Goiás Velho, Brasil

Um Legado da Febre do Ouro


Ao ritmo de Goiás
Morador percorre um recanto típico da cidade sobre um burro.
A Cavalo de um Burro
Morador monta um burro ao longo do rio Vermelho.
Magela do acordeão
Magela, o acordeonista do grupo Trio Raio de Sol.
Casario a dourar
Crepúsculo toma conta do casario secular da povoação.
Capoeira nocturna
Duas crianças treinam capoeira numa rua da cidade dourada pela luz.
Goiás vista da Serra Dourada
Perspectiva de Goiás a partir de uma elevação da Serra Dourada.
Praça Luxuriante
Praça verdejante da cidade, com a igreja de Paula à esquerda.
Exuberância do ocaso
Sol põe-se e dá cor extra ao cenário colonial e tropical de Goiás Velho.
Rua Longa e Secular
Uma longa rua formada pelo casario erguido para alojar os mineiros que procuraram ouro em redor da cidade.
Caminhada Dourada
Mãe e dois filhos caminham sobre o calçadão muito irregular de Goiás.
Ivani Vidigal
Ivani Vidigal, uma vendedora de doces na sua pequena banca de Goiás.
Dorneles advocacia
A advogada Cyntia Arroio e o seu filho num escritório da cidade
O Forum
Frontão do edifício do Forum de Goiás.
Fusco do KGB
Pormenor de um dos muitos Volkswagens Fuscos de Goiás.
Igreja da Boa Morte
A Igreja da Boa Morte, também o Museu de Arte Sacra da cidade.
A Grande Catedral
A Catedral, bem acima do casario secular da Vila Boa.
Em Promo
Lilian e Cristiane, empregadas numa loja colorida de tecidos e roupa, instalada numa casa colonial de Goiás Velho.
Sebastião e o Chacal
O tetraneto do fundador de Goiás Velho Bartolomeu Silva e o seu cachorro.
Rasto de Modernidade
Carro a baixa velocidade deixa um rasto de luz ao longo de uma rua também iluminada por candeeiros antigos
Unhas bonitas
Moradora da Vila Boa pinta as unhas à porta do seu lar.
Dois séculos após o apogeu da prospecção, perdida no tempo e na vastidão do Planalto Central, Goiás estima a sua admirável arquitectura colonial, a riqueza supreendente que ali continua por descobrir.

É no topo do morro da igrejinha de Areias que Goiás está, desta vez, em festa.

Os cânticos intensos dos fiéis propagam-se pelo vale circundante. Pairam sobre a mancha uniforme de telha portuguesa que os anos embelezaram.

A honra da celebração vai para Bárbara, a santa protectora dos raios, dos trovões e também dos artilheiros. À laia de provocação, o fogueteiro de serviço solta canas para o céu como se disso dependesse a sua vida.

Os estrondos fazem ricochete nos morros vizinhos de São Francisco, Canta Galo e das Lages.

E, a maior distância, na imponente Serra Dourada. Espantam alguns tucanos que esvoaçam para a segurança do cerrado.

Incontornável e contundente, o anúncio alerta os crentes atrasados que correm, ofegantes, Rua Passo da Pátria e escadinhas da igreja acima.  Não é de bom tom perder a bênção da cruz e a procissão há muito que chegou à derradeira paragem.

O mesmo que aconteceu a Goiás Velho como é também chamada, de quando em quando, a povoação.

Casario crepuscular, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Crepúsculo toma conta do casario secular da povoação, como visto da Igreja de Santa Bárbara

Goiás Velho: do Arraial de Sant’Anna a Capital Estadual

Esta cidade goiana de vinte e seis mil habitantes teve origem em 1732, no coração do cerrado brasileiro.

Situada sobre os 15º de latitude, sempre fez calor todo o ano em Goiás.

No Inverno – de Maio a Setembro – não chove, o ar é límpido e o céu permanece azulão, polvilhado de pequenas nuvens brancas. “’Tá fazendo um frio de noite!” queixam-se os moradores todos os dias de Julho e Agosto, apesar de a temperatura quase nunca baixar dos 15 graus.

Unhas, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Moradora da Vila Boa pinta as unhas à porta do seu lar.

O Verão, que dura os restantes meses, acolhe a época das chuvas, quando está quase sempre nublado e chove com frequência e intensidade, às vezes, surpreendentes.

Cerca de cinquenta anos depois do seu sucesso em Minas Gerais, os bandeirantes que se aventuraram para o interior do Brasil em busca de metais preciosos e escravos, acharam ouro na região de Goiás.

Achado não será o melhor termo. Fazendo fé no que ficou para a história, ter-se-á tratado mais de um acto de ilusionismo.

Em 1682, uma bandeira liderada pelo velho Paulista Bartolomeu Bueno da Silva chegou ao território dos índios Goyaz.  Para seu gáudio, os indígenas usavam artefactos de ouro.

Pouco vocacionado para a diplomacia mas perito em crueldade e trapaça, o anhanguera (velho diabo) – como a nação Goiá o haveria entretanto de alcunhar tratou de intimidar os nativos. Incendiou alguma cachaça sobre um prato.

Consciente de que os goiá pensavam ser água, ameaçou-os de que faria o mesmo com todos os rios das redondezas se os índios não lhe revelassem as suas minas de ouro. Três anos mais tarde, apesar de dado como morto, o velho diabo regressou triunfante a São Paulo.

Com ele, viajavam os sobreviventes, ouro e índios escravos de Goiás.

Em 1722, o seu filho homónimo, que sobrevivera à primeira investida, organizou nova bandeira e lançou o arraial de Sant’Anna.

Rua longa, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Uma longa rua formada pelo casario erguido para alojar os mineiros que procuraram ouro em redor da cidade.

Este arraial marcou, em 1732, o estabelecimento da vila com o mesmo nome, rebaptizada como Vila Boa de Goiaz numa homenagem sarcástica aos habitantes nativos da região, extintos pelos invasores ainda antes do ouro, que só durou até ao fim do século XVIII.

Todas as cidades têm uma história. Goiás parece ser a sua.

Até o epíteto “velho” ajuda a ilustrar o fenómeno. Isto, apesar de parte da população o achar mais depreciativo que necessário (para a distinguir do estado homónimo de que faz parte.

Pouco ou nada mudou desde que se tornou na capital da recém-criada Capitania de Goiás e atingiu o apogeu.

Para a preservação da sua arquitectura peculiar foi decisiva a transferência da capital do estado para Goiânia, em 1937, uma despromoção que a deixou perdida no tempo.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Morador percorre um recanto típico da cidade sobre um burro.

O Casario Colonial que é Património Mundial

Como descreve a UNESCO, que concedeu a Goiás o título de património mundial, em Dezembro de 2001, “ … o seu desenho urbano é um exemplo notável do desenvolvimento orgânico de uma cidade mineira, adaptada às condições da área (…) de uma cidade europeia admiravelmente adaptada às condicionantes climáticas, geográficas e culturais do centro da América do Sul”.

De qualquer um dos seus pontos panorâmicos, com destaque para o campanário da igreja do Rosário ou do morro da igreja de Areias se observam tais atributos.

O casario que sobressai do verde da vegetação tropical é uniforme. Erguidas em adobe, taipa e pau-a-pique, as casas são quase todas térreas. As que fogem à regra têm, no máximo, dois pisos.

São ainda pintadas de branco com excepção para as portas, janelas e molduras cujas cores dependem da disposição dos donos.

Já as ruas, estreitas, invariavelmente cobertas por uma calçada irregular feita de enormes pedras cinzentas, causam entorses frequentes.

Aos poucos, arruinam também os carros dos condutores mais destemidos.

Caminhada Dourada, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Mãe e dois filhos caminham sobre o calçadão muito irregular de Goiás.

Alguns edifícios públicos destoam em dimensão, com destaque para o Palácio Conde dos Arcos, o hospital e o Quartel do Vinte, de onde partiram soldados do Vigésimo Batalhão de Infantaria para a Guerra  do Paraguai.

A espaços, surgem ainda casarões imponentes com brasões senhoriais.

O Museu de Arte Sacra da Boa Morte e a Figura de Veiga Valle

Abençoam-na sete igrejas barrocas, com destaque para a da Boa Morte erguida em 1779 e lugar do Museu de Arte Sacra da Boa Morte, ali instalado desde 1961. O museu expõe inúmeras obras de José Joaquim da Veiga Valle, um prestigiado escultor goiano.

No interior, duas senhoras de idade respeitável limpam e inventariam estatuetas e outras esculturas de arte sacra com alma e coração. Tinham que fazer para toda a tarde. Nessa, e eventualmente algumas das que se seguiam.

Boa parte das obras de que tratavam eram da autoria de outro dos artistas conceituados do estado de Goiás, José Joaquim da Veiga Valle. Veiga Valle, como ficou conhecido, nasceu, em 1806, na cidade vizinha e de alguma maneira rival, de Arraial da Meia Ponte, hoje a famosa Pirenópolis.

Em Meia Ponte, desempenhou um papel protagonista no governo e na administração da cidade. Foi vereador, juiz, militar. Mais tarde, Veiga Valle integrou a associação de fiéis católicos da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Participou em sucessivas tarefas de douração dos altares da igreja matriz da cidade. Terá sido nessas ocasiões que ganhou maior intimidade com os recheios das igrejas e sentiu a inspiração autodidacta de os criar.

À medida que aperfeiçoava a sua arte, as suas esculturas em madeira de cedro conquistaram admiradores e clientes fiéis. E lugar garantido nas naves de Meia Ponte.

Algum tempo depois, Veiga Valle mudou-se para a Vila Boa de Goiás. Também as igrejas de Goiás Velho acolheram as suas obras.

Igreja da Boa Morte, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

A Igreja da Boa Morte, também o Museu de Arte Sacra da cidade.

Seria de esperar que Veiga Valle as tivesse criado em estilo neoclássico mas, ao invés, manteve os óbvios trejeitos do barroco.

Os estudiosos de arte sacra imputam-no ao facto de, quer Meia Ponte quer Goiás, estarem a milhares de quilómetros das grandes cidades coloniais brasileiras.

E, como tal, à margem das correntes recém-chegadas da Metrópole.

Receios Fundados com os Roubos de Arte Sacra

Quando entramos no Museu de Arte Sacra da Boa Morte, ambos armados de máquinas fotográficas, as duas senhoras de serviço deixam transparecer um pânico imediato. “Mas vocês querem essas fotos para quê?

A gente cá em Goiás não gosta disso não. Vocês sabem que já teve vários assaltos a igrejas e fizeram desaparecer alguma arte que era mais que sagrada! Aí, se vocês fotografam e divulgam, vamos ter ainda mais problemas.”

Compreendemos a sua aflição. Não era sequer a primeira vez que nos deparávamos com preocupações do género. Com calma, reiteramos que éramos portugueses e prometíamos que, a serem usadas, as imagens só sairiam em Portugal e apenas em papel, não as disseminaríamos na internet.

Foi o suficiente para as senhoras se tranquilizarem e nos concederem algumas fotos exemplificativas e uma divulgação de que, mesmo que muitos dos habitantes resistam a admitir, a cidade carece.

Não é só na arquitectura e património histórico que está o passado de Goiás Velho.

Sem os postais, ímans, bonecos e restantes brindes que infestam outras cidades coloniais badaladas do Brasil, uma miríade pequenos negócios genuínos,  lucram com moderação nos pisos térreos das casas seculares.

Identificamo-los pelos nomes e logotipos pintados nas paredes,

São lojas de tecidos, roupa e de artefactos religiosos, farmácias antiquadas e um ou outro estabelecimento mais moderno que fornece os recém-chegados telefones celulares, ou aluga o último sucesso imperdível de Holywood.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Lilian e Cristiane, empregadas numa loja colorida de tecidos e roupa, instalada numa casa colonial de Goiás Velho.

Ao mesmo tempo, percorrem Goiás empresários remediados como o engraxador ou o vendedor do bilhete da lotaria.

Seja qual for a actividade, com o fim da tarde, os negócios fecham portas e caixas.

Os moradores regressam aos domicílios. Reúnem-se à entrada das igrejas, a aguardar o início da missa ou, nas esquinas, à conversa.

O Passado de Goiás, Por todo o lado

Contornamos uma peladinha aguerrida a ter lugar no relvado da Praça Brasil Caiado. Junto ao seu enorme Chafariz de Cauda, deparamo-nos com um adolescente que brinca com um cachorro.

Entre festas ao “Chacal”, conversa puxa conversa, Sebastião acaba por nos informar: “Eu sou tetraneto do Bartolomeu Bueno (filho), o fundador da Vila Boa. Vivi toda a vida aqui e a minha família também. Nunca saímos de cá.”

Sebastião e Chacal, Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

O tetraneto do fundador de Goiás Velho Bartolomeu Silva e o seu cachorro.

Mais abaixo, é Zé Pires – com, no mínimo, o triplo da idade de Sebastião – que nos aborda: “Tão fazendo matéria é? Essa cidade ‘tá cheia de estórias mesmo! (…)

Tem muita gente que ainda tenta a sua sorte com o ouro, por esse cerrado fora.

Às vezes aparece até aí no Rio Vermelho, só que é quase sempre só um niquinho sem valor! Não dá p’ra levar p’rá Fundição”.

E ata o seu cavalo a uma árvore para melhor puxar pela memória.

A História Bem Viva de Goiás

Quando não são os testemunhos materiais, a própria população remete para a era mineira de Goiás.

Sebastião é descendente dos Paulistas; Zé Pires, provavelmente dos Emboadas, os imigrantes que vieram de Portugal atraídos pelo ouro de Minas Gerais e se deslocaram para o centro do Brasil.

São ambos brancos. Mas a maior parte dos habitantes da cidade é negra ou mulata, com sangue dos escravos africanos recrutados para trabalhar na mineração.

Vive e convive nas mesmas casas humildes construídas pelos seus antepassados com a ilusão da riqueza, uma ilusão que, em tantos casos, o fim precipitado do ouro e os preços altíssimos dos produtos trazidos de longe, transformou em pesadelo.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Morador percorre um recanto típico da cidade sobre um burro.

Para muitos vilaboenses, a situação ainda não melhorou, como o Brasil, em geral.

A imigração do estado de Goiás para Portugal – onde tantos têm ascendentes familiares que desconhecem – e outros destinos europeus e do mundo acentua-se. Goiás contribui com os seus números.

E a história reverte-se.

Outros habitantes da Vila Boa lá se vão safando com as artes em que se destacam.

Em frente à Rádio FM Vilaboa, ensaia, compenetrado, o Trio Raio de Sol.

Compõem-no por Elsimar no violão, António Robertinho na viola e Magela no acordeão. Lá dentro, no pequeno estúdio, actua já o trio Nascente, de José Rito, Renan e Juan Mineiro.

A vida faz-se destas oportunidades.

Mesmo que a rádio não pague a actuação, quem sabe se a promoção não os leva a algum festival de sertanejo.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Magela, o acordeonista do grupo Trio Raio de Sol.

Goiás Velho: Sem Pressas nem Complexos

Goiás está longe de ser turística. É verdade que durante a Semana Santa e, principalmente a Procissão do Fogaréu – única no Brasil – a cidade fica à pinha para assistir à reencenação da perseguição dos farricocos a Cristo.

E o mesmo acontece com a chegada do FICA–Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, uma das maiores mostras temáticas do mundo.

Além destas ocasiões e celebrações, só a passagem de ano atrai um número significativo de visitantes, provenientes das cidades vizinhas, Brasília, Goiânia, Anápolis, Pirenópolis.

Ao contrário das “irmãs” de Minas Gerais, Tiradentes, Diamantina e Ouro Preto que são intensivamente promovidas e recebem milhares de visitantes brasileiros e estrangeiros interessados, Goiás continua a pagar o preço da interioridade. Permanece na sombra do seu título de Património Mundial.

Enquanto não se faz justiça, a cidade trata da herança que recebeu.

E desfruta da sua vida genuína e sedativa.

Assim que o sol se põe, os velhos lampiões de luz dourada acendem-se numa sequência desconexa.

Goiás passa para o seu modo nocturno. Rende-se a uma paz só quebrada pelos foguetes ou, caso seja tempo de comemoração, pelos cânticos.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Duas crianças treinam capoeira numa rua da cidade dourada pela luz.

No dia seguinte, os vilaboenses despertam com o alvorecer para o ritmo tranquilo de trabalho que o clima do Planalto Central ajuda a marcar.

Goiás Velho, Legado da Febre do ouro, Brasil

Sol põe-se e dá cor extra ao cenário colonial e tropical de Goiás Velho.

Pirenópolis, Brasil

Uma Pólis nos Pirinéus Sul-Americanos

Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte foi erguida por bandeirantes portugueses, no auge do Ciclo do Ouro. Por saudosismo, emigrantes provavelmente catalães chamaram à serra em redor de Pireneus. Em 1890, já numa era de independência e de incontáveis helenizações das suas urbes, os brasileiros baptizaram esta cidade colonial de Pirenópolis.
Pirenópolis, Brasil

Cavalgada de Fé

Introduzida, em 1819, por padres portugueses, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis agrega uma complexa rede de celebrações religiosas e pagãs. Dura mais de 20 dias, passados, em grande parte, sobre a sela.
Pirenópolis, Brasil

Cruzadas à Brasileira

Os exércitos cristãos expulsaram as forças muçulmanas da Península Ibérica no séc. XV mas, em Pirenópolis, estado brasileiro de Goiás, os súbditos sul-americanos de Carlos Magno continuam a triunfar.
Passo do Lontra, Miranda, Brasil

O Brasil Alagado a um Passo da Lontra

Estamos no limiar oeste do Mato Grosso do Sul mas mato, por estes lados, é outra coisa. Numa extensão de quase 200.000 km2, o Brasil surge parcialmente submerso, por rios, riachos, lagoas e outras águas dispersas em vastas planícies de aluvião. Nem o calor ofegante da estação seca drena a vida e a biodiversidade de lugares e fazendas pantaneiras como a que nos acolheu às margens do rio Miranda.
Manaus, Brasil

Os Saltos e Sobressaltos da ex-Capital Mundial da Borracha

De 1879 a 1912, só a bacia do rio Amazonas gerava o latex de que, de um momento para o outro, o mundo precisou e, do nada, Manaus tornou-se uma das cidades mais avançadas à face da Terra. Mas um explorador inglês levou a árvore para o sudeste asiático e arruinou a produção pioneira. Manaus voltou a provar a sua elasticidade. É a maior cidade da Amazónia e a sétima do Brasil.
Príncipe, São Tomé e Príncipe

Viagem ao Retiro Nobre da Ilha do Príncipe

A 150 km de solidão para norte da matriarca São Tomé, a ilha do Príncipe eleva-se do Atlântico profundo num cenário abrupto e vulcânico de montanha coberta de selva. Há muito encerrada na sua natureza tropical arrebatadora e num passado luso-colonial contido mas comovente, esta pequena ilha africana ainda abriga mais estórias para contar que visitantes para as escutar.
Kolmanskop, Namíbia

Gerada pelos Diamantes do Namibe, Abandonada às suas Areias

Foi a descoberta de um campo diamantífero farto, em 1908, que originou a fundação e a opulência surreal de Kolmanskop. Menos de 50 anos depois, as pedras preciosas esgotaram-se. Os habitantes deixaram a povoação ao deserto.
Curitiba, Brasil

A Vida Elevada de Curitiba

Não é só a altitude de quase 1000 metros a que a cidade se situa. Cosmopolita e multicultural, a capital paranaense tem uma qualidade de vida e rating de desenvolvimento humano que a tornam um caso à parte no Brasil.
Colónia do Sacramento, Uruguai

Colónia do Sacramento: o Legado Uruguaio de um Vaivém Histórico

A fundação de Colónia do Sacramento pelos portugueses gerou conflitos recorrentes com os rivais hispânicos. Até 1828, esta praça fortificada, hoje sedativa, mudou de lado vezes sem conta.
Brasília, Brasil

Brasília: da Utopia à Capital e Arena Política do Brasil

Desde os tempos do Marquês de Pombal que se falava da transferência da capital para o interior. Hoje, a cidade quimera continua a parecer surreal mas dita as regras do desenvolvimento brasileiro.
Lençois da Bahia, Brasil

Lençois da Bahia: nem os Diamantes São Eternos

No século XIX, Lençóis tornou-se na maior fornecedora mundial de diamantes. Mas o comércio das gemas não durou o que se esperava. Hoje, a arquitectura colonial que herdou é o seu bem mais precioso.
Goiás Velho, Brasil

Vida e Obra de uma Escritora à Margem

Nascida em Goiás, Ana Lins Bretas passou a maior parte da vida longe da família castradora e da cidade. Regressada às origens, continuou a retratar a mentalidade preconceituosa do interior brasileiro
Miranda, Brasil

Maria dos Jacarés: o Pantanal abriga criaturas assim

Eurides Fátima de Barros nasceu no interior da região de Miranda. Há 38 anos, instalou-se e a um pequeno negócio à beira da BR262 que atravessa o Pantanal e ganhou afinidade com os jacarés que viviam à sua porta. Desgostosa por, em tempos, as criaturas ali serem abatidas, passou a tomar conta delas. Hoje conhecida por Maria dos Jacarés, deu nome de jogador ou treinador de futebol a cada um dos bichos. Também garante que reconhecem os seus chamamentos.

Florianópolis, Brasil

O Legado Açoriano do Atlântico Sul

Durante o século XVIII, milhares de ilhéus portugueses perseguiram vidas melhores nos confins meridionais do Brasil. Nas povoações que fundaram, abundam os vestígios de afinidade com as origens.

Morro de São Paulo, Brasil

Um Litoral Divinal da Bahia

Há três décadas, não passava de uma vila piscatória remota e humilde. Até que algumas comunidades pós-hippies revelaram o retiro do Morro ao mundo e o promoveram a uma espécie de santuário balnear.
Lençois da Bahia, Brasil

A Liberdade Pantanosa do Quilombo do Remanso

Escravos foragidos subsistiram séculos em redor de um pantanal da Chapada Diamantina. Hoje, o quilombo do Remanso é um símbolo da sua união e resistência mas também da exclusão a que foram votados.
Ilhabela, Brasil

Ilhabela: Depois do Horror, a Beleza Atlântica

Nocenta por cento de Mata Atlântica preservada, cachoeiras idílicas e praias gentis e selvagens fazem-lhe jus ao nome. Mas, se recuarmos no tempo, também desvendamos a faceta histórica horrífica de Ilhabela.
Ilhabela, Brasil

Em Ilhabela, a Caminho de Bonete

Uma comunidade de caiçaras descendentes de piratas fundou uma povoação num recanto da Ilhabela. Apesar do acesso difícil, Bonete foi descoberta e considerada uma das dez melhores praias do Brasil.
Hidroeléctrica Binacional de Itaipu, Brasil

HidroElétrica Binacional do Itaipu: a Febre do Watt

Em 1974, milhares de brasileiros e paraguaios confluíram para a zona de construção da então maior barragem do Mundo. 30 anos após a conclusão, Itaipu gera 90% da energia paraguaia e 20% da do Brasil.
Ilha do Marajó, Brasil

A Ilha dos Búfalos

Uma embarcação que transportava búfalos da Índia terá naufragado na foz do rio Amazonas. Hoje, a ilha de Marajó que os acolheu tem uma das maiores manadas do mundo e o Brasil já não passa sem estes bovídeos.
Fiéis saúdam-se no registão de Bukhara.
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Bukhara, Uzbequistão

Entre Minaretes do Velho Turquestão

Situada sobre a antiga Rota da Seda, Bukhara desenvolveu-se desde há pelo menos, dois mil anos como um entreposto comercial, cultural e religioso incontornável da Ásia Central. Foi budista, passou a muçulmana. Integrou o grande império árabe e o de Gengis Khan, reinos turco-mongois e a União Soviética, até assentar no ainda jovem e peculiar Uzbequistão.
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O Moçambique Recôndito das Areias Rangentes

Durante um périplo de baixo a cima do (lago) Malawi, damos connosco na ilha de Likoma, a uma hora de barco do Nkwichi Lodge, o ponto de acolhimento solitário deste litoral interior de Moçambique. Do lado moçambicano, o lago é tratado por Niassa. Seja qual for o seu nome, lá descobrimos alguns dos cenários intocados e mais impressionantes do sudeste africano.
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Nestas pradarias que o povo Masai diz siringet (correrem para sempre), milhões de gnus e outros herbívoros perseguem as chuvas. Para os predadores, a sua chegada e a da monção são uma mesma salvação.
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Este trecho do Circuito Annapurna só dista 1km mas, em menos de duas horas, leva dos 4450m aos 4850m e à entrada do grande desfiladeiro. Dormir no High Camp é uma prova de resistência ao Mal de Montanha que nem todos passam.
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Quando o Budismo se Cansa da Meditação

Nem só com silêncio e retiro espiritual se procura o Nirvana. No Mosteiro de Sera, os jovens monges aperfeiçoam o seu saber budista com acesos confrontos dialécticos e bateres de palmas crepitantes.
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O 4 de Julho Mais Longo

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Em 1956, taiwaneses cépticos duvidavam que os 20km iniciais da Central Cross-Island Hwy fossem possíveis. O desfiladeiro de mármore que a desafiou é, hoje, o cenário natural mais notável da Formosa.

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Étnico
Navala, Fiji

O Urbanismo Tribal de Fiji

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Dias Como Tantos Outros

Estancia Harberton, Tierra del Fuego, Argentina
História
Terra do Fogo, Argentina

Uma Fazenda no Fim do Mundo

Em, 1886, Thomas Bridges, um órfão inglês levado pela família missionária adoptiva para os confins do hemisfério sul fundou a herdade anciã da Terra do Fogo. Bridges e os descendentes entregaram-se ao fim do mundo. Hoje, a sua Estancia Harberton é um deslumbrante monumento argentino à determinação e à resiliência humana.
Salvamento de banhista em Boucan Canot, ilha da Reunião
Ilhas
Reunião

O Melodrama Balnear da Reunião

Nem todos os litorais tropicais são retiros prazerosos e revigorantes. Batido por rebentação violenta, minado de correntes traiçoeiras e, pior, palco dos ataques de tubarões mais frequentes à face da Terra, o da ilha da Reunião falha em conceder aos seus banhistas a paz e o deleite que dele anseiam.
Cavalos sob nevão, Islândia Neve Sem Fim Ilha Fogo
Inverno Branco
Husavik a Myvatn, Islândia

Neve sem Fim na Ilha do Fogo

Quando, a meio de Maio, a Islândia já conta com o aconchego do sol mas o frio mas o frio e a neve perduram, os habitantes cedem a uma fascinante ansiedade estival.
Enseada, Big Sur, Califórnia, Estados Unidos
Literatura
Big Sur, E.U.A.

A Costa de Todos os Refúgios

Ao longo de 150km, o litoral californiano submete-se a uma vastidão de montanha, oceano e nevoeiro. Neste cenário épico, centenas de almas atormentadas seguem os passos de Jack Kerouac e Henri Miller.
Tambores e tatoos
Natureza
Taiti, Polinésia Francesa

Taiti Para lá do Clichê

As vizinhas Bora Bora e Maupiti têm cenários superiores mas o Taiti é há muito conotado com paraíso e há mais vida na maior e mais populosa ilha da Polinésia Francesa, o seu milenar coração cultural.
Menina brinca com folhas na margem do Grande Lago do Palácio de Catarina
Outono
São Petersburgo, Rússia

Dias Dourados que Antecederam a Tempestade

À margem dos acontecimentos políticos e bélicos precipitados pela Rússia, de meio de Setembro em diante, o Outono toma conta do país. Em anos anteriores, de visita a São Petersburgo, testemunhamos como a capital cultural e do Norte se reveste de um amarelo-laranja resplandecente. Num deslumbre pouco condizente com o negrume político e bélico entretanto disseminado.
Esteros del Iberá, Pantanal Argentina, Jacaré
Parques Naturais
Esteros del Iberá, Argentina

O Pantanal das Pampas

No mapa mundo, para sul do famoso pantanal brasileiro, surge uma região alagada pouco conhecida mas quase tão vasta e rica em biodiversidade. A expressão guarani Y berá define-a como “águas brilhantes”. O adjectivo ajusta-se a mais que à sua forte luminância.
Assuão, Egipto, rio Nilo encontra a África negra, ilha Elefantina
Património Mundial UNESCO
Assuão, Egipto

Onde O Nilo Acolhe a África Negra

1200km para montante do seu delta, o Nilo deixa de ser navegável. A última das grandes cidades egípcias marca a fusão entre o território árabe e o núbio. Desde que nasce no lago Vitória, o rio dá vida a inúmeros povos africanos de tez escura.
Casal de visita a Mikhaylovskoe, povoação em que o escritor Alexander Pushkin tinha casa
Personagens
São Petersburgo e Mikhaylovskoe, Rússia

O Escritor que Sucumbiu ao Próprio Enredo

Alexander Pushkin é louvado por muitos como o maior poeta russo e o fundador da literatura russa moderna. Mas Pushkin também ditou um epílogo quase tragicómico da sua prolífica vida.
Balo Praia Creta, Grécia, a Ilha de Balos
Praias
Balos a Seitan Limani, Creta, Grécia

O Olimpo Balnear de Chania

Não é só Chania, a pólis secular, repleta de história mediterrânica, no extremo nordeste de Creta que deslumbra. Refrescam-na e aos seus moradores e visitantes, Balos, Stavros e Seitan, três dos mais exuberantes litorais da Grécia.

Mosteiro de Tawang, Arunachal Pradesh, Índia
Religião
Tawang, Índia

O Vale Místico da Profunda Discórdia

No limiar norte da província indiana de Arunachal Pradesh, Tawang abriga cenários dramáticos de montanha, aldeias de etnia Mompa e mosteiros budistas majestosos. Mesmo se desde 1962 os rivais chineses não o trespassam, Pequim olha para este domínio como parte do seu Tibete. De acordo, há muito que a religiosidade e o espiritualismo ali comungam com um forte militarismo.
Comboio do Fim do Mundo, Terra do Fogo, Argentina
Sobre Carris
Ushuaia, Argentina

Ultima Estação: Fim do Mundo

Até 1947, o Tren del Fin del Mundo fez incontáveis viagens para que os condenados do presídio de Ushuaia cortassem lenha. Hoje, os passageiros são outros mas nenhuma outra composição passa mais a Sul.
religiosos militares, muro das lamentacoes, juramento bandeira IDF, Jerusalem, Israel
Sociedade
Jerusalém, Israel

Em Festa no Muro das Lamentações

Nem só a preces e orações atende o lugar mais sagrado do judaísmo. As suas pedras milenares testemunham, há décadas, o juramento dos novos recrutas das IDF e ecoam os gritos eufóricos que se seguem.
Visitantes nas ruínas de Talisay, ilha de Negros, Filipinas
Vida Quotidiana
Talisay City, Filipinas

Monumento a um Amor Luso-Filipino

No final do século XIX, Mariano Lacson, um fazendeiro filipino e Maria Braga, uma portuguesa de Macau, apaixonaram-se e casaram. Durante a gravidez do que seria o seu 11º filho, Maria sucumbiu a uma queda. Destroçado, Mariano ergueu uma mansão em sua honra. Em plena 2ª Guerra Mundial, a mansão foi incendiada mas as ruínas elegantes que resistiram eternizam a sua trágica relação.
Hipopótamo exibe as presas, entre outros
Vida Selvagem
PN Mana Pools, Zimbabwé

O Zambeze no Cimo do Zimbabwé

Passada a época das chuvas, o minguar do grande rio na fronteira com a Zâmbia lega uma série de lagoas que hidratam a fauna durante a seca. O Parque Nacional Mana Pools denomina uma região fluviolacustre vasta, exuberante e disputada por incontáveis espécimes selvagens.
Passageiros, voos panorâmico-Alpes do sul, Nova Zelândia
Voos Panorâmicos
Aoraki Monte Cook, Nova Zelândia

A Conquista Aeronáutica dos Alpes do Sul

Em 1955, o piloto Harry Wigley criou um sistema de descolagem e aterragem sobre asfalto ou neve. Desde então, a sua empresa revela, a partir do ar, alguns dos cenários mais grandiosos da Oceania.