últimos tempos, nem o facto de um destes vulcões estar activo tem perturbado a paz da sua vida rural, piscatória e, para gáudio dos forasteiros, fortemente balnear.
Nelson Dockyards, Docas de Antigua,
Património Mundial UNESCO
English Harbour, Antigua

Docas de Nelson: a Antiga Base Naval e Morada do Almirante

No século XVII, já os ingleses disputavam o controle das Caraíbas e do comércio do açúcar com os seus rivais coloniais, apoderaram-se da ilha de Antígua. Lá se depararam com uma enseada recortada a que chamaram English Harbour. Tornaram-na um porto estratégico que também abrigou o idolatrado oficial da marinha.
aggie grey, Samoa, pacífico do Sul, Marlon Brando Fale
Personagens
Apia, Samoa Ocidental

A Anfitriã do Pacífico do Sul

Vendeu burgers aos GI’s na 2ª Guerra Mundial e abriu um hotel que recebeu Marlon Brando e Gary Cooper. Aggie Grey faleceu em 1988 mas o seu legado de acolhimento perdura no Pacífico do Sul.
Lifou, Ilhas Lealdade, Nova Caledónia, Mme Moline popinée
Praias
Lifou, Ilhas Lealdade

A Maior das Lealdades

Lifou é a ilha do meio das três que formam o arquipélago semi-francófono ao largo da Nova Caledónia. Dentro de algum tempo, os nativos kanak decidirão se querem o seu paraíso independente da longínqua metrópole.
Cândia, Dente de Buda, Ceilão, lago
Religião
Cândia, Sri Lanka

Incursão à Raíz Dental do Budismo Cingalês

Situada no âmago montanhoso do Sri Lanka, no final do século XV, Cândia assumiu-se a capital do reino do velho Ceilão que resistiu às sucessivas tentativas coloniais de conquista. Tornou-se ainda o seu âmago budista, para o que continua a contribuir o facto de a cidade preservar e exibir um dente sagrado de Buda.
A Toy Train story
Sobre Carris
Siliguri a Darjeeling, Índia

Ainda Circula a Sério o Comboio Himalaia de Brincar

Nem o forte declive de alguns tramos nem a modernidade o detêm. De Siliguri, no sopé tropical da grande cordilheira asiática, a Darjeeling, já com os seus picos cimeiros à vista, o mais famoso dos Toy Trains indianos assegura há 117 anos, dia após dia, um árduo percurso de sonho. De viagem pela zona, subimos a bordo e deixamo-nos encantar.
Cruzamento movimentado de Tóquio, Japão
Sociedade
Tóquio, Japão

A Noite Sem Fim da Capital do Sol Nascente

Dizer que Tóquio não dorme é eufemismo. Numa das maiores e mais sofisticadas urbes à face da Terra, o crepúsculo marca apenas o renovar do quotidiano frenético. E são milhões as suas almas que, ou não encontram lugar ao sol, ou fazem mais sentido nos turnos “escuros” e obscuros que se seguem.
Amaragem, Vida à Moda Alasca, Talkeetna
Vida Quotidiana
Talkeetna, Alasca

A Vida à Moda do Alasca de Talkeetna

Em tempos um mero entreposto mineiro, Talkeetna rejuvenesceu, em 1950, para servir os alpinistas do Monte McKinley. A povoação é, de longe, a mais alternativa e cativante entre Anchorage e Fairbanks.
Ponte de Ross, Tasmânia, Austrália
Vida Selvagem
À Descoberta de Tassie, Parte 3, Tasmânia, Austrália

Tasmânia de Alto a Baixo

Há muito a vítima predilecta das anedotas australianas, a Tasmânia nunca perdeu o orgulho no jeito aussie mais rude ser. Tassie mantém-se envolta em mistério e misticismo numa espécie de traseiras dos antípodas. Neste artigo, narramos o percurso peculiar de Hobart, a capital instalada no sul improvável da ilha até à costa norte, a virada ao continente australiano.
The Sounds, Fiordland National Park, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Fiordland, Nova Zelândia

Os Fiordes dos Antipodas

Um capricho geológico fez da região de Fiordland a mais crua e imponente da Nova Zelândia. Ano após anos, muitos milhares de visitantes veneram o sub-domínio retalhado entre Te Anau e Milford Sound.